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[Resenha] A Outra Sra. Parrish, de Liv Constantine e HarperCollins Brasil

A Outra Sra. Parrish (The Last Mrs. Parrish)
Liv Constantine - HarperCollins Brasil
Tradução: Petê Rissatti
432 páginas - R$ 44,90 (impresso) e R$ 29,90 (ebook)
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Sinopse:
"Amber Patterson não aguenta mais. Está cansada de ser uma ninguém: uma mulher sem graça e invisível que não se destaca na multidão. Ela merece mais – uma vida de dinheiro e poder como a que Daphne Parrish, a deusa loira dos olhos azuis, tem e não valoriza.
Para todos na pequena cidade de Bishops Harbor em Connecticut, a socialite e filantropa Daphne e seu marido Jackson, o magnata do mercado imobiliário, são um casal que parece recém-saído de um conto de fadas. A inveja de Amber poderia consumi-la por dentro… Se ela não tivesse um plano.
Amber usa da compaixão de Daphne para se inserir na vida da família – o primeiro passo de um esquema meticuloso para destruí-la. Em pouco tempo, ela se torna a amiga mais próxima de Daphne, vai para a Europa com os Parrish e suas duas belas filhas, e se aproxima de Jackson. No entanto, um fantasma de seu passado pode destruir tudo que ela construiu e, se seu segredo for descoberto, seu plano perfeito pode ir por água abaixo.
Com reviravoltas chocantes e segredos tão profundos que te deixarão tentando adivinhá-los até o final da história, A outra sra. Parrish é um thriller repleto de emoções e completamente viciante, escrito por mãos diabolicamente imaginativas."

Resenha:
O que fazer quando você se entretém muito com a leitura mas sente incômodo com o rumo da trama? Como explicar que realmente adorou a leitura, entretanto, não concorda com tudo? A Outra Sra. Parrish é um livro ótimo, cheio de debates morais. Conforme está na capa "Algumas mulheres têm tudo. Algumas mulheres têm tudo que merecem." prepare-se para refletir sobre o que sentimentos como inveja e vingança podem ser capazes de provocar. Onde se encaixa a ética quando a pessoa parece merecer levar o troco? O quanto é certo fazer justiça com as próprias mãos?
A questão principal inicial é sobre uma mulher que tenta destruir e roubar a vida da outra simplesmente por invejá-la. Mas então esse motivo supérfluo se mostra mais complexo que o esperado e a trama toma um rumo inesperado. O que acontece quando um sociopata ou psicopata enfrenta outro?
O livro possui mais de quatrocentas páginas que foram lidas bem rapidamente, de tão fluida que é a escrita de Liv Constantine. Na verdade, esse é o pseudônimo das irmãs Lynne e Valerie Constantine, que mesmo morando em pontos distantes nos Estados Unidos escreveram juntas The Last Mrs. Parrish, publicado originalmente em 2017. Ele foi escolhido pela atriz e produtora Reese Whiterspoon (de Big Little Lies, série da HBO baseada no livro Pequenas Grandes Mentiras, Liane Moriarty) para ser a leitura de dezembro de seu clube do livro, o que ajudou na popularização da história. A HarperCollins o trouxe para o Brasil em abril de 2018, mantendo a capa original e exemplar com orelhas, páginas amareladas, boas revisão e diagramação e tradução de Petê Rissatti.


Na onda dos thrillers domésticos como Garota Exemplar (Gillian Flynn), A Garota no Trem (Paula Hakins), A Mulher na Janela (A. J. Finn), Entre Quatro Paredes (B.A. Paris), A Mulher Entre Nós (Greer Hendricks e Sarah Pekkanen) e outros, muitas publicações de suspense com protagonismo feminino tem sido lançadas. Quase sempre envolvem abuso doméstico, relacionamentos complexos, segredos assustadores, reviravoltas, médio ou alto teor psicológico e personagens não confiáveis.
A Outra Sra. Parrish pode se enquadrar nessa definição e é voltado ao público adulto. Apresenta narrativa em terceira e primeira pessoas, mas o ritmo não é de thriller, pois não é tão movimentado, embora mantenha o suspense. O desenvolvimento é mais lento e a atmosfera não é tão sombria, porém os temas são muito sérios e pesados, tanto que algumas cenas foram desconcertantes para mim. Outra diferença para os demais thrillers domésticos é que as personagens não são acinzentadas e ambíguas como costumam ser. Aqui os caráteres das personagens são mais definidos. Mesmo assim, prepare-se para surpresas, há uma enorme sobre uma terceira personagem
As autoras optaram pela clássica rivalidade entre a vilã e a heroína: as protagonistas Amber e Daphne. Ao menos para mim, em determinado momento, o caráter de Daphne oscila e ela pode ser considerada tão desprezível quanto Amber, mesmo que tenha justificativas.


