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Protocolo Bluehand: Alienígenas 4 mil exemplares em 9 dias

Deive Pazos (esq.) e Alexandre Ottoni (dir.), do Jovem Nerd, com Eduardo Spohr ao centro.
(Foto: Lucas Valério/Divulgação)

A quem apelar em um ataque alienígena? Três nerds podem salvar sua vida:
O best-seller Eduardo Spohr se junta à dupla de nerds mais famosa da internet brasileira para produzir o livro Protocolo Bluehand, um conjunto de medidas urgentes - e bem humoradas - para a sobrevivência frente à ameaça extraterrestre.


Guerra nas Estrelas, Jornada nas Estrelas, Alien, 2001 - Uma Odisseia no Espaço, Cocoon... O universo nerd está coalhado de referências-clichê sobre a vida extraterrestre. Em nenhum dos casos a convivência entre terráqueos e alienígenas é completamente pacífica. O que fazer se, de fato, seres de outros planetas resolverem invadir a Terra em busca de suprimentos e informação ou, simplesmente, com a intenção de subjugar a raça humana? Se você não pensa a respeito, saiba que três nerds estão preocupados com isso. E podem salvar a sua vida.

O escritor de sucesso Eduardo Spohr se juntou a seus velhos colaboradores Alexandre Ottoni e Deive Pazos, do site Jovem Nerd, com o intuito de salvar a humanidade de uma catástrofe interplanetária. No caminho, é claro, foram muito bem preparados para divertir qualquer espécie de leitor, dentro ou fora do universo nerd. A ameaça é uma “grande piada”, como dizem os autores, mas o livro Protocolo Bluehand: Alienígenas está publicado e à venda para qualquer eventualidade.

Para quem não entregaria a vida a esses três nerds por não acreditar em seu poder de liderança, é bom duvidar de seu julgamento precipitado. Eduardo Spohr é um dos maiores autores brasileiros da atualidade, responsável pelos livros A Batalha do Apocalipse e Filhos do Éden, presenças constantes das listas de livros mais vendidos nos últimos dois anos. Alexandre Ottoni, o Alottoni ou Jovem Nerd, e Deive Pazos, o Azaghâl, estão intimamente ligados ao sucesso de Spohr. Amigos de longa data do autor e líderes da maior comunidade nerd da internet brasileira, foram os responsáveis pela primeira impressão independente e pela divulgação via blog e podcast do campeão de vendas de Spohr, A Batalha do Apocalipse, hoje com quase 200 mil unidades vendidas.

“Um grupo novo, nem sequer convidado para as feiras literárias, está tomando conta do espaço. O mais destacado expoente é o carioca Eduardo Spohr. Um dos mais talentosos escritores da atual geração. Chegou aonde está agora com o apoio de uma comunidade imensa – os nerds e as campus parties”, escreveu o escritor Paulo Coelho, maior sucesso de vendas da história da literatura no Brasil, ao indicar Spohr como um dos 100 brasileiros mais influentes de 2011 em Época, no topo com o aval e a ajuda dos nerds. Está mais tranquilo agora?

O livro Protocolo Bluehand: Alienígenas, assim como aconteceu com o maior best-seller de Spohr, está sendo lançado ao mundo sem uma editora grande. Para complicar, é caro. Custa R$ 49,90, com venda exclusiva na loja virtual nerd dos coautores Ottoni e Pazos. Com tudo isso, terminou as primeiras 24 horas de lançamento com a impressionante marca de 2 mil unidades vendidas. Em menos de uma semana, venderam mais de 3 mil.
(ATUALIZAÇÃO: A primeira tiragem, de 4 mil exemplares, se esgotou nesse sábado, dia 17 de dezembro, 9 dias depois do início das vendas). Se fossem uma editora auferida, estariam disputando os primeiros lugares nas atuais listas de mais vendidos.

