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[Resenha] Extraordinárias, de Duda Porto de Souza, Aryane Cararo e Seguinte (Grupo Companhia das Letras)

Extraordinárias: Mulheres que Revolucionaram o Brasil
Aryane Cararo e Duda Porto de Souza - Editora Seguinte / Grupo Companhia das Letras
Ilustração:
208 páginas - R$ 59,90 (impresso) - trecho
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Sinopse:
"Elas mudaram (e estão mudando) a nossa história. Mas você conhece a história delas?
Dandara foi uma guerreira negra fundamental para o Quilombo dos Palmares. Bertha Lutz foi a maior representante do movimento sufragista no Brasil. Maria da Penha ficou paraplégica e por pouco não perdeu a vida, mas sua luta resultou na principal lei contra a violência doméstica do país. Essas e muitas outras brasileiras impactaram a nossa história e, indiretamente, a nossa vida, mas raramente aparecem nos livros. Este volume, resultado de uma extensa pesquisa, chega para trazer o reconhecimento que elas merecem. Aqui, você vai encontrar perfis de revolucionárias de etnias e regiões variadas, que viveram desde o século XVI até a atualidade, e conhecer os retratos de cada uma delas, feitos por artistas brasileiras. O que todas essas mulheres têm em comum? A força extraordinária para lutar por seus ideais e transformar o Brasil."

Resenha:

Extraordinárias: Mulheres Revolucionárias do Brasil foi inicialmente um projeto de financiamento coletivo no Catarse em 2016 realizado pelas jornalistas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza. Ganhou a atenção da Companhia das Letras e foi publicado em novembro de 2017 pelo selo jovem do grupo, a Editora Seguinte. O resultado é inédito no Brasil, um verdadeiro tesouro no conteúdo e no visual.
É um dos livros mais bonitos que já vi (veja as fotos desta postagem). Quando o solicitei para a editora nem imaginava que seria tão lindo: formato grande (20 x 25 cm) e capa, quarta capa e orelhas em material holográfico, que a primeira vista parece prateado, mas brilha com as cores do arco-íris. Assim como todos os livros da Seguinte, ele possui o marcador de páginas recortável na orelha. As páginas são brancas e as ilustrações coloridas. A diagramação é atraente e as ilustrações são todas coloridas, tornando a leitura muito agradável e dinâmica. As ilustrações lindas e cheias de estilo são das artistas brasileiras Adriana Komura, Bárbara Malagoli, Bruna Assis Brasil, Joana Lira, Hlena Cintra, Laura Athayde, Lole, Veridiana Scarpelli e Yara Kono.
Embora o livro seja voltado ao público infantojuvenil, é recomendado para todas as idades. Na verdade, deveria ser um exemplar essencial em todas as bibliotecas públicas do Brasil e leitura obrigatória nas escolas, para meninos e meninas. A linguagem é muito acessível, porque a ideia é romper o machismo entranhado na educação de crianças e adolescentes, e para isso é necessário ser descomplicado. No entanto, o estilo é rico, farto de conhecimento e muito empolgante, ao ponto de provocar o leitor a desejo por mais informações, mais publicações feministas. É um material equilibrado: didático e atraente, compreensível e com muito conteúdo.


