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[Atualizada] Novo livro de Victoria Aveyard será lançado pela Seguinte

A Editora Seguinte divulgou uma supernovidade: vai publicar em 2021 o novo livro de Victoria Aveyard, autora da série A Rainha VermelhaRealm Breaker. No Brasil o título é Destruidor de Mundos. Já temos data de lançamento: 14 de maio de 2021. 


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Victoria Aveyard, autora da série best-seller A Rainha Vermelha, está de volta com uma nova fantasia de tirar o fôlego. Reserve seu exemplar de Destruidor de Mundos com brindes aqui.



A protagonista, Corayne, é a única capaz de combater uma força do mal que parece cada vez mais forte e prestes a dominar o mundo. No artigo da Entertaiment Weekly, já adiantaram que Corayne vai partir em uma jornada com um grupo um tanto diferente (um escudeiro, um imortal, uma assassina, uma feiticeira, um falsificador e uma caçadora de recompensas). Segue um pequeno trecho do início do livro, que a Seguinte traduziu especialmente para os leitores da Seguinte, com tradução de Guilherme Miranda:

Havia quilômetros de vista livre. Um bom dia para terminar uma viagem.
⠀⠀⠀⠀⠀E um bom dia para começar outra.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne adorava a costa de Siscaria naquela época do ano, as manhãs do início do verão. Nenhuma tempestade de primavera, nenhum trovão crepitante, nenhuma névoa de inverno. Nenhum esplendor colorido, nenhuma beleza. Nenhuma ilusão. Nada além do horizonte azul e limpo do mar Longo.
⠀⠀⠀⠀⠀A bolsa de couro, que guardava o livro de registros, batia em seu quadril. Aquele livro cheio de tabelas e listas valia seu peso em ouro, ainda mais naquele momento. Ansiosa, ela caminhou pela antiga estrada Cor ao longo das falésias, seguindo as pedras planas e pavimentadas rumo a Lemarta. Ela conhecia o caminho como conhecia o rosto de sua mãe. Cor de areia e esculpido pelo vento, não desgastado pelo sol, mas dourado por ele. O mar Longo se agitava quinze metros abaixo, respingando água no ritmo da maré. Oliveiras e ciprestes cresciam sobre os morros, e o vento soprava leve, cheirando a sal e laranjas.
⠀⠀⠀⠀⠀Um bom dia, ela pensou de novo, voltando o rosto para o sol.
⠀⠀⠀⠀⠀Seu guardião, Kastio, caminhava ao lado dela, o corpo abatido pelas décadas vividas sobre as ondas. Grisalho e com sobrancelhas intensamente pretas, o velho marujo siscariano tinha a pele de todo o corpo escurecida pelo sol. Ele caminhava em um ritmo esquisito, sofrendo com os joelhos gastos e as pernas de quem passou muito tempo mar.
⠀⠀⠀⠀⠀— Mais algum sonho? — ele perguntou, olhando de soslaio para sua protegida. Seus olhos azuis vívidos percorreram o rosto dela com a atenção de uma águia.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne fez que não, piscando os olhos cansados.
⠀⠀⠀⠀⠀— Só estou animada — ela respondeu, abrindo um sorrisinho forçado para o acalmar. — Você sabe que quase não durmo quando o navio está para voltar.
⠀⠀⠀⠀⠀O velho marujo se deixava convencer facilmente.
⠀⠀⠀⠀⠀Ele não precisa saber sobre meus sonhos, nem ele nem ninguém. Com certeza contaria para a minha mãe, que tornaria tudo ainda mais insuportável com a preocupação dela. Mas eles ainda vêm toda noite. E, não sei por quê, estão ficando piores.
⠀⠀⠀⠀⠀Mãos brancas, rostos cobertos de sombras. Algo se movendo na escuridão.
⠀⠀⠀⠀⠀A memória do sonho a arrepiava mesmo em plena luz do dia, e ela apertou o passo, como se pudesse escapar da própria mente.
⠀⠀⠀⠀⠀Os navios seguiam ao longo da Costa da Imperatriz em direção ao porto lemartano. As embarcações precisavam velejar até a garganta do ancoradouro natural da cidade, à vista da estrada e das torres de vigia de Siscaria. A maior parte das torres, que estavam mais para ruínas de pedra deterioradas pelas intempéries, eram relíquias da Velha Cor batizadas em homenagem a imperadores e imperatrizes mortos havia muito tempo. Elas se erguiam como dentes em uma mandíbula quase vazia. As torres que ainda estavam em pé eram ocupadas por soldados velhos ou marinheiros obrigados a ficar em terra firme, homens próximos do próprio fim.
