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[Resenha] O Buraco da Agulha, de Ken Follett e Arqueiro

O Buraco da Agulha (Eye of the Needle)
Ken Follett - Arqueiro
Tradução: Alves Calado
336 páginas - R$ 39,90 (impresso) e R$ 24,99 (ebook)
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Sinopse:
"O ano é 1944. Os Aliados estão se preparando para desembarcar na Normandia e libertar os territórios ocupados por Hitler, na operação que entrou para a história como o Dia D.
Para que a missão dê certo, eles precisam convencer os alemães de que a invasão acontecerá em outro lugar. Assim, criam um exército inteiro de mentira, incluindo tanques infláveis, aviões de papelão e bases sem parede. O objetivo é que ele seja fotografado pelos aviões de reconhecimento germânicos.
O sucesso depende de o inimigo não descobrir o estratagema. Só que o melhor agente de Hitler, o Agulha, pode colocar tudo a perder. Caçado pelo serviço secreto britânico, ele deixa um rastro de mortes através da Grã-Bretanha enquanto tenta voltar para casa.
Mas tudo foge a seu controle quando ele vai parar numa ilha castigada pela tempestade e vê seu destino nas mãos da mulher inesquecível que mora ali, cuja lealdade, se conquistada, poderá assegurar aos nazistas a vitória da guerra.
Na obra-prima que lhe garantiu, há 40 anos, a entrada no cenário da literatura, Ken Follett fisga o leitor desde a primeira página, com uma trama repleta de suspense, intrigas e maquinações do coração humano."

Resenha:
Em 1944, a pouco para o Dia D, os Aliados planejam derrotar o exército alemão na Normandia, França, disfarçando seus planos de invasão posicionando navios, tanques e aviões em outro local do país, em Pas-de-Calais. Tudo de mentira, feito de borracha, papelão, madeira, mas totalmente convincente para as lentes dos aviões germânicos. Espiões atuando como agentes duplos e mensagens de rádio propositalmente falsas contribuíam para a encenação. Uma armação para desinformar e enganar Hitler e sua elite.
Paralela e silenciosamente, o premiado e melhor espião do führer, conhecido como "Agulha", trabalha em solo britânico, descobrindo informações preciosas, eliminando alvos específicos e sabotando planos importantes. Ele passa então a ser caçado pelo Serviço de Inteligência Militar britânico de informações de segurança interna e contra-espionagem e precisa executar uma imprevista e nova missão, completamente essencial para o sucesso do Eixo.
Esta é a premissa central de O Buraco da Agulha, livro originalmente publicado em 1978, considerado uma obra-prima sobre espionagem na Segunda Guerra Mundial. Baseado em fatos reais, escrito por Ken Follett, autor especialista em misturar realidade e ficção, vendeu mais de dez milhões de exemplares em mais de 30 idiomas; ganhou pela Editora Arqueiro uma edição comemorativa de 40 anos com nova introdução e capa no Brasil. O best-seller foi adaptado para o cinema em 1981 com direção de Richard Marquand e estrelado por Donald Sutherland e Kate Nelligan.


A ideia para o romance surgiu em meados dos anos 1970 após Follett ter lido uma série de livros de não-ficção sobre espionagem na Segunda Guerra. Por isso ele começou a pesquisar sobre o assunto e a planejar meticulosamente o esboço do romance. O estudo e cuidado com a estrutura são notáveis, pois além de muitas informações verídicas ou ficcionalmente críveis, há também bastante suspense e ação para tornar a leitura fluída e instigante.
Além disso, as personagens são interessantes e humanas e os detalhes cotidianos da época tornam a obra ainda mais agradável e convincente. Você realmente se sente em plena década de 1940 no auge da guerra acompanhando pessoas comuns que acabam se envolvendo em prol do fim das batalhas, assim como especialistas treinados cuidadosamente para isso.
São várias personagens, porém as mais significativas são: "O Agulha", espião alemão perigoso, frio e supereficaz que faz qualquer coisa por sua nação; Percival Godliman, professor e historiador inteligente recrutado pelo Serviço de Inteligência Militar britânico; Frederick Bloggs, investigador sempre em alerta da Divisão Especial da Scotland Yard; David, jovem decidido que se prepara para participar da guerra pilotando na Força Aérea Real; Lucy, jovem mãe que vive numa ilha isolada no norte da Inglaterra e espera pelo final da guerra; há ainda participações de figuras históricas.
É uma teia de histórias paralelas inicialmente desconjuntadas. Aos poucos, se cruzam e se interligam para formarem um único enredo. Portanto, mesmo com pormenores que surgem para engrandecer a verossimilhança e criar vínculos de quem lê com as personagens, de modo geral tudo é importante para a trama e personagens que aparentemente não tinham ligação se tornam centrais. Desde o início a leitura empolga, mas quando você percebe que tudo está se conectando, fica impossível pausar. Algumas vezes leio thrillers que possuem trama central realmente boa, mas a superficialidade no desenvolvimento das personagens não me permite torcer contra ou a favor delas. Em O Buraco da Agulha existem cenas, incluindo flashbacks, e informações que podem não estar diretamente ligadas à trama, porém servem para compor personalidades e justificar comportamentos e eu gosto disso.