Como o sucesso de um grupo de autores independentes pode ser explicado? São de outro planeta? Não. O site Jovem Nerd é uma referência na internet brasileira. Seu podcast (programa em áudio, como uma atração de rádio), intitulado NerdCast, é campeão absoluto de audiência no segmento. Ottoni e Pazos têm, ainda, sucessos de público no portal de vídeos YouTube, com os programas NerdOffice e NerdPlayer. A influência é comprovada com o sucesso do próprio Eduardo Spohr, alçado ao posto de celebridade da literatura brasileira contemporânea com ajuda deles.

O novo livro foi escrito por Spohr, mas é assinado pelos três. Ottoni e Pazos dirigiram o conteúdo, repleto de dicas para sobreviver a um ataque alienígena. E nada foi inventado.

Não, não é que existam ameaças alienígenas reais – fique tranquilo. Mas o livro é todo baseado em pesquisas sobre todas as teorias da conspiração já publicadas com esse tema. É real, e verossímil, como qualquer boa teoria da conspiração, mas não cai no pragmatismo insuportável dos paranoicos. “Busquem conhecimento”, diz em um dos prólogos o ET Bilú, uma das mais recentes e famosas piadas da ufologia brasileira. Bilú divide espaço com temas supostamente sérios como os subcapítulos “Linguagens e códigos alienígenas”, “Veículos extraterrestres e seu funcionamento” e o gravíssimo “O futuro da humanidade”.

Em entrevista à Época, dois dos três autores, Eduardo Spohr e Alexadre Ottoni, explicam a aparente loucura desse lançamento e seu sucesso instantâneo. Se, por acaso, alienígenas invadissem o planeta Terra, este seria, de verdade, um guia indispensável. Para os céticos – saudáveis, nesse caso – o importante é a diversão.

Época - O que é o Protocolo Bluehand?
Alexandre Ottoni - Os fãs do site Jovem Nerd dizem que temos uma mitologia própria, baseada nas brincadeiras que fazemos e histórias que contamos no NerdCast, nosso podcast. Uma dessas histórias é o Protocolo Bluehand. Tudo começou porque temos um amigo do grupo, Caio Lúcio, com apelido de Bluehand ("Mão Azul"), que é uma enciclopédia humana. Ele consegue falar sobre muitos assuntos distintos sem consultar Google, Wikipedia, nada. Ele simplesmente fala. Teve uma vez que o Deive estava no metrô discutindo com alguém sobre quantos vagões tem um metrô, e acabou ligando para o Bluehand, porque ele saberia resolver o enigma. Ele não só sabia como deu uma aula a respeito. “Todo vagão do metrô tem motor independente”, disse, por exemplo. Como ele sabe isso? (risos) É assim. Ele trabalha com TI (Tecnologia da Informação), mas tem isso como hobby. A brincadeira começou assim... Numa possível invasão de zumbis, a gente só precisaria fazer uma coisa: encontrar e proteger o Bluehand. Porque esse cara vai ajudar a humanidade a sobreviver. Ele não pode morrer! Começamos a pensar em um Protocolo Bluehand, um conjunto de ações que deveriam ser tomadas em caso de catástrofe. Os fãs pegaram isso da mitologia do Nerdcast. Quando teve um grande apagão recente, acho que em 2008, 2009, as pessoas foram para o Twitter via celular para dizer: “Vocês já ligaram pro Bluehand? Encontrem o Bluehand!” (risos). Isso foi nascendo com o tempo.

