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[Resenha] Achados & Perdidos, de Brooke Davis e Editora Record (Grupo Editorial Record)

Achados & Perdidos (Lost & Found)
Brooke Davis - Editora Record / Grupo Editorial Record
Tradução: Ana Carolina de Mesquita
241 páginas - 2016 - R$ 34,90
Comprar: Amazon | Livraria Cultura | Livraria Saraiva | Submarino

Sinopse:
"Millie Bird é uma garotinha de apenas 7 anos que já sabe muita coisa. Ela já descobriu que todos nós um dia vamos morrer. Em seu Livro das Coisas Mortas, ela registra tudo o que não existe mais. No número 28 ela escreveu “Meu Pai". Millie descobriu também, da pior forma possível, que um dia as pessoas simplesmente vão embora, pois a mãe dela, abalada com a morte do marido, a abandona numa grande loja de departamentos.
Ela só não está triste porque conheceu Karl, o Digitador, um senhor de 87 anos que costumava digitar com os próprios dedos frases românticas na pele macia de sua mulher. Mas, agora que ela se foi, ele digita as palavras no ar enquanto fala. Ele foi colocado pelo filho em uma casa de repouso, porém, em um momento de clareza e êxtase, ele escapa, tornando-se então um fugitivo.
Agatha Pantha é uma senhora de 82 anos que mora na casa em frente à de Millie e que não sai mais, nem conversa com ninguém, há sete anos. Desde que o marido morreu, ela passou a viver num mundinho só dela. Agatha preenche o silêncio gritando, pela janela, com as pessoas que passam na rua, assistindo à estática na televisão e anotando em seu diário tudo o que faz. Mas, quando descobre que a mãe de Millie desapareceu, ela decide que vai ajudar a menina a encontrá-la.
Então, a adorável garotinha, o velhinho aventureiro e a senhorinha rabugenta partem em uma busca repleta de confusões e ensinamentos, que vai revelar muito mais do que eles imaginam encontrar."

Resenha:
Uma história que me fez rir bastante! A narrativa é fluida e mantém o bom humor, incluindo nos momentos mais tristes. Mesmo quando os assuntos são sérios e as situações angustiantes, a autora mantém o tom descontraído e natural, trazendo alegria ao focar em como a vida sempre tem um lado positivo e bonito, apesar dos piores obstáculos e problemas. Por mais grave que seja a situação, sempre é possível achar beleza e momentos alegres escondidos em meio à depressão ou desastres.
Uma história que me fez chorar... pelas perdas das personagens, pois ali eu vi as minhas. Lutei para segurar as lágrimas, especialmente ao término. O livro acabou e não resisti e chorei pelo acúmulo. Acho que teria sido melhor se não tivesse resistido. No entanto, não é choro apenas por tristeza; é por felicidade também, um conflito sentimental grande, por justamente pensar em como a vida nos traz momentos tão bons e outros tão ruins, mas que somos moldados pelos dois tipos.
Uma história que me deixou um pouco mais sábia, porque a trama é envolvente e toca num ponto que mexe com todos os seres humanos: o que é a morte, como é complexo ver quem amamos morrer e conflituoso imaginar como será quando chegar a nossa vez. Não importa crença, gênero, etnia, idade, todos vamos morrer e ver outros morrendo e por mais que evitemos pensar no assunto, não escapamos dele.


