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O Planeta dos Macacos, Pierre Boulle, Agir

O Planeta dos Macacos (Le Planète de Singes)
Pierre Boulle - Pocket Ouro/Editora Agir - Coleção Grandes Filmes
206 páginas - Ano: 2008 (escrito em 1963)
Tradutor: André Telles

Sinopse:
"No ano de 2500, o professor Antelle, o físico Arthur Levain e o jornalista Ulysse Mérou deixam a Terra. Eles embarcam numa nave cósmica, em direção ao extraordinário sol vermelho Betelgeuse, na constelação de Órion. O destino encontra-se a 300 anos-luz da Terra e até atingi-lo passam-se, em nosso planeta, cerca de três séculos e meio, enquanto os viajantes, devido à dilatação do tempo, têm a sensação de passarem-se apenas dois anos.
Finalmente, eles se surpreendem ao aterrissar em um planeta com cidades, casas, florestas…
Um planeta igual à Terra? Quase. Existe uma diferença: aqui, os macacos reinam e os homens vivem em estado selvagem, quando não estão enjaulados e escravizados. O que terá acontecido com a espécie humana?"
Skoob

Box com os 5 filmes antigos
+ o de 2001
Sobre a franquia:
Conheço a série de filmes antiga, pois meu pai era fã. Também adoro os filmes mais recentes. Foi difícil conseguir comprar este livro e com sorte comprei numa livraria online bem barato. Uma edição novinha recém saída da gráfica.
DVD do novo filme, de 2011
A versão original é esse livro publicado em 1963. O primeiro filme da série antiga (O Planeta dos Macacos, 1968) foi baseado nele. Com grandes diferenças, claro, como quase toda adaptação para o cinema.
O segundo (De Volta Ao Planeta dos Macacos, 1970), terceiro (Fuga do Planeta dos Macacos, 1971), quarto (A Conquista do Planeta dos Macacos, 1972) e quinto (Batalha Pelo Planeta dos Macacos, 1973) filmes da série antiga tiveram o roteiro do próprio Pierre Boulle.
Trinta e três anos após seu lançamento, o primeiro filme ganhou um remake (Planeta dos Macacos) e em 2011 a franquia ganhou um novo filme (Planeta dos Macacos: A Origem).
O autor faleceu em 1994 e não pode ver a série nova.

[Atualização 20/07/2014.] Estreia nos cinemas a continuação de Planeta dos Macacos: A Origem e seu título é Planeta dos Macacos: O Confronto.



[Fim da atualização.]

Resenha:
Não sei como resenhar um livro que achei muito genial. Um clássico da Ficção Científica que deveria ser tão famoso quanto os filmes. Narrativa empolgante, detalhada e bem escrita.
O ponto de partida: um casal encontra um manuscrito perdido no espaço e começa sua leitura. A narrativa passa a ser em primeira pessoa e isso a faz ser bastante eficiente. As surpresas e situações vividas pelo protagonista são tão nossas quanto dele, devido à perfeição do autor em nos cativar e projetar as cenas. Um romance narrado de forma extremamente habilidosa.
Um livro atemporal, porque mesmo sendo de 1963, ele ainda é atual. O autor utiliza de um exagero fantasioso para criticar a sociedade humana em diversos sentidos. As críticas me levaram a vários pontos de reflexão. É impossível ler a obra e não ter vários questionamentos, pensamentos e sensações. Afinal, o livro é prazeroso, mas escrito para fazer pensar.
Boulle não se preocupa em explicar o funcionamento exato das espaçonaves, das viagens interplanetárias, nem dos aparatos científicos no geral. Ele se foca na área antropológica. Ele critica a sociedade do século XX e essas críticas permanecem até hoje.

"Fui tomado por um terror mortal quando vi a tropa avançar. Após ter sido testemunha de sua crueldade, julgava que iriam promover um massacre generalizado. Os caçadores, todos gorilas, caminhavam na frente."

A versão cinematográfica de 1968.

A forma como o homem em geral trata os animais e age como o dono do planeta Terra e de tudo que nele existe. Boulle joga os humanos no papel de animais, e escolheu os macacos para nos substituírem. A história choca, imagino como deve ter impactado em 1963. Agora o efeito não é exatamente o mesmo, pois a maioria das pessoas já assistiu a pelo menos um dos filmes, ou no mínimo conhece a história.
Poderiam ser cães, gatos, porcos, jacarés, formigas... a crítica seria a mesma. Talvez se ele tivesse escolhido animais que geralmente são consumidos como alimento pelos humanos, o choque fosse maior, pois mostraria o homem vendido em açougue e consumido como hambúrgueres. Mas a escolha pelos macacos é lógica, visto que os primatas se assemelham a nós em diversos aspectos e são muito utilizados em testes de vários tipos, como os farmacêuticos.

"Reconheço que estes testes são excessivamente chocantes para quem não está acostumado. Mas pense que, graças a eles, nossa medicina e nossa cirurgia realizaram progressos imensos de um quarto de século para cá.
Esse argumento não me comovia em nada, assim como tampouco a lembrança que eu tinha do mesmo tratamento aplicado a chipanzés num laboratório terrestre."

Outra crítica está na nossa humanização. No livro presenciamos duas situações diferentes dos humanos que estão no planeta dos macacos: um deles resiste aos instintos e luta para ser reconhecido como ser racional e pensante; o outro sofre um curioso processo de desumanização. Refletimos se é correto utilizarmos a palavra humanização no sentido de ser civilizado.
Será que somos realmente civilizados? O que nos difere dos animais? O raciocínio, a linguagem? Conseguimos lidar com nossos instintos e emoções? Ainda somos animais? E os animais, são mesmo nossa propriedade? Até onde nossa inteligência nos faz céticos e cruéis?