Época - E como a brincadeira virou livro?
Ottoni - Todo mundo falava que tínhamos que publicar de fato o Protocolo Bluehand, “para sabermos o que fazer em caso de catástrofe”. Começamos a pensar isso em 2009, e o Eduardo Spohr estava disposto a escrever. Nos reunimos (Alexandre Ottoni e Deive Pazos, do Jovem Nerd, e Eduardo Spohr) e fizemos um grande brainstorm para dar forma ao livro. Já existia literatura sobre o tema. O Max Brooks, filho do (ator, autor e comediante) Mel Brooks, escreveu o guia de sobrevivência contra zumbis, publicado no Brasil e sucesso no mundo inteiro. O cara já tinha escrito sobre zumbis, e pensamos como escrever algo com a nossa identidade, mas sem parecer que estávamos copiando. Foi quando surgiu a ideia dos alienígenas. Afinal, 2012 está chegando aí e precisamos nos preocupar com tudo. Não sabemos o que vai acabar com a humanidade, e pode ser uma invasão alienígena (risos). Eduardo se propôs a escrever em um projeto dirigido pelos três, bem diferente do que foi com A Batalha do Apocalipse, que é só dele. Nós dois (Ottoni e Deive Pazos) dirigimos muito o Eduardo, e ele deu muitas ideias, além de fazem uma pesquisa enorme sobre todos os supostos casos de avistamento, contato imediato, ufologia... para dar embasamento. Não diria embasamento real, mas verídico.
Eduardo Spohr - Todo escritor tem por obrigação ser maluco. E eu sempre fui muito interessado por essa história de alienígenas. Claro que nunca acreditei muito, mas sempre fui muito interessado. Eu, como jornalista, adoro pesquisar. Comprei mais de 30 livros de alienígenas, enciclopédias sobre o assunto... Portanto, tudo o que está nesse livro eu posso dizer que não foi inventado. Se é real ou não, vai da cabeça dos teóricos da conspiração. Eu lavo minhas mãos. É uma brincadeira, é um livro de humor, mas não foi nada inventado.
Ottoni - O livro tem um tom sério, porque está te ajudando a sobreviver. Mas, é claro, é uma mega-piada. O Deive não está aqui, mas ele diria isso: “Ou não!”. Porque o pessoal embarca de verdade. Teve um cara que comentou, nos vídeos ou no Twitter, não lembro: “Esse livro está muito caro”. Embaixo, outro respondeu: “Isso é o que vai estar escrito na sua lápide, porque eu vou comprar e vou sobreviver” (risos).
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Época - Quem não é nerd também pode se divertir com a história?
Ottoni - É um livro criado pela mitologia do nicho, mas não é só para o nicho. O Eduardo se preocupou muito em não fazer o livro apenas para quem já conhece a história. Qualquer pessoa pode pegar o livro e se divertir. Não podia ser uma piada interna. É um produto caro, todo trabalhado, página por página, em diagramação e ilustração. A ideia foi fazer um manual com a impressão de que ele já tivesse sido manipulado, editado, riscado pelo próprio Bluehand. As páginas são todas com textura de sujo, e nenhuma textura de página se repete. A diagramação, feita pelo André Carvalho, foi altamente profissional. Os documentos do governo são apresentados como se estivessem presos com clips. O livro foi escrito entre 2009 e 2010, e demoramos bastante para poder compor toda a identidade visual. Márcio L. Castro fez as ilustrações, mais de 100. Não é um livro só para leitura, é para o leitor degustar, se divertir visualmente, e se preparar para o que está por vir. Afinal, 2012 está chegando.

Época - Das teorias da conspiração pesquisadas para o livro, teve alguma que mais conquistou vocês?
Spohr - Toda teoria da conspiração tem seu toque de verdade. Posso falar uma rapidamente, que é o Caso Roswell. Segundo a teoria, o que tinha em Roswell era uma base de testes americana, e os americanos estavam tentando bolar um míssil balístico intercontinental, porque eles já tinham a bomba atômica mas não tinham como lançá-la na União Soviética. A teoria da conspiração conta que uma luz foi vista no céu e os americanos lançaram um míssil na direção, pensando que fosse um ataque inimigo. Esse míssil teria derrubado um disco voador. Toda teoria da conspiração funciona assim: o autor vai pegando pedacinhos de verdade para mexer com a sua cabeça. É claro que falta o pedaço principal, a evidência, mas é sempre assim. Eu não acredito nessas teorias, não, mas são válidas. Tanto em A Batalha do Apocalipse quanto em Filhos do Éden, que são romances, é isso o que eu faço também.

