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O Inquisidor, de Mark Allen Smith e Editora Record

O Inquisidor (The Inquisitor)
Mark Allen Smith - Editora Record / Grupo Editorial Record
Tradução: Marcelo Schild
416 páginas - 2015 - R$42,00 - comprar

Sinopse:
"A verdade pode ser a pior tortura.
Geiger tem um dom: ele sabe quando alguém está mentindo. Na função que exerce, a chamada “obtenção de informações”, Geiger utiliza sua valiosa habilidade e vários métodos psicológicos que levam suas vítimas a um ponto em que o medo supera a dor. Assim que atingem esse ponto, elas não têm mais como resistir.
Uma das únicas regras seguidas pelo torturador é não trabalhar com crianças. Quando seu sócio, o ex-jornalista Harry Boddicker, lhe traz um novo cliente que exige que ele interrogue um menino de doze anos, sua resposta é “não”.
Mas quando o cliente ameaça levar o menino para Dalton, um torturador sem regras, famoso por matar seus interrogados, Geiger, cujo passado é um mistério até para ele mesmo, é surpreendido por um sentimento estranho de proteção e foge com o menino na tentativa de salvar sua vida.
Enquanto Geiger e Harry investigam por que o cliente está tão desesperado para descobrir o segredo guardado pelo garoto, eles se veem caçados por um adversário cruel. E é no meio dessa caçada implacável que o passado misterioso e sinistro de Geiger vem à tona."

Resenha:

O Inquisidor (The Inquisitor, 2012) foi publicado pela Editora Record (Grupo Editorial Record) em fevereiro de 2015 e é o romance de estreia de Mark Allen Smith, roteirista e produtor de filmes e de televisão. Classificado como thriller, o livro traz um protagonista peculiar e uma trama cheia de ação e suspense.
A capa brasileira é a que melhor corresponde a história e a mais ricamente detalhada. O trabalho gráfico tradicional da Record sempre me agrada, com diagramação e fonte básicas, destacando o conteúdo, mas com revisão impecável.
É uma obra adulta, de suspense e boa movimentação no enredo. Contém algumas cenas violentas, mas não existe nada terrível na trama, conforme alguns leitores me questionaram. É uma sensacional história de ação frenética e suspense elevado, com personagens excêntricos e desenvolvimento de enredo instigante.

A narrativa é em terceira pessoa, mantendo diferentes pontos de vista. O autor é habilidoso ao criar conflitos, choques e movimentação. Sua escrita é crua, direta e, em alguns momentos, fria. Ironicamente, ele consegue encher as personagens de vida e sentimentos, e a trama de carga dramática, mesmo sendo prático. Suas descrições e explicações são equilibradas, nem escassas nem excessivas, sendo um ponto positivo para a leitura empolgante de O Inquisidor. Muitas situações apresentam esclarecimentos técnicos ou curiosidades, mas o autor não se aprofunda em detalhes que seriam pesados ou enfadonhos, mostrando superficialmente o necessário para o leitor acompanhar a andamento da história sem com que ela perca o ritmo.
Além de suspense e thriller, a obra possui alguns elementos que lembram um pouco o estilo noir, presente principalmente em romances policiais. O livro se passa na Nova York contemporânea e o pano de fundo é o mundo do crime, composto por pessoas de caráter duvidoso, locais secretos e guetos escondidos do cidadão comum (e ao mesmo tempo, tão próximos). Um submundo composto por mafiosos, assassinos, mercenários e uma série e profissionais frios e execráveis. O ambiente é realista, crível e muito sombrio.
A diferença na ambientação de O Inquisidor é que, além do cenário violento, presenciamos um grupo que pode ser facilmente classificado como elitista. Não são personagens e lugares decadentes, mas sim os melhores no que fazem. Ser o melhor, mesmo que isso signifique ser imoral, hediondo ou brutal.
As cenas são breves ou passam essa sensação, porque a ação é ininterrupta. Se não é uma movimentação física, é uma dinâmica psicológica expressiva. Contém alguns flashbacks essenciais para a composição e compreensão do protagonista, o homem chamado apenas por Geiser.

