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Resenha: Wolverine e Gambit - Vítimas, de Jeph Loeb e Panini Comics (Marvel Comics)

Wolverine e Gambit: Vítimas (Wolverine and Gambit: Victims)
Jeph Loeb - Panini Comics (Marvel Comics)
Desenhos, arte-final e capas: Tim Sale
Cores: Gregory Wright, Digital Chameleon e Malibu's Hues - letras: Daniel de Rosa
Tradução: Diogo Prado - adaptação: Pedro Catarino
104 páginas - R$ 44,90 - comprar na Amazon


Sinopse:
"A equipe titânica formada por Jeph Loeb e Tim Sale (Homem-Aranha: Azul, Demolidor: Amarelo, Hulk: Cinza) encara os dois mutantes mais perigosos dos X-Men em um thriller internacional que leva Wolverine e Gambit à Inglaterra. Um assassino em série está aterrorizando Londres, ceifando a vida de belas jovens por onde passa. A brutalidade das mortes faz Gambit duvidar da inocência de Wolverine, mas os dois precisarão trabalhar juntos para descobrirem quem é o verdadeiro assassino, sem se matarem no processo!"

Resenha:
Desde final de 2020 a Marvel reformulou as publicações brasileiras pela Panini, incluindo novas linhas e coleções, especialmente as republicações. A linha Marvel Vintage contém HQs mais antigas (a maioria pertence aos anos 1980 e 1990, mas há também títulos da década de 2000 e até mesmo uma publicação de 2012), contendo sagas clássicas e outras menos conhecidas, como o caso de Wolverine e Gambit: Vítimas, publicada originalmente em 1995 como uma minissérie em quatro edições. Assim como as demais HQs da linha Marvel Vintage, esta possui capa dura, miolo em papel couché e formato americano (17 por 26 centímetros). Contém 104 páginas, um pouco menor que as outras Marvel vintage que tenho (ver todas as HQs da linha Marvel Vintage já publicadas ao término desta resenha).


Wolverine e Gambit: Vítimas foi lançada no Brasil anteriormente uma única vez, pela Editora Abril Jovem, em 1997, então quem curte os dois heróis pode aproveitar a oportunidade de finalmente conhecer a obra ou, aos que já leram e gostaram, talvez desejem adquiri-la em formato duradouro e em volume único. Foi em uma época em que os mutantes dominavam os lançamentos e chegavam às bancas todo mês em uma enxurrada de minisséries e especiais X, além dos títulos mensais. Se fosse possível comprar tudo (e algumas HQs saíram fora da Abril, pela Editora Mythos), era uma overdose de leitura, pois eram publicações extras variadas, como minisséries/especiais do Dentes-de-Sabre, Ciclope e Fênix, Vampira, Bishop, Cable, Magneto, Psylocke e Arcanjo... Esta foi publicada em duas edições quinzenais em formato americano tradicional e capa mole grampeada.


Na primeira vez que me deparei com esta HQ estrelada por Wolverine e Gambit fiquei muito empolgada, e naquela época geralmente era mesmo uma surpresa chegar na banca ou comic shop para comprar HQs. Dois dos meus X-Men preferidos numa aventura solo e que não é uma missão oficial de equipe! Quando a pré-venda pela Panini desta nova edição começou, lá estava eu reservando o encadernado mesmo conhecendo a trama e ciente de se trata de uma HQ mediana, com premissa ótima, bom início, desenvolvimento médio e desfecho fraco. Um potencial enorme desperdiçado.


O que realmente é estranho, pois a equipe criativa é sensacional: a dupla Jeph Loeb e Tim Sale é responsável por Homem-Aranha: Azul (que eu amo!), Hulk: Cinza, Capitão América: Branco e Demolidor: Amarelo, todas muito boas. Sale desenhou para a DC também: Batman, Superman e Mulher-Gato. Loeb é ganhador dos prêmios Eisner e Wizard, destacando seus seguintes trabalhos: Superman: as Quatro Estações, Batman: O Longo Dia das Bruxas e Batman: Silêncio. Ele também escreveu e produziu séries (Smalville, Lost e Heroes) e filmes (O Garoto do Futuro - Teen Wolf de 1985 - adoro!).


