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Ladrão de Almas, volume 1 da Trilogia The Taker, de Alma Katsu, Novo Conceito

Ladrão de Almas
Trilogia The Taker - Livro 1
O amor verdadeiro pode durar uma eternidade... mas a imortalidade tem um preço
Alma Katsu - Novo Conceito
432 páginas - Ano: 2012 - R$34,90

Sinopse:
"No turno da noite em um hospital em Maine, Dr. Luke Findley espera ter outra noite tranquila com lesões causadas pelo frio extremo e ocasionais brigas domésticas. Mas no momento em que Lanore McIlvrae — Lanny — entra no pronto-socorro, ela muda a vida dele para sempre. Uma mulher com passado e segredos misteriosos, Lanny não é como outras pessoas que Luke já conheceu. Ele é, inexplicavelmente, atraído por ela... mesmo ela sendo suspeita de assassinato. E conforme ela conta sua história, uma história de amor e uma traição consumada que ultrapassa tempo e mortalidade, Luke se vê totalmente seduzido.
Seu relatório apaixonado começa na virada do século XIX na mesma cidadezinha de St. Andrew, Maine, quando ainda era um templo Puritano. Consumida, quando criança, pelo amor que sentia pelo filho do fundador da cidade, Jonathan, Lanny qualquer coisa para ficar com ele para sempre. Mas o preço que ela paga é alto — um laço imortal que a prende a um terrível destino por toda a eternidade. E agora, dois séculos depois, a chave para sua cura e salvação a depende totalmente de seu passado.
De um lado um romance histórico, de outro uma história sobrenatural, The Taker é uma história inesquecível sobre o poder do amor incondicional não apenas para elevá-lo e sustentá-lo, mas também para cegar e destruir — e como cada um de nós é responsável por encontrar o próprio caminho para a redenção."

Links: Novo Conceito | Skoob | degustação

Resenha:

Um livro que enfeitiça o leitor desde o primeiro contato, a iniciar pela capa belíssima, misteriosa e sinopse altamente convidativa. Uma publicação da Novo Conceito, que é sinônimo de qualidade gráfica e de conteúdo. As letras em relevo prateado e o material da capa macio completam o convite. Impossível vê-lo na livraria e não sentir a tentação de comprá-lo; mais difícil ainda é mantê-lo na estante e não lê-lo logo. Ele chama por você, sussurra que roubará a sua alma. Pelo menos durante a leitura!
O livro possui um tamanho perfeito de fonte e apesar de possuir mais de 400 páginas não pesa devido ao material leve de que é composto.
A obra foi dividida em quatro partes e possui no total cinquenta capítulos bem organizados.

A narrativa é uma atração a parte. A autora utiliza diversos estilos, o que pode parecer estranho no começo, porém eu confesso que gostei logo nos primeiros capítulos.
Quando ela narra os acontecimentos atuais, a narrativa é em terceira pessoa e escrita no presente. Não costumo apreciar qualquer texto com verbos no presente, mas adorei essa atitude, pois contrabalança com as outras narrativas do livro.
Como alternamos entre o presente e o passado, a autora sempre inicia cada capítulo com a data e o local. O local também é importante, porque viajamos por uma boa parte do mundo. Viajamos também no tempo - uma fantástica aventura, repleta de mini-histórias que complementam o enredo principal.
Retornando ao passado, através dos relatos da protagonista Lanore, a narrativa muda completamente. Lanore torna-se a narradora e o ponto de vista, sentimentos e pensamentos são todos dela. Embora ela esteja contando fatos que ocorreram no século XIX, sua narrativa é tão empolgante que parece que tudo está sendo revivido por ela, não apenas contado.
E dentro do relato de Lanore, temos ainda outros relatos, histórias que contaram a ela no decorrer do tempo, acontecimentos que remetem ao século VI, por exemplo. Ao apresentar ao leitor mais outra personagem contando fatos importantes à Lanore a narrativa de transforma e trocamos de narrador (uma das melhores partes do livro!).
Eu achei essa habilidade da autora maravilhosa. Não é algo fácil de ser feito. E o resultado costuma ser insatisfatório, confuso ou desorganizado. Nada disso ocorre em Ladrão de Almas.
As trocas de narradores, locais e épocas é uma preciosidade e um talento, um planejamento nitidamente bem realizado. Apreciei bastante esse estilo.

