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Trilogia do Mago Negro, volume 2: A Aprendiz, Trudi Canavan, Novo Conceito

A Aprendiz (The Novice)
Trilogia do Mago Negro - livro 2
Ela lutou contra seu poder, mas para sobreviver teve que se tornar um deles.
Trudi Canavan - Novo Conceito
Tradução: Frank de Oliveira e Júlio Monteiro de Oliveira
544 páginas - Ano: 2012 - R$34,90

Sinopse:
"Sozinha entre todos os aprendizes do Clã dos Magos, somente Sonea vem de uma classe menos privilegiada. No entanto, ela ganhou aliados poderosos, como Lorde Dannyl, recentemente promovido a Embaixador. Ele terá, agora, de partir para a corte de Elyne, deixando Sonea à mercê dos boatos maliciosos e mentirosos que seus inimigos continuam espalhando… até o Lorde Supremo entrar em cena. Entretanto, o preço do apoio de Akkarin é alto porque, em troca, Sonea deve proteger seus mistérios mais sombrios.
Enquanto isso, a ordem que Dannyl está obedecendo, de buscar fatos sobre a longa pesquisa abandonada de Akkarin sobre o conhecimento mágico antigo, o está levando a uma extraordinária jornada, chegando cada vez mais perto de um futuro surpreendente e perigoso."

Links: Novo Conceito | Skoob | degustação | resenha de O Clã dos Magos

Resenha:
Este é o segundo volume da Trilogia do Mago Negro. Se seu antecessor, O Clã dos Magos, já foi resenhado no blogue.
Assim como o primeiro livro, A Aprendiz também é dividido em duas partes e muito bem organizado em trinta e sete capítulos, um epílogo e guias no final contendo um dicionário com as gírias da favela, mapas e um glossário geral. A primeira parte possui dezenove capítulos e a segunda, dezoito - bem equilibrado. Não se esqueçam de olhar quando necessário os apêndices no final, embora eu tenha me sentido mais bem familiarizada com os termos nesse segundo livro que no primeiro, já me sinto compenetrada no mundo de Trudi Canavan!

Esse foi exatamente o papel de O Clã dos Magos: Introduzir o mundo, a mitologia, o funcionamento da civilização, do Clã, da Favela, dos Ladrões e da hierarquia social, cultural e econômica em geral. 
Dessa vez, após a longa introdução realizada, personagens apresentadas e um conflito central e outras secundárias já familiares ao leitor, a autora melhora muito a história e nos traz novos fatos, bem mais empolgantes.

Sonea deixa de ser a frágil, arisca e insegura favelada para se tornar aos poucos uma aprendiz de maga estudiosa, esforçada e poderosa. Ela evolui muito como personagem. Eu criei grande afeição por ela agora!
Continuamos com a incógnita de seu passado, fato que admirei, pois acredito serem revelações preparadas para o último livro da trilogia.
Se antes ela fez de tudo para não se juntar ao Clã e menosprezava cada mago em sua estrutura, agora ela faz parte dele. Ela está em um momento muito complicado, pois passa a enxergar o Clã, os magos e seu funcionamento com novos olhos, muda de opinião, sem, no entanto, deixar sua origem humilde e miserável de lado. Ela supera medos e preconceitos, porém não abandona o fato de sua origem ser pobre.
Na verdade, ela está em uma encruzilhada pessoal: Não se sente maga ainda, nem mais favelada; por outro lado, é uma futura maga, e sempre será favelada. Achei esse conflito discreto e muito bem elaborado pela autora.