A HQ tinha tudo para agradar a todos: um thriller criminal envolvendo dois X-Men sombrios e sagazes: um ladrão sorrateiro e um caçador mortal, ambos silenciosos, ágeis, de temperamento forte e os melhores em seus campos. Um serial killer deixando um rastro de vítimas tenta culpar um deles, o Wolverine. Gambit se envolve e percebe que as pistas apontam para responsabilizar o colega como assassino. O conflito entre eles surge, um clichê bem comum em HQs de super-heróis, para que então ambos unam forças contra o verdadeiro inimigo. Até então, a HQ é boa e consegue se manter até um pouco mais da metade, especialmente com o clima noir da década de 1930 no início da trama.


O cenário ajuda muito: uma noturna e sombria Londres. O ponto inicial também é muito interessante, pois remete ao século XIX, engrandecendo ainda mais a localidade: Um assassino serial está matando jovens mulheres, como ocorreu na Inglaterra vitoriana. Seria Jack, o Estripador? A trama logo incrimina Wolverine, e devido à sua longevidade... seria ele o Estripador de um século antes? Mesmo sabendo que não, pois é apenas para Gambit e Wolverine se confrontarem inicialmente (e o roteiro não tem intenção de causar nenhuma dúvida), a questão é o porquê de o incriminarem, e como estão fazendo isso.


Porém a trama se torna um pouco absurda devido às motivações do vilão principal, que, sinceramente, foi uma péssima escolha, dentre tantos disponíveis. Sua ajudante é uma estreante e, embora também muito sem sentido, talvez seja um destaque justamente por ser sua primeira aparição. Não darei spoilers, mas não a considero uma boa personagem, pois ela é mais uma das versões femininas derivadas de outras masculinas (como Syrin, filha de Banshee, por exemplo); as motivações do vilão são tão fracas que beiram o ridículo. Teria sido mais interessante se ela, a ajudante, fosse a única vilã, com uma motivação própria, mesmo que clichê. Ao menos ela teria condições de atrair Wolverine para o cenário dos crimes. Este é um ponto que não compreendi: o motivo de Wolverine estar em Londres ou como foi atraído para lá. Talvez faça parte da continuidade dos X-Men da época e eu não me lembre. Imagino que ele tenha ido investigar por conta própria, pois estaria entediado de morar no quintal da Mansão X e precisava gastar energia de seu descontrolado lado animal.


Ao menos Gambit tem um motivo pessoal para ir à Londres: a vítima mais recente era sua conhecida, uma detetive em ascensão na carreira e seu antigo caso amoroso. Gambit e Wolverine se encontram e são acusados pela polícia. Outro ponto fraco foi a participação da Yukio, uma personagem interessante e que poderia ter auxiliado ou antagonizado com os protagonistas usada de forma tão ao acaso. O que dizer então da outra ajudante do vilão, uma já clássica figurante? É a pior questão da trama. Na verdade, nenhuma aparição das personagens femininas é legal. E o final fraco e as motivações frágeis do vilão me fizeram pensar: "sério que pessoas morreram por isso?"


Wolverine e Gambit: Vítimas poderia, ou melhor, deveria ser memorável. As personalidades dos protagonistas e suas essências estão vívidas, suas representações são fiéis. Teria sido bem legal vê-los unidos (e discordantes) como uma dupla de investigadores não oficial, analisando pistas com suas habilidades mutantes e experiências peculiares, tudo na surdina, para assim ajudar os detetives da polícia inglesa. Em seguida, na minha imaginação, eles desapareceriam tão misteriosos e silenciosos como se não tivessem estado ali.
A arte de Tim Sale consegue se manter sombria como a trama requer, mesmo sob coloridos uniformes dos X-Men, e de um modo geral é muito estilosa e prende a atenção, mas o desenvolvimento do enredo e sua finalização são ruins, resultando em uma HQ que tinha tudo para ser incrível transformada em algo mediano. Uma dupla que merece várias aventuras.
Esta pode não ser uma das HQs fora dos X-Men das mais importantes e está longe de ser uma das melhores, portanto é um encadernado mais indicado a fãs e colecionadores dos X-Men que não gostam de perder sem nenhuma edição mutante, como eu. Apesar de reconhecer as falhas da HQ, gosto muito dela!


A classificação etária da Marvel para este arco é "T", ou seja, "apropriado para a maioria dos leitores, mas os pais estão cientes ​​que talvez possam querer ler antes ou junto aos mais jovens." Já a Panini recomenda a leitura a partir dos 12 anos de idade.




Capas originais:






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