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[Resenha] O Menino no Alto da Montanha, de John Boyne e Editora Seguinte (Grupo Companhia das Letras)

O Menino no Alto da Montanha (The Boy at the Top of the Montain)
Jonh Boyne - Seguinte / Grupo Companhia das Letras
Tradução: Henrique de Breia e Szolnoky
288 páginas - 2016 - R$39,90 (impresso) e R$27,90 (e-Book)
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Sinopse:
"Quando Pierrot fica órfão, precisa ir embora de sua casa em Paris para começar uma nova vida com sua tia Beatrix, governanta de um casarão no topo das montanhas alemãs. Mas essa não é uma época qualquer: estamos em 1935, e a Segunda Guerra Mundial se aproxima. E esse não é um casarão qualquer, mas a casa de Adolf Hitler.
Logo Pierrot se torna um dos protegidos do Führer e se junta à Juventude Hitlerista. O novo mundo que se abre ao garoto é cada vez mais perigoso, repleto de medo, segredos e traição. E pode ser que Pierrot nunca consiga escapar."

Resenha:

John Boyne ficou conhecido após a publicação de O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pyjamas, 2006), adaptado para o cinema em 2008. Nascido na Irlanda, se tornou best-seller, já foi traduzido em mais de quarenta idiomasescreve para todas as faixas etárias. A Companhia das Letras é a editora responsável por trazer as publicações do autor ao Brasil.
Desta vez a novidade foi lançada pela Editora Seguinte: O Menino no Alto da Montanha (The Boy at the Top of the Montain, 2015), literatura juvenil onde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) volta a ser o foco do autor. Portanto, é um romance histórico juvenil em volume único.
A capa original foi mantida em lançamento de julho de 2016, com orelhas e marcador de páginas recortável, miolo em papel amarelado e revisão e diagramação impecáveis. Agradeço também ao tradutor por seu trabalho. Já que Boyne retorna ao tema de sua obra mais conhecida, a imagem da capa tem design semelhante a encontrada em O Menino do Pijama Listrado, mas trocando as cores, as mesmas da bandeira do Nazismo. Nesta história brilhante e cativante acompanhamos os conflitos de um menino que perde tudo e é obrigado a crescer e morar sob a sombra constante de Adolf Hitler, ditador alemão.


Inicialmente a trama se passa em Paris, cidade de nascimento e residência do protagonista Pierrot Fischer, um menino de 7 anos de idade que mora com os pais e o cachorro. No andar debaixo vive seu melhor amigo Anshel Bronstein com a mãe. A amizade entre os dois meninos é muito bonita. Anshel ama escrever histórias para Pierrot, que prefere inventá-las, sem saber escrever com a mesma habilidade do amigo. Mas Anshel é surdo e precisa ser bom com as mãos para se expressar, seja através da escrita ou da linguagem dos sinais. E Pierrot aprendeu com Anshel a como gesticular para se comunicarem. Em um mundo particular os meninos se entendem e se divertem, mesmo quando as coisas parecem ruins.
Pierrot é fluente na língua de seu país, mas também em alemão, pois sua mãe é francesa, enquanto o pai é alemão. Já Anshel e sua mãe são judeus. Pierrot nunca imaginou que essas características poderiam ser tão importantes; jamais pensou que ser francês ou alemão ou judeu seria um fator decisivo no andamento das vidas das pessoas ao seu redor. Ás vésperas da Segunda Guerra Mundial, as realidades de Pierrot e Anshel são alteradas e os amigos, separados.
O cenário muda para a Alemanha, onde se passa a trama principal, mais precisamente para Berghof, casa-refúgio de Hitler, no alto de uma montanha na cidade de Obersalzberg. Pierrot perde os pais e acaba tendo de ir morar com a irmã do pai: a tia Beatrix, governanta da mansão de férias do líder nazista e uma completa estranha para Pierrot.
Ele precisa apagar o menino francês e amigo de judeu da existência e se recriar na forma de um menino alemão, membro da Juventude Hitlerista, o grupo do governo nazista que fazia a doutrinação de meninos dos 6 aos 18 anos de idade (as meninas participavam do Liga das Jovens Alemãs). O alistamento era obrigatório e mesmo isolado no alto da montanha, Pierrot é iniciado pelo próprio Hitler.


