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[Resenha] Os Últimos Sobreviventes, volume 1: A Vida Como Ela Era, de Susan Beth Pfeffer e Bertrand Brasil (Grupo Editorial Record)

A Vida Como Ela Era (The Life as We Knew it)
Os Últimos Sobreviventes (The Last Survivors) - livro 1
Susan Beth Pfeffer - Bertrand Brasil / Grupo Editorial Record
Tradução: Ana Resende
378 páginas - 2014 - R$39,90
Comprar: Amazon | Americanas | Livraria Saraiva | Submarino

Sinopse:
"O primeiro livro da considerada uma das melhores séries de distopia.
Quando Miranda começa a escrever um diário, sua vida é como a de qualquer adolescente de 16 anos: família, amigos, garotos e escola. Suas principais preocupações são os trabalhos extras que os professores passaram – tudo por causa de um meteoro que está a caminho da Lua. Ela não entende a importância do acontecimento; afinal, os cientistas afirmam que a colisão será pequena. O que Miranda não sabe é que os cientistas estão muito enganados...
Para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e isso altera de modo catastrófico o clima do planeta. Terremotos assolam os continentes, tsunamis arrasam os litorais e vulcões entram em erupção. Em 24 horas, milhões de pessoas estão mortas e, com a Lua fora de órbita, muitas outras mortes são previstas. Miranda e sua família precisam, então, lutar pela sobrevivência em um mundo devastado, onde até a água se torna artigo de luxo. Através do diário da adolescente, A vida como ela era nos conduz por uma emocionante história de persistência, ensinando-nos que, mesmo diante de tempos assustadores e imprevisíveis, o recurso mais importante de todos – aquele que jamais deve ser extinto – é a esperança.

Resenha:
No final de 2014 a Bertrand Brasil, do Grupo Editorial Record, trouxe ao Brasil o primeiro volume da série Os Últimos Sobreviventes (The Last Survivors), uma distopia escrita por Susan Beth Pfeffer: A Vida Como Ela Era (The Life as We Knew it). O volume dois, Os Vivos e os Mortos (The Dead and the Gone), foi publicado em junho de 2016 e com ele a Bertrand renovou a série, com novo trabalho gráfico. O primeiro volume ganhou novas capa e edição e agora a série está com visual mais atraente e vivo, formando uma coleção linda, adorei. O exemplar possui papel amarelado e orelhas. A diagramação parece a mesma da primeira edição e não encontrei erros na revisão do livro. Aproveito para agradecer pelo trabalho da tradutora.
É leitura indicada pela editora para os fãs da série Jogos Vorazes (Hunger Games, Suzanne Coins, Editora Rocco). No entanto, exceto pelo fato de ambas serem distopias dramáticas protagonizadas por garotas, as duas sagas nada têm em comum, ao menos se comparando o primeiro volume de cada uma. Jogos Vorazes traz um mundo de sociedade distópica pronto, em algum ponto no futuro, enquanto A Vida Como Ela Era (publicado em inglês em 2008) apresenta o ponto inicial exato em que a humanidade enfrenta a possibilidade de chegar ao fim.
Acredito que Os Últimos Sobreviventes seja uma série diferente, uma distopia Young Adult (Jovem Adulto) que frise justamente essa questão, a trajetória do mundo sendo transformado aos poucos em uma distopia. Se este for o caminho da autora, será, no mínimo, uma saga incomum, o que é interessante. Porque às vezes, ao ler uma distopia, penso em como devem ter sido as etapas ao longo do tempo para que tal região tenha se tornado o que é mostrado. Alguns autores optam por pouco mostrar e focar no cenário atual de sua história, enquanto outros até explicam, mas sempre fico com uma curiosidade a respeito do passado, do período intermediário da transformação. Então classifico este primeiro período como uma "pré-distopia" (se é que esta classificação existe.).
A Vida Como Ela Era me agradou em cheio. A trama começa com uma adolescente normal chamada Miranda, do interior da Pensilvânia, Estados Unidos, escrevendo sobre sua vida em um diário pessoal. Logo nos primeiros capítulos a catástrofe acontece e prosseguimos por todo o livro acompanhando esta moça e sua família se adaptando e sofrendo com o caos, a mudança e a tentativa desesperada de sobreviver.


A narrativa é em primeira pessoa e é literalmente o diário da protagonista. Isso afeta diretamente a estrutura da obra, dividindo-se em quatro partes e aproximadamente vinte capítulos - estes separados em dias. A autora organizou os relatos da protagonista em ordem cronológica seguindo as estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. O que faz muito sentido, já que o mundo enfrenta uma série de catástrofes climáticas causada pelo deslocamento da lua. A cada mudança de estação, mais surpresas o clima indefinido mostra.
Portanto, há um único ponto de vista e acesso somente ao que a menina pensa e sente. Todas as personagens são mostradas de acordo com a visão e relacionamento da menina sobre / com elas. A forma dela contar a história muda de acordo com o seu humor e os acontecimentos.
Temos acesso apenas ao conteúdo do diário da protagonista que não se sabe o que está acontecendo nos outros lugares. Portanto, o(a) leitor(a) também não saberá, resta tentar descobrir. Sem acesso aos serviços de comunicação direito, as personagens não sabem o que o restante do mundo sofre, trazendo grande suspense a trama.
Em alguns momentos parece parado, mas de repente o contrário ocorre, tudo torna-se muito cheio de ação, especialmente a psicológica, devido ao drama e medo intensos.
É uma história muito mais psicológica que física, especialmente porque o cenário é apenas um, a casa em que vive a família. Com poucos outros locais, como as casas de vizinhos, a escola, um lago próximo da casa, e o minúsculo centro comercial da cidade interiorana, a história tem como foco a residência da família protagonista. O livro traz um único ponto de vista e praticamente um cenário apenas, dentro de uma narração bastante íntima. Mesmo assim, o drama cresce exponencialmente e a história é muito movimentada.


