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O Irresistível Café de Cupcakes, Mary Simses e Editora Paralela

O Irresistível Café de Cupcakes (The Irresistible Blueberry Bakeshop and Café)
Mary Simses - Editora Paralela
Tradução: Sonia Manski
288 páginas - Ano: 2014 - R$29,90

Sinopse:
"Ellen é uma advogada de Manhattan e seu noivo está prestes a se tornar um importante político. Tudo em sua vida parece estar perfeito e no caminho certo. Até que ela decide realizar o último desejo de sua avó e entregar em mãos uma carta.
Para isso, ela precisa ir para Beacon, uma charmosa cidadezinha do interior. Entre cupcakes de blueberry e deliciosas rosquinhas, Ellen desvenda os mistérios da vida de sua avó. Aos poucos, ela descobre os simples prazeres da vida e que “perfeito” nem sempre é o que parece."

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Resenha:
Capa divertida e muito fofa, de acordo com o conteúdo. A ruiva com olhar sapeca é Ellen, a protagonista que com certeza fará muitos leitores (especialmente mulheres) se identificarem com as trapalhadas dela.
O material do exemplar é acolchoado e agradável. O destaque visual fica para o título, que ocupa quase todo o espaço. Me lembrou quadro negro e giz colorido anunciando o "cardápio". Visual criativo e gracioso.
Abaixo do título lemos a indicação de James Patterson: "Se você gosta dos romances de Nicholas Sparks, vai devorar O Irresistível Café de Cupcakes." A questão é que o estilo de Mary Simses não lembra o do Sparks, já o público-alvo pode ser o mesmo. Existem poucas semelhanças entre os livros de Sparks e este de Simses, mas acredito que realmente a indicação de Patterson faça sentido.
O Irresistível Café de Cupcakes pode ser sim indicado aos fãs de Sparks, porém sem o peso do sofrimento que quase todas as suas personagens passam. O livro de Simses é mais leve e divertido, até mesmo engraçado. Seria como a "parte alegre" presente nas tramas de Sparks.
Não chega a comover, mas emociona! Entretém bastante e pode transmitir mensagens sensíveis a quem lê, caso o leitor deseje.

A história é animada, composta basicamente por clichês. É previsível quase em sua totalidade. Embora o ponto de partida seja um falecimento e uma história de amor que não teve final feliz, o livro é um chick-lit perfeito para provocar sorrisos no leitor; não um drama que o fará chorar. Então, se você é uma pessoa que fica tensa com os infortúnios dos romances do Sparks, acalme-se. O Irresistível Café de Cupcakes não precisa de caixa de lencinhos. Para acompanhar, talvez um café ou chocolate quente e um cupcake ou torta! Prepare-se, porque o livro abre o apetite.
A autora apresenta algumas descrições sedutoras de culinária, induzindo o leitor a não apenas visualizar, mas também sentir o aroma e imaginar o sabor, as texturas... Quem estiver de dieta irá, provavelmente, sentir vontade de dar uma folga. Não são apenas cupcakes. O cardápio é variado. Os doces são feitos principalmente da frutinha blueburry, nativa de regiões dos Estados Unidos e Europa. Aqui no Brasil não é tradicional e é conhecida como mirtilo.


Mesmo adivinhando as decisões da protagonista, as circunstâncias são a surpresa. É como assistir a uma comédia romântica repetidas vezes, saber o desfecho e ainda assim não resistir a mais uma animada reprise. É como quando já se conhece todas as piadas e tensões e mesmo desse modo ainda se prender às cenas. É decorar falas e trilha sonora e não deixar de assistir a mais uma vez caso tenha a oportunidade. Foi um sentimento semelhante a esse que me arrebatou durante a leitura. Parecia que eu já conhecia a Ellen, tamanha intimidade que a autora consegue criar logo no primeiro capítulo.
Eu sentia o que iria acontecer, adivinhava algumas coisas, mas não conseguia deixar de ler. Não há fatores inovadores ou extraordinários na trama ou no estilo da autora, mas me apeguei às personagens, principalmente à protagonista e suas dúvidas e confusões.
O Irresistível Café de Cupcakes possui charme exclusivo, apesar de aparentemente ser um chick-lit tradicional. Justamente por não possuir a pretensão de ser ousado é que o livro consegue ser especialmente diferente. É discreto, singelo, delicado, porém atinge o patamar de história muito humana sem apelar para o sofrimento. A história mexeu comigo sem eu perceber.
Por trás da escrita leve e descontraída, a autora apresenta mensagens belas sobre as escolhas que mudam vidas. Como uma única escolha pode ser capaz de mudar não apenas uma, mas várias vidas. Como nunca é tarde para mudar os planos em busca da felicidade. Como o perdão pode ser o mais intenso ato entre as pessoas.

