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[Resenha] Procurando Gobi, de Dion Leonard e HarperCollins Brasil

Procurando Gobi (Finding Gobi)
Dion Leonard - HarperCollins Brasil
Tradução: Elenice Barbosa de Araújo
256 páginas - 2018 - R$ 29,90 (impresso) e R$ 19,90 (eBook) - trecho
Comprar: Amazon | Google Play | Kobo | Livraria CulturaSaraiva

Sinopse:
"Encontrando Gobi é o relato milagroso de Dion Leonard, um ultramaratonista que atravessa longos percursos com uma cachorrinha vira-lata enquanto compete em uma corrida de 155 milhas através do deserto de Gobi na China. A adorável cadelinha, que mais tarde ganharia o nome de Gobi, provou que o que ela não tinha em tamanho, tinha de coração, enquanto seguia Dion, acompanhando-o por 77 milhas.
Vendo a incrível determinação do animal, o objetivo principal de Dion já não era mais ganhar a corrida, mas, sim, garantir que sua amizade com Gobi continuasse forte bem após a linha de chegada. Embora não tivesse cruzado a linha de chegada em primeiro, Dion sentiu que ganhara algo ainda maior – uma nova visão da vida e uma nova amiga que ele planejava trazer para casa assim que possível. No entanto, antes que isso pudesse acontecer, Gobi desapareceu na grande cidade chinesa. Dion, com a ajuda de estranhos e da internet, começou a rastreá-la e se reuniu para sempre com o incrível animal que mudou sua vida e provou a ele e ao mundo que os milagres são possíveis."

Resenha:
Dion Leonard é australiano, mora na Escócia com a esposa Lucja e já esteve em vários países competindo em ultramaratonas, incluindo os lugares mais inóspitos da Terra. Participou duas vezes da Maratona das Areias, a mais difícil do planeta, percorrendo 250 quilômetros no Deserto do Saara (Marrocos). Enfrentou também 250 quilômetros no Deserto do Kalahari (África do Sul), dentre outras supercorridas. Mas foi em março de 2016, correndo pelos 250 quilômetros do Deserto de Gobi (China), que sua vida mudou.
Enquanto ele se concentrava para completar a competição duríssima entre os primeiros colocados, uma prova que demora dias e maltrata os participantes ao ponto de perderem em média dez por cento da massa corporal e onde a temperatura é muito agressiva, ele ganhou uma amiga. Uma amiga inusitada e que o escolheu: uma filhote de cachorro sem raça definida. Ela simplesmente surge no início da ultramaratona, brinca entre os pés dos atletas e funcionários da equipe organizadora e decide seguir Dion. Ele não compreende o motivo e a princípio pensa ser uma cadelinha de alguém de alguma aldeia próxima. Ela o acompanha intensa e animadamente, como se fosse uma brincadeira muito divertida.
Dion a nomeia Gobi, que significa deserto em mongol. E combina com ela, toda cor de areia. Se tornam então apegados e Gobi não o deixa desistir da competição, embora ele passe a se preocupar mais com ela do que com o pódio. Impressionante como uma cachorrinha pequena e de patinhas curtas foi tão forte e resistente para acompanhar Dion. E ainda por cima com um bom humor inabalável.


Ele decide adotá-la, todavia os obstáculos são muitos: burocracia exigente e alto custo. As leis e regras para sair com um cão da China e entrar no Reino Unido, além de distante e caro, é confuso, com muitas etapas de exames veterinários, quarentenas, documentação, tradução.
A partir do momento em que cruzou a linha de chegada, o episódio se tornou popular por todo o mundo, vários sites e jornais noticiaram sobre o australiano residente de Edimburgo que adotou uma cachorrinha durante a maratona, uma atleta, pois correu ao lado dele.
Então Dion abre uma vaquinha online para tentar arrecadar o valor necessário para preparar Gobi para voar com ele para a Escócia, ou seja, mais de 9 mil quilômetros de viagem. O problema é que Gobi desapareceu e ele precisa se apressar para reencontrá-la. Uma missão quase impossível, pois ela sumiu numa das cidades mais populosas da China, um país onde existe o hábito de certas etnias de se consumir carne de cachorro na alimentação. É um desespero buscar por Gobi.
Esta é a base para este livro de memórias Procurando Gobi (Finding Gobi, 2017) publicado em maio de 2018 pela HarperCollins Brasil. Embora o autor relembre de alguns momentos de sua vida, não é uma história dela e sim sobre porque ele se inscreveu na ultramaratona do Deserto de Gobi, como a cachorrinha o encontrou e conquistou e sua busca incessante em reencontrá-la, passando por muitas situações diferentes até finalmente conseguir levá-la para casa. Quando Dion cita acontecimentos passados e íntimos a intenção é mostrar ao leitor como ele se sentiu em determinado momento relacionando com Gobi. Toda a história é incrível, verdadeiramente emocionante. O foco é Gobi, o relacionamento entre Gobi e Dion e todo o complicado resgate de Gobi. Dion também explica bastante o treinamento e a competição de um ultramaratonista e achei as informações muito relevantes, não sabia muita coisa sobre o assunto.

Durante a competição.

