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[Resenha] Princesa das Cinzas, livro 1, de Laura Sebastian e Arqueiro

Princesa das Cinzas (Ash Princess)
Princesa das Cinzas - livro 1
Laura Sebastian - Arqueiro
Tradução: Raquel Zampil
352 páginas - R$ 39,90 (impresso) e R$ 24,99 (ebook)
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Sinopse:
"A jovem Theodosia tem seu destino alterado para sempre depois que seu país é invadido e sua mãe, a Rainha do Fogo, assassinada. Aos 6 anos, a princesa de Astrea perde tudo, inclusive o próprio nome, e passa a ser conhecida como Princesa das Cinzas.
A coroa de cinzas que o kaiser que governa seu povo a obriga a usar torna-se um cruel lembrete de que seu reino será sempre uma sombra daquilo que foi um dia. Para sobreviver a essa nova realidade, sua única opção é enterrar fundo sua antiga identidade e seus sentimentos.
Agora, aos 16 anos, Theo vive como prisioneira, sofrendo abusos e humilhações. Até que um dia é forçada pelo kaiser a fazer o impensável. Com sangue nas mãos, sem pátria e sem ter a quem recorrer, ela percebe que apenas sobreviver não é mais suficiente.
Mas a princesa tem uma arma: sua mente é mais afiada que qualquer espada. E o poder nem sempre é conquistado no campo de batalha."

Resenha:
A protagonista de A Princesa das Cinzas, Theodosia, é filha da rainha do fogo e herdeira de Astrea, uma nação antes próspera e repleta de magia. Há uma década, quando ela tinha apenas 6 anos de idade, viu sua mãe ser assassinada e sua pátria tomada pelo reino saqueador e militarizado Kalovaxia. Após o genocídio, os poucos sobreviventes foram escravizados e torturados; seu patrimônio, saqueado; sua cultura e tradições, apagadas e proibidas; e suas pedras mágicas, exploradas e profanadas. Os astreanos estão quase totalmente dizimados e Theo é mantida cativa pelo novo governante, o terrível kaiser. Constantemente exibida como um troféu, um lembrete da supremacia dos kalovaxianos sobre os astreanos, ela é publicamente punida e constantemente torturada. Além das incontáveis cicatrizes em suas costas, Theo é obrigada a sustentar uma coroa de cinzas em eventos estratégicos, sendo humilhada e abusada, e a viver prisioneira na corte e a conviver com os tiranos, como o homem que cortou a garganta de sua mãe.
Para sobreviver, após surras e abusos psicológicos, Theo se sustentou em seu novo nome, Thora, e seu novo título, princesa das cinzas, para criar uma nova identidade. Ela suporta as dores e abaixa a cabeça para se manter viva e buscar por uma solução, até o dia em que é obrigada a realizar um ato chocante. Ela percebe então que precisa fazer o impossível e deixar de ser Thora e voltar a ser Theo; a abandonar sua posição submissa como a princesa das cinzas e a assumir seu verdadeiro lugar, o de rainha do fogo soberana de Astrea!

"Entretanto, enquanto a coroa da minha mãe era forjada em ouro negro e engastada com rubis, a que o kaiser me manda é moldada em cinzas e, assim que Hoa a coloca no lugar, ela começa a se desfazer, deixando rastros em meus cabelos, pele e vestido."