Época - Estamos a salvo de ameaças alienígenas com esse manual?
Ottoni - Você precisa antes estudar o inimigo para saber como vai vencê-lo. A ideia inicial do protocolo era apresentar ações a serem tomadas. Mas não conseguimos só enumerá-las. No início, temos uma pesquisa sobre quem são os alienígenas, seus tipos diferentes, por que estão aqui... O que são os implantes? Será que eu tenho um chip? Como fazer um auto-exame para descobrir? Alienígenas podem infectar sua mente e controlar seu corpo. Como saber se seu parente continua o mesmo ou virou um alienígena? A dica é fazer algo completamente louco, para ver sua reação. Por exemplo, na hora do jantar, sirva comida de gato para ele. Se o cara começar a comer sem reclamar, f****, maluco (risos)!
Spohr - É a narrativa de um cara paranoico que teve acesso a esses documentos e está relatando o que aconteceu. Logo no início identificamos os tipos de alienígenas.

Época - Como o Protocolo Bluehand - Alienígenas foi feito, na prática? Os três escreveram?
Ottoni - O Eduardo escreveu e nós dirigimos. Ele entregou um manuscrito e nós fomos rabiscando para alinhar mais ainda nossas expectativas. Movemos capítulos... Fomos orientando. Ele, desde o início, disse que a autoria seria compartilhada.
Spohr - É, isso eu sempre fiz questão. Tudo bem, eu escrevi o livro, isso tem seu peso, mas a ideia é de todos nós. Sempre fiz questão que fossemos nós três.
Ottoni - Vale ressaltar que o Deive (Pazos) teve um trabalho monumental como editor do livro. Depois que o livro estava pronto, ele dirigiu o ilustrador e o diagramador para que entrassem e sintonia e o livro não fosse só texto, fosse essa loucura visual, esse deleite que ele é. É um item de colecionador, mais que um livro.
Spohr - Queríamos fazer um manual completo, um dossiê mesmo. Tem dicas de alimentação, de malhação, condicionamento mental, tudo. “Estou preparado” é uma brincadeira, mas o guia está mesmo completo. Temos relatos verdadeiros desde o início: a grande febre de OVNIs em 1947, a febre de discos voadores, abduções, documentos de ufologia... Virou uma enciclopédia sobre o assunto.

Época - Vocês consultaram médicos e nutricionistas?
Spohr - Sim, com certeza. Mas damos dicas leves, e deixamos claro: “Consulte o seu médico”.

Época - Se ele ainda estiver vivo depois do ataque de aliens.
Spohr - (risos) Exatamente. Temos dicas de alimentação balanceada, com proteína, carboidrato, água... Coisas que não vão machucar ninguém.

Época - De repente, vocês percebem que venderam 2 mil livros em 24 horas. Como foi esse dia para vocês? O que pensaram sobre esse sucesso relâmpago?
Ottoni - Pensamos “Caraca, como a gente vai embalar isso tudo?” (risos). A gente esperava por uma procura grande, é algo que os fãs pedem há muito tempo, afinal. Mas a gente sempre se surpreende um pouco. Fizemos uma tiragem de 4 mil, usando a mesma fórmula da primeira impressão de A Batalha do Apocalipse. É um número bom para o Natal. Se fizéssemos mais, conseguiríamos até um preço mais baixo. Mas o investimento seria muito maior, e sempre temos o pé no chão. Já estamos em 3 mil vendidos (informação de terça-feira, dia 13, data da entrevista), nosso estoque está acabando. Ouvimos que o livro mais vendido da semana foi o do Boni (O Livro do Boni), com 3.400. E pensamos... Poxa, nós, com um selo independente, estamos de fora. Como fazemos para entrar nas listas das revistas? Que registro precisamos fazer para entrar? Existe um mercado de nicho, fora do mainstream, que está chegando perto das vendas do mainstream! Como a gente faz para aparecer? As pessoas precisam saber disso! É bom que a gente esteja falando com vocês (risos).