Se você conhece os fatos históricos sobre este episódio, já sabe como tudo terminou, mas ainda assim encontrará um thriller inteligente e de desfecho muito empolgante. Porque a grande questão é como tudo ocorre e não apenas o que. Tanto que o crescimento de uma personagem em especial, além de surpreendente, rompe com o tradicionalismo dos heróis das histórias policiais ou de espionagem dos anos 1970.
O autor foi criativo e inovador em alguns itens. Ele não utiliza alguns clichês deste tipo de trama, o de "espião cem por centro frio e de zero sentimentos" ou das "femme fatales".  A representação feminina na literatura policial ou de espionagem, quase sempre formada por mulheres sensuais e manipuladoras, muitas vezes especialistas em sedução para as práticas de espionagem, roubo ou assassinato. O Buraco da Agulha foge disso.
No entanto, o enredo ainda apresenta tudo de melhor que ficção histórica envolvendo espionagem tradicional deve possuir.
Desde o princípio torci pelos Aliados, não apenas por serem os vencedores da Segunda Guerra, e sim pelo óbvio motivo de me posicionar sempre contra o Nazismo. Mesmo assim, tive uma inexplicável admiração pelo protagonista e vilão, talvez por ele ser muito profissional. É uma questão interessante, tentar compreender as motivações dos indivíduos envolvidos numa guerra, mesmo aqueles que pertencem ao lado que você é contra. O autor provoca este efeito através de diferentes pontos de vista, especialmente os do Agulha, dos agentes do MI5 e de Lucy, embora a narrativa seja sempre em terceira pessoa.


Adorei todo o desenvolvimento do enredo, que é dividido em prefácio, seis partes e epílogo, mas o livro vai melhorando significativamente e a reta final é alucinante, repleta de ação e imprevisibilidade e um embate incrível. O autor escreve muito bem, dramatizando cenas históricas e explorando bem o comportamento e características variadas das personagens.
Este não é um livro qualquer sobre o guerra, pois não foca no front, em embates físicos de campo, em trincheiras ou bombardeios, embora tenha adrenalina, perseguição, lutas corporais, assassinatos. É mais sobre logística, tecnologia, espionagem e sabotagem, ou seja, uma guerra de informações cruciais para decidir o destino do mundo.
Leitura adulta imperdível para fãs de suspense e thriller envolvendo fatos históricos, drama e mistério. Clássico essencial para quem gosta de ficção com espionagem e guerra, especialmente a Segunda Guerra Mundial. Uma ótima oportunidade para conhecer o trabalho de Ken Follett, um dos melhores autores de romances históricos, responsável por obras como a série O Século e romances como Um Lugar Chamado Liberdade, Noite sobre as Águas, As Espiãs do Dia D, O Homem de São Petersburgo, A Chave de Rebecca, O Voo da Vespa e Contagem Regressiva.
A nova edição da Arqueiro está muito bonita. A capa foi escolhida pelo público por meio de enquete nas redes sociais da editora, possui efeito soft touch e nome do autor em vermelho metalizado. O exemplar tem orelhas, miolo em papel amarelado, excelente revisão e tradução de Alves Calado.



O autor:
Ken Follett despontou como escritor aos 27 anos, com O Buraco da Agulha, thriller premiado que chegou ao topo das listas de mais vendidos em vários países. Depois de outros sucessos do gênero, surpreendeu a todos com Os pilares da terra – publicado em e-book pela Arqueiro –, um romance que até hoje, quase 30 anos após seu lançamento, continua encantando o público mundo afora. Coluna de Fogo, ambientado no mesmo cenário, foi o lançamento mundial mais recente do autor.
Suas obras já venderam mais de 160 milhões de exemplares. Eternidade por um Fio, último volume da série O Século (composta também por Queda de Gigantes e Inverno do Mundo), foi direto para a primeira posição das listas de mais vendidos de vários países. Dele, a Editora Arqueiro publicou também Mundo sem Fim, Um Lugar Chamado Liberdade, Noite sobre as Águas, As Espiãs do Dia D, O Homem de São Petersburgo, A Chave de Rebecca, O Voo da Vespa e Contagem Regressiva.
O autor vive na Inglaterra com a mulher, Barbara Follett.
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Dicas de leitura para quem se interessa por O Buraco da Agulha (clique no título para saber mais): *As Espiãs do Dia D já foi resenhado no blog, clique aqui caso queira conferir.



As Espiãs do Dia D / Jackdaws (Ken Follett, Arqueiro); O Voo da Vespa (Ken Follett, Arqueiro)Operação Red Sparrow / Roleta Russa (Jason Matthews, Arqueiro); O Espião que Saiu do Frio (John Le Carré, Record); O Espião que Sabia Demais (John Carré, Record); Mulheres Sem Nome (Martha Hall Kelly, Intrínseca); Munique (Robert Harris, Alfaguara); Nosso Homem em Havana (Graham Greene, Biblioteca Azul); O Inocente (Ian McEwan, Companhia das Letras).

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