Ele traz todas as caraterísticas, circunstâncias e motivos para ser o grande vilão, um homem odiável e desprezível. Parte da elite criminosa e secreta, ele trabalha no ramo de Obtenção de Informações, como torturador profissional e especializado. Pelo pagamento correto, ele literalmente tortura qualquer pessoa utilizando as mais eficientes técnicas e só termina seu trabalho quando consegue a informação que seu cliente necessita.
Não importam os motivos ou a ética do cliente. Se o pagante cumpre com sua parte, Geiser faz seu trabalho. Suas torturas físicas são extremamente técnicas, causando o máximo de dor e o mínimo de marcas. Porém, o que chama a atenção são as torturas psicológicas: Drásticas, mais potentes que as físicas e, sem ferir o corpo da pessoa. Um serviço limpo e rápido, é assim que os clientes querem.
Ele não se envolve com suas vítimas, as quais ele generaliza. Após exaustiva pesquisa sobre o indivíduo da vez, ele conhece seus pontos fortes e fracos, sabendo como extrair a informação com o mínimo possível de estrago.
Ele tem tudo para ser o monstro e vilão do livro, correto? Mas ele é o protagonista, o herói! É neste ponto que o autor presenteia o leitor com um protagonista complexo e curioso. Particularmente, o destaque do livro não foi exatamente a trama em si, mas sim Geiser, um dos mais complicados e intricados anti-heróis que eu já encontrei em um suspense. O que aconteceu com ele para se tornar O Inquisidor? Quem ele é?
Através de curtas lembranças e atitudes heroicas de Geiser, me senti extremamente curiosa para compreendê-lo, porque passei a admirá-lo! Como assim gostar de um vilão? Geiser possui seu carisma, somente lendo para descobrir.

São poucas personagens, mas o destaque fica para o menino 12 anos de idade que seria o próximo trabalho de Geiser. Mas este não tortura crianças, ele possui várias regras. E, diga-se de passagem, cacoetes, vícios e manias interessantes. Personagens infantis dentro de intricados suspenses sempre é envolvente, porque é a faísca de inocência em meio a um labirinto de brutalidades e perigo. Caso não aceite o trabalho, o menino será levado ao pior de todos do ramo, um rival de Geiser, famoso por passar dos limites e assassinar os interrogados.
Geiser decide salvar a criança e descobrir qual o segredo que ela carrega. A partir desse ponto, ele penetra em uma rede de intrigas e riscos, um caminho sem retorno.
Harry é o único com quem trabalha diretamente. Os dois possuem uma relação estritamente profissional, mas, simultaneamente curiosa, porque existe amizade. Harry é o responsável pelo contato com a cliente-la e a orienta-la no processo. Porque Geiser e Harry não podem existir. Compreendi que Geiser seria um torturador profissional e raro, encontrado na deep web, e Harry o responsável pela camuflagem total.
Juntamos ao elenco os pais do menino, o psiquiatra de Geiser, o torturador rival, um mafioso poderoso, um ex-veterano de guerra que proclama trechos de livros, uma esquizofrênica que adora cantar e um grupo de vilões muito habilidosos, agressivos e inteligentes.
Falta uma personagem feminina importante e esta é minha única reclamação sobre a obra. Não uma femme fatale tradicional das histórias noir ou uma vítima fraca perdida no suspense, mas uma mulher completamente humana, uma anti-heroína, assim como Geiser e Harry. Senti falta.

O Inquisidor é um suspense adulto, com muita ação e guinadas no enredo. Uma trama mesclada de personagens exóticos e um protagonista portador de todos os motivos para ser odiado, mas que deixará o leitor, no mínimo, torcendo por ele.
Geiser é um anti-herói muito diferente. Ele não é apenas o vilão que se torna herói. Nem a personagem que não quer herói, mas acaba sendo. Ele é problemático, complicado, sem empatia pelas pessoas. Psicologicamente complexo, o leitor tem a chance de desvenda-lo - ao menos em parte. Ele é o torturador que se transforma no "des-sequestrador" da vítima (palavra dada pelo próprio menino que Geiser tenta salvar).
Um livro com uma série de acontecimentos agitados e uma narrativa fluida que esconde o drama por trás da ação. Um autor de escrita inteligente, simples e viciante.
Uma exploração psicológica tão interessante quanto a física. Além disso, à princípio, estava achando o clímax e parte final um pouco frustrante, visto que minhas expectativas eram altas na metade da leitura. Então me deparei com um final excelente, que me fez desejar uma sequência ou spin-off. Possui alto potencial para ser uma série, mesmo que curta. De qualquer forma, por ser um livro de estreia, tenho certeza que Mark Allen Smith poderá trazer mais thrillers de qualidade.
Gostei mais do protagonista e das personagens que o desenvolvimento da trama em si, mas é rica em ação e surpresas.

O autor:
Mark Allen Smith vem de uma bem-sucedida carreira com filmes e televisão, tendo trabalhado nas áreas de roteiro e produção e em documentários. O Inquisidor é sua estreia como escritor.
Ele mora em Nova York com a família.



Um comentário

  1. Pela sinopse e resenha eu lembrei daquelas séries The Mentalist e Lie to Me, a trama é bem parecida, mas em livro deve ser bem mais detalhado e até mais interessante por ter mais detalhes. Muito boa a resenha!

    Beijos,
    http://www.girlbeinggeek.com.br/

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