O problema é que Sonea tem que lidar com o preconceito constante e incessante por parte dos outros aprendizes e até mesmo pelos magos e familiares dos estudantes. Em cada aula ou local da Universidade os alunos não deixam que Sonea se esqueça de que não possui nome, família ou importância.
Seu principal rival, Regin, não para de persegui-la, sabotá-la e tentar convencer a todos os outros a excluí-la do convívio social e a ignorá-la.
Portanto Sonea mergulha de vez nos estudos e desenvolvimento de seus poderes e habilidades. Tudo piora quando se esconder e fingir que não se importa com a exclusão social se torna perigoso. Cada vez mais os atos de bullying realizados pelos aprendizes chefiados por Regin se tornam mais fortes.
Sonea resiste e não percebe todo o poderio que existe em si. Mesmo sendo discriminada e literalmente atacada, após grandes mudanças em sua vida dentro da universidade, ela se sente só e desprotegida. Sem apoio, ela tenta se fechar, se concentrar em ser uma boa aluna. Achei muito inteligente como a cada dia ela se torna mais forte e decidida.
É muito interessante acompanhar como realmente são as aulas e treinamentos dos aprendizes, desde estudos teóricos em sala de aula, passando pelos em laboratório e campo e chegando até às Artes Guerreiras, na arena - o mais interessante e o que Sonea, em seu subconsciente abomina: Ela não se esquece de suas origens e não consegue aceitar que um mago possa ser um guerreiro sem ser violento. Ela admira os outros magos e pretende ser Curandeira.
A ironia é que Sonea não percebe que, embora fique na defensiva, ela é temível e poderosa. Regin não apenas a odeia devido à sua origem... Regin a teme, pois percebe que Sonea pode ser uma ameaça com sua força. Ele quer ser o melhor em tudo e Sonea, por ter dons latentes antes de todos, é poderosa.

A narrativa é superior ao do primeiro livro, assim como a escrita da autora. Dessa vez a história basicamente se alterna em dois cenários. Além de Sonea na universidade dos magos, acompanhamos o Embaixador do Clã em uma missão especial. Ele viaja refazendo o misterioso caminho que o Lorde Supremo fez há anos, antes de o mago líder possuir esse cargo. Os motivos não posso contar, mas garanto que as reviravoltas, a política dentro do próprio Clã e as conspirações estão a todo o vapor, e Sonea, uma simples aprendiz e ainda por cima favelada, está ligada a todos esses fatos importantes.
Gostei muito de duas novas personagens em particular, e espero o retorno de ambas (e melhor aproveitamento delas) no próximo volume, assim como Cery.
Embora seja essencial essa peregrinação do Embaixador, e altamente enriquecedor para o leitor conhecer novas personagens, de fora da favela e do Clã, e ver culturas diferentes, a autora poderia ter encurtado certos trechos desnecessariamente prolongados.
Talvez minha opinião venha do fato de ter gostado mais da história passada no Clã que fora dele. Porém afirmo: Essa viagem é importante, pois conforme avançamos a leitura, tudo vai se encaixando com precisão. Ainda assim, poderiam ser cenas mais breves.
A autora neste volume aborda outro preconceito além do relacionado às classes sociais: A homossexualidade.

Ela coletou temas atuais e polêmicos como o bullying e o preconceito como um todo e encaixou em uma grandiosa saga de Fantasia. Homossexuais sofrendo intolerância e até mesmo a dúvida de que esse comportamento possa ser uma doença. O conflito foi abordado de forma sensível pela autora.
Assim como Sonea não ser aceita pelos colegas simplesmente por não ser das Casas como todos, não possuir uma família de nome, ser pobre e miserável. Ela é acusada de ser ladra, faminta, prostituta... A autora também soube conduzir o bullying social (principalmente escolar) de forma sutil e realista.
Mesmo sendo uma obra de ficção, principalmente de Fantasia, A Aprendiz demonstra ser uma leitura moderna e a autora mostra como o preconceito é ruim, defasado e, no entanto, comum.