Esta é a premissa do empolgante e incrível lançamento de outubro da Editora Arqueiro, Princesa das cinzas, o primeiro volume de uma trilogia homônima. É Young Adult, porém recomendado também ao público adulto; é Fantasia Sombria, mas também um épico feminista fascinante, com ação física e psicológica, romance, magia, aventura e intrigas.
Enquanto Theo esteve encarcerada no palácio, seu povo sofria nas ruas e nas minas de pedras de poder. Algumas rochas de Astrea possuem energia dos quatro elementos da natureza: fogo, água, ar e terra, que dão habilidades ou poderes a quem as carrega. Durante gerações e gerações, somente determinadas pessoas tinham permissão para utilizá-las. As com maior aptidão, previamente avaliadas, testadas e incessantemente treinadas, se tornavam dignas: os Guardiões das pedras de Astrea; estes foram derrotados durante a invasão e destruição do país, porque Astrea, um reino muito pacífico, não se preparava para batalhas ou guerras. As pedras eram usadas para construção, progresso, cura, melhorias. Os Guardiões que restaram foram escravizados, assassinados ou presos e muitos obrigados a utilizar os poderes conforme a vontade do kaiser e seus comandantes de guerra. Um sacrilégio e desrespeito à cultura dos astreanos.
Mas estes nunca desistiram. A rebelião sempre existiu, assim como a ânsia por liberdade. Durante estes dez anos eles planejam, sabotam e tentam rebelar-se contra o kaiser e seu governo opressor. E agora, o povo tem novas armas para usar, como jovens que deveriam ter sido Guardiões, uma rainha pirata e a nova rainha do fogo. Eles têm um prazo muito curto e Theo precisa escapar do palácio e aprender a ser mais que uma líder e rainha, mas também uma guerreira e estrategista.

"Suponho que seja fácil sentir-se à vontade em um mundo no qual você está por cima. É fácil não notar aqueles em cujas costas você pisa para se manter no alto. Eles não são nem vistos."


As personagens são instigantes e prendem a atenção. Além de Theo e do kaiser, temos dois núcleos principais, os astreanos e os kalovaxianos. Os primeiros, em nítida desvantagem, são basicamente escravos, criados e fugitivos das minas, como o amigo de infância de Theo, Blaise, e seus novos aliados, Heron e Artemisia. Dentre os kalovaxianos se destacam a esposa do kaiser e seu filho e herdeiro Søren, além de um dos líderes bélicos e sua filha Cress, amiga de Theo. Mesmo pertencendo a mundos muito diferentes, elas construíram uma amizade, ou algo semelhante. O relacionamento de Theo e Cress foi um dos grandes destaques para mim. É extremamente complexo e intrigante, cheio de nuances e pormenores e simplesmente adorei a forma como a autora o explora.
Há um triângulo amoroso, e geralmente é algo que não gosto, embora seja um clichê dos Young Adult apreciado pela maioria. Inicialmente me senti desapontada quando o notei na trama; mas é importante e felizmente foi bem colocado e desenvolvido, sem ser o foco do livro, mas possuindo total sentido. Porque através dele notamos um lado íntimo da protagonista que vai além da busca pela rainha dentro de si. Enquanto Theo anseia por amor verdadeiro e por uma vida normal, Thora nunca amou nem deve amar ou se afeiçoar a alguém. Em meio a estas duas identidades, a de Theo que nunca teve oportunidade de existir e a de Thora que nunca deveria ter sido criada, a princesa das cinzas precisa deixar seus anseios, sonhos e medos de lado para poder se tornar a rainha do fogo
O mesmo vale para a violência sofrida pela protagonista; não é gratuita nem desnecessária. Foi um sofrimento presenciar tanta dor e injustiça em muitas cenas, quando eu oscilava entre profunda tristeza e puro ódio, mas tudo serve para compreendermos a complicada posição e complexa identidade de Theo e para justificar muitas de suas futuras decisões e sentimentos.

"— Não são as coisas que fazemos para sobreviver que nos definem. A gente não se desculpa por elas — diz baixinho, sem tirar os olhos dos meus. — Talvez eles a tenham ferido, mas, por causa disso, você agora é uma arma mais afiada. E está na hora de atacar."


