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[Resenha] A Saga dos Jubardentes, volume 1: O Rei das Cinzas, de Raymond E. Feist e HarperCollins Brasil

O Rei das Cinzas (The King of Ashes)
A Saga dos Jubardentes (The Firemane Saga) - livro 1
Raymond E. Feist - HarperCollins Brasil
Tradução: Ana Cristina Rodrigues
512 páginas - 2018 - R$ 49,90 (impresso) e R$ 39,90 (ebook)
Comprar: Amazon | Google Play | Kobo | Livraria CulturaSaraiva

Sinopse:
"O mundo de Garn já foi composto de cinco grandes reinos, até que o rei da Itrácia foi derrotado e todos os membros de sua família foram executados por Lodavico, o implacável rei de Sandura, um homem com ambições de dominar o mundo.
A família real de Itrácia eram os lendários Jubardentes, e representavam um grande perigo para os outros reis. Agora restam quatro grandes reinos, que estão à beira de uma guerra. Mas há rumores de que o filho recém-nascido do último rei de Itrácia sobreviveu, levado durante a batalha e acolhido pelo Quelli Nacosti, uma sociedade secreta cujos membros são treinados para se infiltrar e espionar os ricos e poderosos de Garn. Com medo de isso ser verdade, os quatro reis oferecem uma enorme recompensa pela cabeça dela.
Na pequena vila de Oncon, Declan é um aprendiz de ferreiro, aprendendo os segredos da produção do fabuloso aço do rei. Oncon está situada na Covenant, uma região neutra entre dois reinos. Desde que a área de Covenant foi declarada, a região existiu em paz, até a violência explodir com traficantes de escravos indo até a vila capturar jovens homens para serem soldados em Sandura.
Declan precisa escapar, para levar seu conhecimento precioso para o barão Daylon Dumarch, comandante de Marquensas, talvez o único homem que pode derrotar Lodavico de Sandura, que agora se aliou à fanática Igreja do Deus Único e está marchando pelo continente, impondo sua forma extrema de religião sobre a população e queimando descrentes pelo caminho.
Enquanto isso, na ilha de Coaltachin, o domínio secreto da Quelli Nacosti, três amigos estão sendo instruídos nas artes mortais de espionagem e assassinato: Donte, filho de um dos mais poderosos mestres da ordem; Hava, uma menina séria com habilidades de luta que poderiam derrubar qualquer oponente; e Hatu, um rapaz estranho e conflituoso no qual fúria e calma lutam constantemente, e cujo cabelo é de um tom brilhante e ardente de vermelho…"

Resenha:
Raymond E. Feist é um escritor estadunidense de fantasia épica que se tornou muito popular com os livros da série Ciclo da Guerra do Portal (The RiftWar Cycle), uma saga passada nos mundos de Midkemia e Kelewan que possui 30 volumes. Os livros foram publicados de 1982 a 2013 e se tornaram referência na Alta Fantasia. Duas partes foram publicadas no Brasil pela Editora Arqueiro: a Saga do Mago, em quatro livros, e a Saga do Império, uma trilogia. Muitas pessoas têm vontade em começar a leitura, porém se intimidam com a quantidade de livros da série, embora cada parte seja uma aventura independente. Portanto, esta é a oportunidade de conhecer de vez o trabalho do autor, pois em 2018 ele iniciou a publicação de livros em um novo mundo, uma novíssima aventura, sem nenhuma relação com Ciclo da Guerra do Portal: a Saga dos Jubardentes (The Firemane Saga), publicada aqui em junho de 2018 pela HarperCollins Brasil, que me enviou um exemplar como cortesia. Li três livros do autor e sinceramente aprecio o estilo fluido e natural com que ele apresenta sua criação. Ele introduz e expande seu mundo fantástico sem explicações enfadonhas ou detalhes desnecessários, fazendo você descubrir, compreender e viajar pela trama sem se perder. Outra característica que gosto no autor é o desenvolvimento de histórias inicialmente paralelas e personagens que não se conhecem, mas que depois se cruzam rodeados por ação, magia e reviravoltas.


É isso o que ocorre em O Rei das Cinzas, a apresentação do mundo de Garn e de algumas personagens em seus arcos próprios que se encontram no que parece ser a véspera de um grandioso evento. Garn possuía cinco grandes reinos: Sandura, Metros, Zindaros, Ilcomen e Itrácia. No sombrio prólogo, uma sequência inicial empolgante, é mostrado que a Itrácia, o Reino das Chamas, uma nação rica em cultura, como artes e teatro, acaba de ser derrubada em uma traição seguida de massacre. Seu Rei, Steveren Langene, conhecido como Jubardente devido ao cabelo vermelho-dourado, é assassinado, assim como toda a sua família. O grande orquestrador do golpe é Lodavico Sentarzi, o Rei de Sandura, que inicia uma nova ordem, exigindo a proibição de todas as religiões (e produções artísticas) e impondo a nova, a Igreja do Deus Único. O mundo agora está à beira de uma grande guerra.
Daylon Dumarch, o Barão de Marquensas, participou da queda de Itrácia sem ter desejado. Ao término da campanha descobre que parece ter nos braços o único sobrevivente dos Langene, um dos filhos do Steveren, o Jubardente mais jovem. Procurando algum tipo de redenção, pois Daylon era amigo de Steveren, ele envia o bebê valioso para ser criado em segredo pelos Quelli Nascoti, conhecidos como "os escondidos" e "os invisíveis", lendários espiões e assassinos, habilidosos arqueiros, lanceiros e espadachins.
O livro é dividido então em vinte e oito capítulos narrados em terceira pessoa alternando entre dois protagonistas: o Jubardente Hatu, que desconhece sua origem, cresce e amadurece em Coaltachin, uma das Ilhas do Norte, lar do Reino da Noite, como um estudante de uma das escolas dos Quelli Nascoti; e Declan, aprendiz do ex-armeiro do Barão de Marquensas, um ferreiro capaz de produzir um aço especial. Prodígio, é o mais jovem a se tornar mestre como um ferreiro de armas e a ter um conhecimento precioso e mortal. Aparentemente, Declan é um bastardo de um nobre.
Dois jovens diferentes, um ferreiro e um assassino. Inconscientes de suas origens, terão seus futuros entrelaçados ao cenário político de Garn e sua iminente guerra. A história possui ainda um epílogo que atiça pelo segundo volume.


O cenário é coerente, detalhado na medida certa e funciona naturalmente. O ritmo da narrativa é levemente mais acelerado que em outras obras do autor e a escrita é excelente, deixando a leitura fluida. As personagens são memoráveis e bastante humanas, especialmente com seus desejos e medos. Fiquei interessada em Daylon e em tudo que antecedeu a queda de Steveren e a ascensão de Lodavico. De modo geral, um spin-off como prequela seria interessante. Mas foram duas personagens secundárias que eu realmente gostei, os amigos de Hatun: Hava, uma moça que é melhor que muitos rapazes em luta ou corrida, e Donte, filho de um mestre Quelli Nascoti que acha que pode fazer o que quiser. Eles realmente merecem arcos mais independentes ou ter mais destaque, pois gostei mais deles que de Declan. Já as Irmãs das Profundezas me deixaram intrigada. Outro que eu espero ainda maior participação é de Lodavico, assim como Nessa, visto que as personagens femininas ficaram em segundo plano.
Os diálogos são críveis e os relacionamentos interessantes. Os acontecimentos preparam o terreno para uma saga grande e épica, com várias possibilidades a caminho, incluindo armas míticas e poderes e magia prestes a eclodirem.
O Rei das Cinzas é basicamente um volume introdutório e desconfio que a saga ainda crescerá muito, assim como ocorreu com a Saga do Mago. Naquela saga, o enredo parecia simples, depois se tornou cheio de ramificações, para então tudo se misturar e empolgar e, finalmente se desenvolver em uma nova etapa, porém mais movimentada e mais sombria. Portanto, recomendo O Rei das Cinzas para quem adora Alta Fantasia, muita aventura e aprecia séries de média a longa extensão, sem pressa no desenvolvimento da trama.


Feist mantém suas principais características ao criar um mundo novo, mas não me impressionou como esperava. A obra é muito bem escrita, na verdade acima da média, todavia em poucos momentos me surpreendeu. Fiquei curiosa acerca de muitas coisas, mas estas foram pouco exploradas, porque acredito que sejam itens que ainda aparecerão na saga e terão seus momentos. Feist é um autor lendário e renomado e por isso criei grandes expectativas que neste momento inicial não foram alcançadas, porém acredito que isso vai mudar. Adorei o livro, as personagens são cativantes e a saga possui enorme potencial. Com certeza lerei o volume dois e acredito que o autor preparou uma sequência poderosa, rodeada de poder e vingança. Até porque ele deixou a trama pronta para muita coisa acontecer e ele é um autor excelente em fazer uma saga crescer e impressionar, especialmente na parte fantástica e no desenvolvimento de relações e personalidades.
O exemplar possui ótimo acabamento, mapa do mundo de Garn, páginas amareladas, orelhas e uma capa muito bonita. A tradução é da Ana Cristina Rodrigues, que também é autora, editora e historiadora, e uma profissional em que confio plenamente. A revisão é quase perfeita, com apenas uns três errinhos sem importância.
Quem é fã do autor não pode ficar sem O Rei das Cinzas! Indicado para fãs de Ursula K. Le Guin, Patrick Rothfuss, Brandon Sanderson, Terry Brooks e John Flanagan.


O autor:
Raymond E. Feist é um dos nomes mais importantes da história da literatura fantástica. Nasceu no Sul da Califórnia e, atualmente, vive em San Diego. Traduzido em mais de trinta países, Mago foi o seu primeiro livro e serve de base para uma vasta obra que tem conquistado, ao longo dos anos, as listas de best-sellers dos jornais The New York Times e The Times of London.
Quando não está escrevendo, Feist é um colecionador de DVDs, estudioso da história do futebol americano, fã de ilustração e um grande apreciador de bons vinhos.
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