Eu só consigo pensar: por que não tive um material assim quando criança ou adolescente? Seria incrível. Minha leitura foi muito interessante, pois tive acesso a uma tonelada de informações que desconhecia e me senti realizada ao descobri-las. Me senti orgulhosa de todas essas mulheres. Me emocionei também, com a coragem, superação, altruísmo e inovação delas, pela luta por justiça, igualdade e liberdade.
Histórias motivadoras sempre têm forte significado para uma criança, influenciando-as; imagine o impacto, especialmente em uma menina, poder crescer com a companhia desse livro, mostrando a ela que as mulheres são e sempre foram ativas e empolgadas em todas as áreas. Porque infelizmente, na sociedade brasileira, as meninas sofrem mais limitações que os meninos, às vezes sem conseguirem desenvolver todas e completamente suas habilidades. Com material como o de Extraordinárias, se sentirão mais estimuladas ao sonho e luta por sua realização.
No caso do público adulto, nunca é tarde para descobrir e aceitar que nosso ensino é machista, que nas escolas e na mídia mostram para os brasileiros que a história do Brasil foi feita quase que totalmente por homens, criando a mentira de que as mulheres são passivas e omissas. Não, isto precisa acabar, meninos e meninas precisam saber que as mulheres participam e sempre participaram igualmente na construção do Brasil, em educação, arte, direitos humanos, indígenas e trabalhistas, justiça, política, medicina, urbanismo, meio ambiente, igualdade de gênero, esporte.


Este volume, que espero ser apenas o primeiro de uma série, apresenta 44 minibiografias de mulheres importantes para a sociedade e história do Brasil (40 brasileiras e 4 estrangeiras), que de alguma forma influenciaram ou influenciam muitas vidas, mas permaneciam sem o reconhecimento ou destaque necessário; muitas, infelizmente, quase no total anonimato. São revolucionárias, inovadoras, ousadas e incríveis de variadas etnias e regiões do país, do século XIX à atualidade. Destaco as afro-brasileiras, porque se as mulheres sofreram boicotes e tiveram suas atuações ignoradas nos registros históricos, as mulheres negras sofreram mais ainda, além de racismo. Outro grande destaque é o pioneirismo das mulheres em vários setores. É inadmissível que esses feitos continuem nas sombras!
O livro conta ainda com conteúdo extra com as abrasileiradas, mulheres que não nasceram no Brasil, mas viveram no país e impactaram de alguma forma nosso povo. Além do sumário e apresentação, o exemplar possui uma linha do tempo mostrando a história do Brasil focando nas mulheres, um glossário com todos os termos e nomes que talvez sejam desconhecidos de alguns leitores, referências e os dados das autoras e das ilustradoras.
Você pode ler de uma vez ou aos poucos, a cada dia uma biografia diferente. No caso das crianças e adolescentes é altamente recomendado que os adultos participem; seria formidável se o livro fosse adotado por escolas e professores de história, associando-o ao conteúdo tradicional como complemento e, mais ainda, como destaque em algum momento.
Seria grandioso ter outros volumes de Extraordinárias publicados pela Seguinte, informando ao grande público que as mulheres são presentes, influentes e participantes diretas do desenvolvimento e da evolução do Brasil e do mundo, já que as informações históricas e didáticas relacionadas às mulheres e suas atuações sempre foram esparsas e rasas.




Agradeço a todos os envolvidos no planejamento e produção do livro (que se tornou um dos meus preferidos da vida!), as autoras e as ilustradoras extraordinárias e a toda equipe da Seguinte, por acreditarem no projeto e disponibilizarem o livro ao público, uma ferramenta necessária e útil para que nossa sociedade possa criar uma cultura mais igualitária, para que possamos mudar o mundo, ao menos das novas gerações e para que as meninas acreditem fortemente em si mesmas, em suas habilidades e potencialidades. O livro é uma importante ajuda no combate à desigualdade, preconceito e machismo. Precisamos urgentemente reparar erros passados excludentes e injustos e espalharmos que as mulheres foram jogadas a um segundo plano, mas jamais deixaram de lutar por um país e mundo melhores e sempre participam do protagonismo da transformação.
Livro indispensável para qualquer biblioteca e leitura fundamental para todos que prezam por uma sociedade igualitária, liberal e justa.
A Companhia das Letras disponibiliza um trecho com o início do livro para degustação. Contém as biografias de Madalena Caramuru, Dandara e Bárbara de Alencar. Para experimentar você clica neste link.


