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[Resenha] A Luz que Perdemos, de Jill Santopolo e Arqueiro

A Luz que Perdemos (The Light We Lost)
Jill Santopolo - Arqueiro
Tradução: Roberto Grey
272 páginas - 2018 - R$ 39,90 (impresso) e R$ 24,99 (eBook) - trecho
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Sinopse:
"A luz que perdemos é um romance impactante sobre o poder do primeiro amor. Uma ode comovente aos sacrifícios que fazemos em nome dos nossos sonhos e uma reflexão sobre os extremos que perseguimos em nome do amor.
Lucy e Gabe se conhecem na faculdade na manhã de 11 de setembro de 2001. No mesmo instante, dois aviões colidem com as Torres Gêmeas. Ao ver as chamas arderem em Nova York, eles decidem que querem fazer algo importante com suas vidas, algo que promova uma diferença no mundo.
Quando se veem de novo, um ano depois, parece um encontro predestinado. Só que Gabe é enviado ao Oriente Médio como fotojornalista e Lucy decide investir em sua carreira em Nova York.
Nos treze anos que se seguem, o caminho dos dois se cruza e se afasta muitas vezes, numa odisseia de sonhos, desejo, ciúme, traição e, acima de tudo, amor. Lucy começa um relacionamento com o lindo e confiável Darren, enquanto Gabe viaja o mundo. Mesmo separados pela distância, eles jamais deixam o coração um do outro.
Ao longo dessa jornada emocional, Lucy começa a se fazer perguntas fundamentais sobre destino e livre-arbítrio: será que foi o destino que os uniu? E, agora, é por escolha própria que eles estão separados? "

Resenha:

Jill Santopolo é autora de livros infantojuvenis, professora de escrita criativa e editora do selo infantil da Penguin. Em 2017 publicou The Light We Lost, seu primeiro romance para o público adulto e desde então tem sido sucesso de público e crítica. A atriz e produtora Reese Witherspoon (de Big Little Lies) o escolheu como leitura de fevereiro em seu clube do livro. Ele já foi traduzido para trinta e quatro países e teve os direitos vendidos para uma adaptação cinematográfica. Da lista dos mais vendidos do The New York Times, USA Today e Publishers Weekly, A Luz que Perdemos chegou ao Brasil em abril de 2018 pela Editora Arqueiro e tem tudo para ser o novo queridinho dentre os fãs de Um Dia (David Nicholls) e Como Eu Era Antes de Você (Jojo Moyes), segundo o New York Post. Como não os li não posso avaliar a comparação, apenas afirmar que não sou fã de histórias exclusivamente românticas, porém adorei A Luz que Perdemos! Sempre preciso que exista algo a mais na trama para que eu possa me conectar ao relacionamento em questão. Me conectei intensamente a história e achei o estilo da autora agradável e é simplesmente delicioso, com personagens principais cativantes. O desenvolvimento causa felicidade e tristeza, mas aquece o coração. A leitura é breve, com capítulos rápidos, perfeitos para recuperar o fôlego entre um e outro. Eu precisei, embora não quisesse parar, pois tinha que chegar ao desfecho. É um livro curto mas intenso e de sensações e reflexões marcantes.


Repito que a escrita de Jill Santopolo é maravilhosa, simples, sensível e muito encantadora. A autora se inspirou em um próprio relacionamento que não deu certo. É também singular, pois além de ser em primeira pessoa pela protagonista, é uma retrospectiva íntima. Lucy narra como conheceu Gabe, o seu primeiro amor, e como foi o relacionamento deles, como foram modificados para sempre. Você percebe logo no princípio que a narrativa é direcionada ao próprio Gabe, como se fosse uma carta, gravação ou algo similar. Talvez um recado ou reflexão de Lucy para Gabe? Ou apenas um devaneio dela? E o suspense é mantido até os últimos capítulos, que são completamente arrasadores. O fato de não se ter acesso aos pensamentos e sentimentos de outras pessoas além de Lucy é muito interessante, principalmente em relação a Gabe. Cria mais tensão, aflição e curiosidade sobre a leitura. O tempo todo em me perguntava: "será que ele também se sentiu como ela?" ou "o que será que ele pensa sobre isso?".
O cenário é a impressionante Nova York, que pelo olhar de Lucy é uma cidade vibrante e repleta de emoções. Lucy e Gabe se conheceram enquanto cursavam a Universidade de Columbia, mas todavia, o que os uniu foi o atentado às Torres Gêmeas em Nova York, em 11 de setembro de 2001. Num momento de imensa tristeza e vulnerabilidade, não somente da cidade que amam, mas também de si mesmos, surge o primeiro beijo e uma ligação poderosa. O impacto que o atentado causou nos corações dos nova-iorquinos foi enorme. Gabe e Lucy também se sentiram diferentes. Na verdade, de formas bem distintas eles desejaram fazer a diferença. E dois jovens adultos aprendem então o que significa se apaixonar, seguir seus sonhos, se sacrificar, compartilhar, ganhar e perder. A trama é desenvolvida entre encontros, separações, reencontros e variações e evoluções de sentimentos. Se passam aproximadamente treze anos e a autora, mesmo tecendo um conto de fadas moderno, compõe uma história muito realista.


