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[Resenha] O Jardim Esquecido de Kate Morton e Arqueiro

O Jardim Esquecido (The Forgotten Garden)
Nova edição. Publicado originalmente como O Jardim Secreto de Eliza.
Kate Morton - Arqueiro
Tradução: Léa Viveiros de Castro
496 páginas - R$ 49,90 (impresso) e R$ 29,99 (ebook)
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Sinopse:
"Kate Morton já vendeu mais de 10 milhões de livros no mundo. Nova edição do livro de maior sucesso da autora.
Uma criança abandonada, um antigo livro mágico, um jardim secreto, uma família aristocrática, um amor negado.
Em mais uma obra-prima, Kate Morton cria uma história fantástica que nos conduz por um labirinto de memórias e encantamento, como um verdadeiro conto de fadas.
Dez anos após um trágico acidente, Cassandra sofre um novo baque com a morte de sua querida avó, Nell. Triste e solitária, ela tem a sensação de que perdeu tudo o que considerava importante. Mas o inesperado testamento deixado pela avó provoca outra reviravolta, desafiando tudo o que pensava que sabia sobre si mesma e sua família.
Ao herdar uma misteriosa casa na Inglaterra, um chalé no penhasco rodeado por um jardim abandonado, Cassandra percebe que Nell guardava uma série de segredos e fica intrigada sobre o passado da avó.
Enchendo-se de coragem, ela decide viajar à Inglaterra em busca de respostas. Suas únicas pistas são uma maleta antiga e um livro de contos de fadas escrito por Eliza Makepeace, autora vitoriana que desapareceu no início do século XX. Mal sabe Cassandra que, nesse processo, vai descobrir uma nova vida para ela própria."

Resenha:
A australiana Kate Morton, traduzida para 34 idiomas, já vendeu mais de 10 milhões de exemplares em 42 países. Seu livro de maior sucesso, The Forgotten Garden, de 2008, foi publicado no Brasil pela primeira vez como O Jardim Secreto de Eliza. Já no ano passado a Editora Arqueiro trouxe às livrarias outra obra da autora, A Casa do Lago (The Lake House, 2015) e em setembro de 2018, a novíssima edição sob o título O Jardim Esquecido. O exemplar possui orelhas, páginas amareladas, ótimas revisão e diagramação e tradução de Léa Viveiros de Castro.
Encantador. Vibrante. Misterioso. Inesquecível. É a forma mais adequada de resumir este livro maravilhoso. Adoro quando uma história ficcional é capaz de parecer realista em fatos, ambientação e personagens, e ainda assim, transmitir uma atmosfera sutil de magia. Há melancolia, beleza, segredos, um misticismo implícito no ar e também uma excelente estrutura de narrativa, viajando por mais de um século de acontecimentos e cenários belos, acolhedores e intrigantes; abrangendo cinco gerações de mulheres, focando em Eliza Makepeace, Rose Mountrachet, Nell Andrews e Cassandra Ryan.
Uma trama delicadamente feminista, que mostra que sonhar é essencial para traçarmos nossos objetivos, que fantasia e criatividade nos fortalecem, mas que ter atitude e ousadia pode ser perigoso, porém é o que nos fará criar coragem para concretizar ideias e desejos. As personagens principais são mulheres de épocas diferentes que se esforçam por conquistas e anseios, o que certamente era ainda mais difícil no início do século XX, especialmente se a aspiração fugia do padrão de sua época.
A premissa traz um grande enigma: por que uma garotinha de 4 anos de idade foi aparentemente abandonada em um porto da Austrália em 1913 de um navio que veio da Inglaterra? A resposta não é nada simples, mas sua neta, uma adulta em 2005, está decidida a descobrir, mesmo que para isso seja necessário investigar incansavelmente, viajar para outro continente e escavar a fundo o passado não apenas de sua avó, mas de sua verdadeira família. Ela não deixará que um antigo jardim permaneça esquecido - nem mesmo seus mistérios, história e encantos. É uma busca por sua origem e mais que isso: sua herança, mas não é uma questão de bens, mas de identidade.


"Um futuro que agora era passado, uma vida que tinha terminado. E, no entanto, isso ainda importava, importara para Nell e importava para Cassandra. Este quebra-cabeça era sua herança. Mais do que isso, era sua responsabilidade."


A narrativa, separada em 3 partes (em mais de 50 capítulos), não é linear. Feita a maior parte do tempo em terceira pessoa, ocorre sob diversos pontos de vista, não somente das protagonistas, mas também de algumas personagens secundárias. Possui muitos outros textos em primeira pessoa, como cartas e diários. Complementando, há fragmentos de um livro infantil com contos de fadas sombrios e belos. E é exatamente o que a trama é: linda, mas com um clima de perigo, de algo lúgubre. Alegre e triste.
A estrutura é magnífica e sua composição deve ter sido muito trabalhosa. A autora não criou somente uma trama deslumbrante; ela caprichou no desenvolvimento, totalmente sustentado pelas viagens cronológicas. Vai de 1900 a 2005 e ocorre na Austrália, em Queensland, especificamente Brisbane e Maryborough, e na Inglaterra, em Londres e Cornualha (Tregenna e Polperro), Mas o cenário principal se localiza numa bela enseada vizinha à Aldeia de Tregenna: a Propriedade Blackhurst, onde estão a Mansão Blackhurst, o Chalé do Penhasco e o labirinto que as interliga. Nele, um jardim secreto; ao lado do chalé, a Rocha Negra com vista para o belo litoral. (O exemplar possui um mapa). A autora se inspirou na própria casa da família na Cornualha para compor o local central de O Jardim Esquecido, conforme ela informou em um vídeo do Youtube. Se baseou em um fato ocorrido com sua avó para ser o pontapé inicial: uma adulta descobre que foi adotada pelos pais.