⠀⠀⠀⠀⠀— Qual é a contagem dessa manhã, Reo? — Corayne perguntou ao passar pela torre de Balliscor. Seu único guardião, um homem velho decadente, estava na janela.
⠀⠀⠀⠀⠀Ele balançou uma dupla de dedos enrugados, a pele gasta como couro velho.
⠀⠀⠀⠀⠀— Só dois entraram depois desse ponto. Velas verde-azuladas.
⠀⠀⠀⠀⠀Velas água-marinha, ela corrigiu em sua cabeça, marcadas pela sereia dourada de Tyriot.
⠀⠀⠀⠀⠀— Você não perde um detalhe, não é? — ela disse, sem diminuir o passo.
⠀⠀⠀⠀⠀Ele riu baixo.
⠀⠀⠀⠀⠀— Minha audição pode não ser mais a mesma, mas minha visão continua afiada como sempre.
⠀⠀⠀⠀⠀— Afiada como sempre! — Corayne repetiu, contendo um sorrisinho.
⠀⠀⠀⠀⠀De fato, duas galés tyri haviam passado pelo cabo Antero, mas um terceiro navio atravessou os baixios, escondido pelas falésias. Dificilmente seria visto por alguém que não soubesse para onde olhar. Ou por alguém que fora pago para olhar para outro lugar.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne não deixou nenhuma moeda para o vigia quase cego de Balliscor, mas deixou os subornos habituais nas torres de Macorras e Alcora. Uma aliança comprada ainda é uma aliança selada, ela pensou, ouvindo a voz da mãe em sua cabeça.
⠀⠀⠀⠀⠀Ela deu o mesmo para o guardião das muralhas de Lemarta, embora a cidade portuária fosse pequena, o portão já estivesse aberto, e Corayne e Kastio fossem conhecidos. Ou pelo menos minha mãe é conhecida, admirada e temida na mesma proporção.
⠀⠀⠀⠀⠀O guardião pegou a moeda, fazendo sinal para eles entrarem nas ruas familiares, cobertas de flores laranja e lilás. Elas perfumavam o ar, disfarçando os cheiros do porto cheio de gente, algo entre uma cidade pequena e uma vila alvoroçada. Lemarta era um lugar flamejante, os prédios de pedra pintados nas cores da alvorada e do entardecer. Naquela manhã de verão, as ruas do mercado se enchiam de comerciantes e aldeões.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne oferecia sorrisos como oferecia moedas: um item de troca. Como sempre, sentia uma barreira entre ela e a multidão, como se observasse as pessoas através de um vidro. Os fazendeiros traziam mulas pelas falésias, carregando verduras, frutas e grãos. Os vendedores anunciavam suas mercadorias em todas as línguas do mar Longo. Sacerdotes dedicados caminhavam em filas, seus mantos tingidos em várias cores para marcar a que ordem pertenciam. Os de manto azul, vindos de Meira, eram sempre os mais numerosos, devotos da deusa das águas. Os marinheiros à espera de uma maré ou de um vento favorável já relaxavam nos pátios dos sedens, bebendo vinho sob o sol.
⠀⠀⠀⠀⠀Uma cidade portuária era muitas coisas, mas acima de tudo um entroncamento. Embora Lemarta fosse insignificante diante do resto do mundo, estava longe de ser uma cidade desprezível. Era um bom lugar para lançar âncora.
⠀⠀⠀⠀⠀Mas não para mim, Corayne pensou enquanto acelerava o passo. Nem um segundo a mais.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne e Kastio desceram um labirinto de escadas até as docas, chegando à passarela de pedra à beira d’água. O brilho do sol matinal se refletia nas águas azul-turquesa. Lemarta contemplava o porto lá de cima, encurvada sobre as falésias como uma plateia em um anfiteatro.
⠀⠀⠀⠀⠀Os navios de Tyriot haviam acabado de aportar, ladeando um píer comprido que se projetava sobre a água mais funda. Uma confusão de tripulantes enchia as galés e o píer, espalhando-se sobre as tábuas. Corayne identificou fragmentos de tyri e kasan falados entre o convés e a doca, mas a maioria falava paramount, a língua usada para o comércio nos dois lados do mar Longo. Os membros da tripulação descarregavam caixas e animais vivos enquanto uma dupla de oficiais portuários fazia seus registros fiscais e aduaneiros com grande alarde. Meia dúzia de soldados os acompanhavam, vestindo túnicas roxas vibrantes.
