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[Resenha] Bibliotecas no Mundo Antigo, de Lionel Casson e Vestígio (Grupo Autêntica)

Bibliotecas do Mundo Antigo (Libraries in the Ancient World)
Lionel Casson - Vestígio / Grupo Autêntica
Tradução: Cristina Antunes
208 páginas - R$ 44,90 (impresso) e R$ 24,90 (ebook) - trecho
Comprar: Amazon | Google Play | Kobo | Livraria Cultura | Saraiva

Sinopse:
"Esta deliciosa obra conta a história das bibliotecas antigas desde suas origens, quando “livros” eram tábuas de cerâmica e a escrita, um fenômeno novo.
O renomado estudioso clássico Lionel Casson nos conduz em uma animada viagem, partindo das bibliotecas reais do Antigo Oriente, passando pelas bibliotecas públicas e privadas da Grécia e de Roma, até as primeiras bibliotecas monásticas cristãs.
Casson traça o desenvolvimento das construções, os sistemas, acervos e patronos das bibliotecas, considerando questões de uma ampla variedade de tópicos, como: quem contribuiu para o desenvolvimento das bibliotecas públicas, especialmente a grande Biblioteca de Alexandria? O que as bibliotecas antigas incluíam em seu acervo? Como bibliotecas antigas adquiriam livros? Qual era a natureza das publicações no mundo greco-romano? Como o cristianismo transformou a natureza dos acervos bibliotecários?
Assim como uma biblioteca recompensa quem a explora com tesouros inesperados, este interessante livro oferece a seus leitores a história surpreendente da ascensão e do desenvolvimento de bibliotecas antigas – uma história fascinante que nunca foi contada antes."

Resenha:

Ah, as bibliotecas! Particulares ou públicas, são o espaço preferido de quem lê. Em tempos de assinatura de livros online, que tal saber como eram as bibliotecas e os livros durante a Antiguidade Clássica?
Esta é uma obra de não ficção publicada originalmente em 2002 pela Universidade Yale. Foi escrita por Lionel Casson, professor de Estudos Clássicos na Universidade de Nova York, ganhador do prêmio Gold Medal em Realização Arqueológica Notáveis, tradutor, editor e autor. Faleceu em 2009 e deixou mais de vinte livros, incluindo Libraries in the Ancient World ou Bibliotecas no Mundo Antigo, lançamento de abril de 2018 da Editora Vestígio, do Grupo Autêntica, traduzido por Cristina Antunes.
Essencial para quem ama História antiga e Arqueologia, é fã de bibliotecas e Biblioteconomia e/ou enlouquece com curiosidades culturais. Não importa se você é profissional da área ou se apenas se interessa pelo assunto, este livro é simples, rápido e compreensível porém riquíssimo em informações e fatos interessantes e, ao menos para mim, quase tudo era desconhecido. Aprendi bastante com a leitura!
Como surgiu o hábito de se criar e manter um local para se guardar e compartilhar livros? Imagine então numa época em que os livros eram muito diferentes dos volumes encadernados que usamos atualmente. E como eram catalogados, organizados, por quem eram utilizados e com quais finalidades? Como era a leitura, a produção, a negociação e o compartilhamento e manutenção dos livros? Todas as respostas e muito mais estão em Bibliotecas no Mundo Antigo. Acompanhe como foi o surgimento das bibliotecas (aproximadamente em 3000 a.C.) e seu desenvolvimento (de 800 a.C. até o ano século V),  com relações aos eventos históricos importantes e curiosidades sociais e culturais da época.


Agora temos ebooks e edições físicas variadas, mas no berço da civilização os livros inicialmente eram tabuletas de argila na Mesopotâmia e papiros no Egito. A maioria do conteúdo não era literário e sim registros práticos sobre transações cotidianas, comerciais, jurídicas e de contabilidade, como históricos de alterações em estoques e em registros civis e religiosos.
As primeiras coleções de livros pertenciam aos templos religiosos ou escolas de escribas e o teor era formado basicamente por ritos e hinos religiosos. A Biblioteca de Assurbanípal ou de Nínive, na Assíria, fundada em 648 a.C. possuía milhares de textos em escrita cuneiforme e desenvolvia técnicas de catalogação e criava os colofões. Neste período os responsáveis pela organização utilizavam alguns dos princípios de Biblioteconomia consolidados hoje como a titulação de obras para distinção, além do uso de catálogos de busca.
Até mais ou menos o século II, as obras consistiam de rolos, tanto pergaminhos como papiros. Ocorreu então um período de transição do rolo para o códice. O rolo continuou a ser usado para arquivos como documentos, mas o códice era usado quase exclusivamente para trabalhos literários e científicos. O códice era formado por tábuas de madeira articuladas por dobradiças e depois estas tábuas foram substituídas por folhas de pergaminho. Ou seja, não era tão simples organizar prateleiras com livros como é hoje em dia. Também não devia ser nada fácil manusear as obras.


