Outros Reinos (Other Kingdoms)
Richard Matheson - Bertrand Brasil
Tradução: Roberto Muggiati
322 páginas - Ano: 2014 - R$40,00
Sinopse:
"Suspense aterrorizante de um dos autores mais instigantes da Literatura mundial.
Famoso por sua série Meia-noite, o escritor Alex White, que adotou o nome Arthur Black, decide narrar uma experiência que beirou o surreal e aconteceu há 64 anos. A história inimaginável que ocorreu quando ele ainda era jovem é a mais pura verdade e mudou sua vida para sempre. Aos 18 anos, White, jovem soldado norte-americano, é ferido nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Em vez de voltar para os Estados Unidos, ele se muda para Gatford, na Inglaterra, tentando escapar de seu pai e de seu passado. A bucólica aldeia inglesa parece o lugar ideal para que sua alma e seu corpo fechem as cicatrizes de guerra. Mas dizem que as florestas ao redor da cidade são habitadas por espíritos levianos e até malévolos. Outros reinos apresenta uma trama onde a fantasia parece realidade, e os medos, anseios e arrependimentos do protagonista se misturam com o do leitor."
Links: Bertrand Brasil | Skoob
Resenha:
Outros Reinos é um dos últimos trabalhos de Richard Matheson, grande autor de histórias fantásticas, que misturava o sobrenatural ao terror com pitadas de elementos preparados para mexer com o psicológico do leitor, utilizando do drama e horror para abordar questões existenciais em suas personagens. Matheson é conhecido no Brasil por Eu Sou a Lenda, mas ele escreveu romances, contos, noveletas e roteiros por mais de sessenta anos e foi um premiado e respeitado autor do gênero.
A capa possui um fundo negro, não apenas por ser uma história sobrenatural com itens assustadores, mas eu arrisco dizer que a cor foi escolhida por se tratar antes de tudo de um romance de humor negro. O dourado chapiscado por cima é brilhante e em relevo, deixando o título muito bonito e a capa bem-feita. Representa o ouro presente na história, uma pepita de ouro possui grande significado e, também, um pó mágico, que embora não seja de ouro aparece para mim nesta capa, após ter terminado o livro, como uma lembrança.
O livro possui duas características principais, e nenhuma delas é o terror, o que pode, talvez, frustrar alguns fãs de Matheson. Sim, o horror está presente na maioria dos capítulos, porém o mais notável no livro é o surrealismo e o sarcasmo.
Surreal, pois não é uma fantasia comum. Não existe padrão na abordagem, o foco do autor certamente não foi manter um plano ou meta na estrutura dos acontecimentos. Uma ordem cronológica é mantida, mas as ocorrências são tão bizarras e mescladas que se torna tão fora da realidade que ultrapassa os níveis da fantasia.
Sarcástico, porque o narrador conta sua história do início ao fim debochando de suas ações, dos fatos, das pessoas e seres com quem interagiu... Ele ri de sua própria situação, mesmo quando cria coragem para narrar as monstruosidades e irrealidade em que ele mergulhou. É um humor tão sombrio e tanto sarcástico que em alguns momentos ele duvida dos próprios relatos (e o leitor da sanidade desse senhor narrador).
Acima de tudo, o livro é divertido. Matheson sempre soube equilibrar horror/terror com a ironia mordaz. Você nota que o narrador o tempo todo zomba de suas reações ao relembrá-las e insulta suas lembranças. É uma narrativa criativa.
O título Outros Reinos pode significar o óbvio, que existem outros mundos inumanos em nosso mundo; outras dimensões, uma por trás da outra. Pessoalmente interpretei também como que o mundo ou reino interior do narrador. O "eu dentro do eu". Alex White versus Arthur Black.
Alex White é quem narra Outros Reinos e o ano é exatamente 1982. Ele possui 82 anos de idade ao criar coragem para relatar acontecimentos, segundo ele, reais. Totalmente verídicos, embora nada críveis.
É uma autobiografia, mas ele é autor profissional de terror e necessita colocar para fora o momento mais surreal de sua vida, que contribuiu para as ideias e nascimento desse escritor de livros sangrentos e assustadores.
Embora ele se dirija diretamente aos leitores, em uma narrativa em primeira pessoa que parece uma conversa rodeada de lamentações, confissões e divagações, o resultado final soa como se ele estivesse escrevendo para... ninguém. Ele conversa com o leitor, mas ao mesmo tempo parece que é o autor trabalhando, utilizando esse artifício para conseguir confessar a si próprio.
Interpretei dessa forma: Parece que escreve para seus leitores, porém escreve para si mesmo.
