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Especial: subgêneros e categorias da Ficção Científica

Não sou especialista no assunto (muito longe disso), apesar de adorar esse gênero literário: a Ficção Científica.
Por ser uma área muito vasta, não existe um acordo total sobre exatamente quais subgêneros existem. Em alguns casos, o livro pode receber mais de uma classificação.
No entanto, gostaria de apresentar alguns dos subgêneros mais comuns e assim contribuir um pouco com informações básicas. Escolhi alguns, que considero os mais importantes:

Alta Ficção Científica (Hard Sci-Fi):
Sua principal característica é a preocupação com a exatidão científica, qualquer que seja a área abordada, seja Matemática, Física, Biológica, Tecnológica, Química, etc. Alguns autores apresentam tanta perfeição tecnológica que a realidade humana chega a ser utópica, erradicando diversos males. Geralmente os autores evitam exageros e hipóteses que não possam ser explicadas. Tentam atingir o realismo com o máximo de veracidade possível e detalhes.


Baixa Ficção Científica (Soft Sci-Fi):
O destaque nesse sub-gênero está na ênfase aos sentimentos humanos e suas relações, deixando em segundo plano a ambientação científica. Neste tipo de ficção não há a necessidade de seguir à risca o realismo como na Alta Ficção Científica. Os temas científicos podem ser impossíveis, altamente improváveis ou absurdos. Normalmente esse subgênero se baseia em outras áreas mais leves da Ciência, como Psicologia, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Ciência Política, etc.

Ficção Científica Social (Social Sci-Fi):
É igual à Baixa Ficção Científica, sendo considerada por muitos especialistas como sinônimas. Os que defendem como um subgênero separado justificam-se com o fato desse tipo de ficção ser mais voltada à sociedade como um todo do que ao indivíduo.

Cyberpunk (Cibernética + punk):
Neste subgênero misturam-se ciência avançada, tecnologia de informação e a Cibernética, sempre presentes numa sociedade de baixo nível de vida ("High Tech, Low Life"). Há sempre uma desintegração, mudança social ou a sua busca. Grande parte da ação pode ocorrer no num mundo virtual (Ciberspaço). O real e o virtual, a mente e a tecnologia - são fundidos. As personagens são marginalizadas e/ou solitárias. O cenário é sombrio e obscuro aonde a sociedade vive em metrópolis e é controlada, mesmo que indiretamente, pelo estado ou grandes empresas (Corporocracia). Pode abordar hackers, inteligência artificial, violência e revoltas. Contém elementos utilizados no gênero Policial e Noir. Um mundo distópico.

Pós-Cyberpunk:
Gerado diretamente do Cyberpunk. Alguns especialistas dizem que é uma transformação e evolução natural do Cyberpunk. As diferenças são poucas. Aqui os indivíduos são mais socializados, defendem e buscam uma vida melhor, socialmente e até ecologicamente. A tecnologia é utilizada em prol da sociedade (Tecnocracia). Saem os implantes metálicos, entram as Bio e Nano-tecnologias. Ao contrário do Cyberpunk, a sociedade vive num mundo utópico - os problemas e conflitos sociais surgem apesar dessa ordem.

Biopunk (Biotecnologia + punk):
Esta é uma categoria que sai do subgênero Cyberpunk, na verdade, do Pós-Cyberpunk. A diferença: não se baseia na Tecnologia de Informação; se centra em Biologia Sintética e explora histórias aonde existe conflito de grupos sociais X governos totalitários ou grandes corporações. O conflito se dá através de várias espécies de biotecnologias. Como no Pós-Cyberpunk, existe a alteração de corpos, mas de forma diferente: através de Engenharia Genética, alteração dos cromossomos e mutações forçadas em laboratório.

Steampunk (vapor + punk):
Variante do Cyberpunk em que a ação se passa basicamente na Era Vitoriana, criando um mundo paralelo em que a sociedade vitoriana do final de século tem acesso à tecnologia, contudo mantendo a atitude punk.
Mantêm os princípios distópicos do Cyberpunk, mas combinando-os com elementos vitorianos como as máquinas de vapor. Incorpora mais elementos históricos e de fantasia (incorporando personagens históricos e /ou lendários).
Variações: a ideia estendeu-se para outras épocas da História, desdobrando-se em categorias:
Sandalpunk (as histórias acontecem na Idade Antiga, como Roma), Bronzepunk (histórias centradas na Era do Bronze) e Stonepunk (histórias situadas na Era da Pedra).
Há ainda outras categorias do Steampunk, como o Dieselpunk (no lugar das máquinas à vapor temos as movidas à diesel ou qualquer outro combustível) e o Clockpunk (nas histórias que utilizam maquinações de relógio).


