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Toques Para Mulheres, Edson Rossatto, Giz Editorial

Toques Para Mulheres
Crônicas bem-humoradas sobre o universo feminino na visão de um homem
Edson Rossatto - Giz Editorial
144 páginas - Ano: 2012 - R$19,90
Capa e ilustrações internas: Germana Viana

Sinopse:
"Que os homens tentam constantemente se aventurar pelo labiríntico cotidiano feminino não é novidade. Mas, entre tantos que se perdem (e nunca encontram o caminho de volta), um ou outro acaba fugindo à regra. Esses podem até não achar a saída do labirinto (se é que ela de fato existe), mas ao menos conseguem transformar essa odisseia pelo universo feminino em algo prazeroso.
O autor desnuda sua percepção desse universo tão peculiar em 21 crônicas, que têm como marca principal o viés cômico e a franqueza. No livro, Rossatto não apenas se distancia dos clichês – nos quais a maioria dos homens se perde ao falar do assunto –, como de fato dialoga com esse universo.
Nas crônicas, elementos inerentes ao cotidiano feminino são o mote para uma leitura muito particular do dia a dia das mulheres. Desse mosaico feito de scarpins, flertes e cirurgias plásticas desprendem-se qualidades e defeitos, virtudes e vícios, prazeres e angústias de personagens que, real ou metaforicamente, passaram pela vida do autor.
Toques para Mulheres (abreviado não por acaso por TPM) nasceu na Internet, num blogue criado por Rossatto especialmente para este fim. O espaço virtual serviu como laboratório de testes da temática e de sua aceitação pelo principal público interessado: as mulheres. Interativo, serviu também para receber críticas e comentários que ajudaram na lapidação das crônicas antes que fossem parar nas páginas do livro."

Links: Giz Editorial | Blogue Toques Para Mulheres | Skoob
Resenha:
Toques Para Mulheres já começa com bom-humor no próprio título, pois ao abreviá-lo temos TPM, um trocadilho interessante.
O livro possui vinte e uma crônicas escritas por um homem sobre as mulheres e seu misterioso mundo. Foi isso o que me chamou a atenção: um homem escrevendo sobre mulheres, sobretudo utilizando o bom-humor. Outro ponto muito atraente são as ilustrações anteriores a cada crônica e a bela capa. A ilustradora está de parabéns e toda a equipe da Giz Editorial também. O projeto gráfico do livro está perfeito.
Apesar de o livro ter sido escrito voltado às mulheres - o autor mantém um diálogo diretamente com suas leitoras, não significa que um homem curioso não possa lê-lo.

O autor utiliza não apenas do bom-humor, mas também de uma linguagem moderna, leve e agradável em suas crônicas, deixando o texto simples e de fácil entendimento. As melhores partes são algumas situações cômicas do cotidiano, que ele nos conta dando exemplos de conhecidos, diálogos diretos, situações corriqueiras e engraçadas.
Nem todas as crônicas me agradaram; por outro lado, outras me fizeram rir e de outras eu gostei muito.
Sobre o ponto de vista do autor sobre as mulheres, fiquei com a opinião dividida. Concordo com uma parte das ideias e discordo da outra.
Sempre utilizando um tom cômico e até satírico o autor expõe sua opinião sobre assuntos sérios e sobre assuntos comuns nas discussões entre os sexos.

Na primeira crônica O demônio do dia a dia o autor mostra como o cotidiano e a mesmice podem acabar com um relacionamento ou contribuir para seu fim. Com exemplos rápidos da rotina entre casais vemos o perigo, por exemplo, de um casal abrir um negócio e misturar a relação com o trabalho.
O autor explica que a saudade na dose certa, pequenas ações e cada um ter uma vida própria são essenciais para afastar a rotina.
Uma boa crônica para iniciar o livro.

Em Fim (até que se comece outro...) o autor fala sobre o término dos relacionamentos amorosos e em como a pessoa dispensada (ou como ele diz, "chutada") tenta sobreviver sem as respostas sobre o porquê do fim da relação.
Gostei dessa crônica, pois o autor lida com algo muitas vezes complicado de uma forma muito engraçada.

E-mails, pis e o guru do sexo é a crônica seguinte e o autor comenta sobre supostos e-mails que ele recebe sobre as crônicas postadas em seu blogue. Algumas mensagens seguem no texto e notamos as reações extremas dos leitores: Mulheres indignadas que o xingam e homens que o veem como um guia.
As mensagens com as dúvidas dos homens sobre seus relacionamentos fazem rir, mesmo a maioria sendo absurda.

Em A comível e a namorável o autor levanta uma questão polêmica: A mulher deve ou não ir para a cama no primeiro encontro se busca um relacionamento sério e duradouro?
Sem se esquecer em nenhum momento o lado cômico das situações ele comenta como as feministas querem ter essa liberdade sem serem taxadas negativamente. No entanto ele dá a opinião masculina onde a mulher deve se valorizar.
Sou a favor de total liberdade para ambos os sexos sem preconceitos, mas concordo com ele; se a mulher quer apenas uma aventura casual, sem problemas, vai em frente. Agora se busca uma relação séria, deve ir mais devagar. O autor se esqueceu de um detalhe: as mulheres também observam se um homem se valoriza. Não tanto quanto os homens talvez.