Outra hipótese, que particularmente uno a anterior é que ele escreve finalmente como ele mesmo, Alex White, e não como seu pseudônimo Arthur Black.
Ele nunca publicou um livro em seu nome, sempre como o nome inventado pelo editor há décadas atrás, Arthur Black. Sua série de terror trash, cheia de aberrações, sangue, mortes e mistérios é intitulada Meia-Noite. Então o nome Alex White não combinava. Como Arthur Black escreveu livro após livro, todos publicados com sucesso entre os fãs do gênero.
Logo na Introdução o leitor fica ciente:
Uma loucura? Uma artimanha do autor por trás do autor, uma narrativa simplesmente ousada e criativa de Richard Matheson! Mestre do terror psicológico - soube sempre equilibrar drama, horror, sarcasmo e ironia.
Acredito que poucos leitores notem essa complexidade presente na narrativa, então creio que sem imaginar isso, a história talvez não pareça tão boa como é.
Alex retorna suas memórias para 1918, aos seus 18 anos de idade, muito antes de surgir o autor Arthur. Após um resumo (realmente breve) sobre sua infância e adolescência o jovem conta sobre sua família, principalmente o amor pela irmã doce e meiga e o ódio pelo o pai frio, rígido e intangível. Portanto, como fuga particular, ele sai dos Estados Unidos para combater no front europeu durante a Primeira Guerra. Fuga física e psicológica.
Ele não imaginaria que adentraria pelo mundo terrível, chocante e real das trincheiras. Os detalhes sobre o combate e matança são assustadores. Essa é a parte da história que causa repulsa por ser verdadeiro. Talvez o fato de Matheson ter servido durante a Segunda Guerra tenha contribuído para convencer nas descrições. Nunca mais pensarei em ratos e campos de batalha sem pensar em Outros Reinos.
Essa é a primeira parte do livro, que contem apenas quatro capítulos.
Inicia-se a parte surreal do relato; na verdade o momento de transição: Na segunda parte, Alex se muda para o interior da Inglaterra, de forma também apressada e impensada. Uma curta sequência de acontecimentos estranhos o leva até lá.
Essa segunda parte é o grosso do livro, a principal e melhor parte dele. São dezoito capítulos, as páginas mais interessantes!
A adaptação de Alex no vilarejo pequeno, porém lindo. Uma população minúscula para tantas histórias sinistras. Com tanta naturalidade o povo lida com o folclore local. Não escondem de Alex, que cai agora dentro de outro reino e depois outro.
Nessa parte, creio que a ideia de Matheson era recriar uma fábula do século XX baseada nos elementos rústicos e centrais dos clássicos e medievais contos de fadas, mas, claro, voltado ao horror e terror psicológico. Um mundo mágico, fadas e bruxas compõem o conto de fadas em que mergulha Alex.
No entanto, nem tudo é o que parece, as dúvidas não param de surgir e o medo de crescer.
Fada e bruxa passam a fazer parte da vida de Alex. Não esperem uma composição tradicional, embora toda a mitologia famosa esteja ali. Matheson cria uma teia de monstros, feitiços, mistérios e sustos.
Alex se perde em um mundo incoerente e tenta a cada passo compreender o impossível. Matheson apresenta e envolve o leitor com o irracionalismo total de uma história horrível que beira o cômico. Culpa da narrativa irônica do próprio Alex. A expressão do inconsciente e dos instintos prevalece e Alex não raciocina bem nas decisões. Ou seria a força para relembrar?
Alucinações? Pesadelos? Imaginação? Sequelas psicológicas de guerra? E se for tudo isso aliado à magia e seres sobrenaturais? O passar das décadas influencia?
O livro é um tanto erótico. Não é uma característica das mais importantes, mas Alex não resiste ao inconsciente e instintos, como citei. Isso inclui os sexuais. Além de cair em armadilhas e em um labirinto onde não distingue mais o real do imaginário, o verdadeiro do falso, ele se perde em uma disputa sexual um tanto excêntrica, selvagem, única. Talvez seja a coisa mais estranha da história: Com tanto terror ao redor, os desejos carnais prevalecem várias vezes sobre a lógica de sentir medo. Em outras vezes o medo e o sexo se misturam. Amor romântico e puro? O livro tem, mas não me convenceu em nada, vi apenas atração e fantasia sexuais, posso estar sendo dura com o protagonista.
