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[Resenha] O Quarto Dia, de Sarah Lotz e Editora Arqueiro

O Quarto Dia (Day Four)
Sarah Lotz - Arqueiro
352 páginas - 2016 - R$44,90 (impresso) e R$24,99 (e-Book)
Tradução: Alves Calado
Download: amostra do livro
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Sinopse:
"Em O Quarto Dia, Sarah Lotz conduz o leitor por uma viagem de réveillon que tinha tudo para ser perfeita. Mas às vezes o novo ano reserva surpresas desagradáveis...
Janeiro de 2017. Após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado à deriva no Golfo do México. Poderia ser só mais um caso de falha de comunicação e pane mecânica... se não fosse por um detalhe: não há uma pessoa viva sequer no cruzeiro.
As autoridades acham indícios de uma epidemia de norovírus, mas apenas descobrem os corpos de duas passageiras. Para piorar, todos os registros e gravações de bordo sofreram danos irreparáveis.
Como milhares de pessoas podem ter sumido sem deixar rastro? Teorias da conspiração se alastram, mas só há uma certeza: 2.962 passageiros e tripulantes simplesmente desapareceram no mar do Caribe."

Resenha:
Originalmente publicado em maio de 2015, Day Four foi escrito pela autora Sarah Lotz e divulgado em inglês como sequência de The Three, de 2014. A Editora Arqueiro trouxe as duas publicações: Os Três (maio de 2014) e O Quarto Dia (abril de 2016). Não li Os Três, porém após pesquisar e perceber que as obras funcionam de modo independente, decidi pela leitura de O Quarto Dia assim mesmo. A Editora Arqueiro não o divulgou como continuação de Os Três, apesar das semelhanças entre os exemplares, especialmente as capas.
O Quarto Dia se passa realmente após Os Três, mas apenas cita personagens ou eventos do mesmo, funcionando totalmente como um romance distinto. Creio que leitores de Os Três encontrarão itens e referências, talvez complementos, porém quem, assim como eu, não o leu, não terá problemas ou dificuldades com a leitura de O Quarto Dia. A impressão que tive é que a autora quer mostrar que as histórias se passam no mesmo universo literário e possuem ligações, como ciclos sobrenaturais de desastres. Pelo que encontrei sobre Os Três a trama apresenta acidentes de aviões, enquanto que em O Quarto Dia a catástrofe se trata de um navio perdido em alto mar, totalmente isolado da civilização.
Acho que a sinopse deveria ser diferente, pois cita que "após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado" e "não há uma pessoa viva sequer". Teria sido melhor apenas constar que ele se perdeu sem deixar claro seu futuro. Além disso, o livro não foca nesse ponto. O(A) leitor(a) acompanha momentos antes do cruzeiro "desaparecer", o momento fatídico e os dias à deriva e à própria sorte, ou seja, o período em que oficialmente sumiu do mapa para o restante do mundo.



A narrativa ocorre em terceira pessoa alternando os pontos de vista entre as personagens principais, todas estas tripulantes do cruzeiro O Belo Sonhador (não existem personagens de fora do navio), da empresa turística Foveros, que não possui uma boa reputação. É um cruzeiro barato e cafona com diversos grupos em excursão, destacando o Grupo dos Solteiros (solteiros passando o ano-novo divertindo-se) e os Amigos da Celine (grupo de fãs da médium subcelebridade).
O livro seria mais atraente se a narrativa fosse em primeira pessoa, para mais facilmente captarmos os pensamentos e personalidades das protagonistas. Isso contribuiria para deixá-las mais complexas, porque me pareceram rasas, embora críveis. As coadjuvantes são inúmeras, servindo como base para as interações e conflitos entre as protagonistas. A grande quantidade pode parecer confusa, com participações superficiais, porém faz sentido quando se tem em mente que este é um cruzeiro com mais de três mil pessoas a bordo, contando funcionários e clientes. É o tipo de coisa que funciona melhor em mídia de cinema ou televisão, mas não há complicação em acompanhar a trama, pois o centro é o grupo principal, formado por oito pessoas.
Maddie, a assistente da paranormal Celine que fará apresentações oficiais contactando-se aos espíritos de falecidos dos participantes da sessão. Maddie contribui para o sucesso dos shows de Celine, para que os fãs sintam-se satisfeitos e, claro, cuida do bem-estar da patroa exigente.
Xavier é um blogueiro que está no cruzeiro apenas para tentar desmascarar Celine. Ele a considera uma charlatã e quer provar ao mundo que ela engana seus fãs, não apenas com seus shows, mas também em entrevistas e vendas de livros.
Althea, uma das funcionárias da limpeza do cruzeiro, camareira de uma ala de conveses. Sempre cobrindo colegas menos profissionais e sendo solícita, percebe-se, aos poucos, no entanto, sua sociopatia. Ao conhecer Celine, passa a ser seguidora da médium.
Devi, um dos seguranças do navio, procura deixar os clientes seguros e longe do pânico, até sua tarefa se tornar impossível com as falhas nos sistemas do cruzeiro. Crimes, brigas, medo e confusões surgem.
Jesse, o médico do navio que, assim como Devi, se esforça no trabalho. Tenta cuidar da saúde dos tripulantes, mesmo quando tudo começa a dar errado e um vírus se propaga. Ele acaba retomando seu vício químico para se manter calmo.
Helen e Elise, idosas amigas viajando com um plano sinistro suicida. Seus capítulos mostram ambos os pontos de vista, focando mais em Elise.
Gary, um passageiro do cruzeiro apenas porque sua esposa adora participar desse tipo de viagem. Já ele, não gostando de interagir com os demais como ela, prefere ficar à parte, até porque ele precisa ser discreto, visto que é um criminoso psicopata.
Não há ponto de vista de Celine, mas ela é uma personagem muito importante e enigmática. Não saber o que ela pensa é um ponto positivo. Primeiramente há a dúvida se ela é uma farsa como o blogueiro pensa ou uma verdadeira médium como dizem seus seguidores. Depois, várias outras perguntas aparecem.