Passei boa parte do livro quase que odiando ou desprezando a protagonista, pois ela tem atitudes e pensamentos muito egoístas e infantis. Mas aos poucos fui percebendo que não é uma narrativa comum; não é uma narrativa em que o protagonista opta por contar a história; É muito mais particular, é exatamente composta por coisas que ela está escrevendo para ninguém mais ler, como um alívio para seu sofrimento. Ela até chega a imaginar para quem está escrevendo, se é para alguém no futuro encontrar e saber o que aconteceu com ela... porém, percebe-se que o diário é seu modo libertador de desabafar, refletir, sonhar e ter algum passatempo secreto e privado - parece ser seu único.
Levando em consideração as mudanças drásticas e uma gama enorme de sentimentos ruins impossíveis de evitar (incerteza, desespero, dor, fome, frio, medo), e juntando a faixa etária da menina (apenas 16 anos) e o modo de narrativa pessoal, ignorei meus sentimentos e passei a admirar a protagonista e a vê-la como heroína.
Seu núcleo familiar me conquistou por completo, principalmente sua mãe, e deixou a história ainda mais atraente, porque a autora faz o(a) leitor(a) se apegar às personagens. O risco iminente de morte e todas as provações e perigos por elas enfrentados causam certo desconforto. Torci muito pela sobrevivência delas.
As personagens, especialmente a protagonista, possuem ótimo desenvolvimento e a evolução de seus temperamentos, atitudes e relacionamentos. Os conflitos e mudanças pessoais constroem a parte mais importante do desenvolvimento do enredo, lado a lado com o aparentemente ininterrupto rumo da humanidade ao fim de sua existência.
Outro destaque está para as transformações na rotina da família. De um cotidiano comum e previsível para algo inimaginável. Imagine se o mundo acabasse, todas as pessoas no mundo morressem e você tentasse resistir o máximo de tempo preso em casa, com sua família: como seria?
Enquanto lia as últimas páginas eu pensava em como a vida de Miranda e sua família mudou. É uma leitura instigante e curiosa, pois não se sabe mesmo como será o andamento da trama.
Sobre a parte da Ficção Científica, que é o conjunto de mudanças climáticas ocorridas pela aproximação da lua, não sei exatamente se estaria hipoteticamente correto, mas a autora me convenceu e me envolvi bastante. E é isso o que importa. Não são mostrados detalhes científicos, como por exemplo, a exata distância da lua, apenas que ela está enorme e próxima.


A esperança é um dos sentimentos mais fortes e resistentes do ser humano, porque mesmo quando se imagina que tudo acabou e não existe solução, um resíduo de esperança pode ser a arma mais poderosa para sobreviver. Se o dia seguinte é sempre mais sombrio que o anterior e se todos estão fadados à morte, preservar a vida como ela era, ao menos em um diário, é a meta de Miranda.
Uma obra emocionante que me agradou totalmente e que me fez refletir sobre como em um piscar de olhos a vida muda. Podemos perder tudo, mas se temos ao nosso lado quem realmente amamos, resistimos.
Os três volumes posteriores são: Os Vivos e os Mortos, O Mundo em que Vivemos e A Sombra da Lua, nesta ordem. O segundo volume já está disponível nas livrarias e reconta os fatos apocalípticos mostrados neste primeiro, porém sob outro ponto de vista, em outro local, por um rapaz. Acredito então que no terceiro a história ande cronologicamente e que os protagonistas se encontrem para o término da saga no quarto volume.
Estou tentando imaginar o rumo que a humanidade (não apenas a família de Miranda) tomará. Espero que a autora surpreenda, chegando a um equilíbrio; que as enchentes, terremotos, doenças e todo o mais se assentem e um novo e sombrio mundo de humanos resistentes seja o foco, que a sociedade e os governos se renovem em um cenário pós-apocalíptico sinistro e distópico.
A Vida Como Ela Era é incrivelmente assustador, tocante e forte. Espero iniciar logo a leitura de Os Vivos e Mortos, que já tenho em mãos.


Livro 2 (resenha em breve):


A autora:
Susan Beth Pfeffer nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, e começou a escrever aos seis anos. Depois que seu primeiro livro, Just Morgan, foi publicado, ela passou a se dedicar integralmente à escrita.
Autora de mais de setenta obras infantis e infantojuvenis e ganhadora de diversos prêmios, Susan gosta de assistir a filmes e ler em seu tempo livre.
Entre os livros mais vendidos na lista do The New York Times, A Vida Como Ela Era é o primeiro volume de Os Últimos Sobreviventes.
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Um comentário

  1. Eu comprei esse livro pela capa: a que tenho é muito bonita, em alto relevo, com a lua enorme e com textura diferente.
    Li o livro de uma vez, direto, começando de manhã e terminando de noite e simplesmente AMEI. É um dos meus livros preferidos e todo ano gosto de ler, pois põe a vida em perspectiva

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