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[Resenha] Monstros da Violência, livro 1: A Melodia Feroz, de Victoria Schwab e Seguinte (Grupo Companhia das Letras)

A Melodia Feroz (This Savage Song)
Monstros da Violência - livro 1
Victoria Schwab - Seguinte / Grupo Companhia das Letras
Tradução: Guilherme Miranda
384 páginas - 2017 - R$ 34,90 (impresso) e R$ 23,90 (e-Book)
Lançamento: 24 de maio.
Comprar: Amazon | CulturaSaraiva

Sinopse:
"Kate Harker e August Flynn vivem em lados opostos de uma cidade dividida entre Norte e Sul, onde a violência começou a gerar monstros de verdade. Eles são filhos dos líderes desses territórios inimigos e seus objetivos não poderiam ser mais diferentes. Kate sonha em ser tão cruel e impiedosa quanto o pai, que deixa os monstros livres e vende proteção aos humanos. August também quer ser como seu pai: um homem bondoso que defende os inocentes. O problema é que ele é um dos monstros, capaz de roubar a alma das vítimas com apenas uma nota musical.
Quando Kate volta à cidade depois de um longo período, August recebe a missão de ficar de olho nela, disfarçado de um garoto comum. Não vai ser fácil para ele esconder sua verdadeira identidade, ainda mais quando uma revolução entre os monstros está prestes a eclodir, obrigando os dois a se unir para conseguir sobreviver."

Resenha:

Victoria Schwab já escreveu mais de uma dezena de livros de fantasia, como a série Um Tom Mais Escuro de Magia e A Guardiã de Histórias (meu primeiro contato com a autora, que me deixou fascinada). É uma das mais criativas escritoras de fantasia da atualidade, pois é capaz de envolver o leitor com mitologias e tramas bastante imaginativas, mesmo parecendo difícil que os gêneros fantásticos tragam itens diferentes de tudo o que já foi mostrado.
A Melodia Feroz (The Savage Song) é o primeiro volume da série Monstros da Violência (Monsters of Verity), lançado no Brasil em 24 de maio de 2017 pela Editora Seguinte. A história é incrível e peculiar. Todos os conceitos envolvendo os seres sobrenaturais – os monstros – são impressionantes e o enredo é de tirar o fôlego.
À primeira vista pode parecer uma distopia e o fato de ser young adult (jovem adulto) pode contribuir para este pensamento. O mundo da obra se parece muito com um possível futuro nosso e talvez seja. No entanto, A Melodia Feroz, em ritmo de thriller, é na verdade urban fantasy (fantasia urbana), subgênero da ficção especulativa onde narrativa e elementos fantásticos, sobrenaturais ou paranormais se cruzam ao cenário urbano criando choque entre realidade e fantasia. Não sustenta por muito tempo os fatores distópicos, embora eles existam ao fundo. Certamente não é um romance sobrenatural, porque os destaques são o ambiente e a fantasia, e não um relacionamento romântico. Ele existe, como uma faísca, e não um incêndio; o romance não se sobrepõe aos demais itens da trama. Os protagonistas pertencem à famílias rivais, algo como Romeu e Julieta, mas em uma cidade sombria, cheia de monstros e mistérios e sob uma guerra iminente. Eles devem ser antagonistas, mas acabam criando laços.

O local da trama é o território Veracidade e sua capital Cidade V, dividida entre Sul e Norte. Este é governado por Callum Harker, que oferece aos humanos proteção em troca de pagamento. Harker possui parceria com muitos monstros – corsais e malchais – sob seu comando e os deixa soltos. Já o governante do Sul é Henry Flynn, líder da Força-Tarefa Flynn (FTF). A segurança dos cidadãos de sua área é feita através da força de soldados, que combatem os monstros e evitam o surgimento de novos. Sua arma secreta são os três únicos sunais, criados como seus filhos. Sul e Norte mantêm uma trégua, porém mantida sob frágil acordo. Harker não envia corsais e malchais para atacarem o Sul e Flynn não permite que os sunais atuem ao Norte.
E como surgiram os monstros? Os humanos os criaram. A cada ato de violência, um novo monstro nasce. Corsais são sombras devoradoras de carne humana e malchais são seres cadavéricos sedentos por sangue. Embora diferentes, são grotescos e o pavor não se limita à aparência. Imagine o pesadelo: a cada crime violento, como homicídios, um monstro surge. O momento em que ocorreu a aparição de corsais, malchais e sunais pela primeira vez ficou conhecido como Fenômeno. Depois disso, mais violência, medo e terror, fronteiras fechadas, rivalidade, anarquia, caos.
Corsais e malchais podem ser maioria, mas sunais são mais poderosos. Eles surgiram de crimes muito mais brutais e hediondos; são atos mais raros, porém muito devastadores. Sunais não se alimentam de carne ou sangue, se nutrem de almas – as criminosas, as maculadas, as causadoras da violência e geradoras de monstros. Através de uma única nota musical, sunais absorvem almas pecadoras. Possuem olhos escuros, mas forma aparentemente humana.