Seios maternos são mais ternos do que seios femininos? é um texto menos interessante que os anteriores, embora o autor faça uso do bom humor colocando-o num assunto sério: Uma mãe expor o seio em público para amamentar seu bebê pode ser atentado ao pudor, indecente? Parece besteira, mas ela conta casos onde isso já foi um problema.
Ele redireciona o texto para como algumas mães podem ser discretas ao alimentar seus bebês sem perderem a elegância.

A conta, por favor é uma das crônicas que não gostei. Pensei que seria um texto cheio de situações engraçadas debatendo quem deve pagar a conta, o homem ou a mulher e terminar apoiando o bom senso (dividir a conta) mas o autor se perde respondendo a um e-mail preconceituoso de uma mulher que defende a ideia da mulher não pagar a conta por gastar muito mais dinheiro que o homem ao se produzir para ir ao encontro dele. Concordo com o autor.
O que desgostei foi o autor generalizar que todas as mulheres se arrumam para outras mulheres. Não, nem todas. As mulheres bem resolvidas se arrumam para si mesmas, por amor próprio.

Mais respeito, hein! é uma crônica sobre seios e o complexo de algumas mulheres com eles. Aborda o assunto das cirurgias plásticas e próteses de silicone. O autor transforma a crônica em autoajuda e perde a graça.

Um brinde às bêbadas de sonhos matrimoniais é uma crônica que gostei. Concordei com o autor e achei ótima sua alfinetada sobre as mulheres que se preocupam tanto em ter a festa e cerimônia de casamento dos sonhos (com gastos exagerados) e parecem não se importar com quem estão se casando e com a seriedade do casamento.

Não gostei da abordagem em As borboletas de Mário. Compreendi a boa intenção do autor ao dizer que mulheres (e homens)  devem sempre andar bem vestidos e produzidos. No entanto, esta crônica é muito preconceituosa com mulheres que no cotidiano se vestem de forma casual. Ele generaliza, dizendo que todas deveriam usar roupas elegantes e sociais no dia a dia.
Acho falso e desnecessário a mulher se vestir assim, existem casos diversos.
Por exemplo, eu: Moro numa cidade praiana onde no inverno temos 30°C e é ridículo andar de scarpin e tailleur de dia como sugere o autor. Ele detona mulheres que usam sandálias rasteiras, como se toda mulher trabalhasse num escritório com ar condicionado no centro de São Paulo.

Ao contrário da crônica anterior, O Aurélio e o igualismo é excelente, gostei bastante. Aqui o autor soube encaixar o bom humor e inteligência para falar sobre igualdade entre os sexos e o respeito pelas diferenças existentes. Sou contra extremismos, sejam feministas ou machistas e odeio preconceito.
Adorei a teoria do "igualismo" proposta pelo autor!

A próxima crônica é Como evitar capetas garanhões. Na verdade o autor não dá dicas de como reconhecer e evitar cafajestes como imaginei. Ele diz às mulheres comprometidas a serem fiéis a seus parceiros e a defendê-los em todas as situações perante outro homem.
Confesso que não entendi o sentido do texto, acho que não captei a mensagem nem a piada. Pensei que ele fosse ensinar solteiras em busca de um parceiro sério a desmascararem e fugirem dos aproveitadores.

A gravidez do casal executivo é uma crônica leve e que realmente expõe a dura realidade da diferença entre pais e mães. Quem sofre é a mulher, tanto nas mudanças do corpo quanto nas da vida profissional. Por mais que o homem seja compreensivo e presente durante a gravidez, sua vida profissional nunca muda, enquanto a da mulher para por meses. Adorei esta crônica e o ponto de vista (sempre engraçado) do autor.

Nem tudo entre quatro paredes vale é uma crônica muito equilibrada: engraçada onde deve ser e com conselhos ponderados. As cenas utilizadas como exemplos me fizeram rir bastante, enquanto as dicas do autor são bem colocadas e servem para ambos os sexos.
Só faltou dizer que além da sincronia e intimidade entre o casal é sempre necessário o diálogo sobre vontades e fantasias.

Não gostei de Está andando desse jeito torto por quê? por duas partes:
Primeiro quando através de um diálogo entre amigas ele mostra que a maioria das mulheres é falsa e invejosa e depois quando ele critica a deselegância da mulher bem vestida que troca os chinelos pelo scarpin no trem, antes de chegar ao trabalho. Melhor trocar no trem em meio a desconhecidos do que ir de scarpin e arrebentar os pés ou deixar para trocar na porta da empresa.
Em compensação concordo com o ponto central: é muito feio e até cômico ver mulheres que cismam com saltos altíssimos sem saberem como andar com eles. Já as que são obrigadas a usar salto alto no trabalho, às vezes por horas seguidas em pé, deixo minha admiração, pois arrebentam os pés e coluna diariamente.