Gabe prioriza viajar ao exterior e atuar em áreas de conflitos. Ele se consolida como fotojornalista pelo mundo, enquanto Lucy persiste no sonho de seguir a carreira como produtora de programas infantis para televisão, permanecendo em Nova York. Eles se separam, mas ainda assim parece existir uma conexão, ao menos da parte de Lucy. A forma como ela enxerga o mundo, a vida e as pessoas também foi impactada pelas experiências com Gabe. Até ela conhecer Darren e iniciar um novo mas sólido relacionamento. Surgem comparações, dúvidas, saudades, desentendimentos, surpresas, sacrifícios e superações. E Lucy enfrenta então uma série de sentimentos e pensamentos, não apenas sobre ela e Gabe ou ela e Darren, mas sobre si própria. São várias lições, algumas muito dolorosas, porém todas se mesclando a ela para nunca mais serem esquecidas. Somos a junção de um pouco de cada pessoa que conhecemos? O quanto uma decisão muda as vidas dos outros?
Gostei muito das personagens e relações entre elas. Mesmo sob o ponto de vista de Lucy é possível ver além do relacionamento entre narradora e cada pessoa. A autora permite um vislumbre de personalidade sobre cada uma, especialmente Gabe e Darren, não apenas o que Lucy enxerga neles em determinado momento. É complexo e muito interessante perceber que, por exemplo, num instante em que ela odeia tal pessoa, ainda assim é notável que todo conflito tem dois lados, muitas vezes, não exatamente um lado certo e outro errado.


São muitas questões existenciais e sobre relacionamentos e como nos comportamos em relação a isso. Não é apenas sobre relações amorosas, mas sobre como algumas pessoas convivem por pouco tempo e são capazes de deixar marcas inesquecíveis. Ou sobre como algumas são essenciais num momento e, repentinamente, deixam de ser, porém permanecem nas memórias. É sobre as diferentes formas de amar e como nem sempre um lado ama tanto quanto o outro; sobre como cada indivíduo demonstra afeição, nem sempre da mesma forma e sobre como cada pessoa, em determinado momento, sente e transmite carinho. É sobre amor e paixão e sobre o que mais é necessário para uma relação ser duradoura.
O livro também é sobre a importância de sonhar e fantasiar, mas também sobre a necessidade de se planejar e organizar. O equilíbrio entre sonhar e executar para ser feliz e sobre como e quando se compartilha um sonho e a realização dele com outras pessoas. O sonho de alguém que você ama pode se tornar o seu?
Também é uma história sobre o destino e como uma decisão ou escolha pode desencadear muitas situações e incontáveis mudanças não apenas na sua vida, mas nas vidas de outras pessoas. O poder e peso de uma escolha.


A Luz que Perdemos é uma estreia extraordinariamente pungente e enternecedora. A obra aparenta ser puramente romântica e, embora tudo se desdobre a partir de uma lindíssima história de amor, com cenas de fazer o coração acelerar de emoção, gerando drama e modificando pessoas e vidas, a questão principal é o desenvolvimento pessoal da protagonista. Quem ela realmente é, como se sente e quais seus desejos e sonhos. Sobre experiências e consequências. Existe sim um romance arrebatador e, em seguida, um complexo triângulo amoroso, mas enquanto a maioria dos romances contemporâneos é sobre com quem a heroína deve ficar, este aqui é sobre como ela pode encontrar a felicidade em si mesma. Você pode até torcer por Gabe ou Darren, porém é mais provável que, apesar de tudo, torça por Lucy, torça para ela ter força e conseguir ser muito feliz, independentemente do par amoroso e dos acontecimentos - muitos deles fulminantes! Não sou nem #TeamGabe nem #TeamDarren, sou #TeamLucy. Esse é o tipo de triângulo amoroso que eu realmente curto e aprovo: para o desenvolvimento e amadurecimento da protagonista.
A Luz que Perdemos é deslumbrante, o tipo de romance contemporâneo inesquecível, que balança, cativa e comove. O desenvolvimento do enredo é muito fluido, doce e reflexivo e o final é desconcertante. Certamente um dos melhores romances da atualidade, sobre sonhos, amor, paixão, livre-arbítrio, destino e vida. A autora falou que não planeja uma sequência, mas vai presentear o público adulto com outra obra intensa como esta. Segundo seu site oficial, The Shape of Our Words, seu próximo livro, é previsto para ser lançado nos Estados Unidos em 2018. Torço para que a Editora Arqueiro o traga ao Brasil.
O exemplar de A Luz que Perdemos possui páginas amareladas, orelhas, excelentes revisão e diagramação e tradução de Roberto Grey. A capa está muito bonita, com suave efeito dourado. A Arqueiro disponibiliza um trecho do livro para download, clique aqui para baixar o PDF.



A autora:
Jill Santopolo é autora de séries infantojuvenis de sucesso, além de diretora editorial da Philomel Books, selo infantil da Penguin. Formada pela Universidade Columbia, dá aulas de escrita criativa na New School, em Nova York. A luz que perdemos, seu primeiro romance para o público adulto, foi traduzido para 34 países e já teve os direitos vendidos para uma adaptação cinematográfica.
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