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Redoma, de Meg Wolitzer e Globo Alt (Globo Livros)

Redoma (Belzhar)
Meg Wolitzer - Globo Alt / Globo Livros
Tradução: Alexandre Raposo
287 páginas - 2015 - R$34,90
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Sinopse:
"Se a vida fosse justa, Jam Gallahue ainda estaria em sua casa tranquila em Nova Jersey, com seu doce namorado britânico, Reeve Maxfield. Ela estaria assistindo comédias antigas com ele. Estariam se beijando entre as prateleiras da biblioteca.
Ela certamente não estaria no Celeiro, um internato para adolescentes “emocionalmente frágeis” na área rural de Vermont, vivendo com uma companheira de quarto estranha. Nem estaria inscrita na turma misteriosa de Tópicos Especiais em Inglês da Sr. Quenell.
Mas a vida não é justa, e Reeve Maxfield está morto.
Até que o trabalho de escrita sobre A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath, romance escolhido pela Sra. Quenell para o semestre, leva Jam a um lugar onde seu passado é restaurado e ela pode sentir os braços de Reeve em torno dela mais uma vez. Mas há segredos sobre o caminho de Jam para superar sua perda.
 Da autora best-seller do New York Times Meg Wolitzer, uma história surpreendente e de tirar o fôlego, sobre o primeiro amor, tristeza profunda, e o poder de aceitação."

Resenha:

Redoma (Belzhar) foi eleito melhor livro young adult de 2014 pela Entertainment Weekly, Publishers Weekly e Time. Chegou ao Brasil em outubro de 2015 pelo selo jovem da Globo Livros, o Globo Alt. A capa original foi mantida, incluindo todos os objetos presentes na imagem, itens da trama. O exemplar da Globo está lindo, com diagramação básica, revisão perfeita, orelhas e páginas amareladas (papel pólen soft).
A autora americana Meg Wolitzer inspirou-se em A Redoma de Vidro, único romance publicado por Sylvia Plath. Este, antes sob um pseudônimo (Victoria Lucas), somente foi lançado com o nome de Plath após seu suicídio aos 30 anos de idade. Ela sofria de depressão e o romance é semi-autobiográfico. Não o li, mas após pesquisas descobri que não é necessário tê-lo lido para aproveitar Redoma. Meg Wolitzer aborda a depressão e como ela pode fazer o indivíduo se fechar em um mundo à parte e doloroso, uma redoma solitária, assim como ocorreu com Sylvia Plath.

Redoma foi uma experiência única e compenetrante; o li de uma vez, completamente envolvida e hipnotizada. É juvenil, simples, porém incrivelmente complexo. As metáforas, as nuances psicológicas, os sentimentos nas entrelinhas e as diversas reflexões são incrivelmente elaboradas. Há carga emocional forte escondida em um livro juvenil.
O tema é sério e triste, mas sem ser angustiante. A depressão é explorada de modo excepcional e singelo, através de histórias variadas e realistas, embora a abordagem seja a fantasia - podendo ser classificado até mesmo como sobrenatural. O importante é que, além de séria, a depressão não pode ser medida nem questionada. Não se mede a dor emocional, o sofrimento psicológico ou o nível do trauma. Especialmente quando a depressão atinge a pessoa na adolescência, época da vida em que os sentimentos são mais intensos.
Portanto, você precisa ter isso em mente ao ler Redoma: As personagens são adolescentes e seus traumas são variados. Nem sempre é possível você se colocar na pele de cada uma e compreendê-las. Na vida real também nem sempre somos capazes de compreender a dor do outro, porém devemos sempre ser empáticos e solícitos.
Depressão dói, causa sofrimento, não é frescura nem exagero e pode matar. Nunca devemos questionar se a pessoa deprimida deveria ou não se sentir assim; nem seus motivos. Redoma mostra exatamente isso. Pessoas, vidas e dores diferentes em tratamento não convencional em um mesmo local. Respostas variadas de suas famílias. Como a superação depende de apoio, ajuda, autoconhecimento e batalha interior, envolvendo a aceitação do trauma e seu luto por ele.