A terceira parte possui os nove capítulos finais, responsáveis pelo clímax e respostas. Pelo final em si. Alex/Arthur termina sua aventura bizarra. Essa parte do livro poderia ser superior caso fosse um pouco mais chocante, caso tivesse mantido o mesmo ar sádico, cômico e horripilante da segunda. Talvez essa parte devesse ser mais curta. A história esfria um pouco. Não deixa a desejar, e sim a mensagem de que o narrador nunca mais retornou totalmente ao mundo real, ao menos imagino.
Termina com Nota Editorial, o que me levou a imaginar diversas coisas as quais não posso comentar.
Destaque para a cena que me assustou e enojou: O ataque da aparição de Bruxa em decomposição.
O autor:
Richard Matheson é um nome recorrente na lista de mais vendidos do The New York Times. É autor de diversos contos e romances – muitos dos quais foram adaptados para o cinema –, entre eles: Eu Sou a Lenda, O Incrível Homem que Encolheu, Ecos do Além, Encurralado, Em Algum Lugar do Passado, Amor Além da Vida e Tormenta de Aço.
Foi nomeado o Grande Mestre do Horror pela World Horror Convention e recebeu o Prêmio Bram Stoker pelo conjunto da obra. Também foi vencedor dos prêmios Edgar, Spur e Writer’s Guide. Em 2010, tomou posse no Science Fiction Hall of Fame.
Além de seus romances, escreveu roteiros para o cinema e a TV.
Matheson nasceu em Nova Jersey, foi criado no Brooklyn e lutou na infantaria da Segunda Guerra Mundial. Graduou-se em jornalismo pela University of Missouri e faleceu em junho de 2013, aos 87 anos.
Richard Matheson - Bertrand Brasil
Tradução: Roberto Muggiati
322 páginas - Ano: 2014 - R$40,00
Sinopse:
"Suspense aterrorizante de um dos autores mais instigantes da Literatura mundial.
Famoso por sua série Meia-noite, o escritor Alex White, que adotou o nome Arthur Black, decide narrar uma experiência que beirou o surreal e aconteceu há 64 anos. A história inimaginável que ocorreu quando ele ainda era jovem é a mais pura verdade e mudou sua vida para sempre. Aos 18 anos, White, jovem soldado norte-americano, é ferido nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Em vez de voltar para os Estados Unidos, ele se muda para Gatford, na Inglaterra, tentando escapar de seu pai e de seu passado. A bucólica aldeia inglesa parece o lugar ideal para que sua alma e seu corpo fechem as cicatrizes de guerra. Mas dizem que as florestas ao redor da cidade são habitadas por espíritos levianos e até malévolos. Outros reinos apresenta uma trama onde a fantasia parece realidade, e os medos, anseios e arrependimentos do protagonista se misturam com o do leitor."
Links: Bertrand Brasil | Skoob
Resenha:
Outros Reinos é um dos últimos trabalhos de Richard Matheson, grande autor de histórias fantásticas, que misturava o sobrenatural ao terror com pitadas de elementos preparados para mexer com o psicológico do leitor, utilizando do drama e horror para abordar questões existenciais em suas personagens. Matheson é conhecido no Brasil por Eu Sou a Lenda, mas ele escreveu romances, contos, noveletas e roteiros por mais de sessenta anos e foi um premiado e respeitado autor do gênero.
A capa possui um fundo negro, não apenas por ser uma história sobrenatural com itens assustadores, mas eu arrisco dizer que a cor foi escolhida por se tratar antes de tudo de um romance de humor negro. O dourado chapiscado por cima é brilhante e em relevo, deixando o título muito bonito e a capa bem-feita. Representa o ouro presente na história, uma pepita de ouro possui grande significado e, também, um pó mágico, que embora não seja de ouro aparece para mim nesta capa, após ter terminado o livro, como uma lembrança.
O livro possui duas características principais, e nenhuma delas é o terror, o que pode, talvez, frustrar alguns fãs de Matheson. Sim, o horror está presente na maioria dos capítulos, porém o mais notável no livro é o surrealismo e o sarcasmo.
Surreal, pois não é uma fantasia comum. Não existe padrão na abordagem, o foco do autor certamente não foi manter um plano ou meta na estrutura dos acontecimentos. Uma ordem cronológica é mantida, mas as ocorrências são tão bizarras e mescladas que se torna tão fora da realidade que ultrapassa os níveis da fantasia.
Sarcástico, porque o narrador conta sua história do início ao fim debochando de suas ações, dos fatos, das pessoas e seres com quem interagiu... Ele ri de sua própria situação, mesmo quando cria coragem para narrar as monstruosidades e irrealidade em que ele mergulhou. É um humor tão sombrio e tanto sarcástico que em alguns momentos ele duvida dos próprios relatos (e o leitor da sanidade desse senhor narrador).