O livro é dividido em quatro partes: 1936, 1937-1941, 1942-1945 e Epílogo (período pós-Guerra). Acompanhamos a infância e adolescência do protagonista — e o adulto que ele se tornará. Uma história que aborda o lado menos explorado quando o assunto é a Segunda Guerra: a de uma criança criada por nazistas e todos os problemas enfrentados por ela. A começar pela obrigação de seguir um caminho pré-determinado pelos outros, mostrando como a guerra foi catastrófica para toda a população, especialmente para as crianças. Pierrot não tem livre arbítrio e suas ideias são estabelecidas por uma criação rígida, solitária e extremista. Ele não tem tempo para absorver o luto pelos pais e se acostumar com a mudança drástica em sua vida, estando carente e sujeito a doutrinação terrivelmente antissemita e poderosamente nacionalista por um líder assustador, porém carismático. Este se torna uma figura particularmente importante na vida de Pierrot, que o teme e o admira. É então seduzido pelo fascínio que o poder pode trazer, principalmente quando se é tão jovem e vulnerável. Acima de tudo, sente saudades de sua antiga e verdadeira vida, a vida em Paris com a mãe, o pai, o cachorro e o melhor amigo.
São variados conflitos pessoais, sendo o principal sobre quem ele é: o menino de Paris ou o menino no alto da montanha? Será ele o único responsável por suas decisões? Será que Pierrot deveria ter escolhido outras opções? Será possível superar a solidão e obter redenção?


A narrativa é em terceira pessoa sempre sob o ponto de vista de Pierrot, mantendo assim, a inocência de uma criança que começa a se despedaçar. John Boyne sabe compor histórias bonitas mantendo a visão de uma criança. Outro característica marcante é misturar ficção e fatos históricos em um livro para atiçar a mente e sacudir o coração. Este é o destaque, não apenas a emoção envolvida e o enredo excelente, mas a interação entre personagens fictícias e reais. Se um vilão fictício já é capaz de amedrontar o(a) leitor(a), imagina quando ele é uma pessoa que existiu de verdade e se tornou uma das mais terríveis da História? Toda vez que Hitler entrava em cena me sentia muito tensa por todos ao redor, mesmo quando ele aparentava ser amigável.
O final do livro culmina em um clímax arrebatador que pode levar às lágrimas, com uma mistura de tristeza, alívio e esperança. Às vezes o caminho mais difícil é único capaz de aliviar a dor e se aproximar de um final feliz. Além de magnífico o livro reserva uma bela surpresa ao término.
Mais uma obra incrivelmente emocionante de John Boyne que deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas. Excelente livro para ser trabalhado na escola, pois é uma leitura simples, mas marcante e carregada de uma complexidade de sensações e reflexões. Além de ensinar sobre História, O Menino no Alto da Montanha ensina sobre humanidade. É uma história curta e intensa sobre como ideologias extremas têm o poder de mudar vidas e influenciar pessoas de modo irreversível.
Meu contato anterior com o autor foi Fique Onde Está e Então Corra, juvenil passado na Primeira Guerra Mundial. Fiquei completamente admirada com a leitura. Agora com O Menino no Alto da Montanha tive a confirmação de como a escrita de Boyne é emocionante e já posso me sentir fã dele. Pretendo ler outras obras dele urgentemente! Novamente termino um livro de Boyne muito emocionada e ciente de que nunca esquecerei esta história.


O autor:
John Boyne nasceu na Irlanda, em 1971, e mora em Dublin. Escreveu diversos romances que já foram traduzidos para mais de quarenta idiomas. Seu livro mais célebre, O Menino do Pijama Listrado (2007), lhe rendeu dois Irish Book Awards, vendeu mais de 5 milhões de exemplares pelo mundo e foi adaptado para o cinema em 2008.
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Obras publicadas no Brasil:
A Casa Assombrada (2015);
Fique Onde Está e Então Corra (2014);
O Ladrão do Tempo (2014);
Tormento (2014);
Dia de Folga (e-Book grátis) (2013);
A Coisa Terrível que Aconteceu com Barnaby Brocket (2013);
O Pacifista (2012);
Noah Foge de Casa (2011);
O Palácio de Inverno (2010);
O Garoto no Convés (2009);
O Menino do Pijama Listrado (2007).

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