Redoma é contado em primeira pessoa pela adolescente de 15 anos de idade Jamaica "Jam" Gallahue. Após um envolvimento amoroso de curto prazo com o britânico Reeve Maxfield, estudante de intercâmbio no colégio, Jam, que se autodenomina "legal e bonita, mas não popular", se apaixona intensamente. Mas Reeve morreu. Devastada, entra em depressão e os pais a levam para estudar no Celeiro, uma escola e instituição psiquiátrica alternativa para "jovens altamente inteligentes, mas emocionalmente frágeis". O local, além de estar em uma área rural e isolada, evita medicamentos, proíbe drogas, álcool, internet e celulares. Notícias somente no jornal impresso e conversas e mensagens apenas ao vivo e por cartas escritas à mão.
Jam conhece DJ, a estranha colega de quarto que a alerta sobre sua grade de disciplinas. "Tópicos Especiais em Inglês da Sra. Quenell" é uma disciplina que nunca aceita inscrições, somente alunos convidados, escolhidos pela professora. Jam descobre que apenas ela e mais quatro estudantes estão na classe desse semestre. Eles estudarão uma autora: Sylvia Plath, que deixou um romance publicado (A Redoma de Vidro) e vários poemas e contos. Cada um recebe da professora um exemplar do livro e um caderno antigo, para usarem como diário, escrevendo neles duas vezes por semana. Não é uma escolha. Entregar os diários (que não serão lidos) é requerimento para a aprovação.
Parece simples, mas dentre várias outras disciplinas e atividades, ao serem submetidos ao "Método Plath", enfrentarão uma experiência dolorosa, complexa e transformadora. Ao escreverem em seus diários, eles têm de volta quem ou o que eles perderam. É estranho, mágico, insano e inexplicável. Simultaneamente, é uma situação consoladora, nostálgica e difícil.


A narrativa de Jam alterna o presente (o que acontece com ela no Celeiro) a algumas lembranças (o cotidiano de seu namoro com Reeve). Também descobrimos, aos poucos, as histórias de seus colegas. O suspense de como ocorreu a morte de Reeve permanece por quase toda a trama. A atenção aos fatos é essencial, pois Wolitzer escreveu uma trama formidável, não é à toa que foi eleito o livro jovem de ano por vários críticos especializados.
No começo, se parece com um young adult comum; no decorrer do desenvolvimento, percebi algumas marcas que fazem dele leitura única; o final é quase chocante, ao menos fui pega desprevenida. Se durante todo o livro eu achei que os colegas de Jam sofriam mais que ela, percebi que Jam é a mais intricada e enigmática do grupo. Concluí que estava errada em medir e comparar o sofrimento das personagens. Na vida real então, isso é errado! Mas Jam parecia tão simples, sofrendo com o primeiro amor (relâmpago) e, então, a autora vai e choca! É mais difícil de aceitar o trauma quando ele não nos é infligido por fatores externos; o problema é quando a origem do trauma parte de nós mesmos.
A amizade que nasce entre Jam, Casey, Sierra, Marc e Griffin é linda. Os cinco são muito diferentes e, provavelmente, caso estudassem no mesmo colégio, pouco conversariam. Outra diferença está nas formas com que lidam com seus problemas. Mas o Celeiro os uniu. Mais que colegas de classe de Tópicos Especiais em Inglês, os cinco são uma força única. Formam um grupo de apoio sem a intenção, e juntos começam a respeitar e a conhecer os outros e a si mesmos. A experiência secreta, extraordinária, assustadora e incompreensível de entrar na "Redoma" quando escrevem nos diários os une para sempre.


Como todo amadurecimento e superação, a Redoma não é fácil. Os perigos que a cercam são grandes e, infelizmente, convidativos. Precisam superar seus choques. Embora um apoie o outro, é um caminho solitário, uma estrada ao autoconhecimento.
Será que Jam e os demais conseguirão? E a Sra. Quenell, personagem misteriosa, será que sabe sobre o poder dos diários? Ou será uma alucinação coletiva?
A Redoma é a uma metáfora para o processo de luto e o formato utilizado pela autora é um amálgama entre angústia adolescente e o sobrenatural. Comparando à vida real, o indivíduo em depressão convive com as pessoas ao redor, mas de vez em quando, se fecha em sua redoma. Entre idas e vindas, permanece cada vez mais nela. O rompimento com sua redoma interior é um processo muito difícil. Neste livro a Redoma representa exatamente isso e Wolitzer usa da fantasia para representar a redoma ao pé da letra e criar um um young adult profundo e recheado de reflexões. Percebe-se também o cuidado em mostrar as distintas formas de sofrimento e como a compreensão e o apoio ajudam o processo de superação.
Mais do que amizade e suporte, Wolitzer mostra como o poder da leitura e da escrita pode ser uma útil ferramenta em momentos de tristeza, dor e solidão. As palavras e histórias podem ajudar a curar as feridas psicológicas das pessoas. Será possível se despedir da Redoma?
A Redoma de Vidro (Biblioteca Azul, Globo Livros) já está na lista de desejados. Redoma é um dos young adults que mais gostei. foi para a lista de favoritos e estou curiosa sobre os demais livros de Meg Wolitzer.

A autora:
Meg Wolitzer nasceu no Brooklin, Nova York, em 1959 e cresceu em Long Island. Começou a escrever profissionalmente quando ainda estudava escrita criativa na Universidade Brown.
Atualmente, além de dar aulas na Universidade de Princeton, escreve romances e roteiros.
Meg é casada com o também escritor Richard Panek e tem dois filhos.
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