Acima de tudo, o livro é divertido. Matheson sempre soube equilibrar horror/terror com a ironia mordaz. Você nota que o narrador o tempo todo zomba de suas reações ao relembrá-las e insulta suas lembranças. É uma narrativa criativa.
O título Outros Reinos pode significar o óbvio, que existem outros mundos inumanos em nosso mundo; outras dimensões, uma por trás da outra. Pessoalmente interpretei também como que o mundo ou reino interior do narrador. O "eu dentro do eu". Alex White versus Arthur Black.
Alex White é quem narra Outros Reinos e o ano é exatamente 1982. Ele possui 82 anos de idade ao criar coragem para relatar acontecimentos, segundo ele, reais. Totalmente verídicos, embora nada críveis.
É uma autobiografia, mas ele é autor profissional de terror e necessita colocar para fora o momento mais surreal de sua vida, que contribuiu para as ideias e nascimento desse escritor de livros sangrentos e assustadores.
Embora ele se dirija diretamente aos leitores, em uma narrativa em primeira pessoa que parece uma conversa rodeada de lamentações, confissões e divagações, o resultado final soa como se ele estivesse escrevendo para... ninguém. Ele conversa com o leitor, mas ao mesmo tempo parece que é o autor trabalhando, utilizando esse artifício para conseguir confessar a si próprio.
Interpretei dessa forma: Parece que escreve para seus leitores, porém escreve para si mesmo.
Outra hipótese, que particularmente uno a anterior é que ele escreve finalmente como ele mesmo, Alex White, e não como seu pseudônimo Arthur Black.
Ele nunca publicou um livro em seu nome, sempre como o nome inventado pelo editor há décadas atrás, Arthur Black. Sua série de terror trash, cheia de aberrações, sangue, mortes e mistérios é intitulada Meia-Noite. Então o nome Alex White não combinava. Como Arthur Black escreveu livro após livro, todos publicados com sucesso entre os fãs do gênero.
Logo na Introdução o leitor fica ciente:
"Para começo de conversa, meu nome não é Arthur Black. Meu sobrenome é White. Meu nome de batismo é Alexander."Outros Reinos é a liberdade total: Alex escreve como ele próprio, sem precisar ser Arthur, embora deboche o tempo todo em como possui cacoetes de escrita oriundos de seu trabalho como autor de horror. Debocha também de suas obras, o tempo todo apontando como certas ideias nasceram, foram desenvolvidas. Alex narra uma história surreal, conversa com os supostos leitores, com ele mesmo e com seu alter ego! Beira o escárnio durante esses momentos.
Uma loucura? Uma artimanha do autor por trás do autor, uma narrativa simplesmente ousada e criativa de Richard Matheson! Mestre do terror psicológico - soube sempre equilibrar drama, horror, sarcasmo e ironia.
Acredito que poucos leitores notem essa complexidade presente na narrativa, então creio que sem imaginar isso, a história talvez não pareça tão boa como é.
Alex retorna suas memórias para 1918, aos seus 18 anos de idade, muito antes de surgir o autor Arthur. Após um resumo (realmente breve) sobre sua infância e adolescência o jovem conta sobre sua família, principalmente o amor pela irmã doce e meiga e o ódio pelo o pai frio, rígido e intangível. Portanto, como fuga particular, ele sai dos Estados Unidos para combater no front europeu durante a Primeira Guerra. Fuga física e psicológica.
Ele não imaginaria que adentraria pelo mundo terrível, chocante e real das trincheiras. Os detalhes sobre o combate e matança são assustadores. Essa é a parte da história que causa repulsa por ser verdadeiro. Talvez o fato de Matheson ter servido durante a Segunda Guerra tenha contribuído para convencer nas descrições. Nunca mais pensarei em ratos e campos de batalha sem pensar em Outros Reinos.
Essa é a primeira parte do livro, que contem apenas quatro capítulos.
Inicia-se a parte surreal do relato; na verdade o momento de transição: Na segunda parte, Alex se muda para o interior da Inglaterra, de forma também apressada e impensada. Uma curta sequência de acontecimentos estranhos o leva até lá.
Essa segunda parte é o grosso do livro, a principal e melhor parte dele. São dezoito capítulos, as páginas mais interessantes!
A adaptação de Alex no vilarejo pequeno, porém lindo. Uma população minúscula para tantas histórias sinistras. Com tanta naturalidade o povo lida com o folclore local. Não escondem de Alex, que cai agora dentro de outro reino e depois outro.
Nessa parte, creio que a ideia de Matheson era recriar uma fábula do século XX baseada nos elementos rústicos e centrais dos clássicos e medievais contos de fadas, mas, claro, voltado ao horror e terror psicológico. Um mundo mágico, fadas e bruxas compõem o conto de fadas em que mergulha Alex.
