publicidade

Morre o escritor mexicano Carlos Fuentes

O escritor mexicano Carlos Fuentes, ganhador do Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura espanhola, em 1987, morreu nesta terça-feira (15/05/2012), aos 83 anos, na Cidade do México, anunciou o presidente Felipe Calderón, despertando uma maré de reações pelo mundo.
"Lamento profundamente o falecimento do nosso querido e admirado Carlos Fuentes, escritor e mexicano universal. Descanse em paz", escreveu o presidente em sua conta no microblog Twitter.

Segundo a imprensa mexicana, o autor de mais de vinte livros morreu em decorrência de problemas cardíacos em um hospital do sul da capital mexicana.
Um dos destaques da literatura latino-americana, desde que publicou o celebrado "A região mais transparente" (1958), o escritor recebeu os mais importantes prêmios literários em espanhol e seu nome foi cogitado, ano após ano, para ganhar o prêmio Nobel em suas quatro décadas de atividade literária.
Sua última honraria foi o doutorado Honoris Causa da Universidade das Ilhas Baleares, na Espanha, anunciado na segunda-feira.
Filho de um diplomata mexicano, Fuentes nasceu por acaso no Panamá em 11 de novembro de 1928 e viveu seus primeiros anos em Quito, Montevidéu e inclusive no Rio de Janeiro até se estabelecer, durante sua educação primária, nos Estados Unidos, alternando-a com férias no México, onde, incentivado pelo pai, fortaleceu o espanhol e a defesa de suas raízes mexicanas.
Escritor e diplomata, ex-embaixador na França, Fuentes explicou em 2009, no Salão do Livro de Paris que a decisão de escrever em espanhol se deveu a que há "coisas que só podiam ser ditas em espanhol. Havia uma espécie de terra virgem para o escritor".
Entre suas obras mais reconhecidas estão "A Morte de Artêmio Cruz" (1962), "Aura" (1962), "Terra Nostra" (1975) e "Gringo Velho" (1985).

Fuentes deixa mulher, a jornalista mexicana Silvia Lemús, sua segunda esposa, com quem se casou em 1970. Da união nasceram Carlos Rafael, que sofria de hemofilia e morreu em 1999 aos 25 anos, e Natasha, que morreu anos depois, aos 32, de causas desconhecidas.
As demonstrações de respeito se sucederam após o anúncio de sua morte.

O escritor mexicano Xavier Velasco, ganhador do prêmio Alfaguara 2003, lembrou do escritor em entrevista à Milenio Televisión.
"Era muito entusiasmado e muito generoso, não haverá mais intelectuais como Carlos Fuentes. Acredito firmemente que é o maior romancista que o México deu e tinha, também, o melhor senso de humor", disse.
"Terei sempre diante de mim o sorriso de Carlos Fuentes, e penso que justo agora está rindo de nós", acrescentou.
Ao falar do escritor na mesma emissora, Héctor Aguilar Camín, autor de romances como "México - A Cinza e a Semente" (2002), disse que Fuentes "inventou a noção do escritor profissional, do escritor que pode viver só de ser escritor".
"A cordialidade de Fuentes, a suavidade extraordinária de sua conversa às vezes fazia com que se esquecesse que se estava com um dos maiores personagens da literatura universal", destacou.

Em 2008, ao completar 80 anos, o governo mexicano organizou para o autor uma festa nacional, no qual ele comentou sua relação com a escrita.
"Deve-se ter muito medo de escrever. Não é um ato natural como comer ou fazer amor, é de certa forma, um ato contra a natureza. É dizer à natureza que não se basta a si própria, que precisa de outra realidade, da imaginação literária", disse.

Fonte: G1 - France Presse - 15/05/2012

Nenhum comentário

Os comentários são moderados, portanto, aguarde aprovação.
Comentários considerados spams, agressivos ou preconceituosos não serão publicados, assim como os que contenham pirataria.
Caso tenha um blog, retribuirei seu comentário assim que possível.

Pesquise no blog

Parcerias