Época - Como vocês divulgaram o início das vendas?
Ottoni - Começamos divulgando nas redes sociais, com uma fan page no Facebook e um canal no Twitter. Só com a divulgação inicial no Facebook e no Twitter, foram 900 vendas. Depois que fizemos a divulgação no NerdOffice (programa do Jovem Nerd no YouTube), subiu. Até porque era possível ver o livro em vídeo, ter uma noção melhor do que era. Quando colocamos o Protocolo Bluehand - Alienígenas à venda, tivemos 20 compras em 5 minutos, só por verem a capa, o nome, por verem que era coisa nossa. A gente acaba se surpreendendo com esses pequenos detalhes, essa procura tão voraz.

Época - Qual o perfil desses primeiros compradores?
Ottoni - O perfil deles é de quem dá "F5" (atualização de página) na NerdStore. Eles estavam muito ligados. Temos um grupo muito fiel de ouvintes e espectadores, ligados no que fazemos. Isso é fruto do peso de qualidade dos nossos selos.

Época - O estoque deve se esgotar em breve. Já pensam em uma reimpressão?
Ottoni - A gente está pensando, sim, calculando a demanda. Para o Natal, acho que não. Em janeiro, já vamos reimprimir. Mas não vai faltar livro para ninguém não, as pessoas não precisam ficar desesperadas.
Spohr - É bom ficarem desesperadas sim! (risos)

Época - Com um novo caso de sucesso, vocês pensam em uma parceria com grandes editoras? Ou preferem continuar em pequena escala?
Ottoni - A gente nunca diz “não” a boas perspectivas de negócio. Se for um bom negócio para ambos, conversamos. A gente não nega o poder de distribuição deles, mas também não nos achamos pequenininhos não. Estamos com o peito bem estufado com esse sucesso todo (risos). Eu estou doido para mandar esse livro para a editora do Eduardo. “Olha aqui o que a gente sabe fazer” (risos).

Época - O Spohr continua lançando seus livros pela Record, certo?
Spohr - O meu último livro, Filhos do Éden, lançado em agosto de 2011 pela editora Record, é o começo de uma série. O segundo está vindo aí. Filhos do Éden esteve um tempo na lista dos mais vendidos. Se passa no mesmo universo de A Batalha do Apocalipse. Tem outros personagens.

Época - Como vocês, equipe Jovem Nerd e Eduardo Spohr, se conheceram?
Spohr - O Alexandre (Ottoni), que eu conheci primeiro, era amigo de faculdade de outro grande amigo meu, Andrés Ramos. O Andrés estudou comigo e foi um dos grandes incentivadores da minha carreira literária. Ele desenhava muito, fazia histórias em quadrinhos, e eu era um zero à esquerda no desenho. Eu queria me expressar como ele, e comecei a escrever porque não sabia desenhar. Ele que fez a edição especial do A Batalha do Apocalipse, com capa dura. No dia que eu conheci o Alexandre, fui com a minha então namorada, que depois virou minha esposa, convidar o Andrés para sair. E os dois, Andrés e Alexandre, estavam jogando videogame, bem coisa de nerd mesmo. Viramos grandes amigos.