São vários clichês que funcionam muito bem. Amber Patterson é uma jovem mulher de origem humilde que se cansou da vida pobre que sempre teve e decide novamente tentar dar um golpe que mude sua situação. Ela não é iniciante, mesmo que tenha se frustrado no passado, pois agora ela finalmente criou o planto perfeito. Daphne Parrish é seu alvo, uma linda mulher de quase quarenta anos de idade, casada com o magnata poderoso do ramo imobiliário Jackson Parrish. Daphne perdeu sua irmã e melhor amiga e, por isso, mantém uma entidade que ajuda a pessoas com a mesma doença. Embora venha de uma família de classe média alta, somente conheceu riqueza e luxo após se casar com Jackson, um homem um pouco mais velho, lindo, elegante e muito rico. Eles possuem duas filhas, Tallulah e Bella, de aproximadamente dez e seis anos de idade, e um casamento aparentemente perfeito.
Amber arma para conhecer Daphne, fingindo ter passado pela mesma dor: luto pela irmã. Assim ela ganha a confiança, se torna a melhor amiga de Daphne e passa a frequentar a casa da família Parrish, até mesmo viajando com eles. Amber não deseja apenas roubar o marido de Daphne; ela quer ir além e tomar o lugar da outra.
Amber é vil, desprezível, uma personagem que realmente causa aversão e ódio. É manipuladora, fria, mentirosa e invejosa, adentrando profundamente na vida de Daphne e fazendo com que ela se torne dependente emocionalmente da falsa amiga. Me pareceu uma personalidade unidimensional. Poderia ter sido mais explorada pelas autoras. Já Daphne, que a princípio parecia a personagem sem atrativos, foi melhor trabalhada, mas ambas são muito interessantes. Daphne é solidária, gentil, empática, ingênua e boa mãe e esposa. A todo momento me perguntei se ela era mesmo distraída ou burra. Então tudo muda drasticamente e o livro, que parecia clichê, se torna muito empolgante e, em alguns aspectos, assustador.


O passado de Amber é repleto de segredos e ela precisa mantê-los bem escondidos para conseguir dar o golpe dessa vez. Mas ela não é a única. Daphne também possui mistérios sombrios. Rostos sorridentes podem esconder muitos outros sentimentos quando adentram à privacidade.
O livro é narrado em terceira e primeira pessoa e está dividido em três partes. A primeira é narrada em terceira pessoa, mas pelo ponto de vista de Amber, mostrando como ela engana Daphne e todos ao redor, se infiltrando na vida da família Parrish. A segunda está em primeira pessoa por Daphne, mostrando o outro lado da história. Prepare-se para um retorno ao passado, a versão dela dos acontecimentos e muitos revelações. É muito interessante perceber que algumas ideias estão bem erradas. Amber narra como as filhas de Daphne são mimadas e chatas, para então Daphne mostrar como as meninas realmente são. Este é apenas um exemplo simples e sem spoilers de como a voz da narrativa é capaz de modificar a opinião de quem lê. A terceira parte, em terceira pessoa, é a melhor, porque ambas as perspectivas se juntam levando a uma conclusão muito satisfatória e emocionante, fazendo valer toda a leitura.


Eu tinha uma ideia do que poderia estar acontecendo e do que as autoras planejavam. Talvez tenha sido proposital, mas de qualquer forma, estava muito curiosa sobre o desenrolar do enredo. Contudo fui surpreendida com o desfecho.
Meu problema com o livro foi a questão moral, porque embora goste de ver personagens traiçoeiras e profundamente más receberem uma boa represália, acredito que isso deva ter limites e que se deva fazer o possível dentro da lei. Não gostei do rumo que o castigo tomou, porque envolve temas muito delicados que não posso citar, pois seria spoiler. Até que ponto uma mulher "tem tudo o que merece", como diz a capa do livro? Quem decide? Até porque, tem outra personagem que mereceu todo o meu ódio e raiva, mais que Amber. Essa é a polêmica de A Outra Sra. Parrish e acho que é por isso que a obra vem se destacando (tanto que já foi vendida para mais de vinte países além do Brasil), porque é pauta para muitos debates, além de não decepcionar. Super recomendado para clubes de leitura, com certeza os envolvidos vão adorar e odiar cada atitude das personagens. Uma excelente história para um filme ou minissérie de TV ou streaming que merece uma boa adaptação.

As autoras:
Liv Constantine é o pseudônimo das irmãs Lynne e Valerie Constantine. Separadas por três estados, elas passaram horas e horas fazendo vídeo-chamadas e enchendo a caixa de mensagem uma da outra. Elas atribuem sua habilidade de desenvolver tramas sombrias às horas que passaram ouvindo as histórias da avó grega.
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