"Monstros grandes e pequenos, cadê?
Eles virão para comer você.
Corsais, corsais, dentes e garras,
sombras e ossos abrirão as bocarras.
Malchais, malchais, cadavéricos e sagazes,
bebem seu sangue com mordidas vorazes.
Sunais, sunais, olhos de carvão,
com uma melodia sua alma sugarão.
Monstros grandes e pequenos, cadê?
Eles virão para comer você!"

Nem todos os humanos são bons e a erradicação da violência parece impossível. Violência gera mais violência... e monstros. E monstros geram ainda mais violência. Um ciclo terrível e descontrolado. No entanto, nem todos os monstros são perversos. August Flynn, um dos três sunais criados como filhos por Henry e sua esposa Emily. Seus irmãos são Leo, o sunai mais ativo e experiente, atuando na linha de frente da FTF; e Emily, a sunai reclusa mais poderosa dos três. August usa um violino para sugar as almas violentas – uma melodia feroz. Dessa forma ele se alimenta, evitando perder o controle para as trevas e, simultaneamente, retira um pouco da violência do mundo. Nas horas vagas ele deseja ter uma vida humana, como um adolescente comum da Cidade V. Ele é bondoso, embora não seja humano. Será realmente um monstro? O que acontece quando ele perde o controle e sua monstruosidade prevalece? A sensibilidade de August, seus questionamentos acerca de sua natureza monstruosa e sua busca por sua verdadeira função fazem dele uma personagem incrível. Ele não quer ser um monstro, não deseja ser cruel. E recebe uma importante missão da FTF: Espionar a filha do líder do norte, a adolescente Kate Harker.
É a outra protagonista da história, tão interessante quanto August. Mas ela deseja o oposto: ser fria, calculista e impiedosa, como o pai. Ele a tem mantido distante desde que sua esposa e mãe de Kate faleceu. A filha quer mostrar a ele que tem determinação e talento para ser uma líder impiedosa, forte e de sucesso; que não teme os monstros e pode comandá-los, assim como ser respeitada pelas pessoas – exatamente como ele, implacável. E Kate impressiona mesmo, não quer salvar o mundo nem ser uma heroína, mas será esse o seu destino? Ela não acredita mais nas pessoas e nem na bondade, até conhecer um monstro diferente.
A narrativa é em terceira pessoa, quase sempre revezando o ponto de vista entre Kate e August. A autora apresenta seu mundo de modo simples e rápido, conquista e situa o leitor, para então desenvolver a ação e o suspense.

A relação de Kate e August é um dos pontos fortes do livro. Eles são rivais e muito diferentes até estarem envolvidos em uma rede de intrigas alucinante e perigosa, prestes a eclodir em uma guerra entre norte e sul, envolvendo monstros e humanos; onde inocentes morrerão e a violência será o fim da humanidade. O desenvolvimento da relação deles é muito bem elaborado, sem deixar se tornar um romance chato, mostrando como eles se complementam. Eles precisam enfrentar vários monstros – reais e psicológicos.
Os monstros assustam mas também impressionam, especialmente os sunais. August, Leo e Emily se destacaram dentre as personagens, porque criam muita curiosidade. Adorei a habilidade musical deles, o poder e a responsabilidade que carregam, podendo sucumbir ao mal e ao bem. O poder de matar uma pessoa violenta retirando sua alma através da música me pareceu extraordinário.
É, de modo geral, uma fantasia urbana excelente, com seres terríveis, poderosos e diferentes, para sair do comum ao qual costumamos encontrar na ficção (vampiros, lobisomens, anjos, demônios, fantasmas).
Há a mensagem poderosa sobre como os atos violentos criam os monstros e como os monstros devoram os humanos e como a música pode enfrentar a violência. Quem não teme a violência, o maior monstro que podemos encontrar? Nós, humanos, somos os nossos próprios monstros!
A cada virada de capítulo, mais ansiosa ficava. E o final é magnífico e instigante, deixando o gancho para a continuação. Kate e August jamais serão os mesmos e passaram por experiências transformadoras. Portanto o próximo volume tem grande potencial para ser marcante.
Se você é fã de fantasia urbana juvenil e procura por uma obra inovadora, singular, mágica e sombria, recheada por suspense, ação e questionamentos, precisa começar a duologia Monstros da Violência rapidamente. Enfrente seus monstros!
O próximo volume será Our Dark Duet e preciso dele para ontem! A previsão do lançamento em inglês é junho de 2017. Você pode ler um trecho de A Melodia Feroz na Amazon, confira!

* A leitura foi um exemplar de prova do livro, ainda em fase de revisão. Esta postagem será atualizada com fotos do exemplar final assim que recebê-lo.

A autora:
Victoria Schwab é autora de romances jovens adultos e de fantasia, como A Guardiã de Histórias e a série Um Tom Mais Escuro de Magia. Quando não está escrevendo ou sonhando com monstros em algum café, Victoria gosta de viajar, fazer biscoitos e assistir a séries da BBC.
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