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[Resenha] Onde a Luz Cai, de Allison e Owen Pataki e Gutenberg (Grupo Autêntica)

Onde a Luz Cai (Where The Light Falls)
Allison e Owen Pataki - Gutenberg / Grupo Autêntica
Tradução: Cristina Antunes
368 páginas - R$ 47,90 (impresso) e R$ 19,90 (ebook)
Comprar: Amazon | Apple | Livraria Cultura | Livraria da Folha | Google Play | Kobo | Saraiva | Submarino

Sinopse:
"Três anos após a queda da Bastilha, Paris fervilha com os ideais da Revolução Francesa iniciada em 1789. A Monarquia foi deposta, a aristocracia, desmantelada, e ergue-se uma nova nação do povo e para o povo.
Inspirado pelo senso de dever patriótico, Jean-Luc, um advogado jovem e idealista, muda-se para a capital com o filho e a esposa, Marie. André, filho de um antigo nobre, foge de seu passado privilegiado para lutar no exército republicano francês junto do irmão. Sophie, uma bela e jovem viúva aristocrática, sobrinha de um poderoso e vingativo general, embarca em sua própria luta pela independência.
Mas a promessa de esperança começa a ser ameaçada pelo medo quando a busca incessante por justiça se converte em fanatismo e gera instabilidade, transformando compatriotas em inimigos e alimentando a sede de sangue nas ruas.
Na luta para impedir que o caos desfaça todo o progresso da Revolução, as vidas de Jean-Luc, André e Sophie se entrelaçam, e eles são forçados a questionar os sacrifícios feitos em nome da nova República.
Com participação de figuras lendárias como Robespierre, Luís XVI e Thomas-Alexandre Dumas, Onde a luz cai é um romance admirável, que se desenrola das ruas e salas de audiências de Paris até a épica marcha de Napoleão pelas areias do Egito. Com detalhes vívidos, os Pataki capturam corações e mentes dos cidadãos da França, lutando pela verdade acima de tudo e pela crença em uma causa maior."

Resenha:
Allison Pataki, formada em Inglês pela Universidade Yale, ex-jornalista e produtora e membro da Historical Novel Society, é autora dos romances best-sellers The Traitor’s Wife, The Accidental Empress e Sissi: Empress On Her On, publicado no Brasil pela Editora Gutenberg, do Grupo Autêntica, como Sissi, a Imperatriz Solitária. Allison escreveu Where The Light Falls juntamente com o irmão Owen, formado em História pela Universidade Cornell, primeiro tenente do Exército dos Estados Unidos no Afeganistão, roteirista e cineasta. Onde a Luz Cai foi lançado aqui em final de maio de 2018, também pela Gutenberg.
Recebi um exemplar de prova como surpresa da editora, e como adoro ficção histórica, não poderia deixá-lo de lado. Não é o material final, pois ainda estava em revisão, mas encontrei apenas meia dúzia de errinhos que não estarão no exemplar final. Contudo, o material físico é semelhante ao de livraria, com páginas amareladas, diagramação bonita, orelhas, todas as informações. A tradução é de Cristina Antunes.


Os Pataki apresentam a trajetória de quatro personagens em plena Revolução Francesa. Ainda que seja uma obra classificada como ficção histórica, ela permeia entre este tipo e romances mais brandos, pois não é uma obra fortemente ligada aos fatos históricos reais. O texto não é muito descritivo e detalhado, portanto quem busca por uma vertente mais realista e histórica, saiba que não é exatamente este o caminho escolhido pelos autores. Eles basicamente se inspiraram nos sentimentos intensos que aquele momento provocou na população, assim como todo o espírito revolucionário avassalador em busca de mudanças e inflamado por liberdade, igualdade e fraternidade, mas também repleto de violência, intrigas e perigo.
Portanto, a obra é inspirada em fatos reais, mas os Pataki tomaram a liberdade de alterar detalhes para o melhor funcionamento da trama, misturando também personagens históricas às personagens fictícias. Os pontos históricos estão mais ao fundo, embora guiem as personagens e acontecimentos e provoquem as reviravoltas. Eventos historicamente significativos funcionam para movimentar as vidas das personagens, mas não recebem destaque. Não é tão épico como poderia, mas é interessante e agitado, especialmente na segunda das três partes em que o livro é dividido. Também não possui descrições minuciosas e precisas dos acontecimentos e campanhas militares, apresentando cenas superficiais de batalhas e conflitos.
O lado positivo é uma escrita fluida, leve e compreensível, assim como os diálogos, vivos, envolventes e sem o excesso do peso de linguagem de época. Arrisco dizer que é uma obra intermediária, entre um romance de época e um romance histórico. Não tão informativo e bélico como um histórico e menos bem-humorado e romântico que um de época. Há até um romance nascendo e outro já consolidado, ambos belos.


