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Sagas, volume 3: Martelo das Bruxas de vários autores, Argonautas Editora

Martelo das Bruxas
Série Sagas - volume 3
Ana Cristina Rodrigues, Ana Lúcia Merege, Christopher Kastensmidt (com tradução de Cesar Alcázar), Douglas MCT, Duda Falcão.
Argonautas Editora - R$22,00
128 páginas - Ano: 2011
Prefácio: Simone O. Marques
Ilustração da capa: Frêd Macedo

Sinopse:
"Um Visitador do Santo Ofício confronta bruxa no Brasil colonial. O drama de um mundo mágico abalado pelo preconceito. As aventuras de uma menina em um conto de fadas nada convencional. Uma prisão onde o demônio não é o único inimigo. O terror de um homem envolvido por uma maldição em seu próprio lar. Inspirado pelo infame texto de dois monges dominicanos, Martelo das Bruxas apresenta histórias cunhadas por cinco proeminentes autores da Literatura Fantástica brasileira."

Links: Skoob | Argonautas


Noveletas:
  • Cada história tem... - Christopher Kastensmidt (tradução: Cesar Alcázar);
  • O quão forte pode um gigante gritar - Ana Cristina Rodrigues;
  • Encruzilhada - Douglas MCT;
  • A justiça deste mundo - Ana Lúcia Merege;
  • Missa Negra - Duda Falcão.

Resenha:
Mais uma excelente publicação da Argonautas. Assim como os dois volumes anteriores, Sagas está de volta com noveletas de qualidade escritas por autores diferentes sob um mesmo tema. Desta vez, a temática é a caça às bruxas.
O livro possui uma ilustração de Frêd Macedo na capa, mesmo responsável pela capa de Sagas 2. Ao final do livro existe o esboço original, que na minha opinião é mais de acordo com a ambientação das histórias. Porém existe um detalhe que poderia causar impacto e acredito que por isso foi modificado. Gosto muito de capas com ilustrações, quando bem feitas, e este é o caso de Sagas 3. Este desenho representa a primeira noveleta.
O formato é livro de bolso, material de qualidade, padrão mantido em relação aos volumes anteriores.

Iniciei a leitura com muitas expectativas porque gostei tanto de Sagas volume 1 quanto volume 2; já li material  de qualidade de todos os autores envolvidos; e por último, a própria temática que envolve bruxas sempre me desperta a atenção.
De uma forma geral o livro é muito bom, e o melhor que pude observar é que cada autor trouxe uma versão da caça às bruxas e bruxaria. Um mesmo tema, mas histórias bem variadas!

Simone O. Marques inicia o livro com um prefácio muito convidativo, comentando como a Inquisição levou terror a pessoas inocentes culpadas por serem diferentes. Apresenta cada noveleta de forma introdutória.

Depois Duda Falcão explica brevemente ao leitor o que é o Martelo das Bruxa ou Malleus Maleficarum: um manual publicado por monges em 1487 (período de caça às bruxas na Europa) que ensina a identificar as bruxas e feiticeiras. Duda encaixa o leitor no período histórico, um momento de transição da época medieval à modernidade. Novas ideias em conflito com velhos preconceitos, tabus sendo quebrados, a Igreja Católica tentando manter sua supremacia.

A primeira noveleta é de Christopher Kastensmidt e é de longe minha preferida do livro. Não é à toa que ele foi finalista do Prêmio Nebula em 2011.
O cenário é o Brasil colônia, Olinda exatamente. Sob dois pontos de vista, o autor narra a perseguição às feiticeiras locais. O ponto central é o conflito direto da Bruxa versus o Inquisidor.
Interessante como ambos os lados possuem suas fortes convicções e poderes. Embora sejam antagônicos e opostos, os dois possuem crenças fortes e inabaláveis, revelando que o Inquisidor e a Bruxa são iguais em determinação. Cada história tem... o seu lado, a sua versão - eu complemento.

Em seguida mudamos completamente o cenário e vamos parar numa Irlanda sobrenatural, na noveleta de Ana Cristina Rodrigues repleta de seres fantásticos: O quão forte pode um gigante gritar.
Um mundo mágico paralelo ao nosso passa por um lento processo de extinção, assim como os seres oriundos dele. O Cristianismo avança e destrói qualquer crença antiga, espanta e diminui a magia dos locais onde se instala.
Um pai de uma raça encantada reencontra o filho híbrido, porém seus destinos se cruzam com a caça à magia.
Uma história que critica o preconceito e intolerância; critica a forma como o homem explora a natureza.
Gostei da ambientação com um toque de Marion Zimmer Bradley. Uma pequena história que se tornaria um livro completo, até mesmo uma série, devido ao talento e facilidade da autora em escrever fantasia.

