publicidade

Resenha: X-Men: Equipe Vermelha - Lutando pela Paz, de Tom Taylor e Panini Comics (Marvel Comics)

X-Men: Equipe Vermelha - Lutando pela Paz (X-Men: Red - Waging Peace)
X-Men: Equipe Vermelha - edição 2
Tom Taylor - Panini Comics (Marvel Comics)
Desenhos e arte-final: Carmen Carnero e Rogê Antônio
Cores: Rain Beredo - capas: Travis Charest - letras: Fernando Chakur
Tradução: Mario Luiz C. Barroso
136 páginas - R$ 22,90 - comprar e-book na Amazon ou exemplar impresso na Panini


Sinopse:
"Um dos maiores inimigos dos X-Men faz uma visita à Atlântida, o reino submarino de Namor, e está determinado a levá-la ao seu fim! Jean Grey e a Equipe Vermelha precisam repelir o ataque, mesmo estando completamente fora de seu elemento e sob o oceano. Enquanto isso, o mundo se torna cada vez mais hostil aos mutantes e Cassandra Nova continua agindo para que isso continue. Mas Jean não está disposta a deixar que isso aconteça e o embate será inevitável!"

Resenha:
X-Men: Equipe Vermelha foi uma série mensal publicada nos Estados Unidos pela Marvel Comics em 2018/2019, continuação direta de A Ressurreição da Fênix: o Retorno de Jean Grey (resenha), onde é mostrado o que a personagem faz após voltar dos mortos. No Brasil, o título foi dividido em dois encadernados em capa cartão e miolo em papel couché, pela Editora Panini Comics Brasil: A Máquina do Ódio (resenha) e Lutando pela Paz. Por isso, os dois formam uma saga completa, lançados aqui em 2019.
Enquanto o volume 1 traz as cinco primeiras edições mais a publicação anual, o volume 2 possui as seis edições finais. Paralelamente, os X-Men possuíam outros títulos principais (Equipe Dourada, Equipe Azul e Surpreendentes X-Men). Como todos estavam sendo finalizados para que os mutantes entrassem em uma nova fase, o mesmo ocorreu com Equipe Vermelha, que infelizmente teve menos tempo de vida, o que foi uma pena.


Embora breve, o título totalmente escrito pelo australiano Tom Taylor (Poderosa Thor, Novíssima Wolverine, Homem de Ferro e Esquadrão Suicida) é excelente e superantenado com a realidade. A arte de Mahmud Asrar é substituída nas edições 6 a 8 pela da espanhola Carmen Carnero (Miles Morales, Hellions e Capitã Marvel), e seu estilo é ótimo, com aparência poderosa. A série é finalizada (9 a 11) com os desenhos do brasileiro Rogê Antônio (Conan, Star Wars e Aves de Rapina), e os achei bonitos e consistentes. A capa do número 6 é de Travis Charest (que eu adorei desde as edições anteriores) e as demais são de Jenny Frison (arte maravilhosa!). A edição da Panini traz todas as capas originais e ainda mais cinco capas alternativas (das 6, 7 e 8 por Travis Charest e Tamra Bonvillain, da 8 por Jamal Campbell e da 9 por Maxx Lim).


X-Men: Equipe Vermelha reuniu de forma coesa personagens clássicas como Jean, Noturno, Tempestade e Gambit, a rostos mais recentes como a Novíssima Wolverine, Gentil e Honey Badger e a estreante Trinária. O mix eclético e interessante conta também com participações de Namor, Forge e Rachel Summers, o retorno de uma vilã muito temida, Sentinela X como "mascote", e aparições muito especiais de outros heróis da Marvel. E ainda, a Equipe Vermelha possui um quartel-general e lar em Atlântida, em pleno fundo do oceano, o que é muito diferente.


Após resgatarem uma mutante capaz de limpar a imagem de Jean perante o mundo, os X-Men precisam realizar um roubo quase impossível em uma missão muito complicada em pleno ar. Jean envia Gambit na liderança de uma equipe em uma sequência de ação muito legal. Enquanto isso, ela e os demais que estão na base são atacados, causando um problemão também para Namor e os atlantis. Muito bom ver cada integrante tendo seu destaque. E a vilã ataca uma, duas, várias vezes. E a cada ocasião, uma solução diferente. Numa delas, Jean tem uma sacada genial, finalmente demonstrando como seus poderes alcançam nível ômega. E no combate final, uma ajuda incalculável. O enfrentamento final e direto de Jean com a vilã é ótimo e as palavras da heroína, inesquecíveis. Uma lição pra vida.


Os destaques são a consagração de Jean Grey como líder e os obstáculos por ela enfrentados: o ódio aos mutantes. Esta sempre foi a base da mitologia dos X-Men: proteger um mundo que os teme e odeia e lutar incansavelmente para a concretização do sonho do tutor Professor X onde humanos e mutantes vivem pacificamente. Então, o que X-Men: Equipe Vermelha traz de diferente ou acrescenta à mitologia x?


Sem Xavier, Ciclope e Wolverine, Jean transforma o sonho em uma ideia moderna, mais concreta e eficiente, e lidera um grupo de X-Men que almeja alto. Com o apoio de Wakanda e Atlântida, sugere à ONU uma nação mutante sem fronteiras. Logo é alvo de uma mentira sem precedentes, fazendo a população pensar que ela é uma terrorista. Os X-Men precisam enfrentar a vilã e também mostrar a verdade ao mundo mundo, sobre eles e Jean.
Com a globalização e o mundo permanentemente on-line, as fake news e o ódio crescem cada vez mais, impulsionando o preconceito e a intolerância, com destaque contra os mutantes. Se tornam alvos de constantes ataques, não apenas digitais, mas também físicos, gerando vítimas, deslocados e refugiados em vários pontos do mundo. Nanossentinelas inteligentes são adaptadas para ampliar o ódio aos mutantes, fazendo com que qualquer pessoa que tenha uma delas implantada ao cérebro, eleve o ódio aos mutantes a um patamar jamais visto. Todo esse ódio é ainda incitado por uma vilã que planeja deter e matar Jean Grey a todo custo; uma pessoa que surgiu do ódio e odeia os X-Men e os mutantes com muita intensidade. Alcançando o mundo todo através da internet e da mídia, controlando mentes e corpos, este é um inimigo que dá muito trabalho para Jean, os X-Men e parceiros.


A HQ tem uma ligação muito intensa com o mundo real, explorando temas pertinentes e atuais como discriminação e xenofobia. Há um tempo que eu não lia uma saga dos X-Men tão conectada com a não ficção e, simultaneamente, tão prazerosa. Considero uma mistura de Deus Ama, o Homem Mata com E de Extinção, mas com características próprias.
Alguns super-heróis aparecem na história e ajudam os X-Men e os atlantis, e por um momento pensei se era mesmo necessário, se não estariam, em parte, tirando o protagonismo da Equipe Vermelha... ou se era para atrair outro público para o título. Mas não. A mensagem da união entre heróis diversificados é simbolicamente muito poderosa, uma analogia ao que o mundo real precisa. Fez todo o sentido! Jean não conseguiria sozinha, os X-Men não venceriam sozinhos, assim como outra equipe de super-heróis também perderia.
Enquanto Jean organiza seus X-Men e dialoga com lideranças mundiais, ela se consagra como uma das mentes mais poderosas. Além da telepatia e telecinesia sem o fantasma da Força Fênix, ela absorve as ideias dos maiores pensadores da atualidade, incluindo vencedores do Prêmio Nobel. Jean detém os maiores conhecimentos em várias áreas. Mas será que ela pode derrotar a ameaça? Seus poderes mentais e seus novos conhecimentos serão realmente suficientes?


A resposta é simples e honesta mas nada fácil. A solução é óbvia e é na verdade o que se poderia fazer para transformar o mundo em um lugar melhor. Se não é possível salvar as pessoas definitivamente, pois depende de cada uma delas, pelo menos Jean faz o que tem ao seu alcance, liderando uma equipe de X-Men bastante sincronizada, unida e confiante.
Jean ganha o destaque há décadas merecido, como personagem e super-heroína. Sem estar à sombra de outros e sem os homens importantes em sua vida, ela se agarra aos entes queridos e amigos que possui, se adapta ao mundo bem diferente do antes conhecido por ela, se reinventa como x-man e assume o comando. E dá certo, não apenas por ser experiente em conflitos, tanto de relacionamentos como missões de campo, mas por ser inspiradora, compreensiva e inteligente. Empática, ela quer consertar o mundo, mas sem ser tão utópica quanto Xavier. Mas um ponto é fato: ela nunca foi tão heroica!

X-Men: Equipe Vermelha recicla a clássica motivação dos X-Men, atualizando-a e adaptando-a à realidade de um mundo conectado permanentemente sob o perigo das fake news e linchamentos virtuais, do ódio virtual e físico. É um título curto, porém de temática atual e significativa, com muita ação, ótima arte e desenvolvimento excelente e desfecho realista, muito inspirador e emblemático. Uma das melhores sagas dos X-Men dos últimos anos.

Além da capa cartão, o exemplar possui formato americano 17 por 26 centímetros e miolo em papel couché, e adoraria ver uma republicação do arco todo em capa dura pela Panini. Ou melhor ainda: é perfeito para ser adaptado pela Disney em um filme ou série futura dos X-Men.

(As capas originais foram todas disponibilizadas no encadernado:)







(As capas alternativas originais presentes no encadernado:)







Nenhum comentário

Os comentários são moderados, portanto, aguarde aprovação.
Comentários considerados spams, agressivos ou preconceituosos não serão publicados, assim como os que contenham pirataria.
Caso tenha um blog, retribuirei seu comentário assim que possível.

Pesquise no blog

Parcerias