Os protagonistas são dois jovens franceses: André Valière e Jean-Luc St. Clair. André é filho de um nobre guilhotinado. Por isso, abdicou de seu título e regalias, continuando a atuar como capitão do Exército republicano, mantido devido às necessidades da República em formação. Jean-Luc é um advogado idealista de pouca experiência que acredita tanto nos ideias da Revolução que se mudou da confortável vida sulista para a quase miséria na Margem Esquerda de Paris, levando consigo seu filho ainda bebê e sua esposa Marie. Ela sempre o apoia, mesmo quando ele advoga por caridade e mal conseguem pagar o aluguel. André conhece a bela Sophie de Vincennes, uma viúva aristocrática por quem logo se apaixona. Num momento extremamente perigoso para se ter ligações com a nobreza ou o clero, Sophie procura se manter a salvo, mas o risco é iminente. Sophie e Marie acompanham seus pares e servem como personagens de suporte. Embora ambas tenham personalidade forte, coragem e inteligência, os protagonistas são André e Jean-Luc. Gostei muito de Marie, muito solidária e resistente, gostei mais até que de Sophie, a mocinha em perigo, e gostaria que ela tivesse mais destaque.
Os heróis e heroínas são homenagens às pessoas comuns da França do século XVIII, que não têm seus nomes nos livros de História, mas foram essenciais em todas as situações, principalmente na Revolução Francesa. Assim sendo, eles são éticos, honestos e desesperados para salvar sua nação e seu povo. Mas André e Jean-Luc são verdadeiros paradigmas da virtude que enfrentam vilões típicos e pouco profundos: Nicolai Murat e Guillaume Lazare. Estes são inspirados em figuras históricas. Murat é inspirado no general Adam Philipe, o conde de Custine. Já Lazare é baseado em Maximilien Robespierre, Jean-Paul Marat e Jacques Hérbert.


A narrativa em terceira pessoa começa em 1792, onde os capítulos se alternam entre o que acontece com André e com Jean-Luc. Seus destinos se cruzam em Paris durante um importante julgamento, na parte dois do livro, a mais interessante. Quando o enredo adentra no Reino do Terror, tudo fica mais agitado, intenso e os protagonistas, rodeados por adversidades. Posteriormente, na parte três, André e Jean-Luc tomam rumos diferentes, porém sem jamais romperem laços. Neste momento a tensão do enredo atinge seu ápice, um novo cenário surge (o Egito), os conflitos se intensificam e os obstáculos se tornam aparentemente intransponíveis. A trama se desenvolve até 1804 e o desfecho traz uma luz de esperança após tantas tragédias enfrentadas pela população da França. O destaque fica nas diversas formas encontradas por diferentes cidadãos para participarem ativamente da revolução e para lutarem por seus direitos. Seja advogando em prol dos desfavorecidos ou lutando em florestas e campos para proteger a nação da invasão monarquista deposta, os protagonistas são ativos como podem. Ao fundo há pessoas escrevendo panfletos informativos e inspiradores, transformando objetos domésticos em última alternativa de armamento protetor. Mesmo famintas, as pessoas comuns não desistem, nem na hora de destronar a nobreza, nem em resistir a ditadura.
Recomendo a leitura para quem curte ficção histórica mas busca por uma leitura mais descomplicada e rápida que a maioria dos romances históricos. Um livro empolgante para viajar para outra época e outro local, acompanhar outras vidas e culturas, mas sem se apegar à complexidade dos detalhes históricos e militares. É uma aventura embalada por um importante período histórico da França do século XVIII, mais indicada a quem gosta de Philippa Gregory, Julia Quinn, Diana Gabaldon e Elizabeth Fremantle do que fãs de Ken Follett, Colleen McCullough, Steven Pressfield ou Bernard Cornwell.



Os autores:
Allison Pataki é autora dos romances best-sellers The Traitor’s Wife e The Accidental Empress. Filha do ex-governador do estado de Nova York George E. Pataki, ela foi inspirada a escrever a respeito de Sissi graças às raízes profundas da família no antigo Império Austro-Húngaro. Pataki é cofundadora da organização sem fins lucrativos ReConnect Hungary. Ela se formou com honras em Inglês na Universidade Yale, contribui regularmente no The Huffington Post e também é membro da Historical Novel Society. Ela mora em Chicago com o marido e a filha.
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Owen Pataki é o irmão mais novo de Allison. Formou-se em História na Universidade de Cornell, tendo posteriormente frequentado uma escola de Cinema em Londres. Entre uma formação e outra, serviu o Exército dos Estados Unidos como primeiro tenente com um destacamento para o Afeganistão. Atualmente vive em Nova Iorque, onde trabalha como roteirista e cineasta. Onde a Luz Cai é o seu primeiro romance.
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