A terceira história foi escrita por Douglas MCT, e foi a que menos gostei do livro, apesar de ser bem fantasiosa, característica que costumo apreciar.
É a história de duas irmãs que possuem misteriosos poderes e pretendem ser bruxas. Um gato falante as auxilia e elas devem cumprir três tarefas para serem aceitas num coven. A governanta cristã fervorosa está no caminho delas. Final trágico.
O autor faz o conto parecer uma fábula sombria e bem criativa, apesar de criar um clímax e desfecho muito confusos e não me agradar totalmente. Me senti bastante perdida ao término, mesmo gostando da forma de o autor descrever cenários.

A penúltima noveleta possui suspense e terror psicológico; é A justiça deste mundo, de Ana Lúcia Merege. A autora nos leva ao auge da Inquisição na Inglaterra sob o olhar de um jovem clérigo. Ele vê o primo ser acusado de bruxaria e toda a família envolvida no caso.
História emotiva e dramática impecavelmente bem ambientada e desenvolvida.
Preconceitos pré-estabelecidos podem cegar uma pessoa diante da verdade.
Minha crítica negativa está para o fato de existir uma citação em inglês no início da história que não foi traduzida, afinal o leitor não é obrigado a compreender outro idioma.

Esse deslize não ocorre no último conto, de Duda Falcão. A citação está traduzida.
Missa Negra é uma história macabra e de terror passada no interior do Brasil. Aqui a bruxaria é utilizada de forma maligna, a responsável pela terra infértil e pela escassez na produção da fazenda do protagonista e arredores. Ele se recusa a aceitar o pensamento medieval da comunidade onde vive: os infortúnios são consequência de bruxaria. E os culpados seriam, segundo a população local, os novos vizinhos, uma família comum, mas a única que parece não ter sido atingida pela desgraça. Ele terá de descobrir que talvez esteja errado e que a magia negra está bem próxima.
Gosto de histórias aparentemente simples, mas completamente bem estruturadas e de trama intensa. É o caso desse conto, simples, mas excelente.

Trechos:
"Quando ele se inclinou para tentar respirar,sua tocha revelou um pentagrama queimado ao solo, camuflado pela grama escura. Ele se encontrava no meio dele. O instinto fez com que o inquisidor agarrasse a cruz que trazia no pescoço, mas um relâmpago atingiu-o antes que pudesse tocá-lo." - Cada história tem..., Christopher Kastensmidt.
"Tentou ouvir os sussurros das dríades nas árvores, o bater de asas leves de pixies e o trabalhar na terra dos duendes, mas o silêncio era opressor. Até mesmo os animais pareciam ter se afastado daquela área.Quantos lugares não estavam assim, por toda a Irlanda, por toda a Grande Ilha, por todo o continente." - O quão forte pode um gigante gritar, Ana Cristina Rodrigues.
"Para Dola o gato miou. Mas as meninas ouviram: "Ela descobriu o que vocês são, fujam!". A toada pagã havia se espalhado até aquele fim de mundo? Como podia? Não sabiam, mas também não fugiram." - Encruzilhada, Douglas MCT.
"– Seu primo não confessou, ao que parece. Mas várias mulheres o acusaram, e algumas não conheciam umas Às outras. Isso é o suficiente para que seja condenado, tanto aos olhos dos homens quanto aos de Deus." - A justiça deste mundo, Ana Lúcia Merege.
"Sua conversa soava como se fosse superstição, não cansava de dizer que as duas eram bruxas, concubinas de satã, e o homem, um aprendiz do Coisa Ruim, denominação que insistia em utilizar. Eu, no entanto, me limitava a balançar negativamente a cabeça, em sinal de desaprovação."- Missa Negra, Duda Falcão.
Outros livros da série:

Sagas vol.1: Espada e Magia
César Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro
Prefácio: Roberto de Sousa Causo
Ilustração da capa: Nathan Thomas Milliner
144 páginas - Ano: 2010
Resenha!

Sinopse:
"A palavra islandesa "saga" denomina o relato literário de caráter épico. A série Sagas, da Argonautas Editora, inspira-se nas velhas séries pulp de livros de bolso tão populares nos anos 60 e 70. Sagas Vol. I – Espada e Magia: O real e o sobrenatural colidem em universos heroicos de barbárie e feitiçaria, nos quais a imaginação é o único limite. Embarque você também na primeira aventura da série Sagas. Espada e Magia apresenta quatro histórias épicas escritas por alguns dos melhores autores da Fantasia brasileira."

Sagas vol.2: Estranho Oeste
Alícia Azevedo, Christian David, Duda Falcão, M. D. Amado e Wilson Vieira
Prefácio: Thomaz Albornoz
Ilustração da capa: Frêd Macedo
144 páginas - Ano: 2011
Resenha!