Com as pilhagens de bibliotecas da Grécia e da Ásia Menor durante guerras, Roma ampliou as suas, que se destacaram por atender não mais apenas a estudiosos ou ricos, mas também a pessoas comuns. As bibliotecas romanas se tornaram populares e foram construídas até mesmo em casas de banho. A maioria era complexa, composta por duas câmaras, uma com obras em grego e outra em latim. Boa parte do conteúdo vinha de doações de cópias encomendadas por pessoas ricas e há evidências de que muitas bibliotecas romanas permitiam empréstimos.
A destruição da Biblioteca de Alexandria no século III, reconhecida como a primeira biblioteca verdadeiramente pública, com certeza foi uma das maiores perdas da humanidade. Detalhes de sua importância e riqueza são explicados, como seu pioneirismo em possuir obras de todas as partes do mundo conhecido e sobre os mais variados assuntos, como culinária e poesia. Os livros eram organizados por ordem alfabética, classificados por tipo e autor. Os bibliotecários e administradores criavam e organizavam obras de referência, com glossários e notas sobre os títulos para facilitar a vida de pesquisadores e estudiosos que consultavam o local.


Do total de 208 páginas, 165 pertencem ao texto principal. O restante se refere aos apêndices com abreviações, notas de cada capítulo, informações sobre as ilustrações e índice. São nove capítulos: O Começo - O Antigo Oriente Próximo; O Começo - Grécia; A Biblioteca de Alexandria; O Crescimento das Bibliotecas;O começo - Roma; Bibliotecas do Império Romano - A Cidade de Roma; Bibliotecas do Império Romano - Fora da Cidade de Roma; Do Rolo ao Códice; Em Direção à Idade Média.
O livro contém ainda mapas, fotos, reconstruções e esquemas, assim como desenhos ou dados de estrutura, arquitetura e organização das bibliotecas, tudo com legendas. Há também sumário e prefácio. As figuras são em preto e branco.
O exemplar apresenta miolo em páginas amarelas e orelhas. As equipes de revisão e diagramação, assim como de tradução, realizaram um excelente trabalho.


Não basta apenas gostar de ler para realmente apreciar esta leitura; é recomendada para quem gosta de História, Arqueologia e/ou Biblioteconomia, porque apesar de descomplicado e breve, o conteúdo é muito específico e profundoBasta conferir a amostra com as primeiras páginas que a Editora Vestígio disponibiliza. Clique aqui.
Dez curiosidades que destaquei para se ter uma ideia de como o conteúdo de Bibliotecas no Mundo antigo é interessante:
  • Na parte traseira das tábuas de argila da Biblioteca de Assurbanípal, os escribas escreviam maldições condenando quem roubasse os livros.
  • Em uma carta para um amigo, um residente do Egito escreveu: "Se você já copiou os livros, envie-os, assim teremos algo que ajude a passar o tempo, porque não temos ninguém com quem conversar".
  • Os livreiros e vendedores se consolidaram aproximadamente em 405 a.C., na Grécia.
  • Na época da República Romana, os livros circulavam através de cópias das obras feitas pelos próprios autores, diretamente aos amigos, patronos e proprietários de coleções privadas. Com o surgimento das bibliotecas públicas, os autores doavam cópias a elas, ansiosos pela popularização.
  • Analisando os livros em grego, a Biblioteca de Alexandria possuía aproximadamente 490 mil rolos na biblioteca principal e quase 43 mil na filial. Já sua rival, a de Pérgamo, tinha pelo menos 200 mil. A Biblioteca do Fórum de Trajano, provavelmente a maior de Roma, tinha espaço para apenas 10 mil em sua câmara grega.
  • Os intelectuais contavam com uma elaborada rede de bibliotecas e escribas particulares para obter acesso aos volumes mais raros.
  • Bibliófilos ricos compravam livros fruto de pilhagem de guerras, uma maneira rápida de se montar uma biblioteca.
  • Existem rumores de que Marco Antônio deu os 200 mil livros na biblioteca de Pérgamo como um presente para sua enamorada Cleópatra. Um presente que deve ter sido destinado à Biblioteca de Alexandria.
  • Os romanos deixavam a maior parte dos trabalhos administrativos para escravos e libertos. Conforme avançava em idade e cargo, o melhor escravo era alforriado e continuava o trabalho como liberto. Eram conhecidos como a "família de César".
  • Destaca-se também a Biblioteca de Trajano, pois foi a única biblioteca romana sobrevivente após queda do Império Romano, durando até o século V.

Recebi este livro para resenha como cortesia do Grupo Autêntica.

O autor:
Lionel Casson foi professor de Estudos Clássicos na Universidade de Nova York de 1961 a 1979. Além de se especializar na história marítima do mundo ocidental, também se aventurou no estudo de literatura grega. Em 2005, foi premiado com o Gold Medal Award for Distinguished Archaeological Achievement [Prêmio Medalha de Ouro para Realizações Arqueológicas Notáveis].
Casson morreu em julho de 2009, deixando cerca de 23 livros publicados.

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