⠀⠀⠀⠀⠀Nada de boa qualidade ou especialmente interessante, Corayne notou, observando a carga.
⠀⠀⠀⠀⠀Kastio seguiu seu olhar, estreitando os olhos sob as sobrancelhas.
⠀⠀⠀⠀⠀— De onde? — ele perguntou.
⠀⠀⠀⠀⠀O sorriso dela veio tão rápido quanto a resposta.
⠀⠀⠀⠀⠀— Sal das minas de Aegir — Corayne disse, confiante. — E aposto uma taça de vinho com você que o azeite de oliva vem dos bosques de Orisi.
⠀⠀⠀⠀⠀O velho marinheiro riu.
⠀⠀⠀⠀⠀— Nada de apostas. Aprendi minha lição mais de uma vez — ele respondeu. — Você leva jeito para os negócios, isso ninguém pode negar.
⠀⠀⠀⠀⠀Os passos dela hesitaram, a voz ficou mais cortante.
⠀⠀⠀⠀⠀— Espero que sim.
⠀⠀⠀⠀⠀Outro oficial portuário esperava na ponta do próximo píer, embora o ancoradouro estivesse vazio. Os soldados que o acompanhavam pareciam meio sonolentos, completamente desinteressados. Corayne abriu seu melhor sorriso, uma mão na bolsa segurando o último e mais pesado saquinho de moedas. Aquele peso trazia segurança, como o escudo de um cavaleiro.
⠀⠀⠀⠀⠀Embora ela já tivesse feito aquilo uma dezena de vezes, seus dedos tremiam. Um bom dia para começar uma viagem, ela disse a si mesma novamente. Um bom dia para começar.
⠀⠀⠀⠀⠀Atrás do oficial, um navio entrou no porto, saindo da sombra da falésia. Não havia como confundir a galé, com sua bandeira roxo-escura chamativa. O coração de Corayne bateu mais forte.
⠀⠀⠀⠀⠀— Oficial Galeri — ela chamou, com Kastio ao seu lado. Eles vestiam túnicas leves de verão, calças de couro e botas, e embora não fossem roupas elegantes, caminhavam pelo píer como se pertencessem à realeza. — Sempre um prazer vê-lo.
⠀⠀⠀⠀⠀Galeri inclinou a cabeça. O guarda tinha quase três vezes a idade dela — beirando os cinquenta anos — e possuía uma feiura espetacular. No entanto, era muito popular entre as mulheres de Lemarta, sobretudo porque seus bolsos estavam bem recheados de propinas.
⠀⠀⠀⠀⠀— Domiana Corayne, você sabe que o prazer é meu — ele respondeu, pegando a mão estendida dela com um floreio. O saquinho passou dos dedos de Corayne para os dele, desaparecendo no casaco do homem. — E um bom-dia para você, Domo Kastio — ele acrescentou, acenando para o velho, que fechou a cara em resposta. — O mesmo de sempre nessa manhã? Como vai a Filha da Tempestade?
⠀⠀⠀⠀⠀— Vai bem. — Corayne abriu um sorriso sincero, olhando para a galé que entrava.
⠀⠀⠀⠀⠀A Filha da Tempestade era maior do que as galés tyri, um tanto mais compridas e duas vezes mais elegantes, com um rostro mais adequado para a batalha do que para o comércio logo abaixo da linha da água. Era um navio lindo, seu casco pintado em tons escuros para viagens em mares gelados. Com a virada da estação, a camuflagem em água morna chegaria: verde-água e listras cor de areia. Mas, por enquanto, era como uma sombra, velejando no tom roxo-escuro de um navio siscariano voltando para casa. A tripulação estava bem, Corayne sabia, observando seus remos se moverem em uma sincronia perfeita enquanto manobravam o longo navio plano para a doca.
⠀⠀⠀⠀⠀Uma silhueta estava na popa, e um calor se espalhou no peito de Corayne.
⠀⠀⠀⠀⠀Ela se voltou para Galeri abruptamente, tirando um papel do livro de registros, já estampado com o selo de uma família nobre.
⠀⠀⠀⠀⠀— A listagem da carga, o de sempre. — Para cargas ainda não descarregadas. — As quantidades são exatas. Sal e mel, embarcados em Aegironos.
⠀⠀⠀⠀⠀Galeri olhou para o papel sem interesse.
⠀⠀⠀⠀⠀— Com destino a? — ele perguntou, abrindo o caderno de registros dele. Atrás dele, um dos soldados começou a urinar no mar.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne teve o bom senso de ignorá-lo.