1973: o quinto filme, Batalha Pelo Planeta dos Macacos

Ulysse, que apesar de estar numa viagem pelo espaço junto com outros dois cientistas, é na verdade jornalista. É ele quem conta a história, é através dele que conhecemos o planeta dos macacos (Soror) e sentimos na pele como é ser um humano nesse mundo.
O protagonista sente-se perdido, curioso, chocado e assustado nesse mundo estranho, não apenas pelo fato dos primatas dominarem a mais alta posição na sociedade, e serem tão inteligentes, hábeis e evoluídos. O que mais aterroriza o visitante é perceber que os humanos de Soror não falam, e não esboçam nenhum tipo de comunicação inteligente nem sombra de raciocínio. Os humanos são animais.
Notamos esse conflito do observador em diversos trechos do livro. Uma situação que mais contribuiu para notar esse choque vivido por ele é sua relação com a chipanzé Zira e com a mulher Nova.

"Alguns homens, mais franzinos, não participavam do tumulto. Mantinham-se a distância, perto das grades, e, quando viam um macaquinho enfiar os dedos num saco, estendiam-lhe mãos em súplica."

Zira, esperta e inteligente, trabalha no laboratório e é muito civilizada e bem vestida, ao ponto de confundir Ulysse, o protagonista. Apesar da aparência grotesca, ela possui um brilho sagaz no olhar, que o homem define numa palavra improvável: humanidade.
Nova, a mulher linda e de corpo e traços perfeitos não passa de um ser irracional, com comportamento bestial e selvagem. Mesmo parecendo ser menos idiota do que os humanos restantes, ainda assim não é capaz de compreender nada. Ulysse se sente cada vez mais intrigado com isso, ao comparar o olhar de Nova ao da Zira e ter apenas uma palavra para defini-lo: animalesco.
Ele sente atração por ambas, tanto pela chipanzé que estuda os humanos quanto pela humana com quem divide a sua cela.

"Penso muito em Nova. ... nunca mais  entrei em sua jaula; o respeito humano me refreou. Ela não é um animal?"

Os testes em animais têm destaque. Testes em laboratório, tão comuns na indústria farmacêutica, de cosméticos, de produtos de higiene, na medicina. Os primatas de Soror fazem tudo isso com os humanos, dissecam seus cérebros, observam seu comportamento em cativeiro, testam medicamentos e vacinas, os enviam ao espaço em satélites. Cobaias - pois os humanos não possuem alma nem raciocínio, segundo visão dos macacos. Alguns primatas sentem nojo deles, simples bichos. Parece horrível. Mas é exatamente isso que os homens fazem com os animais, não é?

O remake feito em 2001.

Mais um ponto a ser questionado: a origem dos humanos, a origem da vida. A evolução, nossas ligações com os animais. A vida em outros planetas, estamos sozinhos?
Os próprios primatas de Soror buscam por essas mesmas questões, e os acompanhamos seguindo os cientistas símios. Eles procuram conhecer sua origem e o porquê das diferenças de raças. Exatamente como nós fazemos.
No planeta Soror os primatas estão divididos em três clãs e categorias: a dos chipanzés, a dos gorilas e a dos orangotangos - outra tacada fantástica do autor. Cada grupo possui suas características e propósitos. Mesmo tendo sido decretada a paz e igualdade entre eles, disparidades ainda existem.

O final surpreende duas vezes. Se não bastasse uma cena chocante, o autor joga outra surpresa. Porém a modificação do desfecho no filme de 1968 é mais marcante, tanto que se tornou uma das cenas clássicas mais épicas da Ficção Científica cinematográfica.
As principais diferenças  entre o livro e o filme: a sociedade dos macacos é mais avançada no livro, enquanto no filme é mais arcaica e medieval (mas o autor nos mostra por um breve instante como era a sociedade passada de Soror. A mudança foi feita no filme porque os orçamentos eram baixos em 1968 e isso foi mantido em 2001 por ser um remake); os humanos no livro andam completamente nus (mudança feita no filme por motivos óbvios); os macacos do filme são mais cruéis que os do livro (para chocar ainda mais).
Fãs dos filmes e de Ficção Científica em geral deveriam ler a obra.




O filme da franquia que conta a origem de tudo, 2011.

[Atuaização 22/09/2020]:



8 comentários

  1. Tipo, essa foto que você postou da versão cinematográfica de 1968 é na verdade uma montagem de Star Wars e não uma cena do filme. É uma cena de Star Wars montada com a cabeça dos macacos.

    Eu quero ler esse livro, pode me dizer onde comprou?

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  2. Tayson é mesmo não tinha reparado! Trocarei a foto. Encontrei num site aonde dizia ser do filme de 1968.
    Eu comprei o livro neste site: http://www.livrariahorus.com.br/shop/pocket-planeta-dos-macacoso-p-210061.html mas demorou alguns dias para confirmarem na distribuidora e mais a postagem.
    R$17,91 - já vi gente vendendo usado por R$90,00!

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  3. Oi Tati! Simplesmente amei este post!
    Vi recentemente o novo filme da franquia, a origem, e achei bem interessante. Vi com minha mãe e depois conversamos longamente sobre ele, pois ela conhece e gosta muito da série antiga. Lembrou-se melancólica de quando ia ao cinema ver “O planeta dos macacos” =). Fiquei muito instigada em ler o livro. Sua resenha está fantástica! Bjo e obrigada! Analígia

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  4. Oi, Anamiranda! Eu também adorei o novo filme da franquia. Meu pai também sempre falava dessa época com saudades.
    O livro é muito bom, recomendo!
    Beijos.

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  5. Passando pra dizer que já estou com o livro em mãos!

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  6. Oi, Tayson que máximo!!! Depois que terminá-lo me conte o que achou!! Boa leitura!

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