As mulheres extraordinárias são as brasileiras Madalena Caramuru, Dandara, Bárbara de Alencar, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira, Nísia Floresta, Ana Néri, Anita Garibaldi, Maria Firmina dos Reis, Princesa Isabel, Chiquinha Gonzaga, Georgina Albuquerque, Nair de Teffé, Anita Malfatti, Bertha Lutz, Antonieta d eBarros, Carmen Portinho, Laudelina de Campos Melo, Nise da Silveira, Pagu, Ada Rogato, Graziela Maciel Barroso,  Carolina Maria de Jesus, Maria Lenk, Dorina Nowill, Cacilda Becker, Dona Ivone Lara, Zuzu Angel, Josefa Paulino da Silva, Niède Guidon, Zilda Arns, Margarida Maria Alves, Leila Diniz, Dinalva Oliveira Teixeira, Maria da Penha, Marinalva Dantas, Indianara Siqueira, Sônia Guajajara, Marta Vieira, e as abrasileiradas Felipa de Souza, Carmen Miranda, Lina Bo Bardi e Dorothy Stang. É muito Girl Power!


As autoras:


Duda Porto de Souza é responsável pela criação da primeira Biblioteca Multilíngue Infantil pública do Brasil, localizada em São Paulo. Jornalista, já colaborou com diversas publicações do segmento infantil. Já participou do desenvolvimento de exposições de grande público, além de atuar como consultora na criação da primeira galeria de arte de Manaus. É professora-convidada do curso de Artes Visuais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Aryane Cararo é jornalista há vinte anos, com foco no universo materno e infantil, especialmente em literatura infantojuvenil. Trabalhou como editora-chefe da revista Crescer e foi editora do suplemento infantil Estadinho, além de ter colaborado com jornais e revistas diversos. Tem pós-graduação em jornalismo literário pela ABJL e mestrado em estética e história da arte pelo MAC-USP.

As ilustradoras:
Adriana Komura nasceu em São Paulo e é designer gráfica e ilustradora formada em editoração pela ECA-USP. Com dois amigos, fundou uma editora independente, a Republica Books, onde publicam zines e a revista experimental Cópia.

Bárbara Malagoli é artista gráfica freelancer focada em ilustração e design e trabalha como profissional independente para vários estúdios e projetos. Seu trabalho fala sobre a natureza e o feminino.

Bruna Assis Brasil estudou desenho gráfico e se formou em ilustração criativa na Escola  de Disseny I Art de Barcelona. Em 2016 foi uma das ganhadoras do Prêmio Jabuti, na categoria ilustração infantil.

Joana Lira é pernambucana, moradora de São Paulo e artista gráfica. Sua principal inspiração para o trabalho é a cultura brasileira e o uso de diversos tipos de suportes de expressão.

Helena Cintra é mineira e artista gráfica formada em desenho gráfico pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Já trabalhou em diversos livros e fanzines, tendo como inspiração a natureza, as mulheres e os folclores mundiais.

Laura Athayde é advogada por formação e, após a pós-graduação em direito tributário, decidiu se dedicar a ilustração e aos quadrinhos, sendo uma desenhista por teimosia, segundo a própria. Já ilustrou HQs para a Companhia das Letras, Grupo Editorial Record e Editora Planeta. Ela escreve sobre quadrinhos no Minas Nerds.

Lole nasceu no Rio de Janeiro e seu nome é Alessandra Lemos. Mora em São Paulo e é formada em publicidade, mas tem trabalhado como ilustradora. Sua base é a aquarela, mas sempre experimenta técnicas diferentes.

Veridiana Scarpelli é paulistana e formada em arquitetura, mas após várias voltas, escolheu a ilustração. O ponto de partida foram revistas e, em seguida, jornais, até chegar a diversos projetos. Publicou um livro como autora, O Sonho de Vitório.

Yara Kono nasceu em São Paulo e é ilustradora e designer gráfica. Estudou em Araraquara, no interior de são Paulo, e já viveu por um ano no Japão. Agora mora em Portugal e integra o Planeta Tangerina.


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