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Para o Google, editoras e livreiros brasileiros estão no caminho certo

Há oito dias, alguns dos principais executivos do Google responsáveis pelas parcerias da unidade de livros da empresa – que inclui o Google Books e o Google eBooks – apresentaram seus serviços oficialmente às editoras e livreiros brasileiros, durante um evento em São Paulo.

A companhia americana pretende lançar sua loja de e-books no Brasil em 2012 – já foram abertas lojas nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido e outras na Europa devem ser inauguradas em breve – e busca parceiros locais, tanto editoras que fornecerão os produtos, quanto varejistas que tenham interesse em usar a plataforma do Google para vender livros digitais.

Tom Turvey, diretor de parcerias estratégicas da companhia, que esteve no Brasil na semana passada, deu uma entrevista por telefone ao PublishNews da sede do Google, na Califórnia. Ele explicou um pouco sobre como a empresa pretende trabalhar com parceiros locais, suas vantagens competitivas e a integração entre Google Books e eBooks. Também comentou sua percepção sobre o mercado editorial brasileiro. “Toda a indústria parece estar pensando nas coisas certas e se preparando para a inevitabilidade do livro digital. Isso é parecido com o que aconteceu nos Estados Unidos há alguns anos”, disse o executivo.

Também não faltaram comparações veladas com a Amazon, no que diz respeito ao fato de que a varejista americana, que atualmente domina o mercado de livros digitais no mundo, vem criando operações próprias em vários países e concorrendo diretamente com as livrarias locais, além de vender e-books num sistema “fechado”. Só quem tem o seu dispositivo Kindle pode comprar os produtos da Amazon – e só dela.

Turvey também afirmou, sem entrar em detalhes, que a estratégia de venda de livros que será implantada no sistema operacional Android, nos próximos anos, “vai beneficiar os editores de uma maneira que eles nunca viram”. Leia os principais trechos da entrevista.

Google e editoras
“O Google vai vender os e-books de cada editora em condições aceitáveis para as duas partes. Vamos assegurar que esses e-books estejam disponíveis para o mercado local, na maior quantidade de formatos possível. Temos uma plataforma aberta e isso é importante para que os consumidores possam comprar e ler e-books em quaisquer dispositivos, de um jeito que é muito parecido com a forma de comprar livros físicos hoje. Quando você compra um livro impresso da Saraiva ou da Cultura, você não é obrigado a comprar o próximo livro só da Saraiva ou só da Cultura. Você pode comprar de qualquer lugar que você queira.”

O serviço de digitalização do Google
“Os editores que digitalizam seus próprios livros obviamente são livres para fornecer para qualquer canal de vendas. No caso dos livros que o Google digitaliza de graça, nós mantemos esse arquivo conosco, para vender pelo próprio Google ou pelo site de nossos parceiros.

O que aconteceu com algumas de nossas editoras parceiras foi que elas investiram primeiro na digitalização dos seus best-sellers, e permitiram que nós digitalizássemos, de graça, a parte do catálogo que elas tinham dúvidas se venderia bem ou não. Ou seja, elas não precisaram digitalizar tudo de uma vez e puderam ver o que estava vendendo, para então investir recursos próprios na criação dos e-books. Normalmente, depois que elas fazem isso, distribuem os livros para todos os varejistas.”

Google e varejistas
“Diferente de outras empresas, queremos ter parcerias locais com fornecedores locais de livros. Não queremos entrar num mercado e forçar os consumidores a comprar do Google. Queremos assegurar que quem já está no mercado possa ganhar com a transição do impresso para o digital. Por isso incluímos os varejistas que querem vender e-books, mas não têm uma plataforma para fazer isso.

Como qualquer empresa, queremos fechar parcerias com as grandes varejistas. Nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, pudemos fechar negócios com as livrarias independentes. Em ambos os casos, queremos ter certeza de que o esforço vai recompensar os dois lados (varejistas e Google). No Brasil, já há muitos anos temos uma parceria com a Livraria Cultura, que usa o Google Preview em seu site. Podemos estender essa relação para a venda de e-books – não estou afirmando que vamos fazer, mas apenas citando um exemplo do nosso interesse por parceiros locais.”  

Google Books e Google eBooks
“O Google Books é o maior catálogo de livros do mundo. Nele, há mais de 20 milhões de obras, entre as que digitalizamos em livrarias, as que recebemos das editoras, por meio do Preview etc. Desses 20 milhões, entre dois milhões e três milhões são os livros que recebemos sob autorização das editoras por meio do Google Preview. Dentre eles, temos cerca de 40 mil títulos que fazem parte dos acordos individuais que fechamos com editoras. Estamos começando a vender esses livros nos mercados em que já lançamos nossa loja de e-books (a Google eBooks): Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália. Vamos vender esses livros diretamente e também por meio das parcerias com varejistas que querem vendê-los em seus próprios sites.”

O mercado brasileiro de e-books
“Mesmo que os e-books ainda representem menos de 1% do mercado no Brasil, parece que todos estão pensando seriamente na transição do impresso para o digital. As editoras, pelo menos as maiores, estão ativamente garantindo os direitos de publicação digital para suas obras. Os varejistas também parecem estar fazendo os investimentos certos em seus sites, e interessados em oferece algum aparelho de leitura.

Toda a indústria está pensando nas coisas certas e se preparando para a inevitabilidade do livro digital. Isso é parecido com o que aconteceu nos Estados Unidos. Há cinco anos, o mercado de livros digitais respondia por menos de 5% das receitas da indústria americana, e agora representa mais de 20% - é um intervalo de tempo relativamente curto. Aqueles que fizeram os investimentos certos e pensaram em como as coisas poderiam mudar, estão indo muito bem por aqui. Vejo evidências desse mesmo tipo de pensamento no Brasil, e saí daí muito encorajado.”

O diferencial competitivo do Google
“O que o Google está trazendo para esse mercado? Bem, há um par de vantagens que o Google usa para ajudar os editores a vender seus livros. Uma delas é a liderança e a popularidade da nossa ferramenta de busca. No caso do Google Books, por meio da nossa ferramenta de busca, as palavras buscadas podem ser encontradas em qualquer página de qualquer livro. Estamos permitindo que esses livros sejam encontrados de alguma forma, o que é realmente único. Os editores também estão vendo o tráfego aumentar na visualização de livros – e, consequentemente, estão vendo as vendas crescerem.

A outra vantagem é termos o Android, que nos próximos dois anos vai colocar em prática estratégias de varejo muito focadas e vai beneficiar os editores de uma maneira que eles nunca viram. Na medida em que os dispositivos equipados com o sistema operacional Android decolarem – smartphones, tablets – e que as pessoas começarem a comprar mais livros por meio de nosso aplicativo, haverá grandes mudanças.”

E-readers
“Embora no momento não descartemos nenhuma possibilidade, neste momento não estamos trabalhando para fabricar nenhum e-reader.”

Perguntado se o Google busca parceiros para desenvolver esses aparelhos no Brasil, a resposta foi que a empresa não comenta especulações. No dia 8, o Google mencionou o iRiver, e-reader que, nos EUA, já vem com uma plataforma do Google eBooks.

Fonte: Publishnews - Roberta Campassi e Ricardo Costa - 16/12/2011

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