Achados & Perdidos (Lost & Found) chegou ao Brasil em 2016 pela Editora Record; é o romance de estreia da australiana Brooke Davis, publicado originalmente em 2014. Brooke trabalhou como escritora, editora e livreira. O falecimento repentino de sua mãe em 2007 impulsionou seu Doutorado na Curtin University e o resultado criativo é este livro sensacional, com a história de três pessoas perdidas que precisam ser encontradas.
São personagens muito diferentes que se conhecem em meio ao luto: Millie Bird, uma menina de 7 anos de idade que perdeu o pai e foi abandonada pela mãe; Karl, o Digitador, senhor de 87 anos que, após o falecimento da esposa, foi colocado pelo filho em uma casa de repouso; Agatha Pantha, idosa de 82 anos que não sai de casa (literalmente) há 7 anos, data do falecimento do marido.
Cada um tem encarado o processo de luto de uma forma diferente; mais direta ou indiretamente; há mais ou menos tempo. Esse é o centro do livro e é muito interessante que os protagonistas sejam uma criança e dois idosos, ou seja, uma no começo da vida e dois no final. Esse ponto merece destaque, pois geralmente os protagonistas em livros adultos são jovens adultos ou adultos. A autora constrói de modo convincente tanto a criança como os idosos.
O desenvolvimento é notável através da narrativa, que é em terceira pessoa e com três pontos de vista diferentes e extremamente íntimos e peculiares. O leitor acompanha diretamente a forma de pensar, refletir e interpretar os acontecimentos, por parte de cada um dos três protagonistas. Achei incrível o cuidado da autora com a linguagem individual, porém em terceira pessoa, preservando um estilo comum que os une, com flashbacks e informações que formam as histórias e personalidades de Millie, Karl e Agatha. Cada capítulo apresenta o nome de cada um (conforme o ponto de vista) e o livro é dividido em quatro partes. Pode parecer que Millie é a protagonista, porém achei que Karl e Agatha possuem o mesmo destaque.


Millie está começando a vida, descobrindo também o lado triste. Sua obsessão pela morte é agravada com o abandono. Algumas coisas Millie sabe com certeza, mas outras ela precisa descobrir. Karl e Agatha estão no final de suas vidas e já enfrentaram tristeza, morte e abandono, por isso sabem como a garotinha precisa de ajuda. Karl e Agatha são bem diferentes, mas se unem na tentativa de ajudar Millie a encontrar a mãe. Karl é observador e se arrepende de não ter feito muitas coisas, enquanto Agatha é solitária e cronometra rigorosamente sua rotina. Seus comportamentos são o resultado de depressão.
Os três (carregando um manequim de loja amigo de Millie!) tentam de todas as formas acessíveis encontrar a mãe de Millie, agindo por impulso, gerando cenas hilárias e emocionantes. Durante a viagem mais intensa e louca de suas vidas, Karl e Agatha encaram seus traumas e fantasmas do passado e redescobrem a força de viver, sobre como ainda existem novidades e sensações a serem descobertas. O otimismo de Millie é contagiante e sua inocência, típica das crianças de 7 anos, é terna e apaixonante. O trio desajustado mostra ser uma equipe atípica e cativante. É uma leitura revigorante.


O enredo aborda mais que perda, luto, depressão e abandono. É também sobre amizade, confiança, esperança e superação. Sobre como muitas vezes a vida não traz "finais felizes", mas que sempre há algo sempre válido após, sempre uma lição.
Embora a narrativa seja delicada e descontraída, o livro é ficção adulta, com temas universais, porém abordados com linguagem madura.
É literatura contemporânea passada na costa sudoeste da Austrália Ocidental e traz algumas curiosidades sobre o cotidiano dos australianos, além de cenários atraentes mostrados durante a viagem de Millie, Karl e Agatha.
Se você se emocionou com livros como O Projeto Rosie (Graeme Simsion, Editora Record) ou filmes como Pequena Miss Sunshine (2006), dê uma chance a Achados & Perdidos, uma obra-prima dramática, engraçada e brilhante, sobre perder e encontrar.
Livro PERFEITO para ser adaptado para o cinema ou minissérie televisiva!

A autora:
Brooke Davis é australiana e já trabalhou como escritora, editora e livreira. Achados & Perdidos é seu romance de estreia e fez parte de seu doutorado na Curtin University. Assim que foi lançado, tornou-se rapidamente um best-seller na Austrália, entrou na lista dos livros mais vendidos em diversos países, ganhou inúmeros prêmios e teve os direitos de publicação vendidos para 26 países.
Site
Lançamentos da Editora Record em novembro de 2016.

Um comentário

  1. Oi, Tati. Eu me interessei muito pelo livro no início mas vi tantas resenhas negativas sobre ele que acabei dando uma encostada na vontade de lê-lo. Ainda por cima por tratar-se de luto, algo que eu tenho evitado pois ainda estou passando pelo meu. Por isso, vou passar a indicação, mas amei sua resenha!
    Abraço. Leitora Encantada
    Participe do Sorteio de Natal

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