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[Resenha] Dentes de Dragão, Michael Crichton e Arqueiro

Dentes de Dragão (Dragon Teeth)
Michael Crichton - Arqueiro
Tradução: Marcelo Mendes
304 páginas - R$ 39,90 (impresso) e R$ 24,99 (ebook) - trecho
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Sinopse:
"Desde Jurassic Park, nunca foi tão perigoso escavar o passado.
Michael Crichton, autor da obra que deu origem ao lendário filme Jurassic Park, volta ao campo da paleontologia neste livro recém-descoberto, uma aventura emocionante ambientada no Velho Oeste durante a era de ouro da caça a fósseis.
Em 1876, no inóspito cenário do Oeste americano, os famosos paleontólogos e arquirrivais Othniel Marsh e Edwin Cope saqueiam o território à caça de fósseis de dinossauros. Ao mesmo tempo, vigiam, enganam e sabotam um ao outro numa batalha que entrará para a história como a Guerra dos Ossos.
Para vencer uma aposta, o arrogante estudante de Yale William Johnson se junta à expedição de Marsh. A viagem corre bem, até que o paranoico paleontólogo se convence de que o jovem é um espião a serviço do inimigo e o abandona numa perigosa cidade.
William, então, é forçado a se unir ao grupo de Cope e eles logo deparam com uma descoberta de proporções históricas. Mas junto com ela vêm grandes perigos, e a recém-adquirida resiliência de William será testada na luta para proteger seu esconderijo de alguns dos mais ardilosos indivíduos do Oeste.
Com ritmo perfeito e enredo brilhante, Dentes de dragão é baseado na rivalidade entre personagens reais. Com uma pesquisa meticulosa e imaginação exuberante, será transformado em minissérie pelo canal National Geographic com a Amblin Television e a Sony Pictures."

Resenha:

Michael Crichton foi médico, professor, programador, escritor, roteirista, produtor e diretor. Como autor publicou de 1966 a 2008 o total de 29 livros, 2 roteiros originais e 10 ensaios. Vendeu mais de 200 milhões de exemplares, traduzidos para 38 idiomas e é considerado o rei do thriller tecnológico ou científico. Dirigiu 7 filmes, incluindo Westworld, com roteiro de sua autoria, que agora originou a série televisiva homônima da HBO. Produziu 4 filmes, como a adaptação do livro de Robin Cook, Coma, e recebeu ainda o crédito por 8 roteiros. Seus livros inspiraram 15 filmes, como O Enigma de Andrômeda, Jurassic Park (apenas esse gigante rendeu US $ 3,5 bilhões), O Mundo Perdido, Esfera e O 13º Guerreiro (Devoradores de Mortos). Na televisão, seu principal trabalho foi a criação da série dramática E. R. (Plantão Médico), que mudou na época a forma de se fazer série de TV. Em 1995, Crichton marcou para sempre a cultura pop como o primeiro (e único) a ser o número 1 em três áreas simultaneamente: livro, filme e programa de TV, com O Mundo Perdido, Congo e E. R.. Até hoje, ninguém o superou, nem J. K. Rowling ou Stephen King.
Faleceu aos 66 anos, em 2008, devido a um câncer e 3 obras póstumas foram publicadas: Latitudes Piratas (2009), Micro (2011) e Dentes de Dragão (2017). Este último foi lançado no Brasil em maio de 2018 pela Editora Arqueiro, com tradução de Marcelo Mendes. Imagine se um jovem e inexperiente Indiana Jones se aventurasse pelo Velho Oeste a procura de fósseis de dinossauros!


Quando criança era fanática por dinossauros e com a estreia do filme Jurassic Park (1993, dirigido por Steven Spielberg) eles se tornaram muito populares, mas eu nem imaginava que era uma adaptação de livro de Crichton. Minha mãe adorava thriller científico, especialmente os médicos de Robin Cook. Ela faleceu quando eu tinha 15 anos e, portanto, comecei a ler com afinco tudo o que ela gostava e foi assim que conheci o gênero. Acabei encontrando exemplares antigos de Crichton: O Parque dos Dinossauros, por exemplo, era do Círculo do Livro e em capa dura.
Não li todas as suas obras, mas me considero fã e fiquei triste com seu falecimento. E estava meio desconfiada das publicações póstumas. Será que seriam legítimas ou finalizadas por ghost writers? Então solicitei para a Editora Arqueiro, sem pensar duas vezes, o lançamento Dentes de Dragão (Dragon Teeth) e, conforme a esposa de Crichton, Sherri, avisou, é "puro Crichton"!
Ela encontrou o manuscrito em meio aos arquivos do falecido marido. Nasceu de uma carta para o curador do departamento de paleontologia de vertebrados do Museu Americano de História Natural e continuou através de pesquisas minuciosas. No final do livro há uma bibliografia e uma nota do autor apontando o que é verídico e o que foi criação sua.