As personagens são fascinantes e exóticas. De culturas, lugares, datas diversificadas. Todas unidas em desgraça, dramas e em um caminho sem volta. A autora mantém o mistério de cada pessoa de tal forma que nem o leitor sabe em quem Lanore pode confiar; talvez nem em si própria.
Através de tantas diferenças descobrimos mundos, personalidades e histórias. A cada vida, uma descoberta. A cada página, mais mistérios atraentes.
Personagens imperfeitos, de caráter duvidoso, vítimas e vilãs. Sentimos nojo, ódio, compaixão, pena. E o principal: dúvidas. Todos são obrigados a entrar numa dança pecaminosa e sórdida, não existe esperança, então eles vestem suas máscaras na tentativa de preservarem o mínimo de humanidade que ainda possuem ou dignidade e autoestima. Ou simplesmente se enfeitam e fazem dos adornos armaduras, contra a maldição, seu senhor e... de seus medos. Não há escapatória aparente.
Não existe ninguém perfeito, nem a protagonista, que coloca o seu amor num pedestal. Um amor que é na verdade obsessão e ciúme de tão excessivo que ele é na vida da moça.

O enredo possui como base principal o sobrenatural, porém com um estilo muito sombrio, inquietante, sexy e aterrorizante. Não chega perto de ser terror, mas os infortúnios sofridos pela protagonista e outras personagens, o beco sem saída e a prisão física e psicológica em que todos estão unidos são de gelar o sangue.
O prazer sexual, a luxúria, a cobiça, a inveja, a dor - todos os sentimentos mais selvagens e incontroláveis fazem parte da rotina de um seleto grupo. Uma elite acorrentada em almas e corpos, mas não em corações. A agonia, a incerteza, o sofrimento presente em cada integrante os transforma. No entanto, todos são reféns do medo, do passado, dos erros, das atrocidades e de um novo deus. Um senhor soberano e incrivelmente poderoso, possessivo, charmoso, inteligente e violento: o ladrão de almas.

A magia, a feitiçaria, os enigmas relacionados à imortalidade são originais, macabros, duros e cruéis.
O amor de Lanore por Jonathan pode ser interpretado de inúmeras formas: verdadeiro, fixação, obsessão, sincero, carnal, de almas gêmeas? Talvez uma mistura de tudo. Uma coisa é incerta: Jonathan possui sentimentos também confusos? E o que deveria ser a parte romântica do livro é na verdade uma frenética parceria. Amigos, irmãos, amantes, inimigos - ligados eternamente?

O livro não é para qualquer um. Talvez devesse existir até mesmo uma faixa etária indicativa. Psicologicamente ele nos afeta, com cenas de mortes, violência, estupros, espancamentos. Em geral as partes fortes são sempre ligadas direta ou indiretamente ao lado sobrenatural do livro.
Cenas avassaladoras, impactantes e até mesmo chocantes.
Muitos fatos são diretos e assombram o leitor durante o intervalo da leitura, enquanto outros não são explícitos, mas através das insinuações na narrativa esses acontecimentos não expostos diretamente podem ser ainda mais perturbadores justamente por ficarem a cargo da imaginação - o que se torna terrível.

Ao iniciar a leitura, achei que seria um livro sem nada de especial, cheio de clichês e até entediante. Bruscamente mudei minha opinião e fui enfeitiçada pela leitura. Não apenas pela narrativa, bruxaria e personagens marcantes. O perigo, a luxúria, a sombra que paira em cada um deixa a obra atraente.
Uma aventura incrível, com várias viagens dentro das páginas, seja no interior das personagens, nos saltos temporais ou territoriais. Séculos e culturas diferentes.
A própria Lanore é originária de um vilarejo isolado e puritano do século XIX. Uma sociedade machista, patriarcal. Posses de terra, casamentos arranjados, vizinhos vigiando e fofocando uns dos outros.
Porém, a atração principal do livro, para mim foi o próprio ladrão de almas. Sua história chocante, sua evolução e seu poder estão entre os pontos mais interessantes do livro.
Urza também é fascinante, justamente por sua aparência bela e seu jeito gótico, de alma penada atormentada.