Época - A primeira parceria de trabalho foi com o livro A Batalha do Apocalipse, do Spohr?
Ottoni - Sim. Quando ele terminou de escrever o livro, o Deive (Pazos) leu ainda em formato A4. Depois eu li. “Como pode nosso amigo ter escrito um livro tão f***?”. Aí, fizemos um programa para falar do livro. Fez sucesso na época e vendemos todos os livros que tínhamos. Fizemos o podcast como um tiro no escuro, e só tínhamos para vender os livros que ele tinha ganho em um concurso literário. Ele ganhou 100, usou 30 na divulgação e pegamos os 70 restantes para tentar vender na NerdStore, nossa loja. Vendemos os 70 na manhã da publicação do NerdCast e fomos atrás de uma gráfica para imprimir mais 500 em sociedade, entre nós e o Spohr. Vendemos esses 500 em um ou dois meses e ficamos um ano e meio sem tocar nesse assunto, achando que o Eduardo seria finalmente avaliado por uma editora. Só que isso demorou muito.
Spohr - Da primeira impressão, de 500 exemplares em 2007, até a metade de 2009, recebi 8 mil e-mails de pedido de livros. Tiramos a conta daí... Fizemos 4 mil livros para esses 8 mil pedidos. Fizemos e vendemos tudo. Em 2009 começou o bochicho, até com a ajuda das redes sociais, dos blogs literários.
Ottoni - Foi o primeiro livro do selo NerdBooks. A gente é exigente, não apoia qualquer coisa. Quando imprimimos os 4 mil, fizemos tudo profissionalmente, com registro e tudo. Criamos o selo aí. Foi um exemplo de cauda longa. A audiência do site ia crescendo e as pessoas iam ouvir os NerdCasts antigos. Quando chegavam no que falamos sobre o livro, procuravam na internet e não achavam para vender.


Época - Quando A Batalha do Apocalipse foi publicado pelo selo Verus, da Record, o livro passeou pelas listas de mais vendidos por muito tempo, desbancando sucessos como os livros da saga Crepúsculo. Quais as maiores diferenças entre o sucesso no nicho nerd e o sucesso na grande mídia?
Spohr - É bem interessante. Quando dei entrevista para o Jô Soares (Programa do Jô, na TV Globo), fui malhar na academia no dia seguinte e várias pessoas que nunca comprariam meu livro foram me cumprimentar. A grande mídia te dá muita visibilidade, te ajuda num prazo mais longo. Uma entrevista com o Jô Soares, por exemplo, não tem muito impacto imediato, mas tem impacto mais longo, porque as pessoas compram por associação. A pessoa vê meu livro na livraria e lembra: “Esse cara foi no Jô Soares”. É uma associação. São dois fenômenos curiosos.

Época - A parceria entre Eduardo Spohr e Jovem Nerd continua?
Ottoni - No ano que vem a gente planeja lançar o Protocolo Bluehand: Zumbis. Damos até dicas disso no fim do livro sobre alienígenas. Temos também outros lançamentos previstos em quadrinhos, que serão um sucesso.

Época - Quais são os planos para o império Jovem Nerd, que já tem blog, selo literário, loja virtual, programas de áudio e vídeo...?
Ottoni - O site cresceu muito no último ano e estamos com uma empreitada: a rede social do Jovem Nerd. Atualizamos o site para obedecer um comportamento que já existia entre os leitores do site, que é o de comunidade. Todos eles têm perfis nas redes sociais, mas quando surge dentro do Jovem Nerd uma notícia de ficção científica, um filme novo, qualquer coisa, temos uma quantidade enorme de comentários embaixo da notícia. E aí pensamos que, quando essa notícia fica velha, a conversa se perde. E se o usuário pudesse “favoritar” a notícia no perfil dele, para continuar conversando com os amigos a respeito? Na rede social ele vai poder indicar favoritos, fazer amigos, trocar mensagens, fazer posts, indicar links, publicar vídeos... Não queremos fazer uma rede social de massa, mas sim um lugar que nossos leitores troquem informação e se sintam confortáveis. Junto com a rede social teremos uma mudança de layout do site e novidades bombásticas que... Não posso falar (risos). Queremos fazer um super centro de entretenimento nerd, já no início de 2012.

Época -  As atrações antigas continuam?
Ottoni - Sim, continuam. NerdCast, NerdOffice e NerdPlayer. E temos planos para uma super atração de humor no site, e atualizações todos os dias da semana. Felizmente, a loja também está dando muito certo, tanto que é uma empresa separada, só para varejo. Nossos braços estão crescendo, estamos trazendo mais pessoas para trabalhar com a gente, que vão nos ajudar a fazer tudo o que pretendemos.

Fonte: Revista Época - Rafael Pereira - 17/12/2011

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