Space Opera:
O principal nesse subgênero são os personagens e ar épico que a história possui. Contém cenários exóticos e um drama romântico intenso. Geralmente a aventura ocorre num planeta distante e/ou no Espaço e viola as leis científicas, como nas viagens corridas, para acelerar a história e apresentar ao leitor mais terras estranhas. O que importa é emoção e ações, e não necessariamente como elas ocorrem. Características comumente encontradas: alienígenas falando o mesmo idioma dos visitantes, armas de raio lasers, carros voadores, espaçonaves, forças paranormais, poderes capazes de destruir planetas ou galáxias e sempre presentes ambientes e seres bizarros.

Romance Planetário:
Semelhante ao Space Opera, sem a necessidade do épico e podendo ocorrer aqui na Terra. É um tipo de história aonde a ação consiste em aventuras em um ou mais planetas exóticos ou terras perdidas e/ou desconhecidas (isso era mais comum antigamente, hoje em dia não), caracterizados por cenários físicos e culturais bem distintos de nossa realidade. Alguns podem ocorrer em uma sociedade futura onde viajar entre planetas é comum. Em outros casos a viagem é feita de forma bizarra, invocando tapetes voadores, projeções astrais e outras formas impossíveis. O método não importa. Raças selvagens, choque cultural, colonialismo e dificuldade de trégua entre diferentes povos. Deriva dos antigos Pulps.

Viagem no Tempo:
Nessas obras o tema principal são as viagens no tempo (e espaço - uma opção). Existem basicamente dois tipos de viagens no tempo: as viagens aonde a História é consistente e jamais poderá ser alterada (não ocorrem paradoxos) e o contrário. Quando não se interfere na História, os personagens são apenas observadores, e geralmente sem controle sobre as viagens; mesmo quando participam ativamente da viagem, mesmo interferindo, não modificam o resultado final, apenas muda-se a forma como ocorreu; ou pensam que algo foi alterado, quado na verdade gerou uma realidade paralela. E o segundo tipo, aonde a História é modificada (podendo ocorrer facilidade ou dificuldade nessa mudança). Este último tipo é mais complexo e muito mais difícil de ser escrito, por causa das explicações e dúvidas que podem ficar no ar. As viagens podem ocorrer de diversas formas, sendo as mais comuns: máquinas do tempo ou alterações ou poderes mentais.


Vida Extraterrestre:
O foco está no contato ou relacionamento de seres humanos com seres extraterrestres. O contato pode ser amistoso ou não. Quando amistoso, há alianças ou troca de tecnologia e cultura. O contrário pode gerar batalhas e geralmente o extermínio (ou quase) da raça humana, geralmente com tecnologia inferior. Muitas obras abordam o primeiro contato como tema central, já outras ignoram esta parte e já mostram seres de diferentes planetas convivendo normalmente (em harmonia ou não) e quase sempre existem grandes impérios intergalácticos.

Feminista:
Através de uma distopia ou utopia, e quase sempre escrito por mulheres, há dúvidas se podemos realmente considerar um subgênero da Ficção Científica. São histórias criadas para denunciar, criticar e abalar características patriarcais e machistas ainda presentes na sociedade, até mesmo no Ocidente.

Existem também gêneros que apesar de não fazerem parte da Ficção Científica podem estar ligados a ela de alguma forma:

Ficção Fantástica: (não confundir com o gênero Fantasia)
Um dos gêneros literários mais inconstantes e conflituosos. Não é Fantasia nem Ficção Científica. Aparentemente pode parecer uma mistura dos dois, mas não é. Enquanto a Ficção Científica descreve coisas improváveis que podem acontecer (mais ou menos corretamente) sob reais circunstâncias, na Ficção Fantástica as coisas simplesmente não poderiam ocorrer de forma alguma, mesmo com um falso realismo presente. Por isso, uma obra escrita ontem, que antes era Ficção Fantástica hoje pode ser Ficção Científica, devido ao desenvolvimento científico real. E uma obra antes catalogada como Ficção Científica, de repente descobre-se ser impossível determinada teoria que é rompida. Existe uma definição mais prática: Ficção Fantástica são obras de Fantasia que tentam se parecer com Ficção Científica ou histórias de Ficção Científica que apresentam elementos demais da Fantasia. Inclassificável? Possui muitos subgêneros, "roubados" da Ficção Científica e da Fantasia.

Ucronia (História alternativa):
Um gênero literário que pode ou não estar associado à Ficção Científica. Também costuma estar ligado à Fantasia. Nesse gênero pode-se alterar a história, como se fatos históricos verdadeiros tivessem ocorrido de forma diferente. A divergência está sempre no passado e por isso a sociedade está diferente. Ás vezes a mudança pode ser tão radical ao ponto de transformar o nosso mundo em outro totalmente diferente.