Em pouco mais de vinte capítulos Simses apresenta seu primeiro romance, repleto de todos os itens básicos para uma boa comédia romântica.
Achei os diálogos alegres e descomplicados. Deu vida aos acontecimentos, porém estranhei muito a estrutura. Não é a tradicional, com uso de travessões. As falas estão entre aspas, geralmente reservadas aos pensamentos. Portanto, no começo da leitura, tive de me adequar ao estilo ao qual não estou acostumada.
A narrativa é em primeira pessoa. Ellen, a protagonista do livro, conta a sua história. A escolha é um acerto, porque acompanhar Ellen é a melhor forma, já que é ela o centro dos conflitos. E é uma mulher muito engraçada.Talvez a terceira pessoa não causasse o mesmo efeito.

A ambientação da trama é importante para o desenvolvimento dela, porque age diretamente nas personagens, causando conflitos e mudanças. Os ambientes são ricamente descritos para que o leitor imagine toda uma cidade, para assim compreender seus habitantes. E a escrita da autora permanece prazerosa.
O cenário central é a cidadezinha de interior Beacon, no Maine. A protagonista é de Nova Iorque e está acostumada a uma vida não apenas urbanizada, mas também, muito refinada. Cinco estrelas faz parte do dia-a-dia de Ellen, para hotéis, viagens, restaurantes, serviços e passeios. Todo o seu guarda-roupa é oriundo de marcas de grifes e Ellen não descuida do visual, deixando sempre impecáveis os cabelos, maquiagem, unhas e corpo.

Ela é uma renomada e rica advogada, noiva de Hayden, que além de também ter a mesma carreira, está entrando na vida política, tradição familiar.
Ellen tem como principal hobby a fotografia. Mesmo sendo uma verdadeira workholic, e colocar sua carreira em primeiro lugar, é completamente apaixonada pela arte de extrair vida das imagens que captura. Sua câmera fotográfica está sempre próxima e seu olhar é de fotógrafa.
Outra queda de Ellen é a culinária. Quando menina, a avó materna a ensinou receitas maravilhosas, principalmente com a blueberry, fruta típica da cidade natal da idosa. Mas assar cupcakes e ter a cozinha cheirando a canela, açúcar ou chocolate ficou no passado. Agora como adulta e advogada famosa, Ellen se preocupa mais com o colesterol e o peso. Conta as calorias e não consome nada que não seja adequado para uma nutrição perfeitamente saudável.
Realizar o último pedido de sua avó fará Ellen mergulhar em outro mundo, outra realidade; conhecer pessoas diferentes, com outro ritmo de vida. A cidade charmosa de Beacon mudará para sempre a vida de Ellen e a fará perceber que a felicidade pode estar nas coisas mais simples da vida.

A princípio Ellen estranha Beacon. É muito pequena, sem agitação (aparente) e com serviços precários (também aparentemente), comparando-a a Nova Iorque.
Aos poucos ela começa a deixar seu lado advogada descansar e baixa a guarda. Passa a observar melhor (afinal é uma artista, uma fotógrafa) a rotina da cidade e encontra beleza e paz no local.
Sair da rotina passa a se tornar cada vez mais confortável, principalmente cruzando com um carpinteiro da cidade, o atraente carpinteiro Roy.
A tarefa de entregar a carta de sua avó ao destinatário misterioso faz Ellen viajar não apenas no espaço, mas também no tempo. Ela começa a descobrir o passado de sua amada avó, um lado desconhecido a todos. Quando solteira e jovem, sua avó era uma pessoa bem diferente. Quanto mais pistas e descobertas Ellen encontra sobre sua avó e sua família em Beacon, mais perguntas brotam.
Enquanto procura conhecer o lado misterioso da avó e resolver enigmas familiares, Ellen descobre a si mesma: Uma Ellen livre, descontraída, relaxada e feliz.

O triângulo amoroso se enquadra bem no enredo e é reflexo das mudanças sofridas pela protagonista ao tentar realizar o último desejo da avó recém-falecida. Quanto mais conhece a avó secreta, mais Ellen descobre que as duas têm em comum características mais fortes que os genes.
As personagens secundárias ajudam a tecer a trama e o cenário que tanto modifica a personagem principal. Esta interage com pessoas e com os locais.
Não há uma personagem antagonista nem vilã, apenas a vida comum e pessoas diversas encontradas em qualquer lugar, trazendo a pitada de realismo que faltava ao livro.
Entre deliciosos cupcakes, belos cenários campestres e confusões engraçadas, Mary Simses apresenta uma história divertida e notável que relaxa o leitor e o convida a observar melhor os pequenos e doces momentos que constroem uma vida mais saborosa.
Leitura sem estresse para um passatempo inesquecível. De preferência com um bom lanche!


A autora:
Mary Simses cresceu em Darien, Connecticut, EUA, e passou a maior parte da vida em New England, onde trabalhou no mercado editorial de revistas e depois, como advogada, em direito societário. Paralelamente, há anos vem escrevendo ficção e muitos dos seus contos foram publicados em revistas literárias.
Mary vive atualmente com o marido - coincidentemente seu sócio - e a filha em South Florida. Ela adora fotografar e ouvir clássicos do jazz. Também sabe preparar um cupcake de blueberry excelente. Este é seu primeiro romance.
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