No entanto, nem tudo é o que parece, as dúvidas não param de surgir e o medo de crescer.
Fada e bruxa passam a fazer parte da vida de Alex. Não esperem uma composição tradicional, embora toda a mitologia famosa esteja ali. Matheson cria uma teia de monstros, feitiços, mistérios e sustos.
Alex se perde em um mundo incoerente e tenta a cada passo compreender o impossível. Matheson apresenta e envolve o leitor com o irracionalismo total de uma história horrível que beira o cômico. Culpa da narrativa irônica do próprio Alex. A expressão do inconsciente e dos instintos prevalece e Alex não raciocina bem nas decisões. Ou seria a força para relembrar?
Alucinações? Pesadelos? Imaginação? Sequelas psicológicas de guerra? E se for tudo isso aliado à magia e seres sobrenaturais? O passar das décadas influencia?
O livro é um tanto erótico. Não é uma característica das mais importantes, mas Alex não resiste ao inconsciente e instintos, como citei. Isso inclui os sexuais. Além de cair em armadilhas e em um labirinto onde não distingue mais o real do imaginário, o verdadeiro do falso, ele se perde em uma disputa sexual um tanto excêntrica, selvagem, única. Talvez seja a coisa mais estranha da história: Com tanto terror ao redor, os desejos carnais prevalecem várias vezes sobre a lógica de sentir medo. Em outras vezes o medo e o sexo se misturam. Amor romântico e puro? O livro tem, mas não me convenceu em nada, vi apenas atração e fantasia sexuais, posso estar sendo dura com o protagonista.
A terceira parte possui os nove capítulos finais, responsáveis pelo clímax e respostas. Pelo final em si. Alex/Arthur termina sua aventura bizarra. Essa parte do livro poderia ser superior caso fosse um pouco mais chocante, caso tivesse mantido o mesmo ar sádico, cômico e horripilante da segunda. Talvez essa parte devesse ser mais curta. A história esfria um pouco. Não deixa a desejar, e sim a mensagem de que o narrador nunca mais retornou totalmente ao mundo real, ao menos imagino.
Termina com Nota Editorial, o que me levou a imaginar diversas coisas as quais não posso comentar.
Destaque para a cena que me assustou e enojou: O ataque da aparição de Bruxa em decomposição.
O autor:
Richard Matheson é um nome recorrente na lista de mais vendidos do The New York Times. É autor de diversos contos e romances – muitos dos quais foram adaptados para o cinema –, entre eles: Eu Sou a Lenda, O Incrível Homem que Encolheu, Ecos do Além, Encurralado, Em Algum Lugar do Passado, Amor Além da Vida e Tormenta de Aço.
Foi nomeado o Grande Mestre do Horror pela World Horror Convention e recebeu o Prêmio Bram Stoker pelo conjunto da obra. Também foi vencedor dos prêmios Edgar, Spur e Writer’s Guide. Em 2010, tomou posse no Science Fiction Hall of Fame.
Além de seus romances, escreveu roteiros para o cinema e a TV.
Matheson nasceu em Nova Jersey, foi criado no Brooklyn e lutou na infantaria da Segunda Guerra Mundial. Graduou-se em jornalismo pela University of Missouri e faleceu em junho de 2013, aos 87 anos.
Genial a resenha, mais um livro para minha lista interminável de compras! Assumo que a capa não me chamou muita atenção, mas sou fan do filme e Hq: Eu sou a lenda e parece que vai seguir o mesmo tom sombrio! Abraço!
ResponderExcluirOi, Diego, que bom que curtiu. De Eu Sou a Lenda li o livro e vi o filme. Acho que Outros Reinos é bem diferente, o estilo do autor o mesmo, porém da história, distinta. Igualmente boa :) Beijos e boa leitura.
ExcluirAdorei o livro, o autor consegue se comunicar bem conosco (leitores) , e de algum modo o livro se torna comico e divertido pelos seus comentarios um tanto quanto escrotos.
ResponderExcluirBasicamente um livro interessante do começo ao fim... Ainda não acredito que a historia seja verdadeira,mas há sem dúvida uma pontinha de curiosidade em mim.
A narrativa realmente é hilária e sombria, muito interessante mesmo, João.
ExcluirA história não é verdadeira, é fictícia mesmo. O Richard Matheson inventou um protagonista, este escritor que diz ter vivido tudo aquilo. Ou seja, é real para o narrador (que é "autor"), mas não foi pro Matheson ;)
Beijos.