Esta postagem é apenas um resumo deste assunto que gera infinitas discussões. Muitas obras são difíceis de serem classificadas, muitas recebem mais de uma classificação. Minha intenção é apenas clarear um pouco o tema, sem ter a ousadia de servir como referência. Os especialistas me perdoem caso eu esteja errada.
Alguns subgêneros fazem parte de um movimento como um todo, que abrange diversas áreas além da Literatura e filmes. Claro que aqui mostrei um resumo do lado literário apenas.
Espero que eu tenha ajudado alguém. Caso ache algum erro por favor me corrija: leitoraviciada@yahoo.com.br




Fonte: Pesquisa realizada no Google, sendo a maior parte sites estrangeiros de Ficção Científica. Texto de minha autoria.

5 comentários

  1. HUMMMM muito bom a postagem gostei, sou fã de ficção e garanto que sua pesquisa ficou ótima e aproveitou muito bem em sua postagem...valeu...fuiiii

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  2. Nossa ótimo Post!!!
    Vou linkar no blog e usar como referência!
    Parabéns! ;D

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  3. Algumas ressalvas.

    Acho problemático traduzir "hard science fiction" por "alta ficção científica" e "soft" por "baixa". Não são análogos a "alta" e "baixa" fantasia. A alusão é às expressões do inglês "hard sciences", que em português chamaríamos de "ciências naturais (e formais)" e "soft sciences", que para nós são "ciências humanas" ou "ciências sociais".

    "Hard science fiction" é aquela cujo tema principal é a especulação (ficção) sobre "hard science" - física ou biologia, por exemplo. Por isso tende a ter uma abordagem mais cuidadosa e rigorosa pelo menos do ramo da ciência natural ou formal (matemática) que está em foco. Explora bem algo que poderia ser inventado ou descoberto nesse campo (dinossauros reconstruídos geneticamente, digamos) e por outro lado geralmente deixa em segundo plano lado humano e social da história (e descreve, por exemplo, personagens que são meros clichês, ou uma sociedade que existe séculos no futuro ou em outro planeta, mas que é igualzinha à nossa, com os mesmos problemas e preconceitos).

    "Soft science fiction" é aquela cujo tema principal é a especulação sobre "soft science" - incluindo, no sentido amplo, história, política, filosofia, sociologia, antropologia etc. Não é menos realista e não se trata de ter mais ênfase no social e menos no indivíduo: é que o foco é imaginar costumes e sociedades diferentes daquilo que conhecemos sem que deixem de ser coerentes. Nesse caso, há menos interesse no rigor das ciências naturais - pouco importa exatamente como os veículos se movem ou a energia é gerada, o importante é o que as pessoas (ou alienígenas) fazem com isso, como vivem e pensam de maneira diferente de nós.

    Dizer que a "soft SF" é absurda ou menos realista é preconceito de quem tem o ponto de vista das ciências exatas. Às vezes a soft SF recorre a ideias improváveis em termos de ciências naturais, como naves mais rápidas que a luz e máquinas do tempo, mas isso não a faz mais absurda do que a hard SF: é pelo menos igualmente absurdo, como faziam muitos autores de hard SF dos anos 1950, supor que a humanidade de daqui a cem anos ou uma espécie alienígena vivam igualzinho a um subúrbio dos EUA daquele tempo, com papai trabalhando fora, mamãe dona-de-casa etc.

    Outro termo que acho discutível aqui é Ficção Fantástica. "Fantástico" pode ser entendido em dois sentidos. No amplo, para englobar toda ficção não realista, como sinônimo de "ficção especulativa". No restrito, se refere a um tipo de ficção ambivalente entre o realismo e a fantasia (ou racional e maravilhoso, como se diz na teoria literária de Todorov): a história admite as duas interpretações.

    Por exemplo, "O Horla" de Guy de Maupassant, que pode ser entendido tanto como o surgimento de um monstro invisível (interpretação maravilhosa) quanto como a manifestação da loucura do protagonista que conta a história (interpretação racional). Ou "O Imortal" de Machado de Assis: você tanto pode entender como uma mentira contada pelo narrador que supostamente é filho de um homem imortal quanto como um caso real. Ou ainda "Grande Sertão: Veredas" - o pacto com o diabo do Riobaldo tanto pode ser visto como superstição do cangaceiro, como sendo uma realidade sobrenatural.

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    1. Obrigada por complementar de forma tão rica e valiosa a minha humilde postagem! Nunca recebi um comentário tão bom no meu blog, obrigada! Grande abraço.

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