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[Leitura do Dia] It: a Coisa, de Stephen King e Suma — Parte 1 (A sombra antes)

A Editora Suma organizou uma leitura coletiva de It: a Coisa, do mestre do terror Stephen King., com tradução de Regiane Winarski. Estou participando e seguindo o cronograma proposto. Como o livro é dividido em 5 partes, a Suma separou 5 dias para os debates com spoilers! Para participar, comente no Facebook ou Instagram da Suma (no final desta postagem) e use a hashtag #SumaLendoIT nas suas redes sociais.
Decidi compartilhar alguns pensamentos sobre a primeira parte. Mas atenção: CONTÉM SPOILERS!



A estrutura do livro inicialmente se assemelha mais à minissérie para a TV feita em 1990 que a duologia cinematográfica atual. De qualquer forma, não importa como a trama seja organizada, particularmente estou gostando desta estrutura cronológica não-linear. Até porque a história da presença da Coisa em Derry, o cenário principal, é longa e um tanto misteriosa, então começar a leitura com um quebra-cabeça dos acontecimentos é bem interessante. Os protagonistas a encontram e a enfrentam, mas 27 anos ela retorna. E o passado também importa: aparentemente a Coisa sempre volta à Derry.

"Parte 1  A sombra antes
Capítulo 1: Depois da enchente (1957)
Capítulo 2: Depois do festival (1984)
Capítulo 3: Seis telefonemas (1985)
Derry: Primeiro interlúdio"

O Capítulo 1: Depois da enchente (1957) possui 4 atos e mostra o garotinho Georgie pedindo ao irmão mais velho Bill, acamado, para fazer um barquinho de papel para ele brincar na rua. Sabemos que Georgie morreu e neste momento descobrimos o responsável: um palhaço assassino.

Filmes e séries são incríveis, não apenas por darem vida ao que vemos nos livros, mas por popularizarem ainda mais obras. Para mim, as adaptações de livros de terror são bem importantes, devido ao visual. Sempre acho impressionante, mesmo que o resultado seja muito diferente da minha imaginação. Em relação a It, minha imagem do Pennywise sempre foi a da de Tim Curry em 1990. Eu era criança e o visual dele realmente me dava medo, mas quando vi a versão atual de Bill Skarsgård, me impressionei mesmo adulta.

Mas a leitura nos dá uma experiência muito única, e Stephen King é um autor que lida com sensações instintivas e primitivas, sem pudores, portanto o livro It me trouxe novidades em relação à Coisa. Destaco os trechos de "apresentação" de Pennywise. Neste primeiro, uma descrição medonha que trabalha com outros sentidos, pois não é uma descrição visual. Este tipo de efeito me impressiona mais:

"aquele cheiro do porão parecia se intensificar até encher o mundo. Aromas de terra e umidade de legumes estragados se misturavam com o aroma inconfundível e inescapável, o cheiro do monstro, a apoteose de todos os monstros. Era o cheiro de uma coisa para a qual ele não tinha nome: o cheiro da Coisa, agachada, espreitando e pronta para atacar. Uma criatura que comeria qualquer coisa, mas que estava particularmente faminta por carne de garoto."

Particularmente achei este ponto incrível, porque demonstra um pouco do medo infantil que acho que todos nós temos. Na primeira infância, quem nunca sentiu um medo ou pânico irracional de simplesmente passar por um corredor ou escada assustadores? King escreveu um momento assim que me pareceu muito semelhante aos medos infantis que tive, especialmente ligados ao escuro ou monstros. Ao desconhecido. E tem um momento que Georgie sabe que não deve temer monstros, os adultos disseram, a TV mostrou; crianças devem ter medo de assassinos seriais, isso sim. Irônico que Pennywise seja as duas coisas, e ainda por cima ter aparência palhaço, não?

Já visualmente falando, sob o ponto de vista de um menino de 6 anos de idade que vive na Derry de 1958, esta é a aparência de Pennywise à primeira vista:

"Havia um palhaço no bueiro. A luz lá dentro não era nada boa, mas era o bastante para George Denbrough ter certeza do que estava vendo. Era um palhaço, como no circo ou na TV. Na verdade, ele parecia um cruzamento entre o Bozo e Clarabell, que falva apertando a buzina no programa Howdy Doody dos sábados de manhã. ... O rosto do palhaço no bueiro era branco, havia tufos engraçados de cabelo vermelho de cada lado da cabeça careca e havia um grande sorriso de palhaço pintado sobre a boca. Se George estivesse vivo um ano depois, ele certamente pensaria em Ronald Mcdonald antes de Bozo ou Clarabell."