Resumindo: o livro é muito intenso, possui uma combinação de perversão e pecado; é impactante em diversos sentidos, as personagens são excêntricas e imperfeitas; conhecemos de leve culturas diversas, outras épocas passadas e ainda acompanhamos o presente tentando imaginar o resultado de tantos fatos pesados e histórias diferentes.
Vidas que nunca se cruzariam são unidas por sofrerem o mesmo mal. Outras que sempre se cruzaram estão fadadas a estarem marcadas para sempre.

Temos ainda o tema da imortalidade. Viver para sempre não seria doloroso quando séculos se passam e todos ao redor morrem e tudo muda drasticamente? Você carrega o peso dos séculos e muita experiência, mas precisa sempre mudar de identidade e fingir ser jovem.
Esse assunto é mais que clichê, por isso não esperava que a autora tocasse nisso de uma forma tão criativa e ao mesmo tempo tão dolorosa.

Indico o livro para pessoas que adoram sobrenatural, mas não aguentam mais livros com romances chatos e enredos entediantes; para leitores psicologicamente preparados para ler uma história de feitiçaria e maldição forte; para leitores que queiram várias histórias dentro no livro unidas e formando uma única peça; para leitores cansados de sereias, fadas, anjos, vampiros e etc., este livro é um deleite.
A autora recriou os vampiros numa abordagem tão diferente que nem poderia estar realizando esta comparação. Aponto vampiros porque seria o mais perto de que os seres imortais e sem alma da autora se aproximam.

Não consigo imaginar se o restante da trilogia The Taker será no mesmo nível de Ladrão de Almas, estou torcendo muito para que sacie minhas expectativas - altíssimas - em relação à continuação. Tanta coisa aconteceu, um quebra-cabeça foi montado e por isso estou curiosa sobre o restante!


Booktrailer:


A autora:
Alma Katsu cria sua primeira ficção com The Taker.
Nascida no Alaska e crescida perto de Concord, Massachusetts, ela é graduada por Brandeis University e mestre pelo programa de Johns Hopkins.
Ela mora em Virginia com seu marido.
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Sorteio:
O sorteio do kit Ladrão de Almas cedido pela Novo Conceito vai até o dia 25 de outubro, ainda dá tempo de participar. Boa sorte!


4 comentários

  1. Olá, Tati...
    Sempre que leio Maine em qualquer lugar imediatamente penso em Stephen King, algo inevitavelmente para quem já o leu muito, mas pelo visto esse livro não foge da atmosfera de suspense dos livros do mestre, além de ter terror. Tratar um assunto envolvente como o amor com escrita mais sombria me cativa. Verei o que sua resenha tem a dizer.
    A Novo Conceito realmente se confirma cada vez mais como exemplo de trabalho gráfico. O jogo de preto e branco (pele da mulher exposta) na capa é agradável, bonito mesmo. Visualmente ele conquista, é uma flerta fatal, certeza de que será comprado, como você disse kkkkkk
    A mudança no estilo de narração acho interessante para reforçar a sensação de que estamos em épocas diferentes, quantos mais recursos para transportar o leitor que o livro tiver, melhor.
    Essa característica do livro como um quebra-cabeça de sentimentos, pensamentos e personagens em constante crise mostra como o horror pode ser uma experiência de sutileza, ou seja, não apelar para coisas como banhos de sangue que mais fazem rir do que sentir tensão. Parabéns pela sua resenha, falou muito sobre as qualidade, mas sem dar um spoiler sequer!

    Beijos!

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    Respostas
    1. Muito obrigada! Às vezes sofro um pouquinho ao tentar não entregar nada do enredo, afinal, desejo que todos se surpreendam como eu... eu amei este livro e quando isso ocorre o perigo de contar coisas... Mas acho que consegui expressar o que o livro me passou, mostrar a aura sombria e sobrenatural, explicar o estilo, narrativa, etc sem contar nada :) Beijos.

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  2. Quero muito este livro, ainda não comprei porque estou participando de algumas promos, se não ganhar vou correndo para adquirir o meu!
    Gosto de temas fortes, intensos e que me deixem tensa, adoro viver o livro como se fosse real!
    Muito boa a sua resenha, parabéns!
    Bjs,
    @PatriciaADavis

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  3. Tenho este livro *.* Muito linda a capa,a história é emocionante!

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