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Red Rising, volume 1: Fúria Vermelha, de Pierce Brown e Globo Livros

Fúria Vermelha (Red Rising)
Trilogia Red Rising - livro 1
Pierce Brown - Globo Livros
Tradução: Alexandre D'Elia
468 páginas - Ano: 2014 - R$44,90
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Sinopse:
"“Fúria Vermelha é o primeiro volume da trilogia Red Rising, e revive o romance de ficção científica que critica com inteligência a sociedade atual.
Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade.
Fúria Vermelha será adaptado para o cinema por Marc Forster, diretor de Guerra Mundial Z.


Resenha:
Distopias voltadas ao público jovem transcenderam de moda para estilo literário preferido de muitos leitores. Embora nem todos apreciem as distopias clássicas, as contemporâneas continuam em alta e cada vez mais editoras brasileiras trazem ao país livros do gênero, assim como escritores nacionais têm produzido mais histórias dessa linha.
Prefiro as clássicas, por causa de estruturas de enredo e personagens mais variadas, mas também sou fanática por distopias atuais. O problema é quando alguns aspectos começam a se tornam repetitivos demais; ou quando uma trama, por melhor que seja, passa a focar em outros elementos que não têm ligação com a distopia e conflito principal. No meio de tantas, algumas se destacam por originalidade ou, simplesmente, por focar no tema distópico e crítica social com intensidade.
A Globo Livros trouxe ao Brasil no final de 2014 o primeiro volume da série Red Rising, do autor Pierce Brown: Fúria Vermelha (Red Rising, 2013). Na capa a indicação: "Uma história de vingança e conquista de poder, comparada a Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2008, Suzanne Collins) e a Guerra dos Tronos (Crônicas de Gelo e Fogo, A Song of Ice and Fire, 1996, George R. R. Martin)." Não gosto de indicações assim, porém dessa vez confesso: Sim, Fúria Vermelha possui itens de Jogos Vorazes e de Guerra dos Tronos. Também em 2014, a Globo Livros trouxe outra distopia alucinante aos brasileiros: Battle Royale (1999, Koushun Takami), livro que certamente inspirou Jogos Vorazes. Portanto deixo aqui um grande agradecimento para a editora por trazer duas das melhores distopias que já li. Se você gosta de distopia pelas verdadeiras razões que faz o gênero viciar os leitores, estes são dois livros essenciais para você.

Fúria Vermelha é uma obra marcante, impecável, violenta e fascinante. Mais que uma distopia, é um épico! Me perco em elogios e posso soar exagerada, mas é realmente excelente. Apresenta características suficientes para ser classificada como distopia e não traz cenas românticas e triângulos amorosos clichês que começam a me entediar. Ms traz a força do amor! Possui muita ação, muitas cenas de lutas, intrigas e impressionantes reviravoltas. É quase um thriller, porque os acontecimentos não param e me fascinei por um primeiro volume trazer tanta movimentação e brutalidade, além de conspirações. É brilhante, inteligente, arrebatador e mal dá para respirar com tantos acontecimentos.
A edição da Globo Livros está linda, gostei da diagramação, revisão, tamanho da fonte e páginas amareladas. A capa tem fundo fosco e toque suave com uma asa vermelha e brilhante na frente. O título é em relevo, prateado e com leve sombreamento vermelho. Possui orelhas e um mapa para que o leitor acompanhe melhor as estratégias e batalhas. Além disso, o mapa mostra as marcações territoriais de cada Casa, essencial para a leitura.