A Coisa de apresenta da seguinte forma:

"Eu, Georgie, sou o sr. Bob Gray, também conhecido como Pennywise, o Palhaço Dançarino."

Temos então uma das cenas mais icônicas da literatura de terror contemporânea: uma conversa sobre balões que flutuam e o assassinato de Georgie por Pennywise. Cenas assim, envolvendo crianças, sempre me abalam, por mais simples que sejam. Esta me abalou, mesmo eu já sabendo como ela acontecia, por causa dos filmes.


Em seguida, o Capítulo 2: Depois do festival (1984), em 18 atos, que não traz ainda os protagonistas e antagonistas de Pennywise, mas sim mostra o retorno da Coisa à Derry. Em 1984, durante a Festa do Canal, típica da cidade, ocorre uma morte que teve motivo homofóbico. Um jovem, Adrian Mellon, é encontrado morto e faltando pedaços após sofrer ataques homofóbicos por um grupo. Ele foi jogado da Ponte do Beijo após ser espancado. O que aconteceu exatamente não está claro. A polícia prende e interroga os três suspeitos e este capítulo é sobre isso. Mas vai além: é o retorno oficial da Coisa à Derry em 1984.

Cada um  dos envolvidos conta à polícia o que viu, envolvendo balões e uma bocarra de palhaço embaixo da ponte: um palhaço literalmente abocanhando e comendo o braço do rapaz; um palhaço sorrindo com dentões quebrando as costelas do rapaz... os três são presos pelo assassinato de Adrian.

"Chris Unwin foi até a amurada e olhou para baixo. Ele viu Hagarty primeiro, deslizando e se agarrando na grama da margem cheia de lixo para chegar até a água. E então, viu o palhaço. O palhaço estava arrastando Adrian do outro lado com um dos braços; os balões estavam na outra mão. Adrian estava encharcado, engasgado, gemendo. O palhaço girou a cabeça e sorriu para Chris. Chris disse que viu os olhos prateados brilhantes e os dentes à mostra, dentes grandes, disse ele."

Sei que a cena é terrível, mas fiquei tentando imaginar os policiais escutando este depoimento. Imagina você prender os caras por assassinato e eles contarem uma situação absurda dessas, sobre um palhaço de dentões e mil balões coloridos e flutuantes, mordendo as pessoas?

... — Foi aí que Steve me agarrou e jogou no carro. Mas... acho que ele mordeu o sovaco dele. — ele ergueu o olhar para elees agora, com incerteza. — Acho que foi isso que ele fez. Mordeu o sovaco dele. Como se quisesse comer ele, cara. Como se quisesse comer o coração dele."

Para mim, ficou a questão: o aparecimento de Pennywise é meio que uma consequência do crime, do ódio que o impulsionou? Ou é um potencializador ou influência? Porque o crime envolve ódio, medo, preconceito, intolerância. A Coisa seria parte disso, ela se alimenta disso? A Coisa impulsiona o medo e intolerância que gera ódio, violência e morte? Seria a Coisa a personificação da própria Derry?

"— Quem era, Don?  perguntou Harold Gardener baixinho.
— Era Derry — disse Don Hagarty. — Era esta cidade.
— E o que você fez? — falou Reeves.
— eu corri, seu burro — disse Hagarty, e caiu em lágrimas."


Com o Capítulo 3: Seis telefonemas (1985), conhecemos os protagonistas que antagonizam com Pennywise. Eles são apresentados já adultos e é mostrado um vislumbre sobre a vida que cada um leva atualmente, mas também uma introdução de quem eles eram quando crianças moradoras de Derry. Quem telefona é Mike, também um deles, porém o único que continuou morando em Derry, trabalhando como o bibliotecário da cidade. É ele quem os avisa que a Coisa voltou e que eles precisam cumprir a promessa selada com sangue há 27 anos: se a Coisa retornasse, eles também voltariam e a enfrentariam. Stanley Uris (contador), Richard Tozier (comediante), Ben Hanscom (arquiteto), Eddie Kaspbrak (motorista), Beverly Rogan (estilista) e Bill Denbrough (escritor). Todos tinham simplesmente apagado a Coisa e o verão de 1985 da mente e o retorno do fluxo de memórias traz também sensações adormecidos, especialmente um medo inominável.


Depois das apresentações das personagens, conhecemos mais detalhadamente a história de Derry, uma cidade que, embora seja bem pequena, possui uma quantidade de catástrofes muito desproporcional ao número de habitantes. No segmento Derry: Primeiro Interlúdio, há a narrativa em primeira pessoa feita por Mike (no restante do livro a narrativa ocorre em terceira), que pesquisa sobre Derry e uma provável maldição que a assola.

