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Reencontro, de Leila Krüger, Editora Novo Século, Book tour

Reencontro
Leila Krüger - Editora Novo Século (Novos Talentos da Literatura Brasileira)
496 páginas - Ano: 2011 - R$39,90

Sinopse:
"Ana Luiza vai perdendo aos poucos seu fôlego: o fim de (mais) um grande amor, um pai distante, uma mãe fútil, uma amizade complexa e “pessoas que sempre vão embora”. Com suas músicas de rock, seus livros e seus cigarros, Ana Luiza vê sua vida desmoronar. “O amor é uma ferida”, ela sentencia. Procurando sobreviver e encontrar seu rumo, a “garota de olhar longínquo” tem um encontro inesperado com um alguém aparentemente muito diferente dela: os “olhos imensos”, que tudo veem…
Presa em seu próprio mundo e rendida ao álcool e às drogas, Ana Luiza tenta fugir de tudo. Principalmente do temido amor, que tanto a feriu… Ao mesmo tempo a garota procura entender as mudanças inesperadas e os “sonhos que nunca vão acontecer”…
Como encontrar, ou reencontrar o próprio destino?"

Links: Skoob | Editora Novo Século | Website | Degustação | Página do livro no Facebook

Resenha:
A Literatura nacional tem me surpreendido cada vez mais. No entanto, Reencontro foi mais que uma surpresa, foi uma mistura de emoções tão intensas que não tenho como descrever a leitura. É sempre complicado resenhar livros que nos provocam tantos sentimentos, que amamos ler cada capítulo. Porque o lado emocional acaba querendo falar mais alto que o lado crítico.

Em primeiro lugar, não parece um livro de estreia. Não parece livro escrito por iniciante. Sei que é o primeiro livro publicado pela autora, mas não sei se foi o primeiro escrito por ela. Encontrei uma maturidade na sua escrita. Mais que maturidade: personalidade. Ela foge completamente de expressões e descrições comuns e clichês. Ela soube deixar todo o texto com uma marca própria, mesmo quando repete palavras ou expressões. O vocabulário dela é vasto, utiliza adjetivos diferentes para caracterizar pessoas, cenários e ações. Então notei que essa repetição é para reforçar certas ideias e estilos.

É uma história forte, intensa, como a protagonista, Ana Luiza. Existe um ar poético na narrativa, que transforma ambientes simples em locais mágicos, com vida própria. Tudo de repente cria vida: uma chuva, um lago, uma janela, uma música. A escrita da Leila é única. Somente assim posso resumir o estilo da autora. Ainda mais: a autora utiliza referências culturais e populares em todo o livro. Isso ocorre com uma citação ou trecho de um livro, poema ou música; mencionando séries ou programas de televisão; ou quando a protagonista compara a fisionomia de alguém com a de um rosto famoso - uma das manias da Ana Luiza. Isso deixa a leitura agradável e sem poluição; o texto continua belo, mas moderno.

No início do livro, me senti meio perdida nos diálogos com sotaque e estilo de Porto Alegre, cidade onde ocorre a trama. Achei bem diferente da fala do Rio de Janeiro, ao qual estou acostumada. Porém, depois me adaptei e na verdade achei a forma das personagens falarem bastante charmosa e bem mais bonita.

A história da Ana Luiza, além de intensa, é triste e dramática. Às vezes você sente vontade de chorar, mas confesso que nas primeiras páginas, não simpatizei com a Ana. Ela me pareceu muito rabugenta e sombria, achava que em vários pontos ela soava exagerada em seus sentimentos desesperados de amores que não deram certo. Eu pensava em como, fora os problemas com ex-namorados, ela tinha uma vida boa. Com pai e mãe casados, ótima vida financeira, uma faculdade excelente, uma melhor amiga especial e até um cãozinho fofo. Eu ficava pensando porque ela era tão amarga, infeliz e passava quase o tempo todo desgostosa da vida, se fazendo de vítima e sem se importar com as pessoas, odiando a Deus e menosprezando a fé dos outros, o sentimento positivo e felicidade alheia. Até que a compreendi.

Conforme a história corria, (e corre mesmo, pois é impossível parar a leitura), percebi os problemas da Ana. Não eram problemas de coração apenas. São feridas na alma. E notei que a vida dela nem era tão boa assim. Dinheiro não é tudo; cursar uma faculdade que não deseja é moldar o futuro de uma forma infeliz; pais casados nem sempre significa que estão juntos; e tê-los vivos e morando na mesma casa, nem sempre é sinônimo de família e companhia.
Ana não sabe o que é o amor verdadeiro. Não apenas entre casais, mas o amor em qualquer forma, com amigos ou familiares. Nana, sua melhor amiga, é uma descoberta recente em sua vida, até com isso ela ainda está se acostumando, ou seja: Ana não se entrega às relações e foge das pessoas de uma forma geral. Ainda está aprendendo com Nana o que é a amizade sincera, quando mais alguém se aproxima dela: Rafa, com seus olhos caramelados.

Ana não possui autoestima. Mesmo sendo uma moça jovem, lindíssima, inteligente e cheia de talentos, ela não se vê dessa forma. Não possui amor próprio e não valoriza a sua vida.
Abandonou há muitos anos a sua fé em qualquer coisa, em Deus, em si própria. Largou todos os seus sonhos. Sonhar é para fracos. Chorar, amar, demonstrar as emoções é para fracos. Ela quer ser forte, e não percebe que tentando ser forte, enfraquece cada vez mais o coração e a alma. Até que sua fraqueza se espalha para a mente e corpo: passa a se afundar e a depender cada vez mais de drogas e álcool.
E você, leitor, vai ao fundo do poço com ela. Se emociona tanto que sente vontade de salvá-la. Mas não pode. Então fica torcendo, desejando que Ana consiga superar tudo.

Se não bastassem os problemas criados por ela, como a dependência química e a falta de amor, chegam os obstáculos da vida. Aqueles inevitáveis, imprevisíveis e potentes. Pedras no caminho. Ana chega a um ponto que essas pedras se amontoam até se transformarem numa imensa montanha, que ela não consegue escalar. Talvez ela tenha que escavar fundo e ultrapassar pelo subterrâneo.
Ela precisa confrontar a si mesma, perceber o amor ao redor e vencer toda a dor, depressão e desespero. Pois no fim, Ana é uma boa pessoa, e quer ser feliz, só não sabe como. Viver uma história de amor mesclada a tantos desastres e perigos pode ser a saída. Pelo menos é isso que eu pensava enquanto lia o livro.

As personagens são bem delineadas, até mesmo as mais secundárias. E estou sem palavras para descrever em como a autora uniu acontecimentos para surpreender ainda mais. Ao chegar à metade do livro, quando você acha que sabe como será o andamento do enredo, chegam mudanças, sustos e descobertas. Uma em particular é tão especial... acredito que a visão de cada um pode variar, mas impossível se manter intacto.

A autora me fez detestar Ana Luiza no início do livro. Ou foi a própria Ana Luiza? Sim, ela parece existir, de tanto apego que a leitura provoca; queria dar uns tapas na protagonista. Na metade da história eu mudei de ideia e queria abraça-la, chorar com ela. E no final... ganhou minha admiração e respeito. Que diferença, não? Ela tornou-se (em minha opinião) uma das "heroínas" mais marcantes da Literatura brasileira atual.

Não quero dar mais detalhes para não estragar a leitura. As surpresas é que fazem dessa uma incrível história. Na simplicidade das palavras da autora existe um peso enorme. Palavras que tocam, cativam e trazem diversas mensagens ao leitor. Mensagens de fé, de coragem, de superação e de amor.
O livro é lindíssimo e me tornei fã da Leila; ele veio até mim por book tour e me sinto abençoada em poder lê-lo. Realmente tocante. Agora está na minha lista de desejados, pois é do tipo que se deve reler em diversas épocas da vida. E recomendar a todos!

Uma história sobre perdas tristes e marcantes; sobre buscar e lutar pela felicidade, dia após dia; sobre descobrir quais são seus sonhos, princípios e crenças; sobre encontros, desencontros e reencontros; sobre descobertas; e o principal: sobre valorizar a vida, seja a sua ou de quem faz parte dela.

Trechos:
"Olhou bem dentro de seus olhos. Concentrou-se, avaliou... Se havia nuvens, teria de encontrá-las. Mas ela não sabia ainda ver... Só sabia sentir. ela só sabia sentir a chuva, e não via as nuvens..."
"Fez cantar os pneus do carro. Sem olhar para trás. Perguntou a Nana se podia dormir na casa dela. Não queria ir para a sua casa. Não era seu lar. E era vazia."
"Porém ela não estava preparada. Devolveu os diários ao fundo do armário. Não podia ainda lê-los. Aprisionou-os lá dentro outra vez. Ao encarcerá-los laçou-a um pensamento proibido."
"Ele a beijou na testa. Ela fechou os olhos para que pudesse sentir o beijo morno dele. Seu perfume amadeirado. E ele se foi, deixando-a com uma falta inexplicável."
"Tomava remédio de tarja preta e vermelha. Agora, além de depressiva, ela era uma dependente crônica. Qual seria seu próximo passo, um hospício? Sua mãe que dizia..."
"Nana falara a Ana Luiza que ela tinha um coração puro. Ela não se achava uma pessoa boa. Não mais! Um dia quem sabe tivesse sido. Agora ela entendia o mundo e não caía mais nas armadilhas pueris."
"A vida são recomeços. Recomeçar é reencontrar o que se perdeu, ou mesmo reencontrar a busca do que nunca se teve. As pessoas estão sempre buscando reencontrar alguma coisa."

Book tour:

Recebi o livro da Patrícia do Leituras da Paty. Agora o livro irá ao encontro da Mirela do Inteiramente Diva! Quem organizou a book tour foi a Fernanda do Leitora Incomum.

A autora:
Leila Krüger nasceu em Ijuí, noroeste do Rio Grande do Sul, no começo dos anos 1980.
Na capital gaúcha, Porto Alegre, estudou, aprendeu a gostar de parques e a admirar as nuances do céu. Amante da música, literatura e cinema, também costuma cantar nas horas vagas e é "aprendiz de compositora." Sua maior paixão é escrever. Este é seu primeiro livro, seu "primogênito."

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9 comentários

  1. A Tati que resenha linda. Que prazer que eu sinto pela participação de todas, pela confiança que vocês depositaram em mim, meu blog estava apenas no começo e vocês mesmo assim, embarcaram comigo.
    Realmente a escrita da Leila encanta e emociona de tal forma, que nem parece que é o primeiro livro dela.
    Estou feliz que tenha valido a pena a experiência.

    Beijos
    Leitora Incomum

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    1. Fer, eu que agradeço o convite, adorei participar! Nossa amizade nasceu de repente, inexplicavelmente e confio totalmente em você. Você foi uma ótima organizadora e fez a book tour muito bem, nem parecia que era a primeira vez que organizava uma. Está no final e deu certo, parabéns!
      Sim, o livro é tocante, inesquecível! Eu adorei, a Leila ganhou uma fã! Beijos.

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  2. Só pela sinopse já consegui perceber que essa é uma trama bem densa.
    A literatura brasileira também está cada vez mais me surpreendendo, Tatiana, e por isso mesmo estou buscando divulgar sempre mais os autores brasileiros no Policial da Biblioteca. Resenhar livros que mexem demais com o lado emocional é complicadíssimo, porque corremos o risco de misturar o que "achamos" com o que o texto realmente é. Talvez essa maturidade que você notou na obra venha do fato que a autora deve ter contado com o auxílio de muitos leitores betas e revisado o texto diversas vezes antes de lançar, o que todos deveriam fazer. Essas referências à coisas muito conhecidas presentes nos livros deixa a leitura mais divertida, afinal quando vemos que a autora conhece algo que também conhecemos parece que acontece um tipo de "química literária". Compreende? Personagens com expressões de outras regiões às vezes também me deixam meio perdido, mas nada que a continuação da leitura não resolva. Parabéns pela sua resenha, ficou muito boa e tocante.

    Beijos!
    http://policialdabiblioteca.blogspot.com/

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    1. Obrigada! A literatura nacional anda arrasando mesmo! E já estou lendo outro livro nacional e gostando também! Beijos

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  3. Nossa, Mto boa a resenha, to c mta vontade de ler esse livro...
    Adoro quando leio algo sobre um livro q me acende e me faz querer le-lo logo!!

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    1. Esse é intenso. No início você não imagina, mas depois te arrebata de vez! Beijos.

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  4. Já tinha ouvido falar desse livro, mas não tinha me interessado tanto. Agora, após ler 2 resenhas super positivas fiquei curiosa. Vou acrescentar o livro nos meus desejados =D

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    1. Eu adorei ter participado dessa book tour. Ainda faltam 2 blogues participantes o resenharem. Beijos

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  5. Eu sou fã da Leila! Esse é o meu livro favorito do ano de 2012!
    Parabéns pela excelente resenha Tati!
    Um beijo,
    Nica

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