A crítica social foca na opressão da elite sobre a massa popular. A dominação das camadas sociais mais abastadas e poderosas sobre as inferiores é feita com censura extrema, propaganda enganosa, muita violência e punição. O nível mais importante é formado pelos Ouros, o topo da pirâmide social. São poderosos ao ponto de transformarem a realidade da camada mais baixa, a base da pirâmide, composta pelos Vermelhos, em completa mentira e escravidão.
Mesmo assim, os Ouros conseguem manter a falsa sensação de segurança e ordem, privando cada Cor (ver a lista ao término da resenha) de muitas coisas comuns, como a liberdade. Os Vermelhos são os mais atingidos, convencidos a se sacrificarem para salvar a humanidade através de seu trabalho intenso e sub-humano. Os Vermelhos pensam que todo o sofrimento e privação são necessários para a salvação do ser humano. Portanto, existe a privação do indivíduo em prol da sociedade e a esperança por um futuro melhor, porém é a grande farsa.
O momento da descoberta da opressão e mentiras grotescas pelo protagonista ocorre logo no começo da história e é chocante. Ele sofre uma perda inestimável, se vê obrigado a romper o controle e se revoltar contra um sistema de desigualdade ferrenha. Em busca de vingança, o protagonista precisará vencer uma batalha aparentemente impossível ao tentar cumprir a missão de se infiltrar entre os Ouros. Mas ele é um Vermelho.
Ele precisa ascender do nível mais insignificante ao topo da Sociedade. E não dá para se disfarçar. Porque cada Cor possui características físicas únicas e marcantes, inclusive visualmente. Para isso ele sofre a melhor transformação que me lembro de ter visto na ficção: É física, psicológica, mental, cultural, inédita, inacreditável. Os motivos que o qualificam para passar por isso também são ótimos, o leitor não deixa falhas.
Preparado e modificado, o protagonista vai encarar uma batalha agressiva, complexa e repleta de inimigos por todos os lados. Vem a surpresa de que os obstáculos são bem diferentes do que os planos dos rebeldes mostraram e o herói precisa se adaptar em meio a tragédia.
A trama apresenta algumas jogadas e intrigas políticas, um pouco acima do padrão de distopias juvenis, portanto a considero mais madura. Não alcança o mesmo nível de complexidade do enredo de Guerra dos Tronos, mas fica bem mais acima do de Jogos Vorazes. A mesma observação vale para o nível de violência. É altíssimo, mas sempre dentro do contexto.

E o que mais a trama traz de incrível? É um futuro distópico distante em que o cenário é o planeta Marte! A ambientação é inovadora, peculiar e curiosa. No início do livro mergulhei em fascinação e minha expectativa a respeito da criação do autor aumentava. É um mundo rico, principalmente quando o leitor descobre como vivem os Vermelhos e sua função principal.
A flor de sangue, ou haemanthus é um item tão importante que poderia estar na capa do livro. Ou a curviLâmina. Ou uma pele de lobo. Fúria Vermelha é um livro recheado de pequenas coisas marcantes.
Darrow é o herói, a personagem principal e me conquistou desde os primeiros capítulos. Adoro protagonistas femininas fortes nas distopias, mas foi refrescante ler uma com um rapaz à frente. Ele é um Vermelho, um Perfurador, especificamente um Mergulhador-do-Inferno de Lykos, do Clã Lambda. Não apenas a sua Cor importa, mas outras coisas como Família e Clã e a lealdade sempre está relacionada a isso. A estrutura social é muito bem elaborada e pode parecer estranha nas primeiras páginas, mas rapidamente qualquer leitor se familiariza. Eu me encantei, achei diferente.
Darrow precisa abandonar quem ele é e sua origem para assumir um papel perigoso: O de revolucionário. Este livro possui um dos espíritos rebeldes mais poderosos dentre as distopias modernas.
As personagens secundárias são muito boas. No início da disputa me perdi um pouco, mas ao me situar foi um mergulho profundo e eu não queria mais sair do mundo de Pierce Brown. Além de Darrow adorei Mustang e Sevro.
Outro detalhe que engrandece o livro: O enredo faz referências diretas a mitologia greco-romana, especialmente na nomeação das Casas que se enfrentam: Marte, Minerva, Diana, Júpiter, Ceres, Apolo, Juno. Você não precisa conhecer nada sobre deuses do Olimpo, mas certamente ficará interessado nas escolhas dos nomes, incluindo dos Ouros.