"Uma cidade inteira pode ser assombrada?
Assombrada como algumas casas em teoria são?
Não uma única construção nessa cidade, nem a esquina de uma única rua, nem uma única quadra de basquete em um único parque, com a cesta sem rede se destacando ao pôr do sol como um instrumento obscuro e sangrento de tortura, não é só uma área... mas tudo. A cidade toda."

Gostei muito de saber detalhes de catástrofes, acidentes e mortes ocorridos em Derry. Na maioria das vezes, as datas coincidem com as aparições de um palhaço, mas a impressão que tive é que até quando Pennywise não aparece, Derry é assombrada, mas com a diferença de que sua presença torna tudo ainda pior. Ou Derry sofre de um ciclo de maldade e desgraças que culmina no ressurgimento de Pennywise, uma coisa que personifica o mal e o medo de Derry. Estou pensando nisso sem parar: Pennywise amaldiçoa Derry ou Derry cria e recria Pennywise?

"Acho que o que esteve aqui antes ainda está, a coisa que estava aqui em 1957 e 1958; a coisa que estava aqui em 1929 e 1930 quando o Black Spot foi incendiado pela Legião de Decência Branca do Maine; a coisa que estava aqui em 1904 e 1905 e no começo de 1906, pelo menos até a Siderúrgica Kitchener explodir; a coisa que estava aqui em 1876 e 1877, a coisa que aparece a cada 27 anos, mais ou menos. Às vezes, aparece um pouco antes, às vezes, um pouco depois... mas sempre vem. Quanto mais no passado, mais difícil é de encontrar os eventos, porque há menos registros e os buracos na história narrativa da área ficam maiores. Mas saber para onde olhar (e quando olhar) ajuda muito a resolver o problema. Ela sempre volta, sabe.
A Coisa."

Primeiramente King mostra a cidade do Maine Derry e o que é a Coisa; depois apresenta cada um dos sete antagonistas de Pennywise e seus sentimentos de pânico em relação à Coisa; e então vamos descobrir os detalhes do que fez Mike telefonar a todos os colegas depois de 27 anos.

"Fomos fundo juntos.
Fomos até as trevas juntos.
Será que sairíamos das trevas se fôssemos uma segunda vez?
Acho que não."


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🎈 DEBATE PARTE 1 #SumaLendoIT ⚠ Atenção: esse post contém SPOILERS. Quem aí está acompanhando nossa leitura coletiva de IT: A COISA? 📖 Nessa primeira parte do livro, King nos apresenta cada um dos personagens principais, além de mostrar como é a adorável cidadezinha de Derry. 👀 E aí, como está sendo sua experiência de leitura? Algumas perguntas pra guiar a conversa: 🎈 É a primeira vez que você lê IT? Já leu outros livros do King antes? Já é fã nº 1 do mestre? 🎈 Quais eram suas expectativas antes de começar a leitura? 🎈 Qual foi a cena mais impactante até agora? 🎈 Você marcou alguma frase favorita nessa Parte 1? Qual? 🎈 Você quer um balão? ⚠ Atenção: se você está relendo o livro, cuidado pra não dar spoiler das Partes 2 a 5 pros amiguinhos que estão lendo pela primeira vez! 😉 . . . #ITACoisa #IT #Pennywise #Itmovie #StephenKing #leituracoletiva #amoler #livroseleitura #instalivros #livrosdeterror #terror #itcapitulo2 #bookstagram
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O cronograma da leitura coletiva de It continua. ainda dá tempo de você flutuar! Compre seu exemplar físico ou ebook.

  • De 07 a 11 de agosto: Parte 1, até a página nº 162
  • De 12 a 19 de agosto: Parte 2, até a página nº 459
  • De 20 a 24 de agosto: Parte 3, até a página nº 635
  • De 25 a 30 de agosto: Parte 4, até a página nº 868
  • De 31 de agosto a 07 de setembro: Parte 5, até a página nº 1102.
Clique aqui para ler a postagem sobre a segunda parte do livro.

Com a leitura coletiva decidi experimentar esta "coluna" do blog: Leitura do Dia, onde comentarei com spoilers o que estou lendo. Não sei com que frequência farei isso, se manterei a coluna, mas as resenhas continuarão, claro. A Leitura do Dia vai ser mais sobre spoilers, resumos, trechos, pensamentos, reações e observações que costumam ficar fora das resenhas. As resenhas continuarão sem spoilers!

Postagem atualizada com as publicações dos debates no Instagram e no Facebook da Suma.

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