Como outros trabalhos de Crichton é uma trama muito ágil que mistura realidade e ficção. Mostra os perigos dos primórdios da paleontologia e uma aventura ousada no oeste dos Estados Unidos do século XIX, durante as Guerras Indígenas, mais especificamente o começo da Guerra de Black Hills. Enquanto eclodem disputas por territórios indígenas, poder e a corrida do garimpo de ouro, outros aventureiros se arriscavam em meio a tudo buscando pelos primeiros fósseis pré-históricos, que para a ciência, valiam mais que ouro.
A surpresa é que o livro foi escrito em 1974, antes de Jurassic Park. Não se sabe o motivo de Crichton não tê-lo publicado. Talvez porque na época ele não era famoso, ou porque não achava uma história digna de publicação. Ou, simplesmente, nunca o revisou. Mas com certeza é um livro completo, incrível, movimentado e empolgante. Na verdade é até mesmo uma boa recomendação de primeiro contato para quem ainda não conhece o autor, pois é uma leitura rápida. E para os fãs, nada melhor que conferir e notar que sim, foi escrito por ele e mostra como ele já se interessava por dinossauros.
Não há dinossauros vivos na trama, mas todo o enredo ao redor de seus fósseis é muito válido. Pode ser classificado como thriller científico, porém acho que essa é uma história de western ou faroeste com direito a cowboys, pistoleiros, nativos americanos, búfalos, viagens de trem ou carroças e saloons. Mas aqui, troque as pepitas de ouro por fósseis de dinossauros.


A trama se passa em 1876 e é organizada em 3 partes: A Expedição para o Oeste, Mundo Perdido e Dentes de Dragão. Possui narrativa em terceira pessoa, mas cita muitos trechos de diários de algumas personagens, especialmente do protagonista. Além dele temos duas outras personagens importantes, pessoas que realmente existiram e se tornaram famosas por suas descobertas científicas e arqueológicas e por terem cultivado a maior rivalidade científica de todos os tempos: a Guerra dos Ossos, protagonizada pelos paleontólogos pioneiros Edwin Drinker Cope e Othniel Charles Marsh. Outras figuras reais participam como Wyatt Earp, um fora-da-lei (posteriormente, homem da lei), Touro Sentado, chefe indígena sioux, o escritor Robert Louis Stevenson e Charles Haelius Sternberg, paleontólogo amador.
Crichton encaixou seu protagonista William Johnson, um jovem universitário rico que aposta com um rival da faculdade e acaba se envolvendo numa perigosa e movimentada missão durante as férias de verão: a expedição científica de procura e escavação de fósseis com o professor Marsh. Johnson não se interessa por nada disso, faz um curso relâmpago sobre fotografia para garantir a vaga e se envolve num caminho sem volta. A viagem é difícil, lenta e perigosa. Os territórios por onde passam são inóspitos, e repletos de bandidos e indígenas que se opõem à invasão branca.
O começo do livro me deixou curiosa, você pode conferir este trecho no site da Arqueiro. Em seguida, me acostumei com a trama e pensei que não aconteceria nada demais ou que encontraria reviravoltas apenas no desfecho, mas fui surpreendida com uma virada na metade do livro, tornando-o muito mais fascinante. O ponto de partida da trama parece simples, mas seu desenvolvimento é fenomenal. Quando surge a cidade Deadwood então, o autor nos leva além da guerra dos fósseis.
Johnson se encontra em uma odisseia no Velho Oeste nada civilizado, rodeado por meia tonelada de ossos de dinossauros, incluindo os "dentes de dragão", ou seja, os dentes de um dinossauro jamais catalogado anteriormente. Como sair de uma sequência azarada e assustadora de enrascadas e imprevistos e sobreviver em plena barbárie?
Johnson é um anti-herói e seu desenvolvimento é o destaque. Um período curto pode modificar muito uma pessoa e Crichton trabalhou muito bem em cima disso. Minha única decepção é que há apenas uma personagem feminina além da mãe de Johnson (mulheres sempre apagadas na ficção western).


Crichton sempre apontou a importância da melhoria da vida da humanidade através da tecnologia e também chamou a atenção para questões éticas da ciência. Sempre debateu e questionou sobre como nossas criações científicas e tecnológicas, sejam dinossauros clonados ou inteligência artificial, podem escapar do nosso controle e tentar nos destruir.
O tom de Dentes de Dragão é um pouco menos sombrio e com certo humor, mas ainda assim sínico e sarcástico, explorando ao máximo a vingança e a competição entre homens. A paixão pela história e pela ciência se evidencia, mostrando como esse sentimento nasce no protagonista, de cavalheiro a pistoleiro, de universitário a paleontólogo amador, que enfrenta todos os perigos do velho oeste para salvar uma importante e histórica descoberta!
O exemplar da Arqueiro possui páginas amareladas, orelhas, ótimas revisão e diagramação.




O autor:
Michael Crichton nasceu em 1942 e faleceu em 2008. Ele foi um escritor, roteirista, diretor de cinema, produtor e médico americano, mais conhecido por seu trabalho nos gêneros ficção científica, ficção médica e thriller. Escreveu, entre outros tantos títulos, O Enigma de Andrômeda, O Grande Roubo do Trem, Jurassic Park, Revelação, Presa, Estado de Medo e Next. Seus livros venderam mais de 200 milhões de exemplares no mundo todo, foram traduzidos para 38 idiomas e inspiraram 15 longas-metragens.
Crichton atuou como diretor em Westworld, Coma, O Primeiro Assalto de Trem e Looker. Foi o criador da série televisiva E.R. e o único autor a ter um livro, um filme e uma série de TV no primeiro lugar de vendas e audiência em um mesmo ano.
Dentes de dragão foi descoberto pela mulher de Crichton nos arquivos dele após sua morte, e ela logo o identificou como “puro Crichton”.
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