Ilustração: Marcelo Siqueira.
A narrativa é em primeira pessoa e incrivelmente ágil. Darrow é um narrador especial, até quem prefere em terceira pessoa provavelmente concordará que a escolha do autor ficou perfeita. Darrow conquista e impressiona. O rapaz evolui e cresce tanto na trama, na guerra e como pessoa, que apresenta atitudes fortes, refletindo no modo como conta a história. Sua força de vontade e busca por vingança e justiça são fundamentadas em excelentes acontecimentos. Ele é o herói e tem boa índole, porém é capaz de cometer atos um tanto perturbadores, tanto para o leitor quanto para si próprio.
O livro é dividido em 44 capítulos e em 4 partes: Escravo, Renascido, Ouro e Ceifeiro. Posso elogiar também os títulos de cada uma? Combinam perfeitamente com o momento central que Darrow enfrenta.
O ponto forte sobre o desenvolvimento do enredo é que geralmente grandes conflitos e guerras em distopias em série somente costumam ocorrer na metade. Ou seja, se uma trilogia, costuma ter rebelião e batalha mesmo no final do segundo livro para o terceiro. O primeiro choca, mas serve mais como apresentação e traz conflitos menores depois que analisamos o conjunto da obra. Já o livro um de Red Rising parece uma saga completa, com tantas brigas, mortes, conquistas, revoltas, surpresas...
O final é formidável e estou hiperansiosa pelos próximos volumes, espero que sejam rapidamente publicados pela Globo Livros.
O livro dois é Golden Sun e foi publicado em inglês em janeiro de 2015. O terceiro e último é intitulado Morning Star, ainda inédito e programado para 2016. Estou no aguardo e com a expectativa de ser uma trilogia grandiosa.
Fúria Vermelha está sendo adaptado para o cinema pelo mesmo diretor de Guerra Mundial Z, Marc Forster. Tem potencial para arrasar na telona!




Lista das Cores (classes sociais):

Pirâmide social da Cores e seus símbolos.
Ouros: Membros mais nobres da sociedade. Os mais fortes e belos, orgulhosos e vaidosos. Controlam toda a sociedade.
Pratas: Contabilizam e manipulam a moeda e a logística.
Brancos: Controlam a justiça e a filosofia da sociedade. São os pensadores.
Cobres: Também chamados de Centavos, administram a burocracia e o Comitê de Qualidade.
Azuis: São os viajantes e exploradores do universo.
Amarelos: Estudam os medicamentos e as ciências.
Verdes: Desenvolvem a tecnologia.
Violetas: Os criativos. Considerados artistas da sociedade.
Laranjas: Os engenheiros mecânicos. São os mais prestigiados da classe dos trabalhadores.
Cinzas: Também chamados de Latões, garantem a ordem e a hierarquia nas sociedades.
Marrons: Serviçais das tarefas cotidianas.
Obsidianos: Também chamados de Corvos. Elite militar da sociedade, garantem a proteção dos Dourados.
Rosas: São empregados e proporcionadores de prazer da alta sociedade.
Vermelhos: As formigas operárias da sociedade. A capacidade física e mental dos integrantes dessa cor é imensurável.

O autor:
Pierce Brown vive em Los Angeles. Cursou ciências políticas e economia na faculdade e trabalhou como analista de redes sociais em uma startup de tecnologia e nas redes de televisão NBC e ABC, enquanto tentava escrever em seu tempo livre. Fúria Vermelha é seu livro de estreia.

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8 comentários

  1. Narrativa em primeira pessoa já me chama a atenção sabe, parece que fico mais dentro da trama, hehe. As partes do livro são bem originárias né, Escravo, Renascido, .... Gostei da originalidade do autor. O autor Pierce é uma coisa a parte né?! Hehe me desculpe. :0

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  2. Nao gosto muito das distopias atuais, nao que ache ruim mas nao me animo a seguir com as trilogias, fora que sao meio parecidas. Mas Furia Vermelha nao ser focada em um triangulo amoroso ja me anima a ler

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    1. Fúria Vermelha é bem diferente e sai fora dessa moda de triângulo amoroso :) Beijos.

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  3. Oi Tatiana, gostei do enredo, não conhecia ainda. Mas sendo trilogia, vou esperar que saiam os outros volumes, assim leio de uma tacada só, estou achando melhor assim.
    Bjs, Rose

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    1. Oi, Rose, vai demorar então um pouco. Mas leia sim, esse primeiro volume é magnífico! Beijos.

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  4. O livro não me despertou nem um pouco a vontade de ler, apesar da ótima resenha que você fez Tatiana. Ele me perdeu por ser uma distopia e por ser ficção científica. E como você disse que possui itens de Guerra dos tronos e jogos vorazes, fiquei com menos interesse ainda, apesar de nunca ter lido nenhuma das duas séries.

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    1. Oi, Amália, pelo visto você não gosta de distopias, que pena. são excelentes histórias para mostrar como o ser humano tem medo de um futuro ruim. Funcionam como alerta para o presente. Mas é questão de gosto, né? Beijos.

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