A obra é divida em partes referentes ao dia em que O Belo Sonhador está perdido em alto-mar. Se inicia no quarto dia, quando o navio falha, para e seu sistema e ordem começam a se deteriorar. O início do livro pode parecer menos atraente que o final, porém é importante para que a autora apresente cada uma das personagens. É necessário que o(a) leitor(a) as conheça suficientemente para que acompanhe seus respectivos comportamentos quando o caos e medo prevalecem em cena. Outro item interessante é saber o funcionamento normal do cruzeiro: sistemas elétrico, hidráulico, de comunicações; enfermaria, restaurantes, horários. Não são descrições cansativas, são naturais. Portanto, assim que as reservas diminuem e o cotidiano é modificado, a trama realmente começa. As pessoas passam a reclamar do defeito e posteriormente enfrentam mal-estar, doenças e violência.
Se perder o contato com o mundo e estar preso em um navio no meio do oceano, sem saber o que aconteceu e quando tudo voltará ao normal é horrível. Agora imagine quando tripulantes afirmam ver assombrações no navio! A situação se torna assustadora! Fantasmas, sustos, barulhos, contatos com o além... será que há ligações com o navio perdido ou serão alucinações coletivas devido ao estresse e desespero? Serão os espíritos os causadores do problema ou pessoas sugestionadas devido a médium como atração do cruzeiro?



É um livro de suspense lento, porém com cenas sobrenaturais de arrepiar. É uma obra de horror que mostra como as pessoas podem ser mais perigosas que os fantasmas quando suas vidas estão em risco. No entanto, os fantasmas... não sou de me impressionar com descrições de horror em livros (sempre me assusto mais com filmes), mas a autora é excelente! Enquanto as personagens carecem de carisma, o oposto ocorre com as aparições (se é possível chamá-las de "carismáticas"). Estas são instigantes e curiosas, as adorei, porque movimentaram a trama, mesmo se você não souber se são verdadeiras!
A parte final é a melhor e faz a leitura valer muito a pena. Não me empolguei muito com o início, gostei mais da metade final (últimos dias), mas o clímax e o desfecho são muito bons. O final mostra o "depois" e isto é feito com maestria através de entrevistas feitas com viajantes do Belo Sonhador e reportagens jornalísticas, na tentativa de se compreender o acontecimento.
É uma trama que agrada a quem gosta de histórias com fantasmas e conflitos humanos perante o medo, desde que você seja paciente e não se importe com desenvolvimento lento.
Se você gosta de tramas onde o foco é uma catástrofe envolvendo o sobrenatural vai adorar O Quarto Dia. Caso você se interesse por teorias sobre desaparecimentos de navios e aviões (ou de seus tripulantes!) no Triângulo das Bermudas (acreditando ou não), O Quarto Dia poderá ser uma boa leitura, porque aqui você não fica sem respostas, mesmo que tenha que interpretar algumas.
Com Os Três e O Quarto Dia Sarah Lotz apresenta um ciclo horrível de desastres onde nem tudo é acidental, porque forças sobrenaturais atravessam o destino das pessoas.
O exemplar não possui orelhas, as páginas são amareladas, a revisão e diagramação são ótimas e os cortes inferior, superior e dianteiro das páginas possuem coloração azul escuro, combinando com a capa.



Booktrailer:


A autora:
Sarah Lotz é roteirista e autora de romances pulp piction com uma queda pelo macabro e por nomes falsos. Escreve histórias de terror urbano como S. L. Grey e uma série jovem de zumbis com sua filha, Savannah, sob o pseudônimo Lily Herne, além de livros eróticos como Helena S. Paige. Mora na Cidade do Cabo com a família e seus animais de estimação.
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