Em 1930, ao completar 21 anos de idade o pai de Nell confessa que a adotou há 17; que em 1913 a encontrou sozinha e perdida num cais, incapaz de se lembrar de qualquer coisa e carregando consigo apenas um livro de contos de fadas.
Em 1975, após a morte do pai, Nell possui algumas pistas sobre seu passado, o livro infantil muito raro e alguns flashbacks e memórias muito enevoadas e fragmentadas. Com estas ferramentas decide tentar montar o quebra-cabeça sobre suas origens, viajando até a Cornualha, na Inglaterra, onde procura por informações sobre a Autora, a mulher ruiva que ela se recorda.
No entanto, seus planos são interrompidos quando sua filha aparece repentinamente e deixa sua neta Cassandra aos seus cuidados. O que era para ser temporário se torna permanente. Nell cria Cassandra e prossegue com sua loja de antiguidades.
Em 2005, Cassandra, traumatizada por um acontecimento trágico, segue os passos de Nell, ficando cada vez mais intrigada com tanto mistério envolvendo sua avó, a Autora, um ilustre pintor e uma família aristocrata da Cornualha.
As personagens são todas incríveis, especialmente Eliza, aquele tipo inesquecível e arrebatador, um exemplo formidável de heroína. É de longe minha preferida, mesmo com pontos fracos (e quem não tem?) e, em meio a tantas injustiças e adversidades, não desiste de seu talento e sonhos; mesmo quando tudo se torna sinistro, ela continua a brilhar. Cassandra possui também um bom desenvolvimento, superando um choque horrível. A busca pela origem da avó (e sua) se transforma num meio de superação de seus seus próprios fantasmas.
A leitura começou lenta para mim, pois sinceramente não sabia o que esperar da obra. Após um quarto aproximadamente, me interessei bem mais e ao alcançar a metade, estava completamente fascinada. O final então é incrível, pois encontramos todas as respostas, mesmo que de formas inabituais. O epílogo me emocionou muito.


"Você não deve esperar que alguém venha salvá-la — continuava mamãe, com um olhar distante. — Uma moça que espera ser salva nunca aprende a salva. Mesmo que tenha os meios, não terá a coragem. Não seja assim."


O romance gótico é claramente uma homenagem a escritores(as) e ilustradores(as) de contos de fadas e histórias infantis. Os contos presentes na obra, inteiros ou em trechos, foram escritos pela Autora e não apenas contribuem para o encantamento da trama, mas também se ligam diretamente aos acontecimentos e sentimentos reais vivenciados pela personagem; ou seja, carregam significado e ajudam a solucionar os enigmas que Cassandra e Nell têm tentado resolver. São um espetáculo à parte, pois os adorei.
Também é um tributo a uma obra publicada em 1910, O Jardim Secreto (The Secret Garden) de Frances Hodgson Burnett, adaptada muitas vezes para o cinema, teatro e televisão. Nele, uma órfã vai morar no casarão do tio e se torna amiga de dois meninos, seu primo de saúde frágil e o filho da criada da família. Os três brincam e cuidam de um jardim abandonado.
Se você procura uma trama muito bem estruturada e de narrativas cruzadas e não resiste a segredos familiares, mistérios seculares e locais abandonados, vai gostar de acompanhar as diversas mulheres nesta lúgubre, cativante e intrigante obra, capaz de provocar lágrimas, suspiros e sorrisos sem se desgrudar do suspense.  É um livro para se lavar a alma. Se quer uma leitura que faça você pensar em passagens secretas, labirintos misteriosos, muros antigos e jardins encantadores, O Jardim Esquecido é ideal para você. Uma saga familiar sobre identidade, amizade, sonhos e liberdade.

A autora:
Kate Morton é uma autora premiada e frequenta as listas de mais vendidos em todo o mundo. Seus livros venderam mais de 10 milhões de exemplares em 42 países, sendo traduzidos para 34 idiomas. Dela, a Editora Arqueiro também publicou A Casa do Lago.
Criada nas montanhas de Queensland, na Austrália, Kate é formada em arte dramática e literatura inglesa, especializada em tragédias do século XIX e em romances góticos contemporâneos. Atualmente vive com o marido e os filhos em Londres.
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“O Jardim Esquecido é encantador e hipnotizante, repleto de mistérios e suspense que deixarão o leitor ávido pelo final.” – The Guardian.

“Maravilhosamente escrito, este é um dos melhores livros do ano.” – Woman’s Day.

“Um romance cheio de reviravoltas que mantêm o leitor intrigado até os capítulos finais.” – Evening Gazette.

Outro livro de Kate Morton publicado pela Arqueiro:


Dicas de leitura para quem se interessou por/gostou de O Jardim Esquecido (clique no título para saber mais):


A Casa das Orquídeas (Lucinda, Riley Arqueiro); Labirinto (Kate Mosse, Suma); A Décima Terceira História (Diane Setterfield, Record); O Legado (Katherine Webb, Record); A Sombra do Vento (Carlos Ruiz Zafón, Suma); A Casa das Marés (Jojo Moyes, Intrínseca); Jardim de Inverno (Kristin Hannah, Novo Conceito); As Violetas de Março (Sarah Jio, Novo Conceito); Segredos de Família (Lisa Wingate, Globo Livros); A Amiga Genial (Elena Ferrante, Biblioteca Azul); Um Hotel na Esquina do Tempo (Jamie Ford, Nova Fronteira); O Amante Japonês (Isabel Allende, Bertrand Brasil).

E se você já gosta de algum deles, confira O Jardim Esquecido.

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