Sinopse:
"Feiticeiros, mortos-vivos, espíritos ancestrais! Aventure-se através de desertos misteriosos e cidades fantasmagóricas no segundo volume da série Sagas. Estranho Oeste apresenta cinco histórias arrepiantes, escritas por alguns dos melhores autores da Literatura Fantástica brasileira. As trilhas selvagens do Velho Oeste nunca mais serão as mesmas!"



Comprar:
Vocês podem adquirir cada um por R$22,00 ou o trio por R$50,00 (com o envio incluído!). É só enviar um e-mail para a Argonautas: argonautaseditora@gmail.com
Mais informações.

18 comentários

  1. Já tinha ouvido falar desse polêmico livro chamado "Martelo das Bruxas", é bem louco mesmo, pelo que sei "ensina" até como descobrir se alguém é uma bruxa. Puro fanatismo. Antologias estão me sendo bastante úteis para conhecer novos escritores nacionais de qualidade. A ilustração da capa ficou perfeita. As bruxas são encantadores porque suscitam questionamento sobre os tantos moldes que a fé pode ter, acho meio incoerente pessoas que acreditam em algo somente por uma questão de tradição, acho que a fé deve brotar de sua necessidade e ser alimentada pela sua vivência. Compreende? Essa variação de perspectivas na antologias é algo que mostra que por mais que um tema seja explorado sempre é possível tratá-lo de uma forma diferente. Concordo contigo, não curto quando um autor brasileiro usa expressões estrangeiras que são de pouco conhecimento da população do Brasil, sei, compreendo um pouco de inglês, mas sei que a maioria de nossos conterrâneos não possui o conhecimento disso. Ultimamente dou mais valor para as histórias que conseguem se ambientar no Brasil, pois cada vez mais percebo o quanto é desnecessário recorrermos à cenários estrangeiros para obter boas histórias. Parabéns pela resenha!

    Beijos!
    http://policialdabiblioteca.blogspot.com/

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    1. Agradeço muito pelos seus comentários, fico feliz sempre quando os leio! Beijos.

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  2. Nomes de autores nacionais bem conhecidos e talentosos! Só isso já chama a atenção, mas o que me prendeu msm foi o tema. Bruxaria tem um toque de terror, meu gênero favorito. Vou acrescentar aos desejados! ;D

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  3. Não é muito meu estilo :(
    Mas para quem gosta,deve ser um dos melhores.

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  4. Obrigada pela resenha, Tatiana! E aceito o puxão de orelha, da próxima vez traduzirei a citação. Mas ao pessoal que ainda não leu o livro quero explicar que se trata de uma epígrafe, um texto que antecede o conto e não uma expressão que faz parte dele. Fosse assim e claro que a traduziria, realmente o leitor não tem obrigação de ler um idioma estrangeiro. Mas a epígrafe não influi em nada na trama.

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    1. Oi, Ana, eu adorei a sua história e realmente não influencia essa epígrafe. E na verdade, creio que isso seja responsabilidade da editora avalia e traduzir o trecho, não exatamente o autor. De qualquer forma, sua noveleta é excelente! Beijos.

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  5. adooro sagas e se tem magia no meio eu me vicio rápido ;)
    @hype_nerd

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    1. Se gosta de uma magia mais sombria e bem desenvolvida e a "Caça às Bruxas" vai gostar desse, beijos.

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  6. As bruxas são umas dos seres sobrenaturais que mais gosto. Não é à toa que sou fã da saga de Harry Potter. Esse tem tudo pra ser o melhor dos três volumes. As capas e as temáticas utilizadas estão show de bola.

    @_Dom_Dom

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  7. Mais uma edição genial, não? Bruxaria não é lá um tema dos meus favoritos, mas pode acabar surpreendendo, afinal de contas. Acho que A justiça deste mundo foi o que eu mais me interessei.
    "Preconceitos pré-estabelecidos podem cegar uma pessoa diante da verdade."
    Nossa, essa frase foi extremamente profunda... E real. Acho que foi o que mais validou o interesse pela tal leitura, porque preconceito é um assunto muito bom a ser abordado, na ficção ou não.

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    1. É mais real, apesar de ser fantasia. Beijos, jogue fora todos os preconceitos antes de iniciar um livro. Sempre ;) Beijos.

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  8. Não sou muito fã de histórias "de época" no Brasil, talvez por achar a historia do país um saco, mas gostei de uma das histórias se passar aqui do lado em Olinda (sou recifense)... depois dessa resenha os 3 volumes Sagas são os próximos que vou comprar, com certeza :)

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    1. Não se preocupe, não são contos que priorizam a História. Você vai gostar. Beijos.

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