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Jessica Wild, volume 1: 1 Milhão de Motivos para Casar, Gemma Townley e Editora Record (Grupo Editorial Record)

1 Milhão de Motivos para Casar (The Importance of Being Married)
Trilogia Jessica Wild - livro 1
Gemma Townley - Editora Record / Grupo Editorial Record
Tradução: Aline França
392 páginas - 2015 - R$39,00
Comprar: Americanas | Cultura | Saraiva

Sinopse:
"Quatro milhões de libras. Para Jessica Wild, este é um valor que ela nunca mesmo, em seus sonhos mais loucos, conseguiria ter. Porém, é mais ou menos o quanto ganha quando sua amiga Grace morre e a deixa como herdeira. O único obstáculo entre Jess e a fortuna é um detalhezinho no testamento: seu nome aparece como Sra. Jessica Milton. 
A questão é que... bem... Grace sempre perguntava sobre a vida amorosa de Jess. Ela, por sua vez, descrente no amor e na felicidade conjugal, acabou inventando um namorado — que viria a se tornar seu marido — de mentira. O sortudo foi Anthony Milton, seu chefe. E agora Jess se vê em um beco sem saída: a única maneira de conseguir a herança é se casar com Anthony. Em cinquenta dias. E sem que ele saiba o verdadeiro motivo. 
Jessica então terá de usar todas as manobras possíveis para conseguir o sucesso da nova empreitada: o Projeto Casamento."

Resenha:

Não sou a maior fã de chick-lits, mas quando encontro um que gosto, o indico para todo mundo. Para isso, não basta a obra possuir os itens básicos do gênero. É necessário que eu encontre algo especial, diferente, único. Sou uma leitora eclética e que não se importa com clichês, desde que o livro funcione bem e atinja seu público-alvo. Resumindo: pode ser clichê, mas tem que ser bom; não curto muito chick-lit, mas se este possuir um atrativo a mais, sou capaz de amá-lo.
A Editora Record (Grupo Editorial Record) publicou em julho de 2015 o livro 1 Milhão de Motivos para Casar (The Importance of Being Married, 2008), da irmã da Sophie Kinsella. Este é meu primeiro contato com a autora Gemma Townley e confesso que pelo sucesso enorme e ótimas críticas sobre os livros da irmã, me interessei pela leitura. Para quem não sabe, Kinsella é responsável pela personagem Becky Bloom, que já até foi levada ao cinema. Acho que esta e a Bridget Jones (da autora Helen Fielding, também com adaptações em filmes) são as protagonistas de chick-lits britânicos mais famosas e queridas. E eu adoro comédias românticas britânicas, mais que as norte-americanas.
Unindo essa ideia a excelente premissa de 1 Milhão de Motivos para Casa e a vontade de ler um bom chick-lit, não resisti. Jessica Wild tem a chance de herdar 4 milhões de libras! (mais de 21 milhões de reais!). Mas no testamento consta que seu sobrenome é "Milton", pois antes de sua amiga falecer, ela inventou que havia se casado com seu chefe Anthony Milton. Grace se foi e deixou tudo para Jessica. Jessica Milton, não Jessica Wild. Então Jessica tem 50 dias para se casar com o chefe para se tornar milionária. Mas como? Fiquei superempolgada com a história. Pensei que Jessica se meteria em muitas confusões e mentiras, e que, provavelmente, seria mais uma anti-heroína que uma mocinha romântica. Infelizmente o livro não me agradou.

A capa é linda, romântica, fofa e acerta em cheio o público-alvo: Os tons pastéis, o vestido de noiva... visual delicado e atraente. A Editora Record realizou um excelente trabalho gráfico e editorial, pois a diagramação e revisão estão impecáveis. A autora apresenta um enredo sem erros ou furos, funciona corretamente e tem todos os itens dos chick-lits.
Por que não gostei? Não há nada a mais no livro. Nenhum fator que faça dele memorável. Nenhuma personagem inesquecível. Uma protagonista apática e sem destaque. A obra traz uma premissa incrível, é bem escrita, possui um desenvolvimento mediano, mas é um desperdício, visto que tinha tudo para ser um romance incrível. Ao menos para mim. Retifico: O livro não é ruim, apenas não apresenta nada que o faça ser diferente. Na verdade, acho que o principal problema é o tamanho da história. Talvez se a autora focasse mais em alguns aspectos e escrevesse uma trama mais enxuta e breve, o resultado fosse melhor. Você precisa ler um terço para sentir que a trama avança.
É voltado ao público feminino que gosta de humor, embora eu ache que homens possam (e devam) ler também. (Não sou a favor de rotular um gênero literário como somente para homens ou mulheres.) O livro é divertido, porque faz o tempo passar de modo agradável, mas as situações estão mais para constrangedoras e desestruturadas que cômicas e engraçadas. Eu pensava diversas vezes que deveria estar rindo ou quase, porém estava decepcionada.
Ainda mais o humor britânico: é mais inteligente, brinca mais com as situações "saia-justa", ironiza mais a "desgraça", traz personagens mais problemáticas, reais e, consequentemente, muito amáveis. Acho fácil me identificar com as loucuras das protagonistas britânicas.