Gostei do rumo que a saga seguiu em A Aprendiz, mesmo sentindo falta de uma personagem importante diretamente ligada à Sonea no primeiro livro. Gostei do desenvolvimento, da evolução da protagonista e todo o mistério sombrio que engloba o passado do Clã e a obscuridade do Lorde Supremo.
O final revelou bastante magia e ação e, mesmo já imaginando como seria, adorei! O final é previsível, mas deixa o leitor muito curioso pelo desfecho da trilogia.
Imagino que Sonea se sinta dividida cada vez mais. Espero por um breve triângulo amoroso (com dois rapazes na vida de Sonea, que ficaram em segundo plano nesse volume -  o que foi bom nesse momento!) e mais da transformação de Sonea. A imagino muito mais poderosa e quem sabe Guerreira? Poucas mulheres magas seguem este caminho! Seria um ato feminista da autora seguir essa ideia, já que ela deixa explícito que é contra preconceitos. Gostei disso na Trudi Canavan. Quem sabe Sonea não toma o cargo de Suprema ou cria um novo clã? Acho que ela será revolucionária! Estou muito empolgada.

Aviso aos leitores: Essa saga é para leitores atentos a detalhes e que não se importam com histórias longas demais. Todos os três livros são grossos e a história estendida em vários momentos. É uma trilogia que me conquistou, muito bem estruturada e possuo imensas expectativas sobre o desfecho!

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Booktrailer:




Os outros livros da trilogia:


Livro 1


Livro 3

A autora:
Trudi Canavan publicou sua primeira história em 1999 e recebeu um Aurealis Award na categoria de melhor conto fantástico. Sua série de estreia, A Trilogia do Mago Negro, a tornou sucesso internacional, e todos os três volumes da trilogia Age of Five foram best-sellers do Sunday Times.
Trudi Canavan vive com seu companheiro em Melbourne, Austrália, e passa o tempo tricotando, pintando e escrevendo romances campeões de vendas.


6 comentários

  1. Penso em ler essa série um dia!
    Tenho visto resenhas bem positivas!
    Adorei a sua!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  2. Oi Tati, já pensei várias vezes em não ler essa série, mas sua resenha deu uma animada em repensar e começar. Parece que não é um caso perdido a série.

    Beijos
    www.leitoraincomum.com

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    Respostas
    1. Oi, Fernanda!
      Acho que a grande questão que envolve essa série, pelo menos os dois primeiros livros é a seguinte: Existem livros que, mesmo pertencendo a um gênero literário muito específico (nesse caso Fantasia), conseguem agradar a diversos tipos de leitores, até mesmo fora do público-alvo. Porém geralmente os livros feitos para leitores específicos quase sempre não agradam aos de fora do círculo.
      Acho que a Trilogia do Mago Negro agrada mesmo leitores que gostam MUITO de Fantasia, que não se importam com livros muito longos e com detalhes em excesso.
      Acho que não agrada a todo leitor. Eu mesma AMO Fantasia e percebi que a autora poderia abreviar a história. Mesmo sendo uma série que eu gostei, compreendo que em alguns pontos é "arrastada", mas não deixa de ser boa e valer a pena.
      Beijos.

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  3. Olá. Provavelmente não lerei a trilogia, por não me dar bem com os dois pontos crucias dos livros, a era em que ele se passa e escolha da narração em terceira pessoas, duas coisas que raramente me fazem feliz em uma leitura. Mesmo tendo meu elemento preferido, a magia. Porém, venho aqui elogiar o modo a qual você conduz as suas resenhas, que são sempre muito boa, ressaltando pontos a qual eu acho importante. Por exemplo, o livro sendo divido em duas partes, e vocês as explicando separadamente. Pois as maioria das resenhas que ando vendo são praticamente um texto estendido do próprio prefácio. Você soube conduzir o texto sem dar spoiler importantes da história, e também se deixá-la vaga e subjetiva. Meus parabéns.

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    Respostas
    1. Oi, Felipe!
      Muito obrigada pelo valioso comentário. Realmente se estes itens de um estilo de escrita não agradam você, não recomendo a leitura. A série é longa demais.
      Agradeço muito, de coração, suas observações sobre minhas resenhas. Esse é meu principal objetivo e nem sempre todos percebem, então você me deixou muito feliz!!!
      Muito obrigada e beijos.

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