Mas que pergunta indelicada de se fazer a uma mulher! passa uma mensagem ótima e positiva para mulheres que têm medo de envelhecer. Gostei da forma sincera e sensível com que o autor abordou o assunto e finalizou a crônica. Adorei as dicas e o texto.

Em Vai ser injusta só porque são injustos com você? o autor fala novamente sobre as diferenças entre os sexos e das injustiças sofridas por homens e mulheres, frisando que as mulheres sofrem mais desigualdade. Não gostei do trecho final, sobre os números que se referem aos argumentos socialmente injustos contra as mulheres porque a piada soa como deboche, mesmo que não tenha sido essa a intenção do autor.

O último pingo é uma crônica extremamente engraçada, principalmente a cena do banheiro. Acho que é a que mais gostei do livro. Adorei o autor mostrar às mulheres um pouco do universo íntimo masculino de forma tão cômica. Texto simples e muito bom!
Talvez o autor devesse escrever um livro no estilo dessa crônica, algo como "os segredos íntimos masculinos para mulheres".

Homens devem ganhar mais do que as mulheres - logo a crônica que possui um título machista e o autor inicia o texto pedindo para por favor não levar tijolos na cabeça atirados pelas leitoras, me agradou! Concordo com a visão exposta e acho que muitas mulheres precisam desses conselhos. O homem não é obrigado a ser cavalheiro, e sim ser educado e respeitador. Cavalheirismo é algo que vai surgindo e ocorrendo naturalmente no relacionamento. Não pode ser exigência por parte da mulher.

Biquínis, unhas e extintores é dispensável. Foi a crônica que menos gostei.
Resumindo: se a mulher tem pés feios deve usar sapatos fechados; somente poderá usar sandálias se possuir pés lindos e perfeitos.
A única dica no texto é que as mulheres devem ter bom senso no visual. Completo: os homens também.

Em Calcanhar de Aquiles o autor faz uma brincadeira sobre os pontos fracos dos homens perante as mulheres e como as mulheres se aproveitam disso para explorar os homens.
O autor apenas se esqueceu que existem mulheres que trocam o pneu do carro sozinhas e ao entrarem do carro ainda retocam a maquiagem e ajeitam o decote e os cabelos.

A última crônica é intitulada É o iceberg que preocupa. Ótima para encerrar o livro. É divertida e cheia de exemplos cotidianos simples, porém ótimos exemplos sobre o conselho final: que muitas vezes a primeira impressão é a que fica e as mulheres devem estar atentas a detalhes ao iniciarem um relacionamento ou flerte. Alguns detalhes podem dedurar o tipo de pessoa com quem estão saindo. E ainda faz piada com o casal do filme Titanic - concordei com tudo e ri muito!

Minha nota final sobre o livro é que a leitura é engraçada, rápida e flui muito bem. Gostei muito de algumas crônicas e desgostei de outras; concordei com alguns pontos de vista do autor e discordei de vários outros.
Acho que a intenção é justamente essa: fazer as mulheres refletirem sobre uma visão masculina e perceberem as diferenças e igualdades de pensamentos. E acredito que cada leitora (ou leitor, por que não?) terá uma opinião diferente. Mas uma coisa tenho certeza: encontrarão um livro cheio de bom-humor e sátiras, mesmo discordando de algumas brincadeiras!

O autor:
Edson Rossatto nasceu em São Paulo, Capital, em 1978.
Formado em Letras, é escritor, editor de livros, roteirista de HQ, palestrante e blogueiro.
Publicou os livros Mansão Klaus e outras histórias, Curta-metragem – Antologia de microcontos, Cem Toques Cravados e Toques Para Mulheres, além de ter organizado dezenas de antologias literárias.
É roteirista da série História do Brasil em Quadrinhos, tendo publicado os volumes Independência e Proclamação da República. Também é roteirista da HQ Como Ser Bom de Papo e se Enturmar.
É criador e organizador dos eventos culturais HQ em Pauta e Livros em Pauta. Seu conto Cartas a um irmão foi adaptado para o cinema.
Mantem os blogues Toques Para Mulheres e Cem Toques Cravados.
Contato: edson@andross.com.br

2 comentários

  1. Oi!Estou super ansiosa para ler esse livro, li algumas cronicas pela internet e gostei muito, e confesso que também ri bastante.Já queria ler o livro, depois de sua resenha nem se fala...Parabéns !

    Um xero,Ana.

    P.S- Tá rolando um sorteio lá no blog, participe lá: http://ideiaampla.blogspot.com.br/

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  2. Gostei da resenha, gostei muito que você tenha dado sua opinião crônica por crônica. Já previa desde o começo que algumas piadas seriam de mau gosto ou machistas... Li "O Último Pingo" no site do livro e confesso que não me animei muito. Talvez o livro seja mais voltado às mulheres...

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