O livro, narrado em primeira pessoa pela protagonista, possui excelente desenvolvimento de enredo, boas personagens, perigos aparentemente intransponíveis e algumas reviravoltas finais impressionantes que me deixaram curiosíssima sobre a sequência. Foi uma das minhas melhores leituras em 2018 e um dos livros de Fantasia mais interessantes que li nos últimos tempos.
A aventura é movimentada e o potencial para a continuação é muito bom, com promessas de vilania ainda mais poderosa, desejos de vingança ampliados, possibilidade de muitas batalhas, uso de superpoderes, envolvimento de piratas e muitas conspirações a caminho. A mitologia da fonte de poder das pedras, claramente inspirada na Wicca e no Xamanismo, é ótima. As mensagens políticas e sociais da obra são claras como as críticas à exploração de um povo pelo outro, especialmente no fato da retirada da soberania e identidade de Astrea pela Kalovaxia. A obra detona também racismo, escravidão, abuso de poder e má exploração de recursos naturais e energéticos. Além de tudo isso, há excelente representatividade feminina e de pessoas de cor.

"Não como Thora, a garota destroçada, nem como Theodosia, a rainha vingativa. Simplesmente Theo, as duas e nenhuma delas. Simplesmente eu. E talvez aqui, sem ninguém para nos ver além das estrelas, eu possa ser essa garota por apenas um momento."



O destaque é a protagonista e seu crescimento na trama. Totalmente girl power e multifacetada, entra para a lista de heroínas inesquecíveis! Muitas heroínas de Young Adult de fantasia costumam ser muito corajosas, espertas e altruístas e eu as adoro. Não que Theo não seja tudo isso, mas admirei muito o fato dela não fazer tudo certo de primeira e não saber o que fazer perante os obstáculos. Ela quer fazer o bem, mas têm fraquezas e precisa ainda aprender a ser líder e rainha, muitas vezes sendo obrigada a seguir pelo caminho que não deseja, mas genuinamente ansiosa para ser a governante que seu povo merece. É inspiradora, realista e eu torci muito e continuarei a torcer por ela! Mal posso esperar pela continuação (Lady Smoke), mas esta só será publicada em inglês em 2019. Como será que Theo reacenderá as chamas de Astrea para libertar seu povo?
O exemplar da Editora Arqueiro possui orelhas, páginas amarelas e ótimas revisão e diagramação. A tradução é de Raquel Zampil.



A autora:
Laura Sebastian nasceu e cresceu no sul da Flórida e sempre gostou de contar histórias. Depois de se formar em artes e design, ela se mudou para Nova York. Quando não está escrevendo, está lendo, assando biscoitos ou bolinhos, comprando mais roupas do que cabem em seu armário ou forçando seu preguiçoso cachorro Neville a dar um passeio. Princesa das Cinzas, seu livro de estreia, é o primeiro da trilogia.
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"Para os fãs de A Rainha Vermelha e de Sansa Stark, de Game of Thrones." – Bustle.

"Os fãs das séries A Seleção e Jogos Vorazes vão adorar a jornada da princesa Theodosia, com seus aliados inesperados e ousados planos de fuga." – School Library Journal.

"A história de uma princesa enfraquecida porém implacável incitando uma rebelião para recuperar seu poder legítimo é bastante oportuna. Princesa das Cinzas traz um toque inteligente e feminista ao conto tradicional da heroína derrotada, com muita intriga, amor e mentiras para deixar tudo mais atraente. Você não vai conseguir parar de ler." – Virginia Boecker, autora da série A Caçadora de Bruxos.



Dicas de leitura para quem se interessou por/gostou de Princesa das Cinzas: (clique no título para saber mais):

A Rainha de Tearling (Erika Johansen, Suma); A Rainha Vermelha (Victoria Aveyard, Seguinte); Três Coroas Negras (Kendara Blake, Globo Alt); A Fúria e a Aurora (Renée Ahdieh, Globo Alt); Uma Chama entre as Cinzas (Saabah Tahir); A Rebelde do Deserto (Alwyn Hamilton, Seguinte).
Todos são primeiros volumes de séries ou trilogias.


E se você já gosta de algum deles, corra para ler Princesa das Cinzas!

Um comentário

  1. Olá, amei o livro quando li, totalmente incrível 😍 Apaixonada 😄❤
    Mas fiquei triste em saber que só tem o segundo livro em inglês 😔. Queria saber quando irão traduzir e lançar aqui no Brasil ?

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