Em 1 Milhão de Motivos para Casar, Jessica Wild é uma protagonista perdida. Não no sentido apenas de ser insegura, mas literalmente perdida em cena. Em quase que cem por cento dos diálogos ela não tem opinião, é guiada pelo interlocutor e responde às questões basicamente com outra pergunta. Se a pessoa diz a ela que gostou de tal coisa ela responde com "Gostou?"; Se falam a ela que precisam de sua ajuda ela diz "Precisa?"; e eu fiquei frustrada com isso. Ela precisa de autoafirmação integralmente e que repitam a ela o que foi dito.
A narrativa é em primeira pessoa e da protagonista. Isso é positivo, pois o leitor percebe como ela é tímida, insegura, hesitante. Além disso, sua avó a criou com um forte sentimento aversivo aos homens (romanticamente falando), deixando Jessica certa de que o amor é superestimado, que casamentos felizes não são reais e que as mulheres não devem ser femininas demasiadamente. Tratar dos cabelos, unhas, depilação, maquiagem, se preocupar com roupas, sapatos e acessórios... Jessica não se importa com isso, pois sua avó mostrou como é futilidade e, na verdade, traumatizou a neta. Jessica não deixa cosméticos e compras de lado por opção, e sim por trauma de criação.
Ao frequentar a casa de repouso pouco antes da morte de sua avó, Jessica conheceu outra idosa lá, com quem criou fortes laços de amizade: Grace. Continuou visitando aquela senhora como se fosse sua avó. Até o fatídico dia em que o advogado de Grace bate à porta de sua residência para notificá-la do falecimento e testamento de Grace. Jessica Wild é a única herdeira da fortuna da amiga, mas o sobrenome de quem receberá a herança é Jessica Milton. Jessica, após incessantes perguntas sobre sua vida amorosa, enganou Grace dizendo que havia se casado com o chefe lindo, Anthony Milton. Mentiu para idosa, para o advogado que a procura e, portanto, precisa iniciar o Projeto Casamento: conquistar e se casar com o chefe mulherengo e que nunca a olhou com interesse, para receber a herança.
A obra traz a protagonista insegura e nada atraente que precisa conquistar o homem teoricamente mais inalcançável de sua minúscula vida social. Acompanhando sua aventura está a melhor amiga, Helen. Muito mais interessante que a própria protagonista. Ela até poderia ser a personagem principal. O livro seria mais interessante se a protagonista fosse a moça que precisa colocar a amiga "no caminho certo da conquista". Imediadamente o leitor conhece as demais personagens principais: Marcia, a antagonista, que é sua colega de trabalho. É a personagem de ética duvidosa, preparada para atrapalhar os planos de Jessica (e Helen). Além de Anthony, o bonitão e "noivo alvo", há outra personagem masculina, Max, seu sócio na empresa onde Jessica trabalha.
O núcleo principal é estereotipado e previsível, desde o começo tracei seus perfis e torci para a autora sacudir a trama e mostrar que eu estava errada. Mas não, as pessoas são as mesmas desde o começo, não encontrei surpresas ou mudanças de comportamentos. O mesmo ocorre com as personagens secundárias, que facilmente poderiam não existir: Sean, Ivana, Gillie e Fenella. Somente o advogado Taylor se salva, afinal é ele quem é o responsável por transferir a herança.

A única que muda é Jessica, para conquistar Anthony. Ela não evolui drasticamente, embora aprenda que não é errado ser um pouco feminina e vaidosa, valorizar a aparência e, ainda assim, continuar feminista e a ser uma profissional de sucesso. O lado bom da trama é que Jessica aprende esse detalhe, abandona aos poucos o trauma deixado pela avó e começa a se soltar mais, a se divertir mais, a refletir sobre a possibilidade de amar. Fica a mensagem de que mudar é bom, mas que você deve mudar por você, não pelos outros. No entanto, Jessica continua a fazer o que a indicam ou induzem por quase todo o livro.
A obra passa a reflexão sobre o amor verdadeiro, sobre o que leva duas pessoas a unirem suas vidas para sempre. Mas o "sempre" é muito tempo e para isso existe o divórcio, que cresce cada vez mais. As pessoas se casam mais, se divorciam mais, portanto, estariam se arriscando mais? Buscando mais pela felicidade que há um tempo? Ou será a facilidade e superficialidade com que tudo pode ser feito (e defeito) que as estimula? É a liberdade! Esse é o lado interessante do livro, o leitor pensa sobre namoro, casamento, separação. É necessário ter amor, confiança, paixão... o quê? Qual é o segredo de relacionamentos felizes ou duradouros? E mais: os casamentos que começam ou se mantêm por conveniência. As pessoas sempre se casam por interesse, seja porque se apaixonaram / se amam ou por incontáveis outros motivos. E os casamentos arranjados de antigamente, onde as famílias escolhiam o(a) noivo(a), faliram ou uniões por conveniência, mesmo que de outros tipos, continuam a existir?
1 Milhão de Motivos para Casar é um chick-lit britânico que inaugura uma trilogia que tem como protagonista Jessica Wild. Embora possua excelente premissa, seu desenvolvimento não é tão bom. É um livro de mediano a bom, sem falhas no roteiro, porém bastante previsível. Traz todos os itens clássicos do chick-lit, mas peca em não apresentar nada além de clichês. As situações são divertidas e as personagens são caricatas.
É um livro recomendado para os "fãs de de carteirinha" dos chick-lits. Para o leitor que não perde um, que os devora e os coleciona. Quem não é fã do gênero corre o risco de não apreciar.
Os seguintes volumes são ainda inéditos no Brasil: A Wild Affair (volume 2, 2009) e An Ideal Wife (volume 3, 2010).

A autora:
Gemma Townley começou a carreira de escritora aos 16 anos, com a crítica de um livro para a revista Harper & Queen. Mais tarde, se tornou jornalista e trabalhou inclusive para o Sunday Telegraph. Atualmente mora em Londres com o marido e o filho.
Ela é irmã de Sophie Kinsella.
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