⠀⠀⠀⠀⠀— Lecorra — ela disse. A capital siscariana. Antes o centro do reino conhecido, agora uma sombra de sua glória imperial. — Para sua excelência, o duque Reccio...
⠀⠀⠀⠀⠀— Isso será suficiente — Galeri murmurou. Carregamentos nobres não podiam ser taxados, e seus selos eram fáceis de reproduzir ou roubar, para aqueles com a predisposição, o talento e a ousadia.
⠀⠀⠀⠀⠀Ao fim do píer, cordas foram lançadas, homens saltando com elas. Suas vozes eram um emaranhado de línguas: paramount e kasan e treckish e até a melodiosa rhashiran. A miscelânea de vozes se misturou ao silvo de cordas na madeira, o mergulho de uma âncora, o bater de uma vela. Corayne mal conseguia se aguentar de tanto entusiasmo.
⠀⠀⠀⠀⠀Galeri fez uma leve reverência, abrindo um sorriso largo. Dois de seus dentes eram mais brilhantes do que os demais. Marfim, comprado ou subornado.
⠀⠀⠀⠀⠀— Muito bem, assunto resolvido. Vamos ficar de guarda, claro, para observar sua remessa para sua excelência.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne não precisou de mais. Passou pelo oficial e seus soldados, fazendo o possível para não desatar a correr. Quando era mais nova, teria feito isso, indo o mais rápido possível para a Filha da Tempestade com os braços abertos. Mas tenho dezessete anos, sou quase uma mulher, e a agente do navio, ainda por cima, ela disse a si mesma. Devo agir como parte da tripulação, e não como uma criança agarrada às saias da mãe.
⠀⠀⠀⠀⠀Não que eu já tenha visto minha mãe usar saia.
⠀⠀⠀⠀⠀— Bem-vindos de volta! — Corayne gritou, primeiro em paramount, depois na meia dúzia de outras línguas que conhecia, e nas outras duas que arranhava. Rhashiran ainda estava além da capacidade dela, ao passo que a língua jydi era considerada impossível para estrangeiros.
⠀⠀⠀⠀⠀— Você andou praticando — disse Ehjer, o primeiro membro da tripulação a cumprimentá-la. Ele tinha quase dois metros e quinze de altura, a pele branca coberta de tatuagens e cicatrizes ganhadas a duras penas nas neves de Jyd. Ela conhecia as piores histórias: um urso, uma batalha, uma amante, um alce particularmente furioso. Ou talvez a história do alce e da amante fosse a mesma?, ela se perguntou antes de ele a abraçar.
⠀⠀⠀⠀⠀— Não puxe meu saco, Ehjer; eu falo como haarblød — ela ofegou, sem conseguir respirar em seus braços. Ele riu alto.
⠀⠀⠀⠀⠀O píer se encheu de gente, uma confusão de tripulantes e caixotes sobre as tábuas. Corayne foi passando atenta a novos recrutas apanhados na viagem. Sempre havia alguns, fáceis de identificar. A maioria tinha bolhas nas mãos e queimaduras de sol, desacostumados com a vida no convés. A Filha da Tempestade gostava de treinar os seus do zero.
⠀⠀⠀⠀⠀Regra da minha mãe, como tantas outras.
⠀⠀⠀⠀⠀Corayne a encontrou onde sempre a encontrava, quase sentada na amurada.
⠀⠀⠀⠀⠀Meliz an-Amarat não era nem alta nem baixa, mas sua presença era imensa, e chamava a atenção. Uma boa qualidade para qualquer comandante de navio. Ela observava a doca com olhar de águia e orgulho de dragão, sua tarefa ainda incompleta embora o navio estivesse seguramente aportado. Ela não era do tipo que vadiava em sua cabine ou fugia para o seden mais próximo para beber enquanto a tripulação fazia todo o trabalho árduo. Todos os caixotes e sacos de juta passavam sob seu olhar, para serem ticados em uma contagem mental.
⠀⠀⠀⠀⠀— Como estão os ventos? — Corayne perguntou, observando sua mãe governar seu reino de galé.
⠀⠀⠀⠀⠀Do convés, Meliz sorriu, radiante, seu cabelo solto sobre os ombros, pretos como uma nuvem de tormenta. Leves e bem merecidas marcas de expressão marcavam sua boca.
⠀⠀⠀⠀⠀— Ótimos, pois me trouxeram para casa — ela disse, a voz doce como mel.

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