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[Resenha] Mulheres na Luta de Jenny Jordahl, Marta Breen e Seguinte (Grupo Companhia das Letras)

Mulheres na Luta: 150 Anos em Busca de Liberdade, Igualdade e Sororidade (Kvinner I Kamp: 150 Års Kamp for Frihet, Likhet og Søsterskap)
Jenny Jordahl e Marta Breen - Editora Seguinte / Grupo Companhia das Letras
Tradução: Kristin Lie Garrudo
128 páginas - R$ 64,90 (impresso em capa dura) - trecho
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Sinopse:
"O movimento feminista em quadrinhos, para jovens e adultos.
Há 150 anos, a vida das mulheres era muito diferente: elas não podiam tomar decisões sobre seu corpo, votar ou ganhar o próprio dinheiro. Quando nasciam, os pais estavam no comando; depois, os maridos. O cenário só começou a mudar quando elas passaram a se organizar e a lutar por liberdade e igualdade.
Neste livro, Marta Breen e Jenny Jordahl destacam batalhas históricas das mulheres — pelo direito à educação, pela participação na política, pelo uso de contraceptivos, por igualdade no mercado de trabalho, entre várias outras —, relacionando-as a diversos movimentos sociais. O resultado é um rico panorama da luta feminista, que mostra o avanço que já foi feito — e tudo o que ainda precisamos conquistar."

Resenha:
Um ano após o lançamento do livro Extraordinárias: Mulheres que Revolucionaram o Brasil, a Editora Seguinte, o selo jovem do Grupo Companhia das Letras, publica mais um material incrível sobre as mulheres para todo o público. Desta vez é em quadrinhos: a graphic novel Mulheres na Luta: 150 Anos em Busca de Liberdade, Igualdade e Sororidade, das norueguesas Marta Breen e Jenny Jordahl, lançamento de fevereiro de 2019. A HQ de não-ficção celebra a história da luta feminista em todo o mundo.
Marta Breen é jornalista e autora de não-ficção feminista como Girls, Wine and Song, Born Feminist e 60 Women You Should Know About. Jenny Jordahl é cartunista, ilustradora, designer e blogueira, e já trabalhou em publicações infantis. Ambas também trabalharam juntas em The F Word, que ganhou o prêmio do livro didático do Ministério da Cultura da Noruega na categoria juvenil. Para elas, a arte é agente transformador e ferramenta de empoderamento feminino e apoio a movimentos em prol da igualdade de gênero. E é exatamente isso que o álbum Mulheres na Luta é: didático, compreensível, atraente, esclarecedor e empoderador.
O público alvo é o juvenil, mas pode ser apreciado também por adultos. Obra perfeita para uso paradidático e educativo, inclusive como utensílio de introdução ao tema, pois apresenta e explica as batalhas históricas das mulheres, pelo direito à educação, de votar e se candidatar a cargos políticos, pelo uso de contraceptivos e controle do próprio corpo, por igualdade no mercado de trabalho, pelo direito de amar quem quiser, entre várias outras pautas essenciais, sempre relacionando-as a diversos movimentos sociais e momentos históricos. O conteúdo é enxuto, mas nada importante foi esquecido.


A HQ começa no século XIX, quando os direitos civis da mulher eram ainda mais estreitos que os atuais, sem poder ter propriedades, profissão ou participar da política. A luta pelo fim da escravidão, por exemplo, e a declaração de igualdade de direitos, estiveram interligadas. Muitas mulheres eram partidárias do abolicionismo e lutavam pelos direitos humanos. Várias ex-escravas se tornaram ativistas e feministas. A luta pela participação na política foi essencial e assim vários grupos feministas foram surgindo pelo ocidente. Somente assim as mulheres puderam batalhar por outras pautas, como o direito ao estudo e a ter uma profissão. Impressiona muito observar como cada direito foi difícil e quase sempre gradual, como o direito ao voto, que começou muito restrito. Em quase todos os momentos, a luta é muito sofrida, mesmo em períodos de revolução social em geral.


No Iluminismo a sociedade se abriu a novas ideias, mas mesmo assim, muitos filósofos eram machistas, e as pensadoras tiveram que lutar pelo espaço da igualdade de gêneros até mesmo numa área que nós imaginamos ser mais justa. Com a Revolução Francesa, os novos direitos valiam apenas para os homens. E lá foram as mulheres numa segunda luta.
Um destaque para mim foi a Primeira Guerra Mundial, onde a mulher provou na prática que seu lugar vai muito além da cozinha, e o acesso a métodos contraceptivos. Uma coisa que parece simples hoje em dia também foi uma vitória árdua, especialmente o uso da pílula anticoncepcional, que na época de sua criação foi uma revolução social e sexual.
O livro explica as três principais ondas do movimento feminista e mostra um pouco das ações de mulheres como Lucretia Mott, Elizabeth Cady, Harriet Tubman, Susan B. Anthony, Sojorner Truth, Olympe de Gouges, Mary Wollstonecraft, Millicent Fawcett, Emmeline Pankhurst, Emily Davison, Táhirih, Clara Zetkin, Bertha Von Suttner, Rosa Luxmburgo, Margaret e Ethel Sanger, Marsha P. Johnson; e as primeiras chefes de estado como Sirimavo Bandaranaike, Indira Gandhi, Golda Meir.


Uma história em quadrinhos simples mas marcante, informativa e provocadora. O que mais me impressionou foi refletir como várias das primeiras reivindicações do Feminismo ainda são pauta atual, pois não foram conquistadas totalmente ou são frágeis. Isso apenas afirma como obras como esta são muito necessárias e urgentes.
Muitas mulheres foram presas, espancadas, torturadas e assassinadas em busca de direitos básicos. E o movimento precisou se intensificar e ser mais agressivo em alguns momentos, embora a maioria seja pacífica.
Sou grata e consciente da luta de muitas mulheres que se sacrificaram para que hoje todas usufruam de coisas como o direito ao voto, de cursar faculdade, trabalhar fora, viajar sozinha, ter carteira de habilitação. E me dói saber que muitas outras coisas ainda são negadas parcial ou totalmente, ou são de difícil acesso; me entristece saber que mulheres não-caucasianas ou de classes sociais mais baixas ainda sofram mais que as demais. Penso em meninas e mulheres de outras nações em situações mais precárias que as do Brasil, especialmente às que não podem estudar, que sofrem mutilações genitais e são dadas em casamentos forçados ou exploradas na prostituição. Fico arrasada ao pensar nas são espancadas, violentadas e abusadas — em todo lugar, a cada instante, mesmo dentro do próprio lar.
Meu desejo é ver uma nova geração de meninas e meninos sendo educada para a igualdade e equidade e por um poder e liderança mais equilibrado.


As ilustrações são dinâmicas, intensas e explicativas. O estilo de Jordahl tem a energia necessária para dar vida às pessoas e acontecimentos retratos, destacando sua importância, ao mesmo tempo que os traços são graciosos. A arte complementa o texto, visto que são 128 páginas que contam 150 anos de História. A linguagem é descomplicada, os desenhos são lindos, os quadrinhos são movimentados e a informação é rica e abrangente.



A edição da Seguinte traz um posfácio exclusivo e livro em capa dura e totalmente colorido. Minha leitura foi através da plataforma NetGalley, onde a Companhia das Letras disponibiliza aos blogs parceiros alguns livros de prova para avaliação antes do lançamento. Portanto, li um arquivo digital em meu celular, então não posso avaliar o material impresso. [Atualização 18/04/2019] Recebi o exemplar físico e ele está lindíssimo, muito colorido, capa dura e em tamanho grande (formato 20 x 27,6 cm), porém leve de carregar. A tradução é de Kristin Lie Garrubo e o formato do exemplar é 20 por 27,6 centímetros. Pelo que pude observar nas fotos de divulgação da Seguinte, o livro está lindíssimo e mal posso esperar para conferi-lo em mãos.
Mais um livro de apoio à igualdade, liberdade, respeito e sororidade que nossa sociedade precisa com urgência. Uma amostra de como as mulheres sempre lutam com coragem pelos seus direitos e de como o Feminismo é essencial para uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.
Livro essencial em todas as bibliotecas públicas e leitura obrigatória nas escolas, para meninos e meninas.




As autoras:
Marta Breen nasceu em 1976. É escritora, jornalista e uma das principais referências do feminismo na Noruega. É autora de uma série de livros de não ficção e biografias, vários deles com temática feminista. Em parceria com Jenny Jordahl publicou The F Word (Aquela Palavra que começa com F) e ganhou o prêmio do Ministério da Cultura da Noruega na categoria juvenil.
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Jenny Jordahl nasceu em 1989. É ilustradora, designer, blogueira e cartunista. Em 2017, estreou na literatura infantil com a obra Hannemone e Hulda. Tem um blog de tirinhas chamado Livet Blant Dyrene (A Vida entre os Animais) e já ilustrou vários livros. Mora em Oslo, Noruega.
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Dicas de leitura para quem gostou ou se interessou por Mulheres na Luta (clique em cada título para saber mais):


Extraordinárias: Mulheres que Revolucionaram o Brasil (resenha - Duda Porto de Souza, Aryane Cararo e Seguinte); A Origem do Mundo: uma História Cultural da Vagina ou Vulva Vs. o Patriarcado (Liv Strömquist e Quadrinhos na Cia.); Uma Breve História do Feminismo no Contexto Euro-americano (Patu, Antje Schrupp e Blucher); Ousadas Vol. 1: Mulheres que Fazem o que Querem (Pénélope Bagieu e Nemo); As Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo (Rachel Ignotofsky e Blucher); Wonder Women: 25 Mulheres Inovadoras, Inventoras e Pioneiras que Fizeram a Diferença (várias autoras e Editora Primavera); Chapeuzinho Esfarrapado e outros Contos Feministas do Folclore Mundial (resenha - vários autores e Seguinte); Persépolis Completo (Marjane Satrapi e Companhia das Letras); O Mundo de Aisha: a Revolução Silenciosa das Mulheres no Iémen (Ugo Bertotti e Nemo).

E se você já gosta de alguns deles, com certeza vai querer Mulheres na Luta! São livros empoderadores, bastante informativos e com ilustrações ou quadrinhos.

Mais leitura recomendada:
Uma biografia que recomendo a todos é a história da Malala Yousafzai. A Companhia das Letras a publicou em três edições: a original, voltada aos adultos, a adaptação juvenil pela Editora Seguinte, especial para os adolescentes, e a versão infantil adaptada por Adriana Carranca e ilustrada por Bruna Assis Brasil, para todas as crianças pela Companhia das Letrinhas: Eu Sou Malala (original | juvenil | infantil). PS.: em março sai o novo livro da Malala, Longe de Casa, minha Jornada e a História de Refugiadas pelo Mundo.


 Ah e tem uma leitura breve porém importantíssima; a referência sobre o que é ser feminista no século XXI. O ebook é gratuito: Sejamos Todos Feministas da Chimamanda Ngozi Adichie e Companhia das Letras. Aproveite, baixe na Amazon. Ela é autora de Americanah, Hibisco Roxo, no Seu Pescoço, Meio Sol Amarelo e Como Educar Crianças Feministas.



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