Após completarem a maratona.
A obra é dividida em seis partes e Gobi aparece na segunda. O modo como Dion conta a história é descomplicado e acolhedor, fazendo da obra de não ficção interessante e acessível a todos que apreciam histórias envolvendo cães ou buscam por uma história motivacional. Você já começa o livro sabendo que existe um final feliz, pois mesmo que não conheça a história de Gobi e Dion, há um prefácio que deixa claro que tudo acabou bem, mas que foi muito difícil, complexo e demorado. Dion demorou meses para levar Gobi para sua casa! Ele não desistiu e recebeu muita ajuda de incontáveis pessoas (só no Crowndfunder foram quase mil apoiadores), do mesmo modo que algumas pessoas más tentaram atrapalhar o plano. O perigo era quase tangível e iminente, me senti agoniada.
Portanto, mesmo sabendo que tudo acabou fantasticamente bem, não foi tudo um "mar de rosas". É maravilhoso e enternecedor acompanhar como Dion, sua esposa e as pessoas próximas que não desistiram da Gobi, até mesmo voluntários da busca chinesa e apoiadores financeiros do mundo inteiro, assim como as pessoas que ajudaram Dion com a parte burocrática. Passei momentos aconchegantes com o livro e me apaixonei totalmente pela Gobi, assim como me tornei admiradora de Dion e Lucja. Mas vários momentos de suspense me deixaram desesperada, ainda que soubesse que tudo está bem com eles agora. Não sei como Dion conseguiu prosseguir, realmente é uma prova de esperança, fé e muita, muita insistência. Terem Gobi em casa é uma vitória, pois enquanto algumas pessoas pensariam "é só uma cachorra", Dion mostra que ela é mais que isso: uma amiga que o escolheu.


Algumas pessoas dizem que em muitos momentos a pessoa não escolhe o cachorro e sim o contrário. Em minha vida sempre tive cachorras adotadas e há 1 ano e 4 meses adotei a Chikorita, uma viralatinha que vivia nas ruas de Cabo Frio, Rio de Janeiro. Eu caminhava diariamente na praia e a encontrei, assim como outros cães que viviam com ela. Enfim, eu os ajudava, assim como moradores do local, até que ela tentava me seguir, ir atrás de mim e fazia muita "festinha" quando eu levava ração para eles. Então eu a resgatei, a levei para uma clínica veterinária e em seguida para casa. Acho que ela me escolheu e acredito que isso acontece bastante. Foi o que aconteceu entre Dion e Gobi, uma ligação única onde Gobi o escolheu como tutor/pai/amigo e por isso imagino o que ele sentiu, o desespero de não conseguir fazer algo simples: levar a cachorrinha para casa para terem uma vida juntos.
O livro alerta também para o abandono dos cães e a urgência em castrá-los e priorizar a adoção e o resgate e não a compra. Porque ao comprar um cachorro você deixa de retirar um das ruas, além de estar estimulando um comércio cruel, onde  na maioria das vezes as matrizes são maltratadas e descartadas ao serem substituídas por outras mais jovens.

Chikorita, assim como eu, se tornou fã da Gobi!
Uma lição de vida não apenas de Dion, mas também de Gobi. Mesmo não sendo racional, ela não se deixa abater e ser vencida. Não entende o que acontece ao seu redor, desconhece a burocracia, não compreende as esperas, sente dor ou saudade sem entender o porquê e não pode simplesmente contar tudo o que aconteceu com ela, porém de alguma forma, ela não se rende. É incrível, mesmo inocente há um poder inexplicável.
Imaginei o que Gobi "pensou": Ei, olha aquele humano vestido de amarelo com calçado radical, que pessoa legal, gosta de correr por aqui no deserto como eu, vou acompanhá-lo, o quero como meu bando/minha família."
Um livro lindo, leve e cativante, para quem ama histórias fortes onde o final feliz parece impossível de ser alcançado, mas ele chega. Para os apaixonados por histórias fofas com cães. Você poderá chorar de emoção, mas será uma experiência positiva.
O exemplar da HarperCollins Brasil possui orelhas, páginas amareladas, boas revisão (contém errinhos) e diagramação e tradução de Elenice Barbosa de Araújo e custa R$ 29,90 (físico) e R$ 19,90 (digital).



Um vídeo de Dion e Gobi (em inglês):



Mais fotos da Gobi em sua nova vida:
Gobi mora com os pais e a irmã em Edimburgo, Escócia. Foto do Instagram @findinggobi: https://www.instagram.com/p/BijyZYulcGQ/

A Gobi é muito fofa e aventureira! Foto do Instagram @findinggobi: https://www.instagram.com/p/BkxY_Y6lOGY/
Gobi tem uma irmã, a gata Laura. Elas se deram bem imediatamente. Foto do Instagram @findinggobi: https://www.instagram.com/p/BhluRxNlmds/
Lucja, mãe de Gobi e esposa de Dion. Foto do Instagram @findinggobi: https://www.instagram.com/p/BgLeLTxhge4/

O autor:
Dion Leonard é um australiano de 41 anos que mora em Edimburgo, na Escócia, com sua esposa Lucja. Dion competiu e completou algumas das ultramaratonas mais difíceis do mundo passando pelos lugares mais inóspitos possíveis, incluindo duas corridas pelo Deserto do Saara em Marrocos, na Maratona das Areias de 250 quilômetros, e duas corridas pelo Deserto do Kalahari na África do Sul. A corrida de Dion de 250 quilômetros pelo Deserto de Gobi transformou-se em uma competição completamente diferente quando ele se apaixonou por uma cachorrinha que